sábado, 31 de janeiro de 2015

Caçadores de tesouro descobrem US$ 300 mil em ouro no fundo do mar

Caçadores de tesouro descobrem US$ 300 mil em ouro no fundo do mar

Uma família norte-americana encontrou um baú cheio de ouro no mar, depois de anos dedicados a esse tipo de busca – eles têm até uma companhia própria, a Booty Salvage. O tesouro estava em uma região a apenas 4,5 metros de profundidade, a 137 metros da costa de Fort Pierce, na Flórida.
Entre os itens encontrados estão moedas e correntes de ouro que, ao que tudo indica, foram perdidas durante um naufrágio de um navio espanhol em águas do Atlântico, em 1715. O tesouro tem valor estimado de US$ 300 mil.

História


O navio que naufragou não estava sozinho. De acordo com alguns pesquisadores, dez navios afundaram devido a um furacão – o valor aproximado de todos os tesouros perdidos durante os acidentes é de US$ 400 milhões. Desse montante, US$ 175 milhões já foram resgatados, o que a família da Booty Salvage parece encarar como um desafio.
Eric Schmitt, um dos membros da família que esteve à frente das últimas buscas, já encontrou uma baixela de prata, em 2002, quando ainda estava no ensino médio, no valor de US$ 25 mil. Em entrevista a uma emissora de TV americana, ele afirmou que a família vai continuar as buscas, e que isso não é apenas uma questão de dinheiro, mas também de História.
Dos itens encontrados, 20% deverão ser repassados ao Estado da Flórida, para arquivamento e exposição em museu. Para saber mais sobre o assunto, assista ao vídeo abaixo (em inglês):

Um tesouro de 200 anos no fundo do mar

Um tesouro de 200 anos no fundo do mar

©THE BRIDGEMAN ART LIBRARY/KEYSTONE/ © ODYSSEY MARINE EXPLORATION
O ataque contra a fragata espanhola Mercedes, em 1804, pintado por Thomas Sutherland em 1816. No detalhe, a empresa caça tesouro Odyssey em ação
Dezessete toneladas de ouro e prata, estimadas em US$ 500 milhões. Esse é o tamanho do tesouro resgatado por uma empresa americana do fundo do mar – o mais valioso de que se tem notícia e que é hoje o centro de uma movimentada e provavelmente longa batalha jurídica. O tesouro foi encontrado em maio do ano passado numa embarcação naufragada na costa de Portugal. O resgate foi feito pela Odyssey, empresa caça-tesouros que realiza explorações arqueológicas submarinas com o uso de robôs. O carregamento foi rapidamente levado aos Estados Unidos.

O governo espanhol reagiu logo, e disse que o tesouro vinha da fragata Nuestra Señora de La Mercedes y las Animas, que afundou em 5 de outubro de 1804. O naufrágio teve importantes conseqüências históricas. Mercedes fazia parte de uma esquadra espanhola que foi interceptada por ingleses. Na época, a Inglaterra estava em guerra com a França, mas a Espanha tentava manter-se neutra. Apesar disso, os ingleses requisitaram as fragatas. Diante da recusa espanhola, iniciou-se uma batalha, na qual Mercedes foi atingida, explodiu e afundou, causando a morte de 249 pessoas. Em decorrência do episódio, o rei Carlos IV declarou guerra à Inglaterra em dezembro daquele ano.

Segundo documentos do Arquivo das Índias de Sevilha, a fragata carregava 697.621 pesos, pertencentes a cerca de 130 mercadores espanhóis, e 253.606 pesos que vinham das colônias na América, destinados à Coroa. Segundo as primeiras estimativas, cada uma das moedas de prata resgatadas pode valer até US$ 4 mil. As de ouro, muito mais.
Para o governo espanhol, Mercedes é um navio de guerra afundado durante uma batalha, e o tesouro, portanto, pertence à Espanha. Para a Odyssey, Mercedes é apenas uma embarcação mercante comum. A empresa declarou estar disposta a partilhar o total com os herdeiros dos proprietários dessas riquezas – considerando que, em casos como esse, a companhia responsável pelo resgate costuma ficar com cerca de 80% do tesouro, como recompensa pelo salvamento. Até o Peru entrou no caso, reivindicando que, como as moedas foram cunhadas, com metais vindos de seu território, também teria direito a uma parte. Caso não haja acordo, a justiça americana decidirá como será feita a divisão.

Não é a primeira vez que a Odyssey retira do fundo do mar uma coleção valiosa. Em 2003, a empresa já havia resgatado 50 mil moedas e 14 mil artefatos do SS Republic, afundado na costa americana em 1865, que renderam à companhia mais de US$ 33 milhões.

A Unesco calcula que há mais de 3 milhões de barcos afundados no mundo todo, à espera de resgate. A partir de 2 de janeiro de 2009, entrará em vigor a Convenção da Unesco sobre a Proteção do Patrimônio Cultural Subaquático, para ajudar a preservar essa riqueza submersa e proibir sua exploração comercial.

Metais Preciosos

Metais Preciosos




São chamados de metais preciosos (ou metais nobres) o ouro, a prata e os metais do grupo da platina. Estes compreendem platina, paládio, ródio, rutênio, irídio e ósmio. O ouro e a prata são os mais importantes e os mais conhecidos. Mas a platina é bem mais valiosa. Na indústria joalheira, usa-se ouro, prata, platina, paládio e ródio, este último geralmente como revestimento de outros metais (banho de ródio). Os metais preciosos são todos raros na crosta terrestre, embora possam estar muito disseminados, como é o caso do ouro. Possuem alta densidade, são maleáveis (podem ser reduzidos a folhas) e dúcteis (podem ser reduzidos a fios).




O Ouro


Elemento Químico
O ouro é o elemento químico de número atômico 79 e massa atômica 196,97. É um metal do Grupo 1B da tabela periódica, como a prata e o cobre.

Mineral
O ouro raramente se combina com outros elementos, sendo, por isso, encontrado na natureza geralmente no estado nativo. Cristaliza na forma de cubos e octaedros, mas é muito mais
Pepita de ouro
Pepita de ouro
comum encontrá-lo na forma de escamas, massas irregulares (pepitas) ou fios irregulares. É opaco e tem cor amarela típica, mas, quando pulverizado, pode ser vermelho, preto ou púrpura. Seu brilho é metálico, a dureza baixa (2,5 a 3,0) e a densidade muito alta (19,30).

A baixa dureza permite que ele seja facilmente riscado com um canivete ou mesmo com um pedaço de vidro. Devido à alta maleabilidade, quando martelado amassa em vez de quebrar. Se mordido, fica com marcas dos dentes. O brilho não é muito intenso, ao contrário do que muitos pensam.

A pirita é um sulfeto de ferro que, por sua semelhança com o ouro, é chamada popularmente de "ouro dos trouxas" ou "ouro dos tolos". Ela é, na verdade, até bem diferente do ouro. É bem mais leve que ele, não é maleável e seu brilho costuma ser bem mais forte. E, ao contrário do ouro, é comum aparecer na forma de belos cristais.

O ouro ocorre em aluviões e em veios de quartzo associados a rochas intrusivas ácidas. É encontrado também como teluretos e ligas naturais, pois geralmente contém algo de prata. Forma série isomórfica com a prata, ou seja, a mistura ouro-prata pode ocorrer em todas as proporções.

Está muito disseminado na crosta terrestre, geralmente associado ao quartzo ou à pirita. Estima-se haver quase nove milhões de toneladas de ouro dissolvido na água do mar. Um dos poucos elementos com o qual o ouro se combina é o telúrio, formando teluretos. Assim, esse metal é encontrado em minerais como krennerita, calaverita e silvanita. A liga com prata chama-se eletro.

Metal
O ouro é o mais maleável e o mais dúctil dos metais. Com 1 g desse metal, podem-se obter até 2.000 m de fio ou lâminas de 0,96 m² e apenas 0,0001 mm de espessura. É bom condutor de calor e eletricidade e não é afetado nem pelo ar, nem pela maioria dos reagentes químicos. Há quem o considere o mais belo dos elementos químicos. Seu ponto de fusão é 1.063 °C.

Fontes de Obtenção
Os principais minerais fornecedores de ouro são ouro nativo, krennerita, calaverita, eletro, silvanita e pirita. Ele é obtido também na metalurgia de vários metais. Estudos indicam que o metabolismo da bactéria ralstonia metallidurans leva à formação de pepitas de ouro.

Usos
Acervo do Metropolitan Museum of Arts (Nova Iorque). Foto: P.M.Branco
Acervo do Metropolitan Museum of Arts (Nova Iorque). Foto: P.M.Branco
O ouro é usado principalmente em moedas; em segundo lugar, em joias e decoração. É útil também em odontologia (hoje muito pouco usado), instrumentos científicos, fotografia e indústria eletrônica. Para confecção de joias, usam-se ligas com 75% de ouro (o chamado ouro 18 quilates) ou, às vezes, com apenas 58,33% (ouro 14 quilates). É empregado também em fotografia, na forma de ácido cloro-áurico (HAuCl4), e na indústria química, em ligas com cobre, prata, níquel e outros metais. A foto ao lado mostra sandálias e dedeiras de ouro da antiga civilização egípcia. As sandálias foram escurecidas para se assemelharem ao couro.

Quem tem uma joia e não sabe ao certo se ela é feita com ouro, deve fazer o teste usando água-régia, uma mistura de ácido nítrico com um volume três ou quatro vezes maior de ácido clorídrico, ambos concentrados. As agências de penhores da Caixa Econômica Federal fazem esse teste, que indica se a joia é feita com ouro e se se trata de ouro 18 quilates ou outro tipo de liga (ouro puro não se usa em joias).

Principais Produtores
É produzido principalmente na África do Sul (11 % da produção mundial em 2006), seguindo-se EUA, Austrália, China e Peru. Entre 1700 e 1850, o Brasil foi o maior produtor de ouro do mundo, com um total de 16 toneladas no período de 1750-1754, originada predominantemente das aluviões da região do Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais. A importância do Brasil continuou crescente até a primeira metade do século XIX, quando perdeu a liderança diante das grandes descobertas de ouro aluvionar da Califórnia, nos Estados Unidos.

Entre 1965 e 1996, nossa produção alcançou 877 toneladas, representando cerca de 4% da produção mundial. O ouro brasileiro é extraído principalmente em Minas Gerais e no Pará. Em 2003, a produção foi de 40,4 t e em 2004, de 47,6 t de ouro. Segundo o Mapa de Reservas de Ouro do Brasil, elaborado em 1998 pelo Serviço Geológico do Brasil, as reservas em ouro brasileiras são estimadas em 2.283 toneladas.

Preço
O preço do ouro varia constantemente, já que é muito usado como investimento. Em 29 de junho de 2007, a onça-troy (31,103 gramas) valia US$ 647, metade do preço da platina (US$ 1.273), mas quase o dobro do preço do paládio (US$ 365).

Curiosidade
Estima-se que todo o ouro do planeta daria para fazer um cubo de 15 m de aresta. Em 1999, joalheiros de Dubai fizeram a maior corrente de ouro do mundo: 4.382 m. Usaram ouro 22 quilates e gastaram cerca de US$ 2 milhões. A peça foi vendida em praça pública, em pedaços.


A Prata


Elemento Químico
A prata é o elemento de número atômico 47 e massa atômica 107,87. É um metal do grupo 1B, como o ouro e o cobre.

Mineral
A prata cristaliza no sistema cúbico (como o ouro) e seus cristais podem ser cubos, dodecaedros ou octaedros. Entretanto, eles são raros e o mineral é geralmente acicular, fibroso, dendrítico ou irregular.
Prata de hábito filiforme. Fonte: Korbel, P. & Novák, M. Enciclopédia de Minerais.
Prata de hábito filiforme. Fonte: Korbel, P. & Novák, M. Enciclopédia de Minerais.
Tem cor cinza (prateada), inclusive quando em pó. Não tem clivagem. Sua dureza é baixa (2,5 a 3,0); e a densidade, alta (10,50), mas muito inferior à do ouro. Ocorre em filões. Possui intenso brilho metálico, o qual enfraquece se o ar contiver enxofre, o que geralmente ocorre nas cidades.

Metal
A prata é um metal muito dúctil e maleável. Permite obter lâminas com 0,003 mm de espessura e fios de 100 m pesando apenas 38 mg. Duas peças de prata podem ser soldadas a marteladas, desde que aquecidas a 600ºC. Seu ponto de fusão é 960 °C. É o metal que melhor conduz o calor e a eletricidade. Tem propriedades semelhantes às do Cu e do Au.

Fontes de Obtenção
A prata forma 129 minerais, sendo extraída de muitos deles, como pirargirita, argentita, acantita, cerargirita, galena argentífera, stromeyerita, tetraedrita, pearceíta, proustita, stephanita, tennantita, polibasita, silvanita e prata nativa. Pode ser obtida também como subproduto na metalurgia do zinco, do ouro, do níquel e do cobre. Ela está muitíssimo menos disseminada que o ouro na natureza.

Usos
Usa-se prata em: moedas, espelhos, talheres, joalheria, odontologia (como amálgama), soldas, explosivos (fulminato), chuvas artificiais (iodeto), óptica (cloreto), fotografia (nitrato), germicida, objetos ornamentais e ligas com cobre. Para joias e objetos ornamentais, usam-se ligas com 10% de cobre (prata 90 ou prata 900) ou, mais frequentemente, com 95% de prata (prata 950).

Principais Produtores
O maior produtor de prata é o México, com 2.748 t (dados de 2002), seguindo-se Peru, China e Austrália, todos com mais de 2.000 t. O Brasil produziu em 2002 apenas 10 t, em Minas Gerais e sobretudo no Paraná, como subproduto do chumbo.

Curiosidade
A maior pepita de prata conhecida foi encontrada em Sonora (México) e tinha 1.026 kg.



A Platina


Cristal de platina (Fonte: Korbel, P. & Novák, M. Enciclopédia de Minerais - O Mineral
Cristal de platina (Fonte: Korbel, P. & Novák, M. Enciclopédia de Minerais - O Mineral
Elemento Químico
A platina é o elemento químico de número atômico 78 e massa atômica 195,09. Pertence ao grupo 8B da tabela periódica, junto com o níquel e o paládio.

Mineral
A platina é um mineral do sistema cúbico, geralmente encontrada em grãos irregulares, raramente em octaedros ou cubos. Tem cor cinza-aço, traço cinza brilhante, brilho metálico, sem clivagem. É, às vezes, magnética. Tem dureza 4,0 a 4,5 e densidade 21,40 (altíssima).

Metal
A platina é um metal maleável, dúctil, resistente à corrosão pelo ar, solúvel em água-régia. Absorve hidrogênio como o paládio. Provoca explosão do hidrogênio ou do oxigênio. Seu ponto de fusão é 1.773,5 °C.

Fontes de Obtenção
Pode ser extraída de vários minerais: sperrylita, platini­rídio, polixênio, cooperita e ferroplatina. A platina nativa ocorre na natureza geralmente misturada com ferro, irídio, paládio e níquel. Ocorre em aluviões e em rochas básicas, como dunitos, piroxenitos e gabros.

Usos
É empregada em joalheria (com 35% de paládio e 5% de outros metais), instrumental para laboratório, odontologia, eletricidade, ogivas de mísseis, catalisadores, pirômetros, liga com cobalto, fornos elétricos de alta temperatura, fotografia e em vários outros produtos industriais.

Principais Produtores
A platina é produzida principalmente pela África do Sul (134 t em 2002), seguindo-se Rússia (35 t), Canadá (7 t) e Estados Unidos (4,39 t).

Preço
Em 29 de junho de 2007, a onça-troy de platina valia US$ 1.273, quase o dobro do preço do ouro (US$ 647).

Curiosidade
Em 1985, foi exposto em Tóquio (Japão) um vestido feito à mão com fios de platina, pesando 12 kg e avaliado em um milhão de dólares.


O Paládio


Elemento Químico
O paládio tem número atômico 46 e massa atômica 106,4. Pertence ao mesmo grupo da platina (8B).

Mineral
É um mineral do sistema cúbico, de cor cinza-aço, que ocorre na forma de grãos (pepitas), às vezes com estrutura fibrorradiada. É séctil, de brilho metálico. Tem dureza 4,5 a 5,0 e densidade 11,40.

Metal
O paládio é inoxidável, dúctil e muito maleável, podendo ser reduzido a folhas de 0,0001 mm de espessura. Seu ponto de fusão é 1.500 °C. Tem notável capacidade de absorção de hidrogênio (até 900 vezes seu próprio volume), formando possivelmente PdH2.

Fontes de Obtenção
O paládio é extraído dos minerais de platina.

Usos
É usado como catalisador, em instrumentos odontológicos (prótese e ortodontia) e cirúrgicos e em relojoaria e joalheria (neste caso como substituto da platina). Forma ligas com ouro (ouro marrom, ouro branco-médio, ouro branco-suave).

Principais Produtores
Em 2002, o maior produtor de paládio foi a Rússia (84 t), seguindo-se África do Sul, Estados Unidos e Canadá.

Preço
Em 29 de junho de 2007, a onça-troy de paládio valia US$ 365,um quinto valor do ouro de hoje que vale US$1,300 a onça, e pode chegar a US$1.600 COMO EM 2011/12.

Curiosidade
O nome do paládio deriva de Pallas, planetoide descoberto em 1802, um ano antes de se descobrir o elemento. O mineral paládio foi descoberto pela primeira vez em Morro do Pilar, Minas Gerais.



Garimpo submarino' enriquece empresas e ameaça biodiversidade

'Garimpo submarino' enriquece empresas e ameaça biodiversidade

Cresce mercado de exploração de ouro e outros materiais no fundo do mar.
Entretanto, oceanógrafos temem impacto à flora e fauna dos oceanos.


Tom Dettweiler ganha a vida quilômetros abaixo da superfície. Ele ajudou a encontrar o Titanic. Depois disso, suas equipes localizaram um submarino perdido cheio de ouro. No total, ele lançou luz sobre dezenas de navios desaparecidos.
Agora, Dettweiler deixou de recuperar tesouros perdidos para se dedicar à prospecção de tesouros naturais que cobrem o fundo do mar: depósitos rochosos ricos em ouro e prata, cobre e cobalto, chumbo e zinco. Uma nova compreensão da geologia marinha levou à descoberta de centenas desses inesperados corpos de minério, conhecidos como sulfetos maciços por causa de sua natureza sulfurosa.
Essas descobertas estão alimentando uma corrida do ouro, com nações, empresas e empresários se apressando para reivindicar direitos sobre as áreas ricas em sulfureto presentes nas nascentes vulcânicas das geladas profundezas marinhas.
Os exploradores – motivados pela diminuição dos recursos continentais e pelos valores recorde do ouro e outros metais – estão ocupados adquirindo amostras e aferindo depósitos no valor de trilhões de dólares.
"Nossa conquista foi enorme", disse Dettweiler, em uma entrevista recente sobre as iniciativas de exploração de águas profundas de sua empresa, a Odyssey Marine Exploration, de Tampa, Flórida.
Geólogos da Nautilus examinam broca utilizada na exploração de recursos naturais marinhos. (Foto: Divulgação/Nautilus Minerals/The New York Times)Geólogos da Nautilus examinam broca utilizada na exploração de recursos naturais marinhos. (Foto: Divulgação/Nautilus Minerals/The New York Times)
Ambientalistas se preocupam com "caça ao tesouro"
Os céticos costumavam comparar o garimpo submarino à busca por riquezas na lua. Não comparam mais. Os avanços da geologia marinha, as previsões de escassez de metal nas próximas décadas e a melhoria do acesso ao fundo do mar estão se combinando para torná-lo real.
Os ambientalistas têm expressado uma preocupação cada vez maior, dizendo que as pesquisas já realizadas sobre os riscos da mineração nos fundos marinhos são insuficientes. A indústria tem respondido por meio de estudos, garantias e conferências entusiasmadas.
Os avanços tecnológicos na área se concentram em robôs, sensores e outros equipamentos, alguns derivados da indústria de extração de petróleo e gás natural no fundo do mar. Os navios fazem descer equipamentos para exploração em longas correntes e conduzem ao fundo do mar brocas afiadas que perfuram o leito rochoso. Todo esse maquinário submarino aumenta a possibilidade de encontrar, mapear e recuperar riquezas do fundo do mar.
Potências industriais – inclusive grupos apoiados pelos governos na China, Japão e Coreia do Sul – estão em busca de sulfetos nos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico. E empresas privadas, como a Odyssey, realizaram centenas de avaliações das profundezas e reivindicaram propriedade sobre sítios em zonas vulcânicas em torno de nações insulares do Pacífico: Fiji, Tonga, Vanuatu, Nova Zelândia, Ilhas Salomão e Papua Nova Guiné.
Há muito em jogo (...) um depósito que vale bilhões de dólares pode passar a valer uma centena de bilhões"
Tom Dettweiler, dono da Odyssey Marine Exploration
A Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos, um apático organismo das Nações Unidas, localizado na Jamaica e que regulamenta a extração de minérios em alto-mar, uma área que as suas autoridades gostam de caracterizar como 51% da superfície da terra, viu-se tomada por consultas relacionadas ao sulfeto.
"Estamos entrando em uma nova etapa", disse Nii Allotey Odunton, de Gana, secretário-geral da entidade, em uma reunião em novembro.
Exploração em larga escala no Pacífico
Como as ilhas do Pacífico controlam os direitos sobre os minerais nas águas de seu território, elas podem negociar acordos de mineração mais facilmente do que a autoridade dos fundos marinhos, que costumam depender da obtenção de consensos internacionais.
A Odyssey Marine Exploration, que recentemente passou a atuar não apenas na recuperação de navios que naufragaram, mas também na prospecção de águas profundas, começou a explorar as águas do Pacífico em 2010, descobrindo muito mais ouro, prata e cobre do que o esperado.
"Há muito em jogo", disse Dettweiler. Se os preços dos metais subirem, acrescentou ele, "um depósito que vale bilhões de dólares pode passar a valer uma centena de bilhões".
Os cientistas costumavam pensar que a principal fonte de riqueza das profundezas repousava em rochas do tamanho de batatas que poderiam ser exploradas para a extração de metais como ferro e níquel. Na década de 1960 e 70, os empresários tentaram trazê-las à superfície, mas os lucros não compensaram o custo elevado de exploração, extração e transporte.
As coisas começaram a mudar em 1979, com a descoberta das "fumarolas negras", torres sulfurosas que vertem jatos água de temperatura extremamente alta. As fumarolas revelaram ser indicadoras dos 74 mil quilômetros de fissuras vulcânicas encontradas nos leitos dos mares do planeta, parecidas com as costuras de uma bola de beisebol.
Os cientistas descobriram que as fumarolas se formam quando a água quente passa pelas rochas vulcânicas, atinge a água gélida do leito do mar e lança uma grande variedade de minerais que coagulam lentamente em montículos e chaminés assombrosos. Uma delas, descoberta próxima ao Estado de Washington e apelidada de Godzilla, atinge uma altura maior do que a de um prédio de 15 andares.
A primeira onda de descobertas revelou que essas fontes vulcânicas abrigam uma enorme variedade de criaturas estranhas, incluindo vermes poliquetas em forma de tubo. Depois, descobriu-se que esses locais eram compostos de minerais complexos que continham quantidades surpreendentes de cobre, prata e ouro.
Garimpo nas profundezas
Hoje, cada vez mais, as minas terrestres carecem de uma oferta rica em cobre, um elemento importante da vida moderna, encontrado em tudo, desde tubos até computadores. Muitos minérios comerciais têm concentrações de apenas 0,5% de cobre. Mas os exploradores do fundo do mar encontraram minérios com uma pureza de pelo menos 10% – transformando os obscuros depósitos em possíveis fontes de fortuna. O mesmo acabou por se mostrar verdadeiro no caso da prata e do ouro.
Quinze anos atrás, aspirantes a garimpeiros subaquáticos registraram pela primeira voz uma reivindicação de posse sobre uma área no leito do mar: a Nautilus Minerals conquistou o registro de propriedade de cerca de 5.100 km² do fundo do mar da Papua Nova Guiné, rico em características vulcânicas. A empresa, com sede em Toronto, avançou no que diz respeito à mineração, mas se expandiu rapidamente em direção à prospecção de centenas de sítios no Pacífico e, desde então, identificou dezenas de áreas como possíveis candidatas à mineração de fundos marinhos.
No ano passado, a Nautilus obteve um contrato de arrendamento de 20 anos para extrair um depósito rico no Mar de Bismarck, no sudoeste do Pacífico. Os montículos estão a 1,6 quilômetros da superfície. A empresa diz que o sítio possui cerca de 10 toneladas de ouro e 125 mil toneladas de cobre.
A Nautilus planeja começar a mineração no local no próximo ano, mas também considera a possibilidade de atrasos. Ela está construindo robôs de até 7,5 metros de altura para recolher sulfuretos e trazê-los à superfície. Pequenas embarcações, então, levarão os minerais do fundo do mar até Rabaul, um porto da Papua Nova Guiné, localizado a cerca de 50 quilômetros de distância. "Estamos fazendo um bom progresso", disse recentemente Stephen Rogers, executivo-chefe da companhia, a analistas.
Imagem da exposição 'Oceanos', que traz imagens inéditas do fundo do mar e abre no Centro Cultural Correios, no Rio, em 17 de maio de 2012 (Foto: Richard Herrmann )Ambientalistas se preocupam com efeitos da exploração maciça de recursos naturais no ambiente marinho  (Foto: Richard Herrmann )
Biodiversidade ameaçada no fundo do mar
Os críticos dizem que o plano pode vir a ser perigoso para as atividades de pesca, os habitantes das ilhas e os ecossistemas. Em um relatório de 32 páginas, intitulado "Além de nosso alcance", um grupo internacional de ambientalistas que se intitula Deep Sea Mining Campaign observou que os sítios vulcânicos abrigam centenas de espécies antes desconhecidas pela ciência.
O grupo disse que a carência de informações deve ser sanada e os planos de mitigação de impacto ambiental têm de ser desenvolvidos "antes de a mineração iniciar". Em uma entrevista, Rogers disse considerar injusta a análise feita pelo grupo. "Estamos desenvolvendo planos ambientais detalhados e temos a obrigação de fazer isso", disse ele. "Estamos muito orgulhosos do que fizemos."
Ele acrescentou que sua empresa está trabalhando em estreita colaboração com alguns dos oceanógrafos mais importantes do mundo e que suas operações têm lançado luz sobre os mistérios do sulfeto. "Estamos fazendo com que a ciência avance", disse ele.
Eles estão mais preocupados com suas economias do que com o meio ambiente"
John R. Delaney, oceanógrafo da Universidade de Washington
Especialistas de todo o mundo estão prestando bastante atenção na Nautilus para acompanhar o modo como ela lida com os desafios da política ambiental, das novas tecnologias e dos mercados imprevisíveis.
"Qualquer conquista vai funcionar como um incentivo para outras empresas de mineração", disse Georgy Cherkashov, geólogo marinho russo e presidente da Sociedade Internacional de Minerais Marinhos.
A China, maior consumidor mundial de cobre, ouro e muitos outros metais industriais, tem mostrado pouco interesse em esperar pelo anúncio de conquistas. Quando a autoridade de fundos marinhos aprovou regras para a prospecção de sulfeto em maio de 2010, um representante de Pequim apresentou a candidatura do país no mesmo dia.
O país asiático utiliza navios para procurar minérios em alto-mar. O país também está desenvolvendo um submarino conhecido como Jiaolong – nome de um dragão marinho mítico – que pode transportar três pessoas a uma profundidade suficiente para investigar as áreas onde há sulfeto.
No ano passado, a China assinou ainda um contrato com a entidade pelos direitos exclusivos do sulfeto de 10 mil quilômetros quadrados, aproximadamente o tamanho de Porto Rico, em uma brecha vulcânica a cerca de três quilômetros abaixo do Oceano Índico. Jin Jiancai, secretário-geral da agência de recursos minerais oceânicos da China, disse a jornalistas que tais depósitos "vão ajudar a China a atender à crescente demanda" de metais refinados.
Enquanto isso, a Tong Ling, maior importadora de concentrados de cobre da China e uma das maiores empresas de fundição de cobre do mundo, assinou recentemente um acordo com a Nautilus para adquirir mais de um milhão de toneladas de minério de sulfeto do Pacífico por ano – um montante equivalente a cerca de 5% da produção mundial de cobre.
A Rússia entrou na corrida por minérios em alto-mar em 2011; França e Coreia do Sul, em maio. Recentemente, Seul também realizou um acordo para a prospecção de sulfeto nas águas das ilhas Fiji, permitindo que o país tenha acesso às riquezas minerais proporcionadas pela atividade vulcânica do Pacífico.
Preocupação econômica é maior do que a ambiental
John R. Delaney, oceanógrafo da Universidade de Washington, estuda fontes vulcânicas há décadas e diz que as ameaças de prejuízos ambientais da mineração das profundezas marinhas são provavelmente menos centradas nos projetos conduzidos em alto-mar por países desenvolvidos do que nas águas dos territórios de ilhas do Pacífico.
"Eles estão mais preocupados com suas economias do que com o meio ambiente", disse ele em entrevista.
Cherkashov, da Sociedade de Minerais Marinhos, minimizou as preocupações ambientais, dizendo que uma das razões dessa corrida global é que a mineração dos fundos marinhos tem um impacto relativamente baixo quando comparado com o das operações terrestres.
"Quem chega primeiro, leva", disse ele sobre as reivindicações de propriedade sobre as áreas de mineração, que crescem cada vez mais. As atitudes que tomarem para garantir os sítios mais promissores, acrescentou, representam "a última redivisão do mundo".

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Ouro e elementos indicadores no regolito do Garimpo Fazenda Pison

Ouro e elementos indicadores no regolito do Garimpo Fazenda Pison : processos de dispersão e implicações para prospecção.


Este estudo trata do comportamento do ouro e elementos indicadores em um perfil laterítico localizado na Província Tapajós, Amazônia brasileira. O objetivo foi verificar a evolução da assinatura geoquímica da mineralização no sentido de aprimorar os trabalhos de prospecção geoquímica nesse tipo de ambiente. Abordagens diferentes foram utilizadas nesse estudo, tais como: as características da mineralização primária e do manto intempérico, a morfologia e composição das partículas de ouro, e a distribuição espacial do ouro e dos elementos indicadores. A mineralização primária é composta por um feixe de veios de quartzo contendo sulfetos, entre os quais predomina a pirita, com bolsões de stockwork localizados. O ouro (electrum) está, na sua maior parte, livre mas também incluso na pirita. A assinatura geoquímica do minério é dada por Au, Ag, Bi, V, As, Sb, W, Cu, Pb, Zn. As características encontradas permitem classificar a mineralização primária como Sistema Aurífero Relacionado a Intrusões. Foram observados dois tipos de perfil intempérico: o perfil completo, composto por saprolito, zona de transição, couraça, latossolo vermelho e latossolo amarelo; e perfil incompleto, composto por saprolito, zona de transição, latossolo vermelho e latossolo amarelo. O perfil incompleto se desenvolveu a partir do perfil completo, com a desagregação da couraça e sua transformação em latossolo, devido à mudança do clima de estações contrastadas para um clima bem mais úmido. A composição mineralógica de cada horizonte é: saprolito - composto por quartzo, mica branca e caolinita; zona de transição - quartzo, caolinita, goethita, hematita e mica branca; couraça - hematita, goethita, caolinita e quartzo; latossolo vermelho - quartzo, caolinita, goethita e hematita; e latossolo amarelo - quartzo, caolinita, goethita (e hematita). O saprolito é rico em Si’O IND.2´, Mn, Mg, Na. Ca, K, Ba, Cu, Rb, e Zn; a couraça é rica em ’Fe IND.2’O IND.3’, Cr, Ga, S, V, As, Sb, Bi e Ag; e os latossolos são ricos em `Al IND.2´O IND.3´, Ti, P, Sr, Zr, Ce, La, Nb e Y. No saprolito começam a aparecer os primeiros sinais do processo de lixiviação do ouro primário, que se intensifica progressivamente para o topo do perfil até atingir um máximo na couraça, tornando-se menos intenso nos latossolos. A dissolução do ouro primário resulta do processo de corrosão por soluções intempéricas superficiais, que atuam na zona insaturada do perfil. Parte do ouro dissolvido reprecipita com elevada pureza na couraça, unindo partículas de ouro individuais num processo de "pepitização"; também reprecipita nos horizontes inferiores do regolito, nas bordas e descontinuidades das partículas primárias, gerando partículas composicionalmente zonadas. Nos latossolos, as partículas diminuem de tamanho em relação à couraça e apresentam zonação mais discreta. O ouro apresenta comportamento diferente de todos os demais elementos durante o processo intempérico. é o único elemento que guarda o posicionamento geográfico da mineralização primária, o que o torna o melhor indicador de seus depósitos. Os elementos indicadores podem apresentar bons resultados na delimitação de áreas em escala de semi-detalhe. O latossolo amarelo apresenta a melhor relação custo/benefício na prospecção geoquímica