Minas Gerais é pólo de produção e venda de pedras preciosas brasileiras
O estado responde por quase a metade das
exportações brasileiras e possui um dos três maiores centros mundiais de
comercialização de pedras, na cidade de Teófilo Otoni.
Ouro Preto - O estado de Minas Gerais não só concentra quase a metade
das exportações brasileiras de gemas preciosas como também possui um dos
três maiores centros mundiais de comercialização de pedras, na cidade
de Teófilo Otoni. Para completar, a região ainda exibe as únicas minas
de alexandrita e topázio imperial exploradas comercialmente no mundo, em
Antônio Dias e Ouro Preto, respectivamente.
A procura por metais preciosos começou há mais de dois mil anos,
quando os nobres ostentavam rubis, safiras e esmeraldas. Com a
descoberta da América, as esmeraldas colombianas passaram a ser algumas
das pedras mais cobiçadas do mundo.
No Brasil, foram os índios que encontraram as primeiras gemas
preciosas, até a realização das expedições em busca da Serra das
Esmeraldas (localizada na Serra do Cruzeiro, próxima à cidade mineira de
Governador Valadares).
Atualmente, as cidades mineiras de Nova Era e Itabira têm o título de
maiores produtoras de esmeraldas do país, embora no mercado mundial as
pedras colombianas ainda tenham total supremacia. Já a produção de
alexandrita, que pode chegar a valer até US$ 30 mil o quilate, fica
totalmente concentrada no município mineiro de Antônio Dias. A
exploração comercial deste minério começou há 10 anos e sua maior
característica é a mudança de cor.
Segundo a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Minas Gerais é
líder na produção de gemas preciosas no país, com 27% da produção total
brasileira. Informações coletadas pela Associação de Comerciantes e
Exportadores de Jóias e Gemas do Brasil (Gems Exporters Association -
GEA) também indicam que, das US$ 102,1 milhões de exportações nacionais
de pedras e artefatos registradas em 2014, US$ 460,9 milhões, ou seja,
46%, tiveram origem em Minas.
Capital mundial
A sede da GEA fica na cidade de Teófilo Otoni que, por ter um comércio
intenso de pedras coradas (com cor), foi eleita uma das capitais
mundiais de gemas preciosas, juntamente com Bancoq e a cidade alemã de
Idar-Oberestein. Segundo o diretor-executivo da GEA, Guilherme Bamberg,
os maiores compradores estrangeiros são os alemães, americanos e
japoneses.
O comércio com os países árabes, porém, ainda é pequeno. "Alguns dos
nossos associados têm negócios com os Emirados Árabes Unidos, mas o
comércio é tímido. E, quando acontece, é feito por duas vias: ou por
intermédio da Alemanha ou por descendentes de árabes, principalmente os
libaneses, que vivem no Brasil", afirmou Bamberg.
A GEA tem 67 associados que atuam em mineração e comércio de pedras,
serviços aduaneiros ou fabricação de produtos para lapidação de peças.
Uma das estratégias da associação para incrementar as exportações é a
Feira Internacional de Pedras Preciosas (FIPP), que ocorre anualmente em
Teófilo Otoni.
Teófilo Otoni está em uma região rica em mineração, que vai de Juiz de
Fora (MG) até o sul da Bahia, Espírito Santo e Tocantins. "Nós soubemos
capitalizar essa proximidade, e hoje a cidade é um grande centro
lapidário e de comercialização de gemas", disse Bamberg.
Topázio imperial
Em Ouro Preto, a corrida do ouro que deu origem ao nome da cidade já
passou. Nos garimpos da cidade, a procura agora é por outro metal: o
topázio imperial.
A mineração comercial do topázio começou no final da década de 70 e,
segundo o proprietário da mineradora Topázio Imperial, Wagner
Colombarolli, o mineral existe em todo o município e não em uma única
jazida. "Há também jazidas de topázio imperial no Paquistão e na Rússia,
mas lá não há exploração comercial", explicou.
De acordo com o executivo, a mineração de topázio imperial tem duas
características: é estável e fica concentrada nas mãos de poucas
empresas. "A exploração vive um momento de estabilidade, mas o movimento
é pequeno, se comparado com o ouro, por exemplo", afirma Colombarolli,
que foi pioneiro na exploração da gema preciosa no município.
Na mineradora Topázio Imperial, 56 funcionários trabalham no garimpo,
que é totalmente mecanizado. Há ainda outras duas mineradoras
industriais na cidade: a Vermelhão, que vende toda sua produção
exclusivamente para os Estados Unidos, e a JVC - além de um garimpo
artesanal, que funciona no distrito de Antônio Pereira, 16 quilômetros
distante de Ouro Preto.
De US$ 10 a US$ 2 mil
Os empresários do setor evitam falar de números e do tamanho das
jazidas da gema preciosa. Sabe-se apenas que a maior parte da produção é
escoada para as joalherias locais, que contam com ourives próprios. Mas
há também vendas para outras cidades mineiras e Rio de Janeiro.
Uma pedra de topázio imperial pode custar entre US$ 10 e US$ 2 mil. A
dureza da gema é considerada elevada - 8. Segundo o professor de
gemologia da UFOP, Júlio César Mendes, as cores do topázio imperial vão
do amarelo claro, passando pelo mel, conhaque, salmão e vermelho. "O
chamado topázio azul só adquire esta cor porque há o bombardeamento de
elétrons", disse.
Nas lojas da cidade histórica, que é Patrimônio Cultural da
Humanidade, o turista pode comprar uma peça de topázio imperial por US$
500,00, em média. Mas o dono da joalheria Itagemas, Luís Antônio Amaral,
afirma que se o produto for vendido em lotes para exportação, pode
ficar em torno de US$ 350,00. "Nossa confecção é própria e fazemos um
trabalho totalmente artesanal, e que pode ser sob encomenda", afirma.
Nas vitrines, também é comum encontrar pedras brutas que são
normalmente apreciadas por colecionadores. Se o comprador for mais
sofisticado, a loja da grife Luíza Figueiredo oferece um anel de topázio
imperial por US$ 760,00, com design exclusivo.
No varejo de jóias em Ouro Preto, o topázio não é o único produto
cobiçado. Também são vendidas jóias de água marinha, turmalina,
ametista, esmeralda e até algumas importadas como a opala australiana, a
safira e o rubi, dependendo do porte da joalheria. Um ponto em comum
entre todas é que o cliente é sempre um: o turista estrangeiro.