Será que a Vale ao exportar 400 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, sem valor agregado, está fazendo um bem ao Brasil?
Será que a nossa sina é de sermos eternos atores coadjuvantes, exportadores de matéria prima, até o dia em que esgotarmos as melhores e maiores jazidas de minério de ferro do planeta?
A cada dia que passa novas minas de minério de ferro estão sendo fechadas ao redor do mundo em uma rotina que começa a perturbar o sono de muitos.
O que é comum a todos esses empreendimentos mineiros, que estão fechando as portas e sendo exterminados um a um, é o alto custo de produção. Essas minas produzem seu minério de ferro, geralmente de baixa qualidade, acima do preço do mercado.
Esse é um pecado mortal que o nosso mundo capitalista não perdoa.
São exatamente esses pontos, o baixíssimo custo de produção da tonelada de minério de ferro, e a imbatível qualidade do minério de Carajás que serão o pilar de sustentação da Vale, por muitas décadas.
A Vale está montada em cima da maior concentração de minério de ferro de alto teor do mundo: a Serra de Carajás. É lá que afloram bilhões de toneladas de minério com teores de 67% Fe, sem contaminantes: sem nenhuma dúvida uma das maiores riquezas minerais do Brasil.
Um verdadeiro presente da natureza, cujas riquezas, infelizmente, podem não estar sendo tão bem gerenciadas assim.
Parece piada, mas até hoje não sabemos exatamente quais são os recursos totais do minério de ferro de Carajás. No entanto, o que já foi quantificado, 18 bilhões de toneladas, já basta para o próximo meio século de exportações ao nível frenético atual.
E depois? Quando o minério acabar? O que realmente ficará fora as lembranças?
Ah, o minério de Carajás... Um bem com data e hora para acabar.
Sabemos que não é preciso gastar quase nada para melhorá-lo. Enquanto em outras minas o minério é concentrado através de processos e equipamentos caros, em Carajás é só moer e exportar. Uma benção que os executivos da Vale deveriam agradecer, todos os dias, nas suas rezas.
O minério é tão bom que já se constitui em um “brand”, uma marca de qualidade que vai receber o selo do INMETRO, assim como todos os demais produtos brasileiros para exportação.
Os custos totais para produzir esse minério são baixíssimos: em torno de US$21.6/t. Esses custos podem cair ainda mais, abaixo dos US$20/t, o que tornaria a Vale a mais eficiente mineradora de minério de ferro do mundo. O que isso significa? Lucros. Lucros e mais lucros.
Como o minério de ferro da Vale pode, então, perder para o das concorrentes australianas?
O que as gigantes australianas Rio e BHP têm de melhor é, somente uma coisa, a proximidade do maior centro consumidor do planeta: a China. É essa a única vantagem que eles têm sobre Carajás.
Temos que lembrar que as australianas produzem, também, a custos baixos. A Rio Tinto, por exemplo, consegue produzir o seu minério a US$20,80/t um pouco abaixo da Vale.
A Vale, apesar dos seus novos Valemax, os maiores navios de carga do mundo, e dos centros logísticos na Malásia, ainda tem uma distância maior a percorrer do que os australianos, até os portos chineses. Esse custo adicional no frete é um dos motivos que a torna torna ligeiramente menos competitiva. É por causa do frete mais elevado que (veja o gráfico) os minérios australianos ainda chegam aos portos chineses com custos um pouco abaixo dos custos do minério da Vale.
O gráfico abaixo mostra que o minério da Vale chega na China, um pouco acima de US$50/t. Essa diferença de poucos dólares será achatada com os custos mais baixos de transporte dos Valemax e tenderá a desaparecer.
























