sábado, 14 de junho de 2014

Descoberta do ouro contribuiu para a formação dos Estados Unidos

Descoberta do ouro contribuiu para a formação dos Estados Unidos

Como uma descoberta acidental levou milhares de pessoas à Califórnia e transformou os EUA em um país continental

A formação dos Estados Unidos, que nasceram da reunião de 13 colônias britânicas banhadas pelo Atlântico, deve muito a dois fatores bem disparatados, que têm em comum uma incrível coincidência: a vitória militar sobre os mexicanos, que se traduziu na forma de novos territórios, e a descoberta de ouro na Califórnia. Na manhã do dia 24 de janeiro de 1848, o carpinteiro James Wilson Marshall e seus funcionários trabalhavam na construção de uma serraria no rancho de John Sutter, na região de Sierra Nevada, no centro da Califórnia. Marshall tinha de desviar um riacho para instalar a serra, movida pela força da água. Quando olhou para o leito lamacento do rio dos Americanos, algo chamou sua atenção: havia uma coisa brilhando ali, à luz do Sol. Era ouro. Naquela manhã, a Califórnia era simplesmente terra de ninguém. Uma semana depois, a guerra travada entre Estados Unidos e México chegaria ao fim - e a Califórnia (mais Arizona, Novo México, Nevada e Utah, no oeste do continente) se transformaria em território americano. O carpinteiro e o dono das terras selaram um pacto para manter segredo sobre a descoberta, que não durou muito tempo. No dia 15 de março, um jornal da cidade portuária de São Francisco, então um vilarejo, revelou a história - que incrivelmente não causou alarde. Na verdade, ouro não era algo desconhecido por ali. "Mexicanos já haviam descoberto ouro no sul da Califórnia mais de dez anos antes", diz o professor de história americana Albert Camarillo, da Universidade Stanford.


Havia nos ermos da região uma daquelas confluências de oportunidade e necessidade que, quando ocorrem, costumam mudar o curso da História. A corrida do ouro transformou-se num rastilho que mexeu com corações e mentes de americanos do leste, a parte civilizada e estável dos EUA (mas a febre também contaminou gente do mundo todo). Era tudo o que o governo americano precisava para confirmar a vocação de país continental e levar pessoas para uma região desértica e pouco habitada, que acabara de ser conquistada aos mexicanos. De certa maneira, a corrida do ouro ajudou a moldar o caráter da nação. Tome-se o exemplo de Samuel Brannan, de São Francisco. Ao saber que havia ouro na Califórnia, montou uma loja para vender bateias (as bacias em que se lava a areia para separar as pepitas de ouro), pás e picaretas. Depois, saiu correndo pelas ruas de São Francisco com uma garrafa supostamente com ouro em pó, aos berros: "Ouro! Ouro! Ouro do rio dos Americanos".

A "campanha" de Brannan antecipou o que hoje chamamos de "marketing viral" - e realmente contaminou a população. O comerciante foi o primeiro exemplo de um tipo de cidadão que se aproveitaria da corrida do ouro sem dar-se ao trabalho de garimpar para ganhar muito dinheiro. Uma bateia que ele havia comprado por 20 centavos de dólar dias antes era vendida por 15 dólares. Em 9 semanas, ele faturou 36 mil dólares (ou 1 milhão de dólares em dinheiro de hoje). Outro empreendedor que se deu bem foi um alfaiate que criou uma calça de tecido grosso com rebites, perfeita para quem encarava o pesado trabalho de mineração. Ele se chamava Jacob Davis e se associou ao imigrante alemão Levi Strauss, que acabou batizando a calça jeans em 1853.

O ouro que brotava na Califórnia era generoso. Nos primeiros meses depois da descoberta, era possível coletar as pepitas diretamente do solo. Bastava agachar e pegar. O metal precioso era encontrado em leitos de rios e em ravinas aos borbotões. O mexicano Antônio Franco Coronel, por exemplo, abandonou o emprego de professor em Los Angeles e em três dias de mineração recolheu 4,2 kg de ouro. "Quem chegou cedo se deu bem", diz Susan Lee Johnson, historiadora da Universidade de Wisconsin.

Em pouco tempo, o rancho de John Sutter foi cercado por milhares de caçadores de fortuna. Barcos que atracavam em São Francisco, a 212 km dali, eram abandonados pelos marinheiros. A própria cidade ficou praticamente vazia. Em agosto de 1848, a notícia chegou a Nova York. Em dezembro, depois de receber um pacote com pepitas, o presidente americano James Polk foi ao Congresso para anunciar o achado. Nos 5 anos que se seguiram à descoberta, 300 mil pessoas do mundo todo correram para a Califórnia e tiraram de suas entranhas 370 toneladas de minério (em dinheiro de hoje, algo como 19,4 bilhões de dólares). Para ter uma ideia da volúpia, os territórios federais americanos costumavam levar décadas para atingir 60 mil habitantes, a cifra populacional para pleitear sua admissão na União como estado. Em 1848, o território federal da Califórnia tinha 14 mil habitantes, com maioria de hispânicos e índios. Apenas dois anos depois, tornou-se estado americano. "A corrida do ouro transformou o perfil dos habitantes da Califórnia", diz o professor Camarillo.

As viagens por terra, as preferidas de quem vinha com a família do leste dos EUA, demoravam meses - não existiam ainda estradas e ferrovias (a distância entre Nova York e São Francisco, 4,1 mil km, é equivalente à do Oiapoque ao Chuí, os pontos extremos do Brasil). Gente que preferia deixar a família e partir sozinho, como o aventureiro Sheldon Shufelt, normalmente ia de navio. Ele embarcou com destino ao Panamá, fez o trajeto por terra - o canal só seria inaugurado no século seguinte - e embarcou em outro barco no Pacífico. A viagem costumava demorar 3 meses. "Deixei aqueles que amo e minha própria vida para trás", escreveu Shufelt em uma carta para seu primo em março de 1850. Ele voltou a Nova York no ano seguinte, apenas para morrer de uma doença tropical que contraiu no Panamá - e sem dinheiro. Shufelt fez parte de uma geração que se tornou conhecida como 49ers (ou forty-niners, hoje o nome do time de futebol americano de São Francisco, em referência a 1849).

As notícias sobre ouro ao alcance da mão ganharam o mundo graças aos marinheiros que aportavam em São Francisco. Logo, chineses, latinos, europeus e até australianos chegaram à região. Os acampamentos dos garimpeiros rapidamente se transformaram em cidades - e muita gente começou a ganhar dinheiro no comércio, com lojas, armazéns e bordéis para atender às necessidades dos que corriam atrás do sonho americano da fortuna rápida. Mas o ouro era um recurso finito.

Numa manobra que usava o medo da anarquia para obter vantagens econômicas, os americanos criaram leis para restringir o acesso de estrangeiros aos veios. "Em 1850, o governo do estado passou a taxar o ouro descoberto por estrangeiros", diz a historiadora Susan Lee Johnson. "Isso limitou o trabalho deles e ajudou a definir que a busca por ouro seria, a partir de então, um privilégio reservado apenas aos cidadãos americanos." O tempo fechou de vez quando milícias de americanos passaram a ameaçar os estrangeiros. O recado era claro: a Califórnia é americana e o ouro pertence aos americanos, de acordo com o professor Camarillo. Como havia muito dinheiro em jogo, os conflitos rapidamente se radicalizaram. "A busca por riqueza foi feia. Desfigurou a natureza, explorou os mexicanos, exterminou tribos indígenas e maltratou chineses", afirma Richard Slotkin, professor de estudos americanos da Universidade Wesleyan.

O avanço sobre a terra foi tão grande e rápido que em 1853 o ouro começou a escassear. Agora só se conseguia extrair o metal com bombas de sucção e esteira mecânica. O tempo do heroísmo individual havia acabado. Para Slotkin, a corrida do ouro "foi uma terrível perda de vidas e empobrecimento de pessoas, em que pouca gente fez fortuna". De fato, James Marshall, que descobriu o ouro, morreu na miséria em 1885. Sutter também não ficou milionário - ele trocou ouro por gado e ovelhas, que acabaram roubadas por garimpeiros, e faliu em 1852. Mas a corrida do ouro deixou seu legado. O dinheiro da mineração impulsionou a região e o afluxo de imigrantes tornou a Califórnia um estado viável. Hoje, o PIB do estado está entre os dez maiores do mundo. O sonho americano continua ali, na forma da indústria do cinema e da informática, que transforma atores e nerds espinhentos em milionários da noite para o dia - tal como ocorreu com alguns dos forty-niners.


O pioneiro

James Marshall tentou a vida como rancheiro na Califórnia, mas perdeu suas ovelhas e a fazenda e passou a trabalhar como carpinteiro. Apesar de ter descoberto o ouro, morreu na miséria.

Cara e coroa

Os EUA cunharam moedas de ouro por causa da abundância do metal. Esta vale para os colecionadores, hoje, cerca de 2 mil dólares

Terra pode ter reserva subterrânea de água

Terra pode ter reserva subterrânea de água três vezes maior que os oceanos

Descoberta pode transformar o que se sabe atualmente sobre a formação do planeta

A água estaria presa em um mineral chamado ringwoodite
A água estaria presa em um mineral chamado ringwoodite (Reto Stöckli, NASA Earth Observatory)
Cientistas descobriram que uma vasta reserva de água, suficiente para encher os oceanos da Terra três vezes, pode estar confinada centenas de quilômetros abaixo da costra terrestre. A novidade, publicada nesta sexta-feira na revista Science, pode transformar o que se sabe atualmente sobre a formação do planeta.

Resultado: Cientistas descobriram que uma vasta reserva de água, suficiente para encher os oceanos da Terra três vezes, pode estar presa centenas de quilômetros abaixo da superfície.
A água estaria presa em um mineral chamado ringwoodita, cerca de 660 quilômetros abaixo da superfície. Devido à estrutura de cristal, esse mineral atrai hidrogênio e retém a água. Steve Jacobsen, pesquisador da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, e coautor do estudo, disse ao jornal britânico The Guardian que se 1% do peso das rochas localizadas na zona de transição (parte do manto terrestre, que fica abaixo da crosta, a superfície) for de água, essa quantidade seria equivalente a quase três vezes a dos oceanos.
A descoberta indica que a água da Terra pode ter vindo de seu interior, levada à superfície pela atividade tectônica, em vez de depositada por cometas que atingiram o planeta durante sua formação, como afirmam as teorias atuais. "Eu acredito que estamos finalmente vendo evidências de um ciclo da água completo na Terra, que pode ajudar a explicar a vasta quantidade de água líquida na superfície do nosso planeta. Os cientistas têm procurado essas águas profundas há décadas", disse o pesquisador.
A pesquisa foi feita com base em dados do USArray, uma rede de sismógrafos americana, que mede as vibrações de terremotos. Para Jacobsen, essa água oculta pode servir como apoio para os oceanos na superfície, o que explicaria por que eles se mantiveram do mesmo tamanho por milhões de anos.
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Vale sob ataque

Vale sob ataque
O desempenho da Vale está sendo criticado no mercado e começa a afastar os investidores. A mineradora tem as suas ações em queda ao longo do ano. No comparativo com a sua grande competidora, a Rio Tinto, a Vale mostra um desempenho desfavorável nestas 52 semanas quando a Rio cresceu e a ela afundou. 


Para piorar as coisas a Vale foi rebaixada ontem pelo Morgan Stanley. O rebaixamento lançou as suas ações ladeira abaixo. A Vale5 está sendo negociada neste exato momento a R$25,55/ação o que configura uma queda de 3,20% .

Os problemas que a Vale enfrenta, nesses anos fazem com que o seu valor de mercado seja o mais baixo em três anos.

Em 2011 o valor de mercado da Vale era de US$190 bilhões . Hoje, após uma queda assustadora de mais de 65%, a Vale vê o seu valor de mercado reduzido para apenas US$65 bilhões.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Minério de ferro a US$90.9/t, pode cair mais

Minério de ferro a US$90.9/t, pode cair mais
Os preços do minério de ferro 62% Fe, caíram para US$90,90/t o pior em dois anos. Um dos motivos para a queda é a possível irregularidade no Porto de Qingdao, já anunciada no Portal do Geólogo.

O escândalo dos colaterais múltiplos associados aos estoques do Porto de Qingdao assusta o mercado. Percebe-se que esta irregularidade, onde um único volume de minério está lastreando vários financiamentos, pode estar ocorrendo em vários portos e com várias commodities como ferro, bauxita e cobre.
As dimensões do problema irão afetar o fluxo do crédito já que os bancos não mais acreditarão na palavra do importador. O efeito cascata pode ser a venda maciça de minérios forçando uma queda generalizada de preços. Os principais bancos já reajustaram as previsões de preços do minério de ferro: O Morgan Stanley para $105/t e o Goldman Sachs para $109/t. O mercado futuro de Singapura negociou a $89,7/t para julho 2014.

O império do topázio

O império do topázio

Encontrada numa única mina brasileira, em Ouro Preto, a pedra com tons que vão do amarelo ao cereja sobe na cotação dos joalheiros


Rodrigo Silva é um distrito minúsculo cravado nas montanhas de Ouro Preto, em Minas Gerais. À beira da Rodovia dos Inconfidentes, a 100 quilômetros da capital Belo Horizonte, as casas coloniais servem de testemunha da época em que o local viveu da mineração do ouro. Desativada há décadas, a estação de trem do século XIX, de onde escoava o minério, continua no centro da vida do lugar. Ali se apresenta a banda da cidade, que disputa com o time de futebol amador a chance de entreter os habitantes nas horas de lazer. Quatro quilômetros adiante da estação, seguindo por uma estrada de terra, três homens cavam rochas macias em busca da pedra preciosa da vez: o topázio imperial.

Rodrigo Silva é a única região do planeta a produzir a gema cujas cores, dizem os locais, lembram o pôr do sol de outono: vão do amarelo, passando por laranja, rosa, lilás, ao chamado vermelho cereja do colar à esquerda. Azuis, verdes, cinzas e transparentes não entram na categoria “imperial”. São “simplesmente” topázios, encontrados em lugares tão diversos quanto o estado americano do Texas e a Austrália. “A raridade e a variação de tonalidades tornam o topázio imperial requisitado”, diz o joalheiro italiano Michele della Valle. Ele é expert em pedras coloridas — a Bulgari, conhecida pelas joias das cores do arco-íris, requisita sua avaliação — e percorre o mundo atrás de exemplares excepcionais. “Eu encaro a gema como uma alternativa para quem já tem diamantes, esmeraldas e águas-marinhas e procura algo novo.”
Brincos Emar Batalha, com diamantes branco e chocolate e topázio imperial em forma de gota: degradê
Brincos Emar Batalha, com diamantes branco e chocolate e topázio imperial em forma de gota: degradê
(Foto: Divulgação)
Descoberto por volta de 1760, o topázio imperial existe apenas num perímetro de 150 quilômetros quadrados — o equivalente à superfície do Pantanal Mato-Grossense ou ao total de área das Ilhas Virgens Britânicas — nos arredores de Ouro Preto. Paquistão e Rússia, os antigos concorrentes do Brasil, não produzem mais desde a década de 70. Nessa área montanhosa de Minas Gerais, no entanto, todas as minas da época do império estão desativadas. Apenas uma está aberta: Capão do Lana. É nessa lavra que os tais três homens removem, a céu aberto e a unha, a argila cortada por uma retroescavadeira. Ao fim de um dia de trabalho, 80 quilates de topázio imperial (o equivalente a 16 gramas de gema bruta) terão passado por uma peneira gigante e pelo crivo de um único par de olhos que separa a joia do pedregulho. Essa quantidade representa 15% do total que vinha sendo extraído desde 1979, quando a lavra do Capão do Lana ganhou do governo a concessão para ser explorada por concessionários.
A razão dessa extração irrisória não está ligada à escassez natural do minério — a previsão é que a mina continue produzindo por mais duas décadas. Os sócios detentores do direito de exploração do Capão do Lana brigaram depois de quase três décadas no negócio. Em dezembro de 2009, o desentendimento entre eles provocou o fechamento do local. Por iniciativa de um antigo funcionário, ela voltou à ativa um ano e meio atrás com um grupo de vinte trabalhadores. “São poucas pessoas e poucos quilates para o potencial da região, mas o que vale é que vendemos mais de 70% do que foi recolhido nesse período”, diz o engenheiro de minas Vicente Alves. Atual arrendatário, ele trabalha na mina há trinta anos e acaba de voltar de uma viagem de negócios pela França e pela Suíça. Em Paris, apresentou as pedras aos joalheiros da Praça Vendôme, que concentra grifes do quilate de Boucheron, Mauboussin e Chaumet. “Só posso dizer que conquistei novos clientes”, afirma Alves.
A pedra aparece em sua versão rosa, com diamantes e ouro brancos no anel da Amsterdam Sauer: contraste de cores
A pedra aparece em sua versão rosa, com diamantes e ouro brancos no anel da Amsterdam Sauer: contraste de cores
(Foto: Divulgação)
Os operários movimentam por dia 160 metros cúbicos de material em busca da gema bruta. A cada 2 metros cúbicos, em geral, é obtido 1 quilate de topázio imperial lapidável, cujo preço pode variar de 5 dólares a 2.000 dólares (o diamante branco de boa qualidade pode custar 3.500 dólares o quilate). Só esse detalhe já rende a ele um dos quatro elementos que determinam o valor de uma pedra no mercado: a raridade. “A produção controlada torna o topázio imperial ainda mais cobiçado: quanto menos se extrai, menos pedras circulam no mercado, mas por um período maior”, explica Hécliton Santini Henriques, presidente do Instituto Brasileiro de Gemas & Metais Preciosos (IBGM).
Os outros três fatores são tamanho, lapidação e cor. O vermelho-cereja — tom da pedra de 16,27 quilates do colar H.Stern que abre esta reportagem — é o mais raro. Seu preço vai de 33 dólares a 2.000 dólares o quilate. Já o rosa e o salmão variam entre 2 dólares e 1.400 dólares. “O topázio imperial tem uma coloração muito feminina”, diz Christian Hallot, embaixador da H.Stern, uma das primeiras empresas a levar as pedras brasileiras ao exterior. A H.Stern mantém em cofre uma reserva dessas gemas lapidadas — em especial das variações vermelhas e alaranjadas, menos comuns — pronta para virar joias únicas. Não raro, sob encomenda. “Há pedras expecionais cuja cor varia do rosa nas extremidades ao vermelho ou amarelo no centro. É isso que as deixa ainda mais sedutoras.” A gama de tons quentes faz com que as designers Carla Amorim, de Brasília, e Emar Batalha, de Vitória, por exemplo, prefiram incrustar o topázio imperial em ouro amarelo ou rosa nas peças das novas coleções, fazendo um jogo de tom sobre tom.
Brincos Cartier com topázios quase idênticos e diamantes: raridade produziu peça única
Brincos Cartier com topázios quase idênticos e diamantes: raridade produziu peça única
(Foto: Divulgação)
O paulistano Ara Vartanian propõe o oposto: um anel com topázio vermelho, diamantes ferrugem e ouro branco e amarelo, num choque total de cores. A francesa Cartier e a carioca Amsterdam Sauer optaram pelo meio-termo: contrastar a pedra principal com pavê de diamantes e ouro, ambos brancos. É o que faz saltar ainda mais o amarelo cor de folha seca das gemas ao lado — cada qual com 22 quilates —, da Cartier, e a pedra ovalada rosa do anel da Amsterdam Sauer. “A estrangeira já incorporou o topázio imperial, e agora a brasileira começa a descobri-la”, diz o gemólogo Dino Psomopoulos, da marca carioca. As joalherias inventam moda para que a pedra volte a ocupar seu lugar de origem: as caixinhas de joias mais nobres do Brasil. Veio de dom Pedro I o aval às pedras originais da então Vila Rica, quando ganhou exemplares numa visita à região mineira em 1881. Reza a lenda que o adjetivo “imperial” teria vindo daí (embora os russos creditem o nome ao apreço dos imperadores de lá pelos topázios “czaristas”). Se isso acontecer, o Brasil será — na mina do Capão do Lana e nos melhores salões — o império do topázio.