quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Guerra do minério de ferro: Vale em desvantagem

Guerra do minério de ferro: Vale em desvantagem




Quando nós pensamos no futuro desta colossal guerra pelo controle do minério de ferro que as grandes mineradoras estão travando, sempre tivemos uma visão otimista da Vale e seu futuro.

Afinal, ela produz com custos baixos um minério de maior qualidade  em maior quantidade... o que deve, inevitavelmente, colocá-la  no topo da lista dos ganhadores. Não é?

Mas as coisas não são tão simples assim.

Nestes últimos tempos a Vale amargou vários prejuízos gigantescos como a perda de bilhões investidos em Simandou na Guiné, ou os pagamentos de mais de 10 bilhões de dólares ao Refis, prejuízos de mais de seis bilhões de dólares no último trimestre de 2013 e, agora as perdas de duas grandes jazidas de carvão na Austrália, a Isaac Plains e a Integra Coal. Isso tudo sem entrar em detalhes sobre outros prejuízos em outras divisões da empresa.

A lista de problemas é grande e pode engrossar mais ainda com a paralisação de outras minas de carvão e de minério de ferro.

De bilhão em bilhão a Vale já acumula, ao longo de 31 meses, uma perda assustadora do seu valor de mercado de 70,95%.

Em janeiro de 2012 a mineradora valia US$196,42 bilhões e hoje este valor foi reduzido a míseros US$57,05 bilhões. A Vale teve o pior desempenho entre as empresas públicas não estatais da América Latina.

É claro que o preço do minério de ferro, que já caiu mais de 40% neste ano, influencia no resultado. Mas, quando comparamos o desempenho da Vale com a Rio e a BHP nos últimos 5 anos, vemos que a Vale  é quem teve o pior resultado.

Enquanto que a Rio apresenta um resultado positivo de quase 20% a Vale teve um prejuízo de 50%.

Como explicar que uma empresa com excelentes fundamentos possa ser literalmente triturada pelas suas competidoras?

Mau gerenciamento?

Efeito Brasil?

Está na hora da Vale vir a público e começar a explicar, em detalhes, como ela pretende sobreviver essa guerra de preços e o que ela fará para reverter esse desempenho muito abaixo da média destes últimos anos.

Mesmo com a crise, Brasil exporta mais minério de ferro

Mesmo com a crise, Brasil exporta mais minério de ferro




Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) o Brasil exportou em setembro 33,1 milhões de toneladas de minério de ferro, 14% a mais do que o exportado em 2013. Trata-se do maior volume em três anos.

O preço médio do minério brasileiro foi de US$64,3/t FOB, uma queda de 30% em relação a 2013. Em setembro os chineses importaram mais minério de ferro para fazer estoque e enfrentar o longo feriado oficial que inicia em primeiro de outubro.

China: preços altos do alumínio fazem siderúrgicas investir na produção

China: preços altos do alumínio fazem siderúrgicas investir na produção




A alta de 27% em sete meses, nos preços do alumínio da bolsa de Londres juntamente com uma expectativa de déficit futuro, acabou por convencer as metalúrgicas chinesas que é mais interessante apostar na alta e investir em novas plantas e projetos.

É uma reviravolta na indústria do alumínio que aparentava ter o seu primeiro ano de procura maior do que a oferta após anos de superprodução.

Segundo a Reuters e a Rusal o ano de 2015 deverá ter um déficit de mais de 1,3 milhões de toneladas de alumínio. Esta possibilidade de déficits futuros aliada aos altos preços reativou a esperança dos empresários chineses que já começam a investir em novas plantas siderúrgicas e expansões. 

Enquanto no Brasil as juniors são ameaçadas com a perda do direito de prioridade, no Canadá..

Enquanto no Brasil as juniors são ameaçadas com a perda do direito de prioridade, no Canadá o governo cria fundos para incentivar novos investimentos




Além dos financiamentos via bolsa de valores o Canadá tem também outros mecanismos que visam atrair investimentos das junior companies nos seus territórios.

O governo dos territórios do noroeste do Canadá (NTW), por exemplo, acaba de criar um programa de incentivos para atrair novos investimentos em pesquisa. Nesta primeira fase seis junior companies já estão recebendo US$400.000 para investimento em seus programas de pesquisa mineral.

Estas juniors estão trabalhando em projetos de pesquisa mineral para ouro, diamantes e metais básicos no Território.

O programa de incentivos do NTW não é o único.

Vários territórios e Províncias do Canadá costumam, também, financiar a pesquisa mineral através de programas de incentivo à mineração.

No Território do Yukon, por exemplo, existe um programa de incentivos à pesquisa mineral que já distribuiu 1,4 milhões de dólares em 2014.

Este programa de Yukon criou 300 novos pedidos de pesquisa mineral somente em 2013, acelerando e fomentando a pesquisa no território.

Através dele qualquer prospector mineral pode receber até noventa mil dólares para pagar despesas operacionais, trabalhos de exploração mineral e de avaliação de jazidas.

As coisas não param por aí. Existem isenções de impostos, de royalties e até de taxas sobre combustíveis que o Governo de Yukon oferece às junior companies que investem em seu território.

Não é a toa que o Canadá é um dos países com a geologia e a mineração mais desenvolvidos do mundo.

Enquanto isso, aqui no Brasil, as junior companies estão sendo ameaçadas, por um governo xenófobo, com a perda do direito de prioridade na pesquisa mineral.

Se o governo vencer veremos a pesquisa mineral no país se desintegrar. As juniors, que lá no Canadá são bem vindas e até recebem incentivos para operar, serão banidas do Brasil.

Pense nisso!!

Chineses compraram “abacaxis” e agora tem que descascar...

Chineses compraram “abacaxis” e agora tem que descascar...




Na corrida pelo minério de ferro as empresas chinesas saíram, atabalhoadamente, em busca de minas.

Sem fazer o “dever de casa” compraram, na última década, inúmeros jazimentos de minério de ferro ao redor do mundo.

Talvez por que as modernas ferramentas da economia mineral ainda sejam pouco usuais no sistema chinês, estes grupos compraram várias “jazidas” que jamais passariam no crivo de empresas ocidentais de alto nível. Estes verdadeiros “abacaxis mineiros” nunca progrediram.

No entanto, muitas daquelas jazidas que conseguiram virar mina, foram adquiridas quando os preços do minério de ferro estavam acima de US$120/t.

Ou seja: o que já era marginal no passado fica no prejuízo hoje com as pronunciadas quedas do preço do minério de ferro. Os lucros estão desaparecendo, se é que ainda existem, nesses empreendimentos.

Segundo o China Metallurgical Industry Planning and Research Institute poucos destes projetos conseguirão cortar os custos da lavra para patamares abaixo de US$100/t.  Some-se aos custos os outros riscos dos projetos comprados e veremos um verdadeiro pesadelo.

Algumas empresa já estão desvalorizando os seus ativos como a Pangang que comprou a mina de magnetita de Karara na Austrália.

Após o início da mina, em 2013, percebeu-se que o projeto era muito mais complicado que os chineses estimaram. Desde então, entre várias paralisações, o projeto vem se desvalorizando até atingir a reavaliação de AU$640 milhões em agosto: os investimentos chineses em Karara atingiram AU$2,57 bilhões...

Prejuízos como os de Karara fazem parte da história atual da mineração mundial, principalmente quando a compra foi feita por um grupo chinês.

Mesmo assim, escaldados por sucessivos erros, os chineses continuam na ofensiva.

O megagrupo liderado pela chinesa Ansteel ainda quer comprar o equivalente a 50% do minério que é produzido, a alto custo, na China.

Talvez agora eles façam estudos de avaliação econômica mais rigorosos evitando repetir os erros do passado.