domingo, 29 de março de 2015

Rutilo, o minério da moda

Rutilo, o minério da moda


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Barracos de plástico, de papelão. No meio do nada, pequenos abrigos acolhem famílias inteiras. A vontade de ficar rico da noite para o dia impõe sacrifícios, improviso. A Vila da Esperança, construída por exploradores de um minério pouco conhecido, deve ser a mais nova vila de garimpeiros do Brasil.  
Quem já ouviu falar em rutilo ou quartzo rutilado? Segundo os geólogos, é o minério da moda no mundo das pedras preciosas. Um cristal amarelado com fios dourados dentro. As minas foram descobertas há pouco tempo, em Novo Horizonte, sudoeste baiano. São as únicas no Brasil.
A maneira de extrair é o que há mais precário em mineração. Os aventureiros entram e saem de buracos sem nenhuma segurança, como se fossem exímios equilibristas. Os menos corajosos dependem de quem controla o carretel, uma espécie de elevador manual.
Os buracos mais rasos têm 15 metros de profundidade. Embaixo do chão, o trabalho, além de pesado, é extremamente perigoso. É preciso muita sorte, não só para encontrar o rutilo, mas para não morrer também, porque não há nada que sustente o teto. O otimismo e o sonho de ganhar muito dinheiro fazem com que eles esqueçam o medo.
Os garimpeiros Gilson e Giorlando Moraes começaram a abrir a galeria, e as pedras foram aparecendo. "A parte mais escura é o rutilo. Talvez tenha toneladas", comenta Gilson.
Um comprador pagou R$ 70 por 70 quilos de pedra – R$ 1 por quilo. Os preços do rutilo variam de acordo com a qualidade das pedras. Em três lotes selecionados, considerados bons, um vale R$ 100 reais o quilo, outro vale R$ 150 e o outro, R$ 300. O garimpeiro que encontrar uma peça especial ganha muito mais dinheiro. Os exportadores chegam a pagar até R$ 2 mil por quilo.
Antes de seguir para o exterior, o minério passa por uma limpeza. Os chineses compram tudo o que os garimpeiros produzem. Todo mês, a região exporta cerca de 60 toneladas. Só uma empresa vende quase mil tonéis de rutilo por ano para indústrias de Hong-Kong.
"O quilo de uma pedra especial custa de US$ 90 a US$ 150, mais de R$ 400", conta a gerente Leila Catarine Fernandes.
Enormes, bonitas e caras. As pedras que saíram do garimpo de Luiz Antônio dos Santos, só colecionadores ricos conseguem comprar. Chegam a custar R$ 70 mil.
"As pessoas compram para fazer bolas de pedras", diz o garimpeiro.
Molhado e no reflexo da luz do sol, dá para ver melhor a beleza do rutilo.
"Cinqüenta quilos custam cerca de R$ 30 mil. É fácil achar comprador", afirma Luiz Antônio.

Garimpo no Pardo teve até pepitas de ouro

Garimpo no Pardo
teve até pepitas de ouro

MEMÓRIA — Aposentado conta ter achado pepitas, pedras semipreciosas e um diamante de cinco quilates no rio Pardo no final da década de 50


Benedito guarda pedras como o feijão preto e moedas do Império


Durante a década de 50, os garimpeiros que passaram pelo rio Pardo puderam achar pedras semipreciosas, diamantes e até pepitas de ouro.
O aposentado Benedito Rodrigo Monteiro, 75, o Dito Berruga, por exemplo, conta ter achado uma quantia de pepitas de ouro suficiente para encher uma caixa de fósforos. Benedito, aliás, afirma ter sido o responsável pela descoberta da maior pedra no rio Pardo: um diamante de cinco quilates. O garimpeiro achou a pedra no final de 59, mas valia tanto dinheiro que só a vendeu quatro anos depois — os possíveis compradores tentavam colocar defeitos para reduzir o preço. “Quando achei a pedra, o Fermino Rocha Contim — inspetor de alunos na Escola de Comércio — disse para levar [o diamante] para o professor Hélio Castanho ver se era de verdade”, conta Benedito. O professor passou uma lixa na pedra, examinou-o atentamente com uma lente para verificar se saía pó. “Você conhece o diamante pelo brilho, peso e dureza. O que eu achei era bom”, contou o garimpeiro.
Benedito trabalhava em uma fábrica de sapatos e garimpava por “gosto”, nas horas vagas. O diamante foi vendido na Galeria Prestes Maia, em São Paulo. Casado com Ana de Jesus Monteiro, Benedito seria pai em pouco tempo. “A pedra deu um dinheiro bom”, conta.
Benedito garimpou no Pardo até meados da década de 60. O garimpo era feito com um parceiro, João Cândido da Silva, o João Branco. Os dois praticavam o garimpo em barrancos — perto da ponte velha do rio Pardo e para cima da usina velha. Para escolher o local do garimpo, eles usavam uma sonda de ferro.
O local bom para o garimpo era o que tinha cascalho. Pedras do tamanho e peso de diamantes — como o feijão preto — indicavam a possibilidade de se achar algo precioso. Os garimpeiros tiravam o cascalho do rio com um balde. O cascalho era despejado em uma armação que tinha quatro peneiras de tamanho diferente, uma sobre a outra. A dupla encontrou muitas pedras no rio. Só para um certo João Garimpeiro, vindo de Minas Gerais, Benedito lembra-se de ter vendido cerca de 15 diamantes pequenos. “Achamos pedra verde, champanhe, cor de conhaque, xibiu de todos os tamanhos”, recorda. Muita gente passava, naquela época, pelo Pardo à procura de diamantes. “Lembro que uma caravana passou o Pardo de ponta a ponta. Limparam quase tudo de pedra que havia”, conta Benedito.
O garimpeiro também achou — e guarda até hoje — moedas do tempo do Império nas proximidades da ponte velha.

Anglogold Ashanti abre represas para ajudar no suprimento de água a BH

Anglogold Ashanti abre represas para ajudar no suprimento de água a BH



A seca já começa afetar a região de Belo Horizonte.

A Copasa, prevendo o pior, já negociou com a mineradora Anglogold Ashanti  a liberação de parte da água utilizada na geração de energia, na hidrelétrica  localizada no Rio do Peixe. A Copasa percebendo que houve uma redução de 50% na vazão do Rio das Velhas, que abastece a grande BH, já se prepara para um cenário de desabastecimento... 

Seca na Califórnia: fazendeiros deixam de plantar para vender água

Seca na Califórnia: fazendeiros deixam de plantar para vender água


A indústria do arroz do Sacramento Valley está em plena crise: mesmo com água muitos campos irão permanecer secos.

É que muitos fazendeiros estão fazendo o impensável. Vendendo a sua água para a cidade de Los Angeles.

A Califórnia é um estado com baixíssima precipitação pluviométrica.

Cercada de desertos ela sobrevive graças às muitas represas e a uma legislação implacável que penaliza o gasto excessivo e o desperdício.

A situação de Los Angeles, uma cidade de 3,9 milhões de habitantes, agravou-se drasticamente nos últimos anos com a forte seca que afeta a região.

Nesta quinta o Governador Jerry Brown aprovou um plano de emergência de US$1 bilhão que deverá mitigar, em parte, os efeitos da seca que já dura quatro anos.

Parte desses fundos será direcionada para o longo prazo, visando o controle das cheias, a reciclagem de água e a construção de plantas de dessalinização da água do mar.

Apesar do clima desértico as chuvas, quando ocorrem, causam grandes cheias e as águas quase não são aproveitadas ou armazenadas. Desta forma o governo local espera investir, pelo menos, US$660 milhões em projetos de controle de cheias que poderão recuperar as reservas subterrâneas exauridas.

A população da cidade, que deveria estar racionando pelo menos 20% de seu consumo, só conseguiu reduzir 8,8% no início de 2015. Um fato preocupante.

Em breve a estação das chuvas estará terminando, sem o volume esperado. Os técnicos, no entanto, esperam que as montanhas sejam, mais uma vez, cobertas por neve que, possivelmente, não derreterá tão cedo não contribuindo para o aumento do nível das drenagens.

É onde entram os fazendeiros do Sacramento Valley? 

 Com as opções de curto prazo quase esgotadas o governo local criou uma nova fonte de água que, pouco tempo atrás seria inacreditável. É aí que entram os fazendeiros do Sacramento Valley.

Eles estão vendendo a sua água por US$0,57/m3.

Em outras palavras, esses fazendeiros estão tendo um lucro bem maior na venda de água do que no plantio do arroz.

E os preços pagos pelo governo em 2015 já subiram 40% sobre os do ano passado!

Os efeitos serão sentidos em breve quando os preços dos produtos agrícolas decolarem.

Enquanto isso o governo local está tentando todos os truques para reduzir o efeito da seca. Nos próximos dias serão criadas novas leis de emergência que afetarão e restringirão alguns negócios e hábitos dos cidadãos.

A Califórnia está, finalmente, mergulhando em uma guerra de vida ou morte contra a seca. Será que eles irão conseguir?

Com certeza sim!

Se um estado que tem um PIB de 2 trilhões de dólares, o mesmo tamanho do PIB de toda a Rússia, não conseguir, ninguém mais conseguirá!

Será que o impensável vai ocorrer e a Vale vai vender parte de Carajás?

Será que o impensável vai ocorrer e a Vale vai vender parte de Carajás?


Desde a descoberta, em 1967, Carajás vem sendo o maior e mais rico distrito mineiro do Brasil. Lá existem grandes concentrações de minério de ferro, cobre, ouro, alumínio, manganês, molibdênio, níquel e caulim.

Mas foi o ferro de Carajás que literalmente transformou a Vale em uma potencia mundial, chegando em 2006 a ultrapassar a Rio Tinto e se tornar a segunda maior mineradora do planeta.

Infelizmente, mesmo com a qualidade excepcional do minério, a empresa vem sofrendo um cruel e lento processo de degradação causado por planejamentos deficientes e péssimas tomadas de posição.

Como resultado destes sucessivos erros a megamineradora perdeu, sistematicamente, o seu valor de mercado: em 2006 a empresa valia US$298 bilhões e hoje teve o seu “market cap” reduzido para apenas US$28,1 bilhões.

Uma queda, maior que 90%, inexplicável para quem tem a qualidade de Carajás e o melhor minério de ferro do mundo.

Uma realidade que nos envergonha!

Agora, em mais um desdobramento do mau gerenciamento recorrente que a caracteriza, a depauperada mineradora, a quarta do mundo, está colhendo o veneno que ela mesma plantou: a queda do preço do minério de ferro.

Esta queda, que foi causada pela inundação de minério de ferro em um mercado em processo de encolhimento, foi mais acentuada do que os protagonistas da trapalhada (Vale, Rio Tinto e BHP) imaginaram.

Enquanto todos os executivos acreditavam em preços ao redor dos US$90/t, o que se viu foi um desastre. Os preços caíram abaixo de US$55 e podem continuar ultrapassando a barreira dos US$50/t.

Os prejuízos estão sendo imensos, tornando as fraquezas da Vale ainda mais aparentes.

Além da óbvia perda de receitas e de investidores a empresa mergulha em um cenário de dívidas que ameaçam a eclipsar a própria empresa.

O analista do Deutsche Bank, Wilfredo Ortiz, agiu rápido e jogou a primeira pedra: ele diz que a Vale deve vender, pelo menos 20%, do seu melhor e mais extraordinário projeto: Carajás.

O que Ortiz fala foi ecoado por outros que também concordam que a empresa talvez não tenha outra solução a não ser a venda de Carajás.

Uma venda que, para todos os brasileiros deve ser inaceitável.

Vender parte de Carajás para tapar os buracos causados pelo mau gerenciamento é absolutamente impensável. Infelizmente essa medida, proposta pelos estrangeiros, serve para mostrar o que os executivos da Vale fizeram nos últimos anos com uma empresa que era sólida e o orgulho de um país.

Comprar um pedaço de Carajás é o sonho de qualquer mineradora do mundo, afinal ninguém mais tem minério de ferro com tal volume e qualidade.

No nosso entender isso pode, também, ser interpretado como um crime lesa-pátria. Carajás é um patrimônio nacional e como tal deve ser tratado.


O trem de Carajás e a pobreza...

O trem de Carajás e as desigualdades que poderiam ter sido minimizadas se a empresa adicionasse valor aos bilhões de toneladas de minério de ferro que ela exportou.

A Vale já causou inúmeros estragos à economia nacional e ao povo brasileiro que ainda se encontra mergulhado no desemprego e na pobreza, ao vender o minério de Carajás sem nenhum valor agregado. Ela literalmente “entregou” o minério de altíssima qualidade a preços de banana para chineses, japoneses e coreanos que usam o aço de Carajás para gerar produtos industrializados de alta tecnologia que exportam de volta ao Brasil a preços exorbitantes.

Graças a essa política pouco inteligente bilhões de toneladas de minério de ferro, vendidas a preços espúrios, retornaram com preços estratosféricos.

Alguém reclamou?

Não! Nós continuamos pagando, humildemente, sem questionar ou reclamar, como bons terceiro-mundistas que somos.

Por décadas os executivos da Vale celebraram a venda de um minério de ferro sem nenhum valor adicionado. Todo o lucro da cadeia produtiva é repassado aos países importadores.

Enquanto eles celebravam, muitos de nós, brasileiros, choramos.

Se o Brasil deixar, esses mesmos incompetentes, podem querer vender parte de Carajás para encobrir os seus próprios erros gerenciais.

Não queremos acreditar nesta hipótese, mas se ela for realmente cogitada, vamos lutar para que Carajás não seja entregue em uma bandeja e que os responsáveis da Vale voltem a celebrar, mais uma vez como heróis, em cima da dilapidação do patrimônio brasileiro.