Geológos identificam jazidas de diamantes
Uma equipe de geólogos do governo federal identificou dezenas de
novas áreas pelo país potencialmente ricas em diamantes. A maioria está
no Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Pará. Até então, informações
oficiais sobre esses pontos eram escassas ou não existiam. Os detalhes
dos achados ainda são mantidos em reserva. A previsão é que sejam
divulgados em 2014. O governo avalia que os dados poderão atrair
empresas e levar a um aumento da produção de diamantes no país.
Os trabalhos fazem parte do projeto Diamante Brasil, do Serviço
Geológico do Brasil (CPRM), órgão vinculado ao Ministério das Minas e
Energia. As pesquisas de campo começaram em 2010 e desde então geólogos
visitaram cerca de 800 localidades em todo o país, recolhendo amostras
de rochas, fazendo perfurações e levantando informações sobre as gemas
de cada um dos pontos.
O objetivo, segundo o geólogo Francisco Valdir Silveira, chefe do
Departamento de Recursos Minerais do CPRM e coordenador do projeto é
fazer uma espécie de tomografia das áreas diamantíferas no território
brasileiro. É um levantamento inédito.
O ponto de partida da equipe foi uma lista que a De Beers, gigante
multinacional do setor de diamantes, deixou com o governo após anos de
investimentos e atividades no Brasil. Da lista constavam coordenadas
geográficas de 1.250 pontos, entre os quais muitos kimberlitos, mas nada
de detalhes sobre quantidades, qualidade e características das pedras
dessas áreas. Kimberlito é um tipo de rocha que serve como um canal do
subsolo até a superfície e na qual em geral os diamantes são
encontrados.
“O projeto Diamante Brasil não foi concebido para descobrir novas
áreas de diamantes. Mas a grande surpresa foi que conseguimos registrar
novos kimberlitos e áreas com potencial para que outros kimberlitos
sejam descobertos”, disse Silveira ao Valor.
“O projeto já descobriu e cadastrou mais de 50 corpos [possíveis
depósitos de diamantes no subsolo]“, disse. Em praticamente todos os
Estados, segundo ele, a equipe identificou áreas com potencial para
produção de diamantes. Várias delas não constavam nem do documento da De
Beers. Caso, por exemplo, de um kimberlito descoberto no Rio Grande do
Norte. Mas as maiores novidades estão no Norte e Centro-Oeste (Mato
Grosso, Rondônia, Amazonas e Pará).
Este ano, com o trabalho de campo praticamente concluído, os geólogos
do Diamante Brasil passam a se dedicar mais à descrição dos minerais
encontrados e às análises dos furos das sondas. O projeto se encerra em
2014.
O diagnóstico ajudará a atrair investimentos de mineradoras e
eventualmente ajudar a mobilizar garimpeiros em cooperativas. E com
isso, aumentar a produção de diamantes no país. Hoje, a produção
nacional é pequena e em grande parte ilegal, diz. Brasil é signatário do
Processo de Certificação Kimberley, um acordo internacional chancelado
pela ONU, que exige dos países participantes documentação que ateste
procedência em áreas legalizadas.
Todo o diamante que sai do Brasil é ainda produzido em áreas de
aluvião – pedras retiradas de leitos de rio ou do solo. Minas Gerais,
Rondônia e Mato Grosso são alguns dos Estados com atividade garimpeira
expressiva. O país não tem mina aberta extraindo diamante em rocha
primária, no subsolo, onde estão depósitos maiores e as pedras mais
valiosas. Os novos achados podem abrir caminho para potenciais novas
minas.
Reservas dos chamados diamantes industriais e também de gemas (para
uso em joias) se espalham pelo país, segundo Silveira. Estes últimos são
os que fazem girar mais dinheiro.
Um diamante pode ser vendido em um garimpo do Brasil por R$ 2
milhões. Depois, um atravessador de Israel ou da Europa paga R$ 10
milhões pela pedra. E ela pode chegar a Antuérpia, por exemplo, para ser
lapidada, ao preço de R$ 17 milhões, R$ 20 milhões.
Esses diamantes brutos, grandes e valiosos, também estão no radar do
CPRM. O projeto ainda não conseguiu desvendar um mistério sobre a origem
dos maiores diamantes do Brasil. O alvo principal é o município de
Coromandel e região, no leste de Minas Gerais, onde foram encontrados
nas últimas décadas grandes exemplares. Vários acima dos 400 quilates.
Silveira diz que os geólogos do CPRM vão testar novos métodos para
tentar encontrar os kimberlitos que dão origem a essas pedras.