sexta-feira, 3 de julho de 2015

Disputa com mineradora em vilarejo na Amazônia testa direitos de garimpeiros

Disputa com mineradora em vilarejo na Amazônia testa direitos de garimpeiros


Ouro é usado como moeda em estabelecimentos de São José (PA)
Na extraordinária corrida que se seguiu à descoberta do ouro na bacia do rio Tapajós, em 1958, dezenas de milhares de garimpeiros se instalaram no local.
Apenas alguns enriqueceram. Mas a maioria conseguiu melhorar de vida, tendo lucrado mais do que se tivesse continuado extraindo borracha, pescando ou investindo na agricultura de subsistência.
Apesar de a atividade de ter diminuído nos últimos anos, muitos homens ainda trabalham de forma primitiva em minas de ouro ainda não cadastradas.
A descoberta de vastas reservas do metal precioso no subsolo coloca os garimpeiros em pé de guerra com as grandes empresas mineradoras, que reivindicam o direito de tocar essas riqueza, inacessíveis pelos métodos artesanais.
A aldeia de São José, que fica às margens do rio Pacu, no sul do Pará próximo ao Amazonas, está no centro de um conflito entre garimpeiros e a companhia Ouro Roxo Participações.
Há alguns anos, a Ouro Roxo Participações – parte do grupo de mineração canadense Albrook Gold Corporation – garantiu os direitos de exploração do subsolo na mina de Paxiuba, onde garimpeiros ainda extraem ouro com métodos tradicionais.
Em março de 2010, a Polícia Federal e autoridades do governo chegaram a ordenar a saída dos garimpeiros.
Após uma relutância inicial, eles acataram as ordens, mas argumentaram que suas famílias haviam vivido na região por mais de meio século e durante este tempo haviam adquirido direitos sobre a terra.
Cidade tem quatro bares que funcionam como bordéis nos fins de semana
O líder garimpeiro José Gilmar de Araujo diz que desde então eles vêm tentando legalizar as atividades de mineração, tendo levado seu pleito até Brasília.
"Mas não estamos chegando a lugar nenhum", disse.

Vida de minerador

São José não é mais tão agitada como antigamente, mas continua sendo um local onde os garimpeiros se encontram com prostitutas ou para beber no final do dia.
As lojas em torno da praça central, que funciona também como campo de futebol, vende produtos a preços inflacionados.
Comerciantes cobram mais de R$10 por um quilo de cebolas, usando pequenas balanças para medir o pagamento em ouro.
Há quatro bordéis. Durante a semana, mulheres entediadas passam o tempo em torno dos bares, servindo bebidas.
Mas no final de semana, as casas ganham vida.
Os garimpeiros chegam das minas próximas e, depois de extraírem seu ouro, gastam o dinheiro ganho com suor.
No início, havia muita violência em São José, segundo os residentes. "Quando cheguei em 1986, alguém era morto quase todo dia", relembra Ozimar Alves de Jesus, dono de um bordel.
Mas hoje o lugar é bastante tranquilo. Traficantes são convidados a deixar o local, e associações de moradores se reúnem com frequência para resolver qualquer problema da comunidade.
A prostituição é aceita. Há muitos casos de mulheres que chegam para trabalhar nos bordéis, casam com garimpeiros e abrem pequenos negócios na cidade.

Cassino

O trabalho dos garimpeiros é árduo e imprevisível. Para muitos, é esse o aspecto mais sedutor da vida de um garimpeiro. "É meio como ir a um cassino", confessa um deles, ao contar como volta diversas vezes à mesma mina, na esperança de encontrar algo.
O principal problema deles é o futuro incerto da mina - e o poder das grandes mineradoras.
Garimpeiros reclamam da dificuldade para conseguirem se regularizar
"Essas empresas chegam e todas as portas se abrem", diz o garimpeiro José de Alencar. "Eles conseguem regularizar a situação do dia para noite. Parece que há uma lei para as grandes mineradoras e outra para nós."
Depois da expulsão de 2010, os garimpeiros passaram três anos tentando obter permissão para retornar à mina Paxiuba.
Em 12 de junho de 2013, eles cansaram de esperar e decidiram agir, retomando o controle do lugar.
Gilmar Araújo, o líder garimpeiro, disse que a decisão foi tomada por "necessidade econômica".
"Colocamos todo o nosso dinheiro nessa mina. Seria o nosso fim se não pudéssemos produzir nenhum ouro."
E desde então eles continuam trabalhando na mina. Enquanto isso, a Ouro Roxo Participações está perdendo dinheiro - e está irritada.
"Se eles permaneceram lá, vão tornar o projeto todo inviável para nós, por conta do dano que estão causando lá", disse Dirceu Santos Frederico, um dos acionistas da empresa.
"Os garimpeiros não evoluem. Eles estão presos na cultura da pobreza, da prostituição e das drogas."
Frederico atua como representante da Ouro Roxo na região. Em documentos obtidos pela reportagem, ele assina em nome da empresa.
A BBC também ligou duas vezes para o escritório que a Ouro Roxo mantém na cidade de São Paulo, sem conseguir contato com nenhum outro representante da companhia até o fechamento do reportagem, além de tentar contato com a Albrook no Canadá, que não quis fazer comentários.

Tensão

Acionista de mineradora diz que garimpeiros estão 'presos na cultura da pobreza'
De acordo com o advogado dos garimpeiros, Antônio Joâo Brito Alves, o conflito está enfrentando uma escalada. Ele afirma ter sofrido ameaças de Frederico, que teria dito que o advogado e sua família "sofreriam as consequências" se ele não desistir do caso de Paxiuba.
Frederico nega com veemência a acusação.
As ramificações desse conflito, no entanto, têm implicações que vão muito além das margens do rio Pacu.
Se os garimpeiros ganharem, ou se receberem uma considerável indenização por terem de deixar a mina, muitas outras comunidades garimpeiras podem fazer a mesma demanda.
Assim, o vilarejo de São José tem se tornado um improvável teste de uma batalha muito mais ampla sobre o direito dos garimpeiros.

Asteroides: eles estão por aí...

Asteroides: eles estão por aí...





As últimas notícias da mídia sensacionalista falam de um asteroide do “tamanho de uma montanha” que está vindo em nossa direção.

Trata-se do asteroide 1999 JD6 que nem é tão grande assim, com seus 1.800m de diâmetro e que também não vai se chocar com a Terra.

Esta rocha vai passar a quase 20 vezes a distância da Terra à Lua que é de 384.401km ou para ser mais preciso a mais de 7 milhões de quilômetros do nosso planeta azul.

Não se preocupe, pois o 1999 JD6 está sendo bastante estudado pelos astrônomos e cientistas e suas características físicas e trajetória são bem conhecidas. O seu diâmetro foi estimado pela nave WISE em 2011 e o asteroide não é considerado um risco para a humanidade: pelo menos agora.

Com certeza o 1999 JD6 não apresenta o mesmo risco que o asteroide 2015 HM10 com 81 metros de diâmetro. Este HM10 irá passar a 400.000 km de distância da Terra no dia 7 de julho e é o corpo celeste cuja trajetória mais se aproxima da Terra nestes próximos meses de 2015.

Esta é a boa notícia.

A má notícia é que existem, no momento, 1.594 asteroides que podem, eventualmente, se chocar com o nosso planeta. Motivo para preocupação?

Talvez nem tanto, pois a grande maioria deverá passar longe, muito longe. A verdade é que ainda não conhecemos os asteroides que um dia, e esse dia há de chegar, irão se chocar com o nosso planeta.

Quem sabe, quando isso ocorrer, já teremos implantado um sistema de defesa que funcione...

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Desenvolvimento sustentável e garimpo - o caso do Garimpo do Engenho Podre em Mariana, Minas Gerais

Desenvolvimento sustentável e garimpo - o caso do Garimpo do Engenho Podre em Mariana, Minas Gerais

(Sustainable development and garimpo - the case of the Engenho Podre Garimpo in Mariana, Minas Gerais)
 
 



RESUMO
Esse artigo avalia uma atividade garimpeira, garimpo de ouro do Engenho Podre, com base nos princípios de desenvolvimento sustentável. Esse estudo partiu da hipótese de que a implementação de um sistema de gestão ambiental, compromisso assumido pela Cooperativa dos Garimpeiros de Mariana (COOPERGAMA), na assinatura de um termo de ajuste de conduta, associado a uma melhora no desempenho técnico operacional, é possível, sendo que tal atividade pode ser levada adiante de forma sustentável com foco no tripé ambiental, econômico e social. Embora ainda marginal, do ponto de vista técnico, a COOPERGAMA adotou, durante o período de estudo, práticas ambientais e socio-econômicas em atendimento aos princípios de desenvolvimento sustentável. Entretanto aspectos administrativos, falta de investimentos e desorganização da cooperativa, entre outros fatores, ainda afetam a sustentabilidade de tais práticas a longo prazo. Esse artigo mostra que, uma vez adotadas as boas práticas ambientais e administrativas, é possível atender aos princípios de desenvolvimento sustentável numa atividade garimpeira.
Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável, garimpo de ouro, meio ambiente.

ABSTRACT
Based on sustainable development principles, this paper evaluates artisanal gold mining activity in Engenho Podre. This study followed the hypothesis that the implementation of environmental management according to a conduct adjustment agreement firmed by the Cooperativa dos Garimpeiros de Mariana (COOPERGAMA), associated with operational performance improvement would permit continuation of this activity in a sustainable way from the environmental, socioeconomic and cultural point of view. Although still illegal, from the technical point of view, the artisanal mining at Engenho Podre is adopting environmentally-accepted strategies to promote reasonable socioeconomic development. However, administrative issues and lack of investments still affect the sustainability of such practices in the long-term. This paper shows that when good administrative and environmental practices are adopted, it is possible to meet the sustainable development principles in an artisanal mining activity.

Keywords: Sustainable development, artisanal gold mining, Environment.




1. Desenvolvimento sustentável e mineração
A definição de desenvolvimento sustentável é multidimensional. A primeira dimensão enfatiza a sustentabilidade do ambiente natural, que inclui a qualidade ambiental e o estoque dos recursos naturais. A segunda destaca a sustentabilidade econômica dos padrões de vida da sociedade. Segundo Eggert (2000), sustentabilidade econômica, no que diz respeito às atividades de mineração, envolve a transformação de capital mineral em capital humano. A ONU adota o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que incorpora dados da renda bruta doméstica, do nível de educação, da expectativa de vida e de outros fatores relacionados com o desenvolvimento econômico. A terceira dimensão ressalta a sustentabilidade social e cultural. Mais difícil de medir, essa dimensão envolve o que é justo ou ético - conceitos sobre os quais há maior dificuldade de concordância entre as partes envolvidas. Eggert (2000) foca essa dimensão em duas questões principais - distribuição e processo. A distribuição dos benefícios e custos de uma mineração, por exemplo, pode não ser justa ou equitativa. Especificamente, os benefícios vão para os acionistas e para os governos (taxas) e, por outro lado, os custos associados são transferidos para a comunidade local na forma de rupturas sociais, riscos ambientais ou perda da identidade cultural. Processo, por outro lado, refere-se ao modo como decisões são tomadas e o papel das várias partes interessadas numa negociação. Nesse contexto, o processo de consulta e envolvimento das partes interessadas na tomada de decisão é fundamental para alcançar resultados socialmente e culturalmente sustentáveis.
Para promover o desenvolvimento sustentável, as empresas de mineração devem integrar as dimensões econômica, social e ambiental a suas atividades (Mikesell, 1994). Precisam mudar o foco de uma resposta ambiental end-of-pipe para um tratamento mais socialmente responsável. Devem forjar uma parceria com a comunidade com base no reconhecimento do potencial produtivo, social e cultural da comunidade, buscando uma melhoria do padrão de vida e de renda da comunidade envolvida, criando meios para a preservação de seus valores sociais e culturais (Epps & Brett, 2000). Finalmente, visto que as minas não duram para sempre, empresas de mineração têm sido orientadas em usar sua capacidade técnica/financeira para estimular governos locais no desenvolvimento de novos negócios não ligados à mineração (Khanna, 2000). Tal atitude, certamente, poderá propiciar aumento nos serviços de infraestrutura e maior ocupação da mão-de-obra existente, reduzindo a pressão econômica e social sobre a mina.
Cragg (1998) defende a adoção dos princípios de desenvolvimento sustentável no planejamento, operação e fechamento de uma mina como forma de tornar a atividade defensável e acreditável a longo prazo. James (2000), por sua vez, ressalta que, para a mineração atender aos princípios do desenvolvimento sustentável, seus negócios devem ser tratados com foco no tripé - preservação ambiental, crescimento econômico e social - dentro de sua estratégia de negócios.
A difusão dos princípios de desenvolvimento sustentável trouxe três grandes conseqüências para a mineração. Primeiro, levou à inclusão dos aspectos culturais, econômicos e sociais de um projeto de mineração para as comunidades locais, desde a fase de exploração, até o pós-fechamento de uma mina (Clark & Clark, 1996; Miller, 1997; Munchenberg, 1998). Atualmente, a consideração ambiental envolve não somente a preservação de um ecossistema e a garantia de segurança da comunidade. O foco mudou para uma visão mais ampla do bem-estar humano e dos direitos dos habitantes locais, passando a se preocupar com a qualidade de suas vidas e com as gerações futuras. Segundo, os princípios de desenvolvimento sustentável demandam a consideração de crescimento econômico e preservação ambiental desde o início de um projeto proposto. Terceiro, incluem a avaliação, em nível de projeto, dos valores morais e de ética, bem como levando em consideração valores subjetivos da comunidade, ao invés de apenas, enfatizar o tradicional valor econômico.
Os elementos anteriormente listados são intrinsecamente ligados e sugerem que o desenvolvimento sustentável seja avaliado numa escala mais ampla do que no nível de uma mina individual. A mineração deve, portanto, maximizar sua contribuição ao desenvolvimento sustentável numa escala maior. Em termos práticos, significa minimizar os impactos ambientais e maximizar os ganhos econômicos e sociais obtidos da explotação de um recurso mineral. A questão crítica está em se atingir um equilíbrio sustentável. Simplesmente maximizar os retornos econômicos e sociais não contribuirá para o desenvolvimento sustentável. O progresso nestes três itens varia consideravelmente, especialmente na questão social, ainda pouco desenvolvida, como exemplificado por Warhurst, Macfarlane al. (1999).

2. Estudo de caso
O garimpo do Engenho Podre é operado pela Cooperativa Regional Garimpeira de Mariana - COOPERGAMA, criada em 17/04/2004 para extração de ouro por draga no Rio Gualaxo do Norte (Figuras 1). Em 2005, após paralisação de suas atividades pela FEAM, a COOPERGAMA conseguiu reabrir o garimpo através de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC), o qual envolveu a FEAM, o IGAM, o DNPM e o Ministério Público. O TAC incluía, entre outras medidas a serem tomados pela COOPERGAMA, a elaboração e apresentação do Relatório de Pesquisa e do Plano de Aproveitamento Econômico (PAE) ao DNPM e dos Planos de Reabilitação de Degradadas (PRAD), de Controle Ambiental (PCA) e Relatório de Controle Ambiental (RCA) à FEAM. Em adição aos consultores contratados para elaboração dos referidos planos, a COOPERGAMA foi também assistida pelo Departamento de Engenharia da Minas da Universidade Federal de Ouro Preto, via projetos de pesquisa financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), com base nos editais de demanda induzida para formalização de Aglomerados Produtivos Locais (APL's).
A atividade garimpeira na região existe desde a chegada dos Bandeirantes há mais de 300 anos. Intensa entre 1700 e 1750, pode-se afirmar que, desde então, o garimpo tem demonstrado sustentabilidade enquanto atividade importante para a economia e cultura da região. Embora historicamente minimizador de pressão social, o garimpo, dado ao conjunto de práticas administrativas e ambientais inadequadas, está distante de atender aos princípios de desenvolvimento sustentável. Desse modo, o presente estudo buscou avaliar a contribuição do garimpo de ouro para o desenvolvimento sócio-econômico e cultural de Monsenhor Horta (Mariana - MG) e suas implicações ambientais e tecer as relações entre Desenvolvimento Sustentável e a atividade garimpeira.

3. Metodologia
O presente trabalho consistiu em duas etapas. Uma envolveu o levantamento de dados sócio-econômicos do Garimpo do Engenho Podre, por meio de entrevistas com garimpeiros, cooperados (proprietários das dragas), visitas à Prefeitura de Mariana para coleta de informações sobre o Distrito de Monsenhor Horta, de forma a permitir uma avaliação da importância do garimpo no Distrito e seu impacto econômico e social. A outra consistiu na análise dos procedimentos operacionais e de gestão do garimpo e suas implicações no aproveitamento do recurso mineral e no meio ambiente.

4. Resultados e discussão

4.1 Diagnóstico sócio-econômico
Uma análise dos dados coletados no garimpo demonstrou:
Baixa faixa etária dos garimpeiros. A idade média de 25 anos, inferior à média nacional (33 anos), segundo BARRETO (2000). Os garimpeiros de Monsenhor Horta começam mais cedo que os do quadro nacional. A proximidade do garimpo do Distrito de Monsenhor Horta e a atratividade do ganho fácil que tal atividade desperta nos jovens do local podem se constituir na razão pelo referido fato. A outra é cultural - a atividade garimpeira faz parte da cultura local há mais de 300 anos (75% dos garimpeiros do Engenho Podre são de gerações de garimpeiros).
Baixo grau de escolaridade. Os analfabetos representam 23% do total de garimpeiros, sendo os demais distribuídos em primário (62%), médio (14%) e superior incompleto (1%). Embora Monsenhor Horta também possua ensino médio noturno, a baixa escolaridade dos garimpeiros é justificada pela dificuldade de acesso à escola (os garimpeiros passam a semana no garimpo, distante 30 km do Distrito). A baixa escolaridade, por outro lado, pode justificar a atração pelo garimpo. De um modo geral, o garimpo não requer mão-de-obra qualificada, tampouco melhor nível educacional. Mais ainda, a grande oferta de vagas geradas nas mineradoras da região tem pouca influência no garimpo, visto ser a exigência de segundo grau completo para tais vagas um ponto de corte considerável.
Renda média mensal alta dos garimpeiros. No período do estudo, a COOPERGAMA possuía 22 cooperados, que operavam 26 dragas no rio Gualaxo do Norte, com cinco a seis funcionários em cada, os quais recebem 5% da produção bruta de ouro. A produção da COOPERGAMA contabilizada de 15 de março a 15 de novembro de 2006 é apresentada na Tabela 1. A produção média mensal do Garimpo do Engenho Podre correspondeu a 9,1 kg de Au. Considerou-se, para os cálculos da receita gerada, o valor do grama de ouro em R$ 40,00 (valor de venda no garimpo). Dessa forma, pode-se chegar a uma renda líquida média de R$ 624,28 por garimpeiro por mês. Os garimpeiros pesquisados têm em média três anos na atividade, com um turno de trabalho de 8 horas e 5,5 dias de serviço por semana. Aproximadamente, 85% dos garimpeiros são responsáveis pela renda familiar e corresponde a 26% da população do distrito de Monsenhor Horta.


Pode-se, também, observar a participação da COOPERGAMA em projetos sociais via doação financeira para construção da igreja na localidade de Ponte do Gama, manutenção da ambulância do distrito, ajuda à banda local nas festividades de comemoração dos 170 anos de sua fundação e apoio aos eventos religiosos.
4.2 Diagnóstico operacional da atividade garimpeira
O processo de extração de ouro adotado no Garimpo do Engenho Podre é rudimentar e predatório, com perdas consideráveis na recuperação do ouro, decorrentes da ausência de uma pesquisa mineral sistemática, e da falta de planejamento de extração e do uso de equipamentos rudimentares e mal dimensionados (Figura 2). Estudos conduzidos no Departamento de Engenharia de Minas da UFOP demonstraram que a recuperação de ouro no garimpo varia entre 30 a 35%. Razões para a baixa recuperação incluem a utilização de equipamentos rudimentares (sluices), o baixo nível educacional dos garimpeiros, o amadorismo administrativo com implicações na disponibilidade de peças para reparo, manutenção e reposição de motores e bombas e a falta de suporte técnico. Esses aspectos implicam uma utilização predatória e não sustentável, do ponto de vista técnico e econômico da reserva mineral.




4.3 Diagnóstico ambiental da garimpagem no rio Gualaxo do Norte
O diagnóstico ambiental possibilitou concluir que, em todo o processo de extração, separação, concentração, amalgamação e queima do amálgama, há inúmeros impactos ambientais e consideráveis riscos à segurança e à saúde dos garimpeiros. Os impactos ambientais incluem a supressão da mata ciliar, assoreamento do rio Gualaxo do Norte e aumento da turbidez decorrente do lançamento do rejeito das calhas diretamente no leito do rio, vazamento de óleo e graxas, perda de mercúrio na amalgamação e queima do amálgama ao ar livre sem utilização de retortas. A almagamação e a queima do amálgama, em adição à ausência de condições higiênicas adequadas (instalações sanitárias, bebedouros etc.), além da presença de alojamentos insalubres constituem os itens de riscos à saúde e segurança dos garimpeiros.
Mudanças no processo produtivo foram executadas durante a vigência dos projetos de pesquisa apoiados pela FAPEMIG e geraram resultados positivos, tanto na produção, como na minimização dos impactos ambientais e na redução dos riscos à saúde e à segurança. Entre essas mudanças, destacam-se a criação de um laboratório para amalgamação, a coleta seletiva de lixo, a instalação de caixas com espuma para captação de óleos e graxas, que vazavam dos motores e reservatórios e o lançamento dos rejeitos dos sluices em catas desativadas.
Tais mudanças, cujos objetivos foram amenizar os impactos ambientais e atender às solicitações constantes no TAC, foram plenamente aprovadas e adotadas no garimpo. A construção do laboratório de amalgamação buscou atender a duas solicitações. Uma ambiental, que visava a minimizar o lançamento de mercúrio nas margens do rio, e a outra visava a concentrar a produção em determinado local, de forma a melhorar o controle da produção por parte da COOPERGAMA e maximizar o recolhimento do percentual da cooperativa. Uma secretária foi contratada para esse trabalho.
As demais mudanças tiveram foco na minimização dos impactos ambientais da atividade. Vistorias ambientais posteriores, executadas pela FEAM, comprovaram o sucesso dessas medidas.
Uma alteração no processo produtivo, entretanto, faz-se necessária para aumentar a recuperação do ouro. No entendimento dos pesquisadores envolvidos, o que realmente ocorre no garimpo é uma mudança do ouro de local, uma vez que os sluices apresentavam baixa recuperação. Entretanto modificações no processo envolvem recursos financeiros para aquisição de equipamentos tecnologicamente mais adequados e treinamento dos garimpeiros. Outro projeto submetido e aprovado pela FAPEMIG, que inclui a substituição dos equipamentos, está sendo adotado no garimpo.

5. Conclusões
A atividade garimpeira é vista como degradadora do meio ambiente e do recurso mineral, por ser predatória e rudimentar, além de não dispor de um planejamento das operações de extração do minério. As instalações de tratamento/concentração são pouco eficientes, possibilitando baixa recuperação do bem mineral. O mesmo se faz sentir no Garimpo do Engenho Podre, onde, além dos problemas ambientais inerentes da operação, ocorrem perdas superiores a 40% na recuperação, segundo estudos efetuados no Departamento de Engenharia de Minas da UFOP.
Segundo Barreto (2001), os principais impactos gerados, na etapa de produção do ouro em garimpos, são: desmatamento de mata ciliar; turbidez, assoreamento dos rios, poluição por mercúrio nos solos, nos sedimentos, nas águas dos rios e no ar, com conseqüências na saúde ocupacional, na biota e na flora. Esses impactos foram verificados no Garimpo do Engenho Podre, embora a poluição por mercúrio tenha sido controlada, após a implantação de um programa de gestão ambiental, que incluiu a construção de um laboratório de amalgamação, queima do amálgama em retorta e disposição controlada do rejeito da amalgamação. O programa de gestão ambiental aplicado ao Garimpo do Engenho Podre constitui uma das etapas em busca da sustentabilidade ambiental da atividade na região.
Embora marginal, do ponto de vista técnico, a atividade garimpeira desenvolve um papel importante como geradora de emprego e aumento de renda, conforme dados econômicos apresentados. Os garimpeiros ligados à COOPERGAMA representam apenas 10% da população de Monsenhor Horta, mas, por outro lado, a atividade é forte geradora de riquezas para o distrito com grande impacto no comércio local, além do apoio financeiro da cooperativa em projetos sociais e culturais no local.
O desenvolvimento sustentável incorpora estratégias ambientalmente adequadas para promover um desenvolvimento sócio-econômico mais eqüitativo. No Garimpo do Engenho Podre, verifica-se que os funcionários envolvidos, mesmo aqueles menos alfabetizados, possuem um poder de compra alto, quando comparados com os dados do quadro nacional, onde aqueles com o mesmo nível de educação ganham apenas o correspondente a um salário mínimo.
Está em andamento um projeto, na FAPEMIG, de transferência de tecnologia, aprovado dentro do Edital de Arranjos Produtivos Locais - APL's de base mineral. Esse projeto está sob a coordenação de professores do Departamento de Engenharia de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto e visa, além de montagem de instalações de beneficiamento mais eficientes, ao planejamento de extração do bem mineral e à implantação de um sistema de gestão ambiental.
Paralelamente, o Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa está envolvido num projeto de revegetação de mata ciliar na área do Garimpo, o qual também obteve apoio financeiro da FAPEMIG. Os projetos da UFOP e, agora, da UFV, em parceria com a COOPERGAMA, demonstram uma mudança de mentalidade dos garimpos em prol de uma atividade mais satisfatória do ponto de vista ambiental e sócio-econômico - ferramentas imprescindíveis para o desenvolvimento sustentável da atividade.

ouro primário em mg



O coração de ouro das Minas Gerais mencionado
por Henrique Gorceix deve ser considerado bem
maior do que o peito de ferro, pois suas ocorrências
são regionalmente muito mais distribuídas do que o
ferro, indo além do QF. Na forma de ouro aluvional é
lavrado ainda longe de suas ocorrências primárias nos
corpos rochosos, distantes até mais de cem quilômetros
fora do QF.
Do ouro primário (nas rochas) podemos diferenciar
dois tipos. Ouro ocorre nas rochas quartzo-carbonáticas
xistosas do supergrupo Rio das Velhas em paragênes
clássicas com sulfetos de ferro (Pirita, FeS
2
), cobre
(calcopirita, CuFeS
2
) e arsênio (arsenopirita, FeAsS).
Além disso, o ouro encontra-se em zonas de falhamentos
dentro dos itabiritos do supergrupo Minas. Aqui o ouro
foi mobilizado de unidades inferiores (supergrupo
Rio das Velhas), transportado na forma de complexos
de cloro e reduzido nas camadas ricas em ferro a
ouro elementar. Processos similares mobilizaram e
transportaram de rochas básicas e ultrabásicas mais
profundas o paládio. Encontrando-se ouro e paládio sob
tais condições, pode se formar a mencionada porpezita
(AuPd), típica para essa região.
Uma particularidade das pepitas de ouro existentes
nos sedimentos de corrente dos corpos hídricos que
atravessam Ouro Preto, era a sua coloração negra
(Figura 3), que deu nome à cidade, inicialmente
chamada Villa Rica do Albuquerque. Uma discussão
detalhada sobre essa cor já existe na literatura.
Menciona-se aqui somente que esta coloração não está
relacionada ao paládio.
Um grupo de pesquisa da UFOP em cooperação
com colegas da Universidade de Mainz na Alemanha
já demonstrou em 1985 através de análises com
microsonda, que os grãos do ouro preto devem sua cor
a finas películas de óxido férrico que envolve as pepitas.
Isso não surpreende, pois a maioria dos rios no QF
possui hematita, goethita e magnetita abundantes, de
maneira que materiais sendo transportados em corpos
hídricos com tal composição sedimentar, ao longo do
tempo desenvolvem esta camada escura de oxidação.

Qual a diferença entre pedras preciosas e semipreciosas

Qual a diferença entre pedras preciosas e semipreciosas


Qual a diferença entre pedras preciosas e semipreciosas
Atualmente os termos pedra preciosa e pedra semipreciosa já não se consideram corretos por não terem validade científica. Ou seja, uma pedra considerada semipreciosa pode valer mais que uma preciosa devido a fatores como a consistência, transparência, cor, brilho e outros, pelo que é o valor dela no mercado que dita se ela é valiosa ou não. Desta forma, para o mercado não existem pedras semipreciosas: ou são realmente preciosas e têm valor comercial, ou simplesmente são pedras vulgares e não valem nada. Para facilitar a definição deste conjunto de pedras com valor de mercado, surge o nome "gemas", que é o mais correto a utilizar. No entanto neste artigo de umComo.com.br iremos usar as designações antigas para facilitar a compreensão e, se estiver interessado em saber qual a diferença entre pedras preciosas e semipreciosas, continue lendo!
Imagem: pedraspreciosas.forumotion.com
  • Pedras preciosas e semipreciosas na antiguidade


    A designação de pedras preciosas e semipreciosas era usada na antiguidade para distinguir as pedras mais populares - rubi, diamante, esmeralda e safira - das outras que, apesar de serem também valorizadas, não eram tão relevantes e importantes, pedras como a opala, ametista, água-marinha e etc. Hoje em dia, tal como referido na introdução, pedras semipreciosas podem ser consideradas mais valiosas que as preciosas, sendo que não existe uma linha muito ténue que as diferencie.
    Imagem: www.mariantonia.com
    Pedras preciosas e semipreciosas na antiguidade
  • Classificação de pedras preciosas segundo a Gemologia


    A Gemologia é um ramo da Geologia que estuda as gemas, conjunto de pedras preciosas e semipreciosas. Esta especialidade científica estabeleceu uma forma simples de diferenciar estes dois tipos de pedras muito apreciadas. Para a Gemologia, as pedras preciosas são compostas por materiais naturais orgânicos (produzidos por seres vivos, como as pérolas) ou inorgânicos (não produzidos por seres vivos). Juntamente com esses aspetos são também avaliados outros de grande importância tais como a raridade, durabilidade e beleza.
    Imagem: bkdiamonds.com
    Classificação de pedras preciosas segundo a Gemologia
  • Valoração de pedras semipreciosas


    Algumas pedras são consideradas semipreciosas porque, apesar de serem muito belas e desejadas tal como as preciosas, são mais fáceis de encontrar. Por exemplo: há uns anos, começando nos antigos egípcios, a ametista (imagem ao lado) foi considerada uma pedra preciosa, no entanto perdeu parte do seu valor quando, no Brasil, foi encontrada uma grande concentração dela. Além disso a maioria das pedras chamadas semipreciosas são mais frágeis que as preciosas, no entanto este aspeto da diferenciação entre ambas as pedras não é linear porque a água-marinha, por exemplo, apresenta a mesma dureza que uma esmeralda.
    Imagem: mestresdotarot.com.br
    Valoração de pedras semipreciosas
  • Exemplos de pedras preciosas e semipreciosas


    Podem ser consideradas pedras preciosas o diamante, o rubi, a esmeralda, alexandrita, ametista, safira pérola, entre outros. Entre as pedras semipreciosas podemos encontrar a ágata, o topázio, a granada, aventurina, pedra da lua, hematite, jaspe, lápis-lazúli, malaquite, aquamarine e muitas outras. Porém, tal como explicado neste artigo, estas classificações variam, pois nem sempre se encontram pedras preciosas que sejam perfeitas em tamanho, peso, forma cor e reflexos, podendo acabar por algumas delas não terem tanto valor comercial quanto uma pedra semipreciosa totalmente perfeita.
    Imagem: zastros.com.br
    Exemplos de pedras preciosas e semipreciosas
  • O que faz de uma gema uma pedra valiosa


    Atualmente o que torna uma gema preciosa são aspetos como a raridade, a durabilidade, cor, brilhos, transparência, efeitos óticos especiais e, por fim, a moda ou tendência, pois se determinada pedra está sendo muito procurada por apreciadores de gemas, ela irá valer mais que as outras. Além disso, para que uma pedra seja considerada valiosa, ela deve ter um grau de dureza maior que 6 na escala de Mohs. Também há quem diga que as pedras valiosas se distinguem pela sua beleza, no entanto esse é um conceito muito relativo porque o que uma pessoa acha bonito, outra pode não achar.

    O que faz de uma gema uma pedra valiosa
  • Se deseja ler mais artigos parecidos a qual a diferença entre pedras preciosas e semipreciosas, recomendamos que entre na nossa categoria de Joalheria e pedras preciosas ou que se inscreva no nosso boletim de novidades.