sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Rubi e safiras de Minas Gerais, Brasil

Rubi e safiras de Minas Gerais, Brasil




RESUMO
Rubis e safiras de quatro depósitos em Minas Gerais, denominados Sapucaia, Indaiá e Palmeiras, na região de Caratinga-Manhuaçu, e Malacacheta, mais ao norte, foram caracterizados em termos geológicos, gemológicos, químicos e espectroscópicos, com o objetivo de interpretar causas de cor, gênese, bem como analisar o potencial econômico dos depósitos. Resultados de análises químicas e espectroscopia UV-visível mostram que a provável causa da cor azul é transferência de cargas entre Fe2+ e Ti4+, enquanto Cr3+ causa tonalidades violeta e púrpura, efeito alexandrita e fluorescência. A ausência de Ce e La e o teor relativamente mais alto de Ga distinguem as amostras de Malacacheta das demais. Além de sugerir particularidades genéticas, a diferença em termos de elementos-traços, pode ser utilizada como indicador de proveniência das gemas. Inclusões de um polimorfo de Al2SiO5 e indícios de campo sugerem que o coríndon deve ter sido gerado por processos metamórficos regionais, o que expande as possibilidades para a descoberta de novas ocorrências de rubi e safiras nos terrenos de alto grau metamórfico do leste de Minas Gerais.
Palavras-chave: Coríndon, rubi, safira, Minas Gerais, elementos traços, gemologia.

ABSTRACT
Rubies and sapphires from four deposits in Minas Gerais named Sapucaia, Indaiá and Palmeiras, in the region of Caratinga-Manhuaçu, and Malacacheta, farther north, were characterized in terms of geology, gemology, chemistry and spectroscopy in order to interpret causes of color and genesis. The economical potential of the deposits was also analyzed. Chemical analyses and UV-visible spectroscopy reveal that the probable cause of the blue color is a charge transfer between Fe2+ e Ti4+, while Cr3+ causes violet and purplish tints, alexandrite effect and fluorescence. Absence of Ce and La and relatively higher Ga-contents distinguish the Malacacheta samples from the others. Besides suggesting genetic particularities, the difference in terms of trace elements might be used as a provenience indicator for the gems. Inclusions of an Al2SiO5 polimorph and field evidences suggest that the origin of corundum might be due to regional metamorphic processes, thus expanding the possibilities for the discovery of new occurrences of ruby and sapphires in the high grade metamorphic terrain in eastern Minas Gerais.
Keywords: Corundum, ruby, sapphire, Minas Gerais, trace-elements, gemology.



1. Introdução
Nos últimos anos, novas ocorrências de coríndon surgiram em Minas Gerais, conhecido produtor de gemas coradas e diamante. Os depósitos de Palmeiras, Indaiá, Sapucaia e Malacacheta produzem safiras azuis, com tons violeta ou púrpura e rubi de tamanhos pequenos, mas com boa intensidade de cor e transparência. Indaiá é um depósito já conhecido (Epstein et al. 1994; Liccardo, 1999) e que teve sua produção interrompida em 1996, mas que, esporadicamente, apresenta alguma produção por garimpeiros. Do mesmo modo que em Indaiá, Palmeiras e Sapucaia, descobertas recentes na mesma região, apresentam um bom potencial gemológico, com gemas de tonalidades variando do azul ao púrpura, às vezes com efeito alexandrita, eventualmente com presença de rubi (Liccardo e Jordt-Evangelista, 2001). O depósito de Malacacheta, conhecido há várias décadas como produtor de alexandrita, sempre produziu safiras azuis como subproduto nas minerações. Atualmente tais safiras estão sendo comercializadas como material lapidável e sendo tratadas termicamente em Bangkok. Esse artigo reporta características desses depósitos e suas gemas, assim como mais informações sobre as já conhecidas safiras de Indaiá.

2. Histórico
A presença de coríndon no Brasil tem sido mencionada há muito tempo em literatura (Hussak, 1916; Guimarães, 1934), sem que existisse, no entanto, uma produção de material com qualidade-gema. A primeira menção de safiras azuis com qualidade para lapidação foi em Coxim, Mato Grosso do Sul (Eppler, 1964). Nesses depósitos, a safira é encontrada como mineral satélite em cascalhos produtores de diamante e nunca houve produção constante, sendo que algumas pedras são esporadicamente comercializadas.
Em Malacacheta, pequenos cristais de safira azul e incolor/leitosa foram retirados juntamente com crisoberilo e alexandrita durante anos, desde a década de 80, contudo com pouca produção comercial.
A descoberta dos depósitos de Indaiá no início da década de 90 foi a mais promissora até então, tendo sido descrita por Themelis (1994) como a primeira ocorrência comercial de coríndon no Brasil. Em 1999, iniciou-se uma pequena produção em Sapucaia, cerca de 25km ao sul de Indaiá, com gemas muito semelhantes, inclusive com moderado efeito alexandrita (Liccardo & Jordt-Evangelista, 2000). Em 2000, surgiram notícias sobre o depósito de Palmeiras, cerca de 60km a sudeste de Sapucaia, com gemas semelhantes aos depósitos anteriores, mas com tons predominantemente mais avermelhados. A falta de tradição na exploração de rubi e safira, em meio a tantas outras gemas no Estado de Minas Gerais, faz com que os garimpeiros que atuam nos pegmatitos da região concentrem-se na extração de outras gemas, principalmente água-marinha e, em Malacacheta, alexandrita e crisoberilo.

3. Localização e acessos
Três dessas ocorrências situam-se no eixo Manhuaçu-Caratinga, cerca de 250km a leste de Belo Horizonte . A ocorrência de Indaiá pertence ao município de Vargem Alegre, aproximadamente a 20km a noroeste de Caratinga, a montante do Córrego São Gabriel.No município de Sapucaia, cerca de 25km a sudoeste de Caratinga, nas cabeceiras do córrego Ferrugem, encontra-se a segunda ocorrência. O depósito de Palmeiras situa-se no município de Manhuaçu, no distrito de mesmo nome, 12km a noroeste da cidade. Nessas ocorrências, o acesso, em parte, é feito por estradas de terra, que, na estação das chuvas (setembro a janeiro), tornam-se dificilmente transitáveis.


Os depósitos de Malacacheta situam-se às margens do córrego do Fogo e ribeirão Soturno, a aproxidamente 12km a norte da cidade de Malacacheta. O acesso a essa região é um pouco melhor que os das anteriores, mesmo na estação de chuvas. Malacacheta está cerca de 270km da região de Indaiá, Palmeiras e Sapucaia.
4. Contexto geológico regional
O coríndon da região de Manhuaçu-Caratinga se encontra em depósitos secundários sobre terrenos gnáissicos-migmatíticos, com presença eventual de litotipos granulíticos e charnoquíticos, além de inúmeros corpos pegmatíticos que entrecortam todas as rochas . Os terrenos fazem parte do núcleo do Orógeno Neoproterozóico Araçuaí (Pedrosa-Soares & Wiedemann-Leonardos, 2000).
Em Malacacheta, os depósitos também são colúvio-aluvionares encaixados em rochas metamórficas pré-cambrianas. Regionalmente, o contexto geológico mostra a existência de um batólito granítico intrudido em xistos peraluminosos das Formações Salinas e Capelinha e rochas metaultramáficas que cortam os xistos da Formação Capelinha . O corpo granítico, sem indícios de metamorfismo, foi datado em 537±8 Ma (Basílio, 1999) e as rochas encaixantes são de idade proterozóica.

5. Características dos depósitos
Na faixa que compreende os depósitos de coríndon, ocorrem litologias pertencentes a terrenos metamórficos de médio até alto grau, como xistos, gnaisses, granulitos e charnoquitos. Esses terrenos são cortados por corpos pegmatíticos pouco diferenciados, por vezes mineralizados em água-marinha. O coríndon é sempre encontrado em depósitos sedimentares recentes, sem indícios da possível rocha que o originou.
Os depósitos podem abranger cinco tipos gerais: aluviões recentes, paleoaluviões de terraço suspenso, paleoaluviões de fundo de vale, colúvios e elúvios. A grande maioria dos depósitos de coríndon está associada a paleoaluviões plio-pleistocênicos, formados sob condições de fluxos torrenciais e retrabalhamento (Addad, 2001). Os depósitos ocupam atualmente as partes mais profundas dos preenchimentos sedimentares de vales, onde armadilhas de relevo condicionaram sua deposição, ou terraços aluvionares suspensos, relacionados ao desenvolvimento de paleosuperfícies. A alta densidade do coríndon faz com que esteja associado a pesados blocos de quartzo e fragmentos de encaixantes, nas porções mais inferiores.
Nesse contexto secundário, o retrabalhamento sedimentar fragmenta e "seleciona" os clastos e os concentra em níveis e pláceres. Do ponto de vista do seu aproveitamento gemológico, essa seleção fornece fragmentos com menor quantidade de defeitos de cristalização, de fraturas e inclusões, que correspondem a partes com maior resistência mecânica a impactos e abrasão. Isto significa que, a partir de uma população original de fragmentos, existe uma tendência segundo a qual, após o transporte por uma determinada distância dentro de um fluxo sedimentar, os clastos recuperados apresentam uma maior porcentagem de qualidade gema, pela eliminação de fragmentos mecanicamente mais frágeis.

6. Métodos de extração
Os depósitos de coríndon, usualmente inconsolidados, mostram uma relativa facilidade mecânica de explotação. Camadas de sedimentos cobrem os níveis mineralizados, geralmente cascalheiras aluvionares ou porções grosseiras de colúvios. O descapeamento não oferece maiores dificuldades técnicas, salvo quando se trata de aluviões recentes ou paleoaluviões posicionados sob leitos ativos de cursos de água, quando é necessário o bombeamento da água infiltrada ou o isolamento da porção a ser trabalhada. As gemas podem, então, ser separadas por processos que envolvem classificação granulométrica, lavagem e concentração-catação.
Em Indaiá, após o rush da extração, em meados de 90 (Epstein et al. 1994), os garimpos paralisaram os trabalhos e hoje a extração é realizada individualmente nos leitos dos rios. O mesmo acontece em Sapucaia, que ao final da década era trabalhada com tratores e calhas para a concentração do material. Na área de Palmeiras, somente garimpos em aluvião estão produzindo, apesar de tentativas de mecanização. A extração organizada tem esbarrado em problemas ambientais e, por isso, está paralisada.
Em Malacacheta, as áreas de extração (cerca de 4x4m) são escoradas com madeira para contenção de terra e a água é bombeada continuamente com motores movidos a diesel ou gás. Equipes de até cinco pessoas trabalham em cada área, retirando o material mineralizado e buscando, principalmente, a alexandrita, que ocorre associada.

7. Amostras e análises
Amostras de coríndon, juntamente com seus minerais satélites, foram coletadas com lavagem de cascalho e peneiramento. A quantidade de material em bruto permitiu análises destrutivas e algumas amostras coletadas puderam inclusive ser lapidadas. Em Palmeiras, foram obtidas 16 gemas facetadas e 18 cabochões; em Sapucaia, 6 facetadas e 4 cabochões; em Malacacheta, 4 facetadas e, em Indaiá, 5 facetadas.
As amostras das quatro ocorrências foram submetidas a análises gemológicas tradicionais e, ainda, cinco exemplares de cada depósito foram moídos para análises químicas por INAA (Análise por Ativação Neutrônica Instrumental) e uma por ICP-OES (Plasma Indutivamente Acoplado com Espectrometria de Emissão Óptica), para complementação de alguns elementos. Além disso, foram realizadas análises em espectroscopia UV-Visível, ATD/ATG (Análises Termodiferencial e Termogravimétrica) e MEV/EDS (Microscopia Eletrônica de Varredura com Espectrometria de Energia Dispersa). As amostras submetidas à espectroscopia foram preparadas em secções cortadas perpendicularmente ao eixo c dos cristais. Os testes termodiferencial e termogravimétrico realizados em um mineral anidro (coríndon) resultam na identificação de fases hidratadas associadas a esse mineral, como a bohemita e o diásporo.

8. Características e resultados
8.1 Malacacheta
A safira de Malacacheta ocorre em cristais euédricos transparentes, no formato típico de barrilete e tamanho normalmente pequeno (<1cm). A maior parte apresenta um marcante zonamento de cor, sendo incolor com um núcleo ou mancha de coloração azul intenso, boa transparência, tendendo a translúcida, principalmente na parte incolor. O pleocroísmo nas amostras azuis costuma ser moderado, de azul-escuro a azul-claro. Fotografias representativas de amostras de Malacacheta encontram-se na. Análises gemológicas convencionais resultaram num índice de refração variando de 1,759 a 1,764 para o raio extraordinário e 1,767 a 1,770 para o raio ordinário. A birrefringência média é de 0,009). Sob luz UV essas safiras mostram resposta moderada a fraca, de tons avermelhados para todas as amostras azuis, tanto em SW como em LW. Uma amostra incolor a levemente rosada apresentou reação muito forte ao UV de ondas longas (LW).
As inclusões sólidas identificadas em microscópio óptico e microscópio eletrônico de varredura foram ilmenita, ilmenita magnesiana e um polimorfo de Al2SiO5. O comportamento, na análise termogravimétrica, indica ausência de diásporo ou boehmita, comumente presentes em coríndon e causadores de perda de transparência.
As análises químicas resultaram, para as amostras de Malacacheta, na seguinte composição em elementos menores e traços: Cr 20 a 58ppm, Fe 3582 a 4415ppm; Ga 180 a 192ppm; Ti 392ppm; Na 69-90ppm; Mn 13ppm; La 0 a 3ppm e V 18ppm - para o Ti, Mn e V somente uma análise). A presença desses elementos indica que, muito provavelmente, a coloração azul das safiras de Malacacheta tenha como causa uma transferência de cargas eletrônicas entre os íons Fe+2 e o Ti+4. Considerando-se esses teores de Fe e Ti e as características ópticas da safira, é possível que um tratamento térmico sob condições adequadas possa redistribuir a coloração azul ou mesmo transformar a cor branca leitosa em azul profundo na maior parte do material produzido em Malacacheta. Os espectros UV-Visível mostraram picos intensos nas regiões de 485 e 585nm, possivelmente associados à presença de Fe3+.




8.2 Indaiá
Safiras de colorações que variam de azul profundo ao violeta, quase púrpura , são encontradas em depósitos coluvionares e aluvionares de Indaiá. Os cristais apresentam-se anédricos, geralmente de tamanho pequeno (<1cm) e alguns mostram um moderado efeito alexandrita de azul para azul-púrpura e de púrpura para púrpura-violeta.
As análises gemológicas mostraram um pleocroísmo forte de azul para azulvioleta e de azul-claro para púrpura. Os índices de refração variam de 1,760 a 1762 para o raio extraordinário e 1,770 para o raio ordinário, com birrefringência variando de 0,008 a 0,010. Sob luz UV de ondas longas (LW), as amostras apresentam fluorescência variável de moderada a forte com coloração avermelhada .
As inclusões são constituídas de rutilo, ilmenita, zircão, moscovita, monazita , espinélio, biotita () e um dos polimorfos de Al2SiO5.
Análises químicas e espectroscópicas mostraram a presença de Fe, Ti e Cr como prováveis elementos causadores de cor nessas safiras. O efeito de mudança de cor (efeito alexandrita) e a forte fluorescência são associados à presença do íon Cr3+. Os elementos menores e traços quantificados foram: Cr 191 a 390ppm, Fe 2626 a 3615ppm; Ga 60 a 93ppm; Ti 185ppm; Na 57-78ppm; Mn 13 ppm; La 19 a 81ppm; Ce 66 a 159ppm e V 44ppm  - para o Ti, Mn e V somente uma análise).
Em termos de cor e transparência, as safiras mostram um bom potencial para aproveitamento gemológico, o qual pode ser sensivelmente aumentado com tratamento térmico adequado. Themelis (1994) sugere que 80% do material produzido nessa localidade se prestaria ao tratamento por aquecimento, com base em testes que realizou em atmosfera oxidante e temperatura em torno de 1750ºC.
Os espectros referentes às amostras de Indaiá são muito semelhantes aos obtidos em Palmeiras e Sapucaia, mostrando uma banda de absorção entre 370 e 420nm, que, em safiras azuis do Sri Lanka, Mianmar, Vietnam e outras (Smith et al., 1995), é associada à presença de Fe3+. A faixa entre 500 e 600nm, região indicativa do mecanismo Fe2+ - Ti4+ e da presença de Cr3+, apresenta-se na forma de bandas largas e suaves .
8.3 Sapucaia
A safira de Sapucaia ocorre em cristais euédricos, subédricos e fragmentos irregulares, nas cores azul, púrpura, violeta e preta . Apresenta-se em prismas hexagonais alongados e, muitas vezes, terminados em bipirâmide, sendo a superfície externa dos cristais normalmente lisa e freqüentemente recoberta por muscovita microcristalina. A maior parte dos cristais mostra dimensões em torno de 1cm, variando desde alguns milímetros até 8cm de comprimento (o maior exemplar encontrado).
Os cristais exibem pronunciada partição basal e romboédrica nos planos de geminação polissintética. Em termos de diafaneidade, são opacos até transparentes e parte pode ser aproveitada como gema, apesar das abundantes fraturas. Nos exemplares translúcidos e transparentes, foi verificada uma distribuição irregular da cor, além de inclusões opacas. Como efeitos ópticos especiais, foram observados o efeito alexandrita (safiras azuis em luz natural tornam-se violetas sob iluminação incandescente), o efeito seda (brilho prateado sedoso) e, nas safiras pretas, ocorre, ainda, o asterismo com a formação de estrela de seis pontas.
As análises gemológicas mostraram pleocroísmo moderado a acentuado nas amostras azuis, púrpura e violeta. Os índices de refração variam de 1,759-1,762, para o raio extraordinário, e 1,768-1,770, para o raio ordinário, com birrefringência média de 0,009 . Sob iluminação ultravioleta de ondas curtas (SW), as safiras mostraram uma reação fraca a moderada (violeta); em ondas longas, as amostras, nas cores violeta e púrpura, apresentaram reação de fluorescência muito forte (vermelha) e, nas outras cores, reação moderada (violeta).
As principais inclusões identificadas foram mica castanha , rutilo, ilmenita,diamante e um polimorfo de Al2SiO5, além da constatação de diásporo nos planos de geminação polissintética, muito semelhante ao material de Indaiá. As análises químicas mostraram os seguintes teores dos elementos menores e traços: Cr 54 a 1092ppm, Fe 4603 a 9312ppm; Ga 94 a 293ppm; Ti 361ppm; Na 58 a 169ppm; Mn 18 ppm; La 3 a 206ppm; Ce 21 a 300ppm e V 62ppm  - para o Ti, Mn e V somente uma análise).
Os estudos dessas safiras apontam boas possibilidades de aproveitamento gemológico, à semelhança da safira de Indaiá, principalmente em relação às de cor azul e violeta e com efeitos ópticos especiais. Possivelmente, esse aproveitamento poderá ser aumentado se essas safiras forem tratadas termicamente. Os espectros UV-Visível são semelhantes aos de Indaiá, com banda de absorção mais abrupta em torno de 370nm e uma banda suave entre 520 e 580nm, provavelmente relacionadas ao mecanismo de cor Fe2+ - Ti4+ .
8.4 Palmeiras
Os cristais encontrados em Palmeiras são euédricos, de coloração predominantemente avermelhada (rubi ou safira rosa), em menor escala também violeta ou púrpura e, raramente, azul, com hábito prismático alongado e em "barrilete", com tamanho variando de 0,5 a 4cm e 4). Alguns exemplares pequenos também mostraram o efeito alexandrita, semelhante a Indaiá e Sapucaia, mas o efeito óptico especial, que predomina nessas amostras, é o efeito seda e, esporadicamente, alguns rubis apresentam discreto asterismo. Uma parte dos cristais apresenta-se transparente, porém a maioria varia de opaca a translúcida.
Amostras de coloração vermelha e rosa apresentam pleocroísmo moderado para tons mais escuros e os cristais azuis e violeta possuem pleocroísmo fraco. Os índices de refração variam de 1,761 a 1,763, para o raio extraordinário, e 1,769 a 1,771. para o raio ordinário. A variação da birrefringência é de 0,008 a 0,010. Sob luz ultravioleta de ondas curtas (SW), a reação foi muito fraca e, em ondas longas (LW), as amostras de cores vermelha e rosa mostraram fluorescência muito forte.
Como inclusões sólidas ocorrem zircão, rutilo (arredondado e acicular), apatita, ilmenita, hematita, monazita e mica . Também, nessas amostras, o diásporo encontra-se nos planos de geminação polissintética.
Os teores dos elementos menores e traços são: Cr 596 a 1293ppm, Fe 2022 a 3733ppm; Ga 71 a 114ppm; Ti 172ppm; Na 63 a 73ppm; Mn 9 ppm; La 16 a 150ppm; Ce 98 a 368ppm e V 57ppm . A espectroscopia UV-Visível mostrou resultados muito semelhantes a Indaiá e Sapucaia, com banda de absorção de 370nm a 420nm e uma banda suave entre 520 e 580nm, provavelmente relacionadas à presença de Fe2+ - Ti4+ nas amostras azuladas e Cr+3 nas amostras rosadas ou avermelhadas .

9. Discussão
A descoberta de diversas ocorrências de coríndon com qualidade gemológica em áreas relativamente próximas é um forte indicativo do potencial para a existência de outros depósitos e de aumento da produção de rubi e safiras no Brasil.
As análises químicas apontam as causas de cor azul como sendo o mecanismo de transferência de cargas entre Fe2+ e Ti4+ e a presença de Cr3+, possivelmente, influencia nas tonalidades violeta e púrpura, assim como pode estar associada ao efeito alexandrita e à forte fluorescência de algumas amostras, principalmente em Palmeiras e Indaiá. Nas amostras de coloração vermelha e com tonalidades rosa, os teores de Cr são sensivelmente mais altos, podendo ser vinculados como causa dessas cores. Os espectros em UV-Visível são coerentes com essas possibilidades.
A ausência de Ce e La e o teor relativamente mais alto de Ga distinguem o coríndon de Malacacheta do coríndon da região de Manhuaçu-Caratinga, o que pode sugerir diferenças genéticas e esse fato pode ser utilizado como indicador de proveniência.
Indícios de campo, como as rochas predominantes nas regiões, sugerem que a gênese do coríndon pode ser associada a processos metamórficos regionais, o que expande as possibilidades de existirem novas ocorrências em todo o leste de Minas Gerais, cujo contexto geológico é muito semelhante.
Os resultados analíticos e as características físicas descritas indicam que a aplicação de tratamento térmico adequado no coríndon estudado pode vir a melhorar significativamente a qualidade das gemas produzidas e viabilizar uma produção sistemática. Malacacheta, por apresentar produção constante, e Indaiá, pela qualidade de suas safiras, são as ocorrências com melhores possibilidades para a sistematização da extração.
 As ocorrências devem valer bilhões de dólares e está abandonada, isso é o Brasil, se fosse em outro país, estariam explorando e tirando rubis/safiras caríssimas, tipo US$20.000,00 O CT!!

China aposta no folhelho

China aposta no folhelho



Enquanto o mundo vê os preços do petróleo caírem, em uma clara ameaça aos projetos de alto custo operacional, como as areias betuminosas do Canadá e o petróleo ultra-profundo do pré-sal, os chineses investem em fontes não convencionais.

A PetroChina Co estará investindo US$4 bilhões nos folhelhos (xistos) em busca do gás natural, o substituto ideal do carvão.

O gás dos folhelhos é o grande responsável pela nova revolução industrial que afeta hoje os Estados Unidos.

Por mais que seja torpedeado por grupos antagônicos uma coisa fica: o break-even cost, ou custo de empate do gás americano, varia entre US$20 a US$30 por boe (barril equivalente de petróleo). Ou seja: o gás é econômico apesar de sua vida curta o que obriga às produtoras a furar novos poços incessantemente.

É essa bonança que os chineses procuram.

Mesmo sendo iniciantes eles estimam uma produção de 6,5 bilhões de metros cúbicos de gás de folhelhos para 2015.

Com esses US$4 bilhões a PetroChina deverá perfurar 16 furos de teste e 360 furos de produção em uma bacia de 15.600 km2.

Segundo os cálculos preliminares esta região tem mais do que 2 trilhões de metros cúbicos de gás aproveitáveis o que representa 7,5% de todo o potencial chinês... 

Como desacelerar um gigante em movimento?

Como desacelerar um gigante em movimento?



A mídia, volta e meia, propaga as mais grosseiras inferências sem a reflexão ou análise que a notícia merece.

  Graças a esse procedimento negligente que notícias de baixa qualidade atingem o leitor, podendo até causar o pânico aos menos avisados.

A última pérola, estampada em um website sobre a mineração, sobre a China cita: “não apenas uma desaceleração do crescimento, mas uma queda absoluta e substancial da demanda por commodities”.

Quem lê essa frase com certeza vai acreditar que o fim do mundo chegou e que a China, além de estar desacelerando mais rápido do que um Fórmula 1 na marca dos 100m, vai ter uma queda “absoluta e substancial”  no consumo de commodities. Um leitor desavisado desta matéria com certeza vai acreditar que é o fim das empresas de commodities que vendem para a China.

Coitada da Vale.

Já para nós do Portal do Geólogo que lidamos com essas notícias, dia após dia nos últimos 12 anos, tudo não passa de mais uma inferência grosseira entre as muitas que foram feitas nesta década.

Notícias sobre a desaceleração da economia chinesa e sobre o fim do mundo são mais comuns do que se possa crer. Esta é apenas mais uma delas.

Uma coisa que aprendemos na física, sobre as leis da inércia, é que é muito difícil desacelerar um gigante em disparada. Um corpo em movimento tende a permanecer em movimento (Newton).

A China é esse gigante que vem crescendo sistematicamente conforme o gráfico ao lado. Parar um crescimento desses, mesmo se desejado, nunca será assim tão fácil como querem os arautos do fim do mundo. Ainda mais quando estão sendo desenvolvidos inúmeros esforços no sentido contrário à desaceleração.

As notícias da desaceleração se tornaram mais comuns desde 2012, quando no terceiro trimestre a China cresceu “somente” 7,4%. Na época isso foi considerado o prenúncio do fim do mundo e várias notícias sensacionalistas como a de hoje, inundaram a mídia contaminando as decisões dos investidores.

No entanto, três meses depois, tudo mudou e a China voltou a crescer 7,9% e a média foi recomposta.

Agora o mesmo desespero volta à baila já que o crescimento chinês no terceiro trimestre foi de “apenas” 7,3%, o que prenuncia um crescimento médio para 2014 de “apenas” 7,4%.

Será esse o fim do mundo que estão alardeando?

É só observar alguns pontos fundamentais, divulgados por várias entidades governamentais, listados abaixo, que a tese do fim do mundo nos parece muito distante, puro sensacionalismo.

-As importações de minério de ferro em 2014 deverão atingir 940 milhões de toneladas, um crescimento de 14,7% em relação a 2013.

-Os preços do minério de ferro não cairão abaixo de US$60/t

-A Comissão Nacional do Desenvolvimento e Reforma aprovou um orçamento de US$114 bilhões para a construção de ferrovias e aeroportos. Isto deverá impactar as commodities. -As importações de minério de ferro em 2015 estão estimadas em 1 bilhão de toneladas, um crescimento de 6,4% em relação a 2014.

-A produção de aço doméstica deverá crescer em 2015.

-A demanda de aço também deve crescer em 2015 atingindo 720 milhões de toneladas.

-O setor da construção civil deverá crescer menos em 2015, mas espera-se que sejam usadas 395 milhões de toneladas de aço no setor, um crescimento de 1,28%

-A indústria de máquinas e equipamentos deverá consumir 144 milhões de toneladas de aço em 2015, um crescimento de 3% em relação a 2014.

-O setor de energia estará em crescimento com os investimentos nos gasodutos da Rússia e na produção do gás dos folhelhos. Estima-se que este setor consuma 33 milhões de toneladas de aço, um crescimento de 3%

-A indústria naval deverá consumir 3,8% mais aço.

-A China está fazendo o maior investimento do mundo, de US$400 bilhões na compra de gás da Rússia.

-A China está investindo até 2035 o montante de US$5,7 trilhões de dólares, o maior programa do mundo de energia o que vai mudar radicalmente o panorama econômico do gigante asiático com inúmeros desdobramentos em todas as áreas.

-Os preços do cobre subiram hoje melhorando o índice de desemprego nos Estados Unidos, graças a maior demanda da China, a maior consumidora do planeta.

Se quiséssemos poderíamos elencar vários pontos que desmentem categoricamente a premissa publicada de uma “queda absoluta” nas commodities.

É óbvio que em 2014 existe, realmente, uma desaceleração da máquina chinesa, que está passando de um crescimento de 7,5% em 2013 para 7,4% . Uma desaceleração de apenas 0,1% em uma locomotiva que está se tornando rapidamente na maior economia do mundo.

Se isso for o fim do mundo o que pensar do PIB brasileiro que estava em 2013 previsto para crescer “apenas” 2% e que possivelmente vai emplacar um crescimento ínfimo de 0,19%...

Será isso o fim do mundo?

São Paulo: a incompetência e o abandono por trás da falta d´água


São Paulo: a incompetência e o abandono por trás da falta d´água

Publicado em: 4/12/2014 21:13:00


Como explicar que no Brasil, um dos países mais ricos em água do mundo, uma população de dezenas de milhões, fique sem o precioso bem na primeira seca mais prolongada?

-Será que a culpa é do Aquecimento Global?

-Do desmatamento da floresta Amazônica?

-Ou da sucessão de governos incompetentes que por décadas não investiram em armazenamento, tratamento e distribuição da água à população?

-Ou da população que convive há décadas com a poluição de seus rios e barragens e que continua, ainda hoje, lançando os seus dejetos, sem constrangimento, nos rios e lagos?

Em 1960 o Governo de São Paulo, preocupado com o crescimento populacional,  que atingia 4,8 milhões de habitantes na capital e cidades vizinhas, planejou a implantação do Sistema Cantareira cuja construção começou 6 anos depois.

O Sistema Cantareira, um dos maiores do mundo, corresponde a seis reservatórios de água com uma capacidade total de 990 milhões de metros cúbicos. O Cantareira é constituído pelos reservatórios:  Jaguari, Jacareí, Cachoeira, Atibainha, Águas Claras e Paiva Castro,  interligados por tuneis e canais.

Desde 1960 até hoje o Brasil viu o crescimento explosivo de S. Paulo, cuja população mais que dobrou desde o início do Cantareira.

O que foi feito nestes 54 anos para amenizar o crescente problema da armazenagem e distribuição de água em S. Paulo?

Quase nada! O sistema hoje atende 9 milhões de pessoas, menos do que a metade da população metropolitana.

Em 2014, quando enfrentamos um prolongado período de secas, o Cantareira, da forma como estruturado, não foi suficiente para suprir a demanda de água da população que hoje é considerada criminosa se utilizar mais água do que o Governo determina.

Quem lê as notícias da crise hídrica de S. Paulo acha que a cidade e região estão no meio de um deserto sem uma gota d´água.

Nada disso!

São Paulo está cercado por mais de 17 represas e rios que pouco contribuem para o consumo de água de sua população.

Como esquecer o Rio Tietê, que atravessa o coração de S. Paulo com sua água totalmente poluída por séculos de descaso e abandono? Muito se prometeu e nada se fez.  E o cidadão continua vendo e cheirando um dos maiores desastres ambientais do Brasil sem se rebelar.

Se o Tietê não fosse um terrível esgoto a céu aberto, que os Romanos provavelmente chamariam de Cloaca Máxima Paulistana, ele hoje poderia ser a salvação da cidade.

Tietê poluído


Outras represas como a Billings, de 995 milhões de metros cúbicos, uma capacidade muito superior a todo o Sistema Cantareira foi idealizada em 1930. Infelizmente a água da Billings só pode ser utilizada parcialmente, pois tem áreas intensamente poluídas por esgotos domésticos, uma clara falta de planejamento e de investimentos.

Billings


A represa de Guarapiranga, fundada em 1908, com 272 milhões de metros cúbicos é outra que recebe esgotos não tratados que comprometem o uso da água para abastecimento humano.
Guarapiranga


Barragens associadas ao poluidíssimo Rio Tietê como Rasgão, Pirapora do Bom Jesus e Edgard de Souza servem apenas para a geração de energia já que uma sucessão de governos incompetentes e uma população desinteressada pouco fizeram para evitar a morte do Rio Tietê.

Hoje colhem os dejetos de anos de total abandono e poluição.

Mesmo sendo conivente, já que elegeu e reelegeu, ao longo de décadas, governos que nada ou pouco fizeram para melhorar a qualidade, armazenagem, distribuição e tratamento da água, o povo da Grande São Paulo não é o único culpado.

Colocar a culpa no desmatamento da Floresta Amazônica é mais uma forma de lavar as mãos de todos esses crimes ambientais que S. Paulo, seu governo e boa parte de sua população vem fazendo nestas muitas décadas de descaso.

As chuvas que hoje inundam S. Paulo não são provenientes da Amazônia como alguns dizem. A imagem abaixo mostra a direção dos ventos e as principais chuvas que afetam a região enquanto o texto é digitado. A umidade que está causando essas chuvas vem toda do Atlântico e não da Amazônia.
ventos SP


Por mais que nós Brasileiros discordemos sobre as responsabilidades não há como negar.

Somos nós que elegemos esses governos que nada fizeram e somos, nós, mais uma vez, que fechamos os olhos para a poluição sistêmica dos rios e barragens, não só de S. Paulo.

Plantamos e estamos colhendo...

A crise hídrica um dia vai acabar, mas os nossos hábitos medievais e péssimas escolhas possivelmente não.

Até quando? Será que não temos nada a aprender?

Brazil Minerals pode se tornar a maior companhia de diamantes da América Latina

Brazil Minerals pode se tornar a maior companhia de diamantes da América Latina..



A Brazil Minerals está posicionada para se tornar a maior companhia de diamantes da América Latina em receita e lucro, de acordo com relatório do Goldman Small Cap Research publicado ontem . O documento destaca, entre os pontos principais da empresa, a estratégia de vender diamantes polidos não-certificados para compradores privados no Brasil, medida que criou um novo canal de vendas para a mineradora.
“A margem bruta da Brazil Minerals alcançou 69% no terceiro trimestre de 2014 e as recentes táticas e estratégias garantem ganhos operacionais futuros. De fato, o objetivo inicial da Brazil Minerals é se tornar a maior companhia de diamantes da América Latina em receita e lucro”, disse Rob Goldman, analista responsável pelo relatório do Goldman Small Cap Research sobre a Brazil Minerals.

O documento mencionou que a estratégia da empresa de aumentar a porcentagem de diamantes polidos vendidos em relação aos diamantes brutos tem gerado dividendos maiores para os acionistas da companhia. A Brazil Minerals vende periodicamente diamantes polidos certificados pelo Geomological Institute of America (GIA) para compradores privados nos Estados Unidos e diamantes polidos não-certificados para uma joalheria brasileira que tem 11 lojas e está no mercado desde 1944.

Nas últimas duas semanas, de acordo com o relatório, a Brazil Minerals vendeu diamantes polidos não-certificados para compradores privados conhecidos no Brasil, fator que resultou na criação de um novo canal de vendas para a empresa.

O relatório do Goldman Small Cap Research destacou a estratégia da Brazil Minerals na obtenção da licença ambiental necessária para extrair e comercializar areia da mina de ouro e diamante Duas Barras, em Olhos D'Água (MG), que é operada pela subsidiária Mineração Duas Barras (MDB). Segundo o estudo assinado por Goldman, a mina de Duas Barras possui grande quantidade de areia de alta qualidade, um componente essencial para o cimento utilizado pela indústria de construção.

A Brazil Minerals é a única empresa que se dedica exclusivamente à extração de ouro e diamante no setor de mineração brasileiro e a única companhia de ouro e diamante de capital aberto do Brasil.

Em 12 de setembro, a Brazil Minerals adquiriu 100% de participação na MDB. A mineradora pagou US$ 200 mil em dinheiro e emitiu cerca de 2,14 milhões de ações para adquirir os 13,2% restantes da companhia. A MDB é o primeiro ativo operacional e gerador de receita que pertence completamente à Brazil Minerals.

Além da mina Duas Barras, que fica a 130 quilômetros de Diamantina (MG), a empresa é proprietária de direitos minerários em Borba, área com potencial de ouro no Amazonas.
Instalações da mina Duas Barras, da Brazil Minerals