terça-feira, 24 de março de 2015

Geólogos acreditam na extração econômica de ouro e metais preciosos nos esgotos

Geólogos acreditam na extração econômica de ouro e metais preciosos nos esgotos




Estudos feitos pela Universidade do Estado do Arizona estimaram que uma cidade de 1 milhão de habitantes joga no esgoto o equivalente a 13 milhões de dólares por ano em metais preciosos.

Os metais preciosos, ouro, prata, platina, paládio junto com outros metais como o cobre, vanádio, zinco, chumbo e estanho fazem parte do lixo jogado todos os dias no esgoto.

Um grande número de novos produtos industriais como shampoos, detergentes e até roupas (com prata para reduzir o odor) estão enriquecendo o valor dos resíduos sólidos que não são processados em plantas de filtragem e tratamento de água.

Nos oito anos que os estudos foram feitos, quando foram testados mensalmente os esgotos, chegou-se a uma conclusão extraordinária: o material sólido tem, em média 28g/t de prata, 0,6% de cobre, 49g/t de vanádio e 0,4g/t de ouro.

Os teores de ouro e de cobre são compatíveis com os teores médios de algumas minas econômicas famosas como a de Paracatu ou dos pórfiros de cobre ao redor do mundo.

Imagine ter verdadeiras minas de ouro a partir do sujo esgoto de uma cidade como S. Paulo, que polui os rios e o mar...

Não é ficção científica e pode ser feito economicamente!



água
O tratamento dos esgotos é feito nos Estados Unidos e em vários lugares do mundo (veja acima), mas, por enquanto, só a água é recuperada podendo ser imediatamente consumida pela população.

Já o resíduo sólido do tratamento dos esgotos onde estão os metais preciosos e que, depois do processo pode ser transformado em fertilizante e bioplásticos reduzindo ainda mais os custos do processo de tratamento.

Mais importante que tudo, a mineração dos esgotos irá viabilizar duas das maiores riquezas da humanidade: a água e o meio ambiente.

A mineração a serviço do meio ambiente...

terça-feira, 17 de março de 2015

Barrick em dificuldade pode vender mina gigante

Barrick em dificuldade pode vender mina gigante


A situação da maior mineradora de ouro do mundo não é fácil.

A Barrick Gold perdeu mais de 50% do seu valor em apenas dois anos e precisa reduzir o seu débito em US$3 bilhões ainda em 2015.

Esses pontos mostram as rachaduras na estrutura da mineradora tida como uma das mais sólidas, algum tempo atrás.

Hoje a Barrick Gold tem um débito astronômico, maior que US$13 bilhões e um valor de mercado de apenas US$12,6 bilhões.

A melhor forma de sair desta arapuca financeira é a venda de ativos de alto valor.

E a Barrick está, possivelmente, colocando à venda nada menos do que a sua mina chilena de cobre Zaldivar.

Zaldivar é um desses super-porphyry coppers de imenso valor. Na realidade Zaldivar é o corpo norte do complexo de Escondida, controlada pela BHP.

A jazida está localizada na cordilheira, no norte do Chile, próximo a Antofagasta (imagem).

Trata-se de uma operação a céu aberto onde o minério é lixiviado em pilhas e o cobre recuperado transformado em catodos.

Em 2014 a mina produziu 1 milhão de toneladas de cobre. Os custos de produção do cobre em 2014 foram de US$1,9/libra.

As reservas de Zaldivar são simplesmente enormes e atingiam 5,5 bilhões de libras de cobre em 2014.

Se a Barrick vender Zaldivar acredita-se que ela poderá levantar US$1,5 bilhão, o que é somente a metade dos US$3 bilhões planejados para a redução do débito...

Será que ela consegue?

USGS diz que a possibilidade de um grande terremoto na Califórnia está maior do que nunca

USGS diz que a possibilidade de um grande terremoto na Califórnia está maior do que nunca



Segundo os geólogos do USGS (US Geological Survey) a chance de que a Califórnia seja atingida por um devastador sismo de 8 ou mais na Escala Richter, nos próximos 30 anos, está aumentando significativamente. Eles calculam que agora a probabilidade aumenta de 4,7% para 7%.

O aumento da chance de um grande terremoto é causado pelo desenvolvimento de novas fraturas que interligam as grandes falhas. Essas falhas não eram interligadas.

Agora quase todas as falhas estão interconectadas a múltiplas fraturas menores que devem se romper simultaneamente, maximizando os efeitos e estragos dos próximos sismos.

O USGS acredita que os sismos de magnitude 6,7 devem ocorrer a cada 6,3 anos .

Enquanto isso, na cidade de Fuyang na China (foto), um terremoto de magnitude 4,7 danificou mais de 10.000 casas e matou, pelo menos, duas pessoas.

domingo, 15 de março de 2015

Diagnóstico dos garimpos de topázio imperial no Alto Maracujá, Sub-bacia do rio das Velhas, MG

1. Introdução
Segundo Miranda et al. (1997), a atividade garimpeira é uma forma muito antiga de extração mineral. Provavelmente remonta ao século XV através do avanço dos europeus sobre terras desconhecidas como aconteceu no continente americano. Essa atividade pode ser considerada uma modalidade marginal à mineração, encarada pela sociedade como símbolo de desorganização, violência, insegurança, insalubridade, problemas sociais, degradação ambiental e a total falta de técnica para a explotação dos bens minerais. Os garimpos trazem sérios danos ao meio ambiente (IBRAM, 1992).

2. Material e métodos
A metodologia utilizada para a realização desse trabalho consistiu em observações de campo, análise de documentos, levantamento de bibliografia técnica e histórica, depoimentos de pessoas ligadas direta ou indiretamente ao garimpo, entre outros expedientes que se fizeram necessários para melhor avaliação do problema.

3. Resultados
3.1 O topázio imperial
O topázio imperial é o principal objetivo da atividade garimpeira do Alto Maracujá. Trata-se de uma gema rara no mundo, de alto valor econômico, atualmente encontrada somente na região de Ouro Preto (Gandini, 1994). Castañeda et al. (2001) afirma que o topázio imperial foi descoberto por volta de 1772, no local denominado Morro de Saramenha, em Ouro Preto. Com o passar do tempo, a extração dessa gema foi evoluindo e diversos depósitos vêm sendo trabalhados dentro dessa região como as minas do Vermelhão em Saramenha e a do Capão do Lana (maior em produtividade e totalmente mecanizada), em Rodrigo Silva (Sauer et al., 1996). Outras áreas de ocorrência do topázio imperial se caracterizam pela presença de pequenos garimpos de aluvião, grande parte deles, ilegais. A Figura 1 mostra a localização das ocorrências e locais de extração de topázio imperial.
3.2 O Rio Maracujá
O rio Maracujá é afluente da margem esquerda do rio das Velhas, um dos principais afluentes do rio São Francisco. Formado pelos córregos Cipó, Arranchador e Caxambu, o Maracujá banha o maior distrito de Ouro Preto, Cachoeira do Campo. Trata-se de um rio de extrema importância para a região, dotado de grande valor histórico e físico, como atesta Ramos ([ 196_ ]).
3.3 Atividade garimpeira no Alto Maracujá
A atividade de mineração está muito presente no Alto Maracujá com os garimpos de topázio imperial. Pequenas empresas extrativas legais e garimpos individuais ilegais se estabeleceram no local, principalmente, a partir da década de 70 do século XX, quando houve uma intensificação dos garimpos de topázio na região de Ouro Preto.
3.4 Garimpos clandestinos
Os garimpos clandestinos ou manuais de topázio imperial podem ser divididos em dois tipos específicos: o garimpo de margem e o de leito. Entretanto, na maioria das vezes, esses tipos se confundem no campo. A seguir são descritos os diversos tipos identificados durante esse estudo.
3.4.1 Garimpo de margem
Figura 2 mostra um esquema de um garimpo de margem. Primeiramente há o desmatamento para a retirada da camada de solo orgânico. Seqüencialmente, o decapeamento culmina com a remoção dos horizontes superficiais do solo, de modo a dar ao garimpeiro acesso às camadas mineralizadas e preparar a área para a lavra em profundidade. O decapeamento pode ser desenvolvido por meio de enxadas, enxadões e picaretas.


A abertura da frente de lavra é a fase posterior ao decapeamento, onde os garimpeiros procuram, conforme a necessidade, expandir horizontal e verticalmente sua área de atuação, escavando horizontes mais profundos de solo e as camadas mineralizadas denominadas cascalho. Essas camadas, mais resistentes ao avanço da lavra, são formadas pelas rochas com veios de quartzo onde há a ocorrência do topázio imperial. A profundidade das escavações, tomando-se como nível de referência o topo do horizonte A do solo, varia muito, podendo atingir de 2 a 7 metros em média. Os cortes são abertos em taludes de 90 graus ou taludes irregulares negativos. As ferramentas utilizadas nas aberturas das frentes de lavra são picaretas, enxadas, enxadões e a inusitada enxada-pá (cabo de enxada e na extremidade uma pá disposta em ângulo de 90 graus com o cabo). A Figura 3ilustra uma frente de lavra na margem do córrego Cipó.


Para a retirada da água que se acumula nas frentes de lavra devido à proximidade do lençol freático, os garimpeiros usam, como subterfúgio, longas mangueiras de 10, 20 metros ou mais de comprimento com diâmetros de 1" e 1,5", estendidas em direção à jusante do córrego Cipó, para sugar a água da abertura produzida.
O cascalho mineralizado é retirado das frentes de lavra e transportado até as margens do córrego por meio de carrinhos de mão ou latas ou galões de plástico. Para a lavagem do cascalho, o garimpeiro se vale de uma peneira de pedreiro ou uma maior, construída por ele próprio com a finalidade de facilitar a cata do topázio imperial.
3.4.2 Garimpo de leito
Esse tipo de garimpo é executado diretamente no leito do córrego ou próximo à margem desse. A Figura 4mostra a configuração de um garimpo de leito. Desconsiderando o desmatamento e o decapeamento, basicamente comporta as mesmas operações realizadas nos de margem. Tem como diferencial o maior volume de água acumulado nas frentes de lavra e a instabilidade dos taludes escavados no leito do córrego. A Figura 5mostra uma frente de lavra no leito do córrego Cipó, no Alto Cipó.




Em outra forma de garimpo de leito são utilizadas dragas para aumentar o rendimento da produção. A Figura 6ilustra como é feito o trabalho de dragagem. O cascalho, juntamente com lama e água, é dragado da área de escavação e jogado contra a superfície de uma peneira. O garimpeiro realiza a cata do topázio na superfície da peneira. A Figura 7 mostra uma frente de lavra no Alto Cipó com uso de draga abandonada temporariamente.




4. Discussão
4.1 Impactos ambientais
As operações que constituem um garimpo de topázio imperial trazem uma série de impactos para o ambiente de entorno. O desmatamento, o decapeamento e a abertura das frentes de lavra destroem ou alteram a diversidade da mata ciliar e interferem na fauna local. Além disso, o decapeamento e a abertura de frentes de lavra elevam os impactos negativos na drenagem do córrego Cipó a níveis preocupantes em escala local e regional. Pilhas de estéril ficam expostas à ação do escoamento superficial e ao transporte de sólidos sedimentáveis. Principalmente, no período das cheias, ocorre o deslocamento dos sólidos rumo à jusante do Cipó, acarretando um alto grau de assoreamento deste, como pode ser verificado na Figura 8.


Quando a lavra do topázio imperial é realizada por dragagem, a geração de sólidos sedimentáveis torna a operação extremamente danosa ao córrego Cipó, devido ao aumento expressivo do nível de turbidez das águas deste. Nota-se, também, uma contribuição considerável desse processo no assoreamento à jusante.
O esgotamento das águas acumuladas nas frentes de lavra, se feito por mangueiras, causa apenas impacto visual. Porém, se realizado com o auxílio de pequenas dragas, causa impactos imediatos ao curso d'água, devido ao aumento da turbidez deste.
Na lavagem do cascalho, a contaminação do curso d'água se dá pelo passante da peneira onde todo o material é manipulado, aumentando a concentração de finos e, conseqüentemente, o nível de turbidez das águas do córrego Cipó. Quando o garimpeiro se vale da construção de barramentos para o represamento das águas do córrego para posterior lavagem do cascalho, isto resulta na interferência do fluxo normal das águas e no impacto visual negativo.
A cata do topázio permite a formação de pilhas de rejeito compostas pelo descarte do cascalho, que contribuem para o assoreamento do córrego no período chuvoso. Seqüências de pilhas ao longo do leito do córrego interferem no fluxo normal de suas águas, na sua morfologia e contribuem para o impacto visual negativo no local.
O abandono temporário das frentes de lavra, seja na margem ou leito do córrego, é uma das ações mais freqüentemente efetuadas pelos garimpeiros. Em geral, costuma-se associar essa prática ao insucesso da lavra ou tática do garimpeiro para escapar da fiscalização ambiental. Os constantes abandonos e retomadas de frentes de lavra impedem a recuperação natural do local afetado.
4.2 Questões sociais, de saúde e de segurança
Além dos impactos diretos e indiretos ao meio ambiente, questões voltadas ao próprio garimpeiro e sua relação com a atividade e o entorno foram consideradas nesse estudo. Esse tipo de atividade predispõe o trabalhador a constantes ameaças à sua integridade física, tais como doenças ocupacionais, desmoronamentos, traumas, quedas, etc. Risco maior é exposto àqueles indivíduos não garimpeiros que circulam desavisados pelo local.
Conflitos entre garimpeiros e entre estes e indivíduos externos ao garimpo são freqüentes, em alguns casos, resultando em morte. Em muitos momentos, tensões com donos de terras ou órgãos fiscalizadores desencadeiam situações desagradáveis a ambas as partes, levando o local a um estado crítico.
Ameaças a obras civis na região também são fatos reais devido ao volume de impactos gerados nos garimpos de topázio imperial. São comuns erosões em estradas que tangenciam o córrego Cipó geradas a partir de desvios deste. O volume de sólidos sedimentáveis acarreta problemas de ordem estrutural em galerias, pontes e pequenos barramentos de sitiantes locais. Impacto de maior destaque se constitui na degradação da qualidade da água que abastece uma população de cerca de 6000 habitantes, comprometendo a eficiência da estação de tratamento de água de Cachoeira do Campo.

5. Conclusões
As atuais condições do garimpo de topázio imperial no Alto Maracujá comprometem o ecossistema da região e a infra-estrutura pública. Caso não ocorra uma organização da atividade sob a forma de cooperativa ou associação, torna-se impossível solucionar o problema e recomenda-se a paralisação imediata do garimpo.
Não há estudo que comprove a dependência econômica da atividade por todos os garimpeiros que atuam na região. Sabe-se que muitos são esporádicos e se beneficiam do garimpo como um instrumento de renda extra. Entretanto, outros têm, nessa prática extrativista, o sustento de suas famílias, já que a atual conjuntura econômica do país não oferece melhor sorte aos mesmos. Isto torna o problema ainda mais complexo. Saber avaliar o ponto exato de equilíbrio entre a necessidade humana de sobrevivência e a preservação ambiental é um desafio proposto a toda sociedade.


Degelo acelerado na Groenlândia Derretimento de calotas polares faz surgir depósitos de pedras preciosas.


Derretimento de calotas polares faz surgir depósitos de pedras preciosas.
Cidade que sobrevivia da pesca do camarão já sente impacto econômico.

À medida que os icebergs no Porto Kayak estalam e assoviam enquanto derretem, esta remota cidade ártica e sua cultura também estão desaparecendo com a mudança climática.
O maior empregador de Narsaq, uma empacotadora de camarões, fechou há alguns anos depois que os crustáceos foram para o norte em busca de águas mais frias.
Onde antes havia oito navios de pesca comercial, hoje não há nenhum. Como resultado, a população da cidade, uma das maiores do sul da Groenlândia, foi reduzida para 1.500 habitantes em apenas uma década. Os suicídios estão em alta. "A pesca é o coração desta cidade", disse Hans Kaspersen, um pescador de 63 anos. "Muitas pessoas perderam seu sustento."
Porém, mesmo com as temperaturas mais quentes afetando a vida tradicional na Groenlândia, elas também oferecem intrigantes novas oportunidades para este estado de 57 mil habitantes – e talvez em nenhum lugar isso seja mais aparente do que em Narsaq.
Vastos novos depósitos de minerais e pedras preciosas vêm sendo descobertos com o recuo da maciça calota polar da Groenlândia, formando uma indústria de mineração potencialmente lucrativa. Um dos maiores depósitos mundiais de metais raros – essenciais para a fabricação de celulares, turbinas eólicas e carros elétricos – fica exatamente ao lado de Nasdaq.
Isso pode ser oportuno para a Groenlândia, que sempre dependeu de meio bilhão de dólares em pagamentos de previdência social da Dinamarca, país ao qual pertence. Os lucros da mineração podem ajudar a Groenlândia a se tornar mais autossuficiente, e algum dia podem até mesmo transformá-la na primeira nação soberana criada pelo aquecimento global. "Uma de nossas metas é obter a independência", afirmou Vittus Qujaukitsoq, importante líder sindical trabalhista.
Mineração começa a ganhar força em cidade da Groenlândia devido ao degelo acelerado e à descoberta de recursos minerais (Foto: Andrew Testa/NYT)Mineração começa a ganhar força em cidade da Groenlândia devido ao degelo acelerado e à descoberta de recursos minerais (Foto: Andrew Testa/NYT)
Nova atividade econômica, novo impacto social
Mas a rápida transição de uma sociedade de pescadores e caçadores individuais a uma economia sustentada pela mineração corporativa levanta questões complexas. Como os assentamentos insulares da Groenlândia lidariam com um influxo de milhares de operários chineses ou poloneses, como foi proposto? Será que a mineração afetaria um ambiente essencial à identidade nacional da Groenlândia – as baleias e focas, os silenciosos fiordes de gelo, os míticos ursos polares? Conseguiriam os pescadores reinventar-se como mineiros?
"Acho que a mineração será o futuro, mas esta é uma fase difícil", declarou Jens B. Frederiksen, ministro de habitação e infraestrutura da Groenlândia e vice-premiê. "É um plano que nem todos querem. Estamos falando de tradições, a liberdade de um barco, profissões de família."
O Ártico está aquecendo ainda mais rápido do que outras partes do planeta, e o derretimento do gelo vem causando alarme, entre cientistas, a respeito do nível do mar. No nordeste da Groenlândia, a temperatura média anual subiu 2,5 graus Celsius nos últimos 15 anos, e cientistas preveem que a região poderia se aquecer de 7,8 a 11,7 graus até o fim do século.
O bloco de gelo que cobre os fiordes já não é mais estável o bastante para tráfego de trenós ou motoneves em muitas regiões. A pesca de inverno, essencial para alimentar as famílias, vem se tornando perigosa ou impossível.
Retrocesso do gelo no Ártico bateu recorde negativo histórico em 2012 devido às altas temperaturas do verão no Hemisfério Norte
Sempre se soube que a Groenlândia fica sobre enormes veios minerais, e o governo dinamarquês os mapeou durante décadas. Niels Bohr, físico nuclear dinamarquês que ganhou o prêmio Nobel e é membro do Manhattan Project, visitou Narsaq em 1957 por seus depósitos de urânio.
Mas as tentativas anteriores de explorar a mineração fracassaram, mostrando-se caras demais nas condições adversas. Agora, o aquecimento alterou a equação.

Em busca de ouro, zinco...
O Gabinete de Minerais e Petróleo da Groenlândia, responsável por administrar o crescimento, atualmente possui 150 licenças ativas para exploração mineral; há dez anos eram apenas 20. No total, as empresas gastaram US$ 100 milhões explorando os depósitos da Groenlândia no ano passado, e várias outras estão solicitando licenças para iniciar a construção de novas minas – de ouro, ferro, zinco e outros metais raros. Há também empresas estrangeiras explorando o petróleo offshore.
"Por mim, eu não ligaria se toda a camada de gelo desaparecesse", declarou Ole Christiansen, presidente da NunamMinerals, maior mineradora da Groenlândia, enquanto caminhava por um possível local para mineração de ouro perto de Nuuk, a capital. "Conforme o gelo derrete, estamos vendo novos lugares com geologias bem atraentes."
A mina de chumbo e zinco Black Angel, fechada em 1990, está tentando reabrir neste ano, disse Jorgen T. Hammeken-Holm, que supervisiona os licenciamentos no gabinete de mineração do país, "pois o gelo está recuando e há muito mais para explorar".
O governo groenlandês espera que essa mineração gere uma nova renda. Ao conceder o governo local à Groenlândia, em 2009, a Dinamarca congelou seu subsídio anual – que está programado para diminuir ainda mais nos próximos anos.
Mas a Groenlândia também pretende usar o poder proporcionado por seus novos recursos minerais para exercer "influência política em questões que importam para nós", explicou Frederiksen, o vice-premiê.
Muitos moradores se ressentem pelo fato de dinamarqueses mais instruídos administrarem as poucas empresas do pequeno país. O governo também quer persuadir a União Europeia a suspender sua proibição sobre as importações de produtos de foca, de 2009, que devastou um negócio crucial para o povo inuíte e resultou num acúmulo de 300 mil peles – cerca de cinco para cada habitante.
Vastos depósitos de pedras preciosas têm sido descobertos na região e chamado a atenção do mercado mundial de mineração (Foto: Andrew Testa/NYT)
Garimpos pelos próximos cem anos
Em Narsaq, um conjunto de casas com cores vivas e cercadas por fiordes espetaculares, duas empresas estrangeiras estão solicitando permissão ao governo para atuar na mineração.
"Isso é importantíssimo; podemos garimpar isso pelos próximos 100 anos", afirmou Eric Sondergaard, geólogo da empresa australiana Greenland Minerals and Energy, que estava nos arredores de Narsaq recentemente. Ele cutucava rochas num planalto parecido com a lua, onde se estima haver 9,5 milhões de toneladas de minério de terras raras.
Essa proximidade promete empregos e a empresa já está treinando alguns jovens em perfuração e inglês, o idioma internacional das operações de mineração. Eles pretendem construir uma planta de processamento, um novo porto e mais estradas (atualmente, a Groenlândia não possui nada disso fora das áreas povoadas).

O minúsculo aeroporto de Narsaq, antes ameaçado de fechamento pela falta de tráfego, poderá ser ampliado. Um proprietário de terras local está pensando em converter um bloco de apartamentos abandonado num hotel.
"Haverá muita gente vindo de fora, e isso será um grande desafio, já que a cultura groenlandesa sempre foi isolada", disse Jasper Schroder, estudante de Universidade da Dinamarca que veio passar férias em casa, em Narsaq.
Novos depósitos de minerais e pedras preciosas vêm sendo descobertos com o recuo da calota polar da Groenlândia
Ainda assim, ele apoia a mina e espera que ela gere empregos e contenha a onda de suicídios, especialmente entre seus colegas; a Groenlândia tem uma das maiores taxas de suicídio do mundo.

"As pessoas desta cultura não querem ser um fardo para suas famílias se já não podem contribuir", explicou ele. Mas nem todos estão convencidos dos benefícios da mineração.
"Claro que a mina vai ajudar a economia local e a Groenlândia, mas não tenho certeza se ela será boa para nós", declarou Dorothea Rodgaard, que administra uma pousada local. "Estamos preocupados com a perda da natureza."
Muitas decisões políticas importantes estão pendentes junto ao governo da Groenlândia. O sindicato nacional dos trabalhadores quer proibir o uso de tripulações estrangeiras com baixos salários, pois não quer ver o nível salarial local reduzido ou empregos perdidos para trabalhadores estrangeiros. Mas não existem trabalhadores nativos suficientes para construir as minas sem ajuda externa.
E para que o desenvolvimento vá adiante, o governo terá de revisar uma antiga política de "tolerância zero" contra a mineração de material radioativo – um reflexo da rígida postura antinuclear dinamarquesa. Minérios de terras raras ficam quase sempre entremeados com alguns elementos radioativos.
Simon Simonsen, prefeito da Groenlândia do Sul (que inclui Narsaq), afirmou que a maioria dos residentes da região já superou o medo inicial e aceitou os níveis de radioatividade envolvidos. "Se não conseguirmos essa mina", completou ele, "Narsaq continuará ficando cada vez menor".