Turmalina Paraíba -
Turmalina Paraíba
Uma das descobertas mais impressionantes do mundo das gemas ocorreu
recentemente no estado da Paraíba, aqui no Brasil. Sob a supervisão do
Sr. Heitor Barbosa, a exploração persistente ao longo de sete anos da
Mina da Batalha, localizada na proximidade da pequena cidade de São José
da Batalha, finalmente resultou em 1988 no achado dos primeiros
cristais de uma turmalina de coloração excepcional, cunhada como
“Turmalina Paraíba”.
ORIGEM DA COR
As turmalinas são gemas que podem ser encontradas em quase todas as
cores do arco-íris (do branco ao negro, inclusive existindo gemas
incolores), mas os cristais de turmalina paraíba possuem tonalidades
inigualáveis de azul e verde entre as turmalinas, assemelhando-se a
cores vistas apenas nas asas de algumas borboletas, em conchas marinhas e
nas penas de pavão (algumas apatitas podem ter coloração parecida). É
freqüente que se usem termos como “azul pavão”, “azul turquesa” ou “azul
e verde neon” para descrever essas cores tão chamativas. A turmalina
paraíba também pode ser encontrada em lindas cores púrpuras e vermelhas,
além de em azul profundo (como o de safiras de boa qualidade) e verde
mais escuro (como o de esmeraldas de boa qualidade).
Diferindo de outras turmalinas, detecta-se elevado teor de ouro em sua
composição (aproximadamente 1200 vezes o encontrado na crosta terrestre)
e, enquanto a coloração das turmalinas tradicionais resulta da presença
de átomos de ferro, cromo, vanádio e manganês em sua estrutura, a
turmalina paraíba deve sua coloração verde e azul principalmente à
presença de pequena quantidade de átomos de cobre (podendo receber a
denominação mineralógica de “elbaíta cúprica”) e as cores vermelho e
púrpura a átomos de manganês.
EXTRAÇÃO MINERAL
Sempre houve enorme dificuldade na exploração da turmalina paraíba. Para
encontrá-la, inicialmente foram escavados vários túneis de até sessenta
metros de profundidade no Morro Alto (o sítio de escavação) e múltiplas
galerias que os interligavam. Uma vez encontrados os primeiros
cristais, as escavações se intensificaram, mas a produção sempre foi
muito limitada, pois a dificuldade residia na raridade do material, que
era encontrado em bolsões ou veios muito finos (às vezes de não mais que
um centímetro de espessura). Durante o período de maior produção (até
aproximadamente 1993), a maioria dos cristais azuis descobertos pesavam
até 1,5 gramas e os verdes não mais que 4 gramas, sendo que quase todas
as peças eram encontradas fragmentadas. Raros cristais de qualidade
excepcional, variando entre 5 e 25 gramas, alguns inclusive não
fragmentados, foram também recuperados.
Desde 1993 a mina original está esgotada e a produção caiu dramaticamente. Existem agora três sítios de exploração:
a) os túneis originais, que foram ampliados e vastamente trabalhados, ainda sem sucesso;
b) a exploração aluvial no leito de pequeno riacho que passa junto ao Morro Alto e que “lava” depósitos do Morro Alto;
c) rede adicional de túneis em outro ponto do Morro Alto.
Dos três sítios citados acima, o que tem maior produção no momento
(ainda que em sua maioria de cristais de baixa qualidade) é o aluvial.
Para que se possa melhor entender a raridade do material, lembremos que a
produção de grande parte dos garimpos no Brasil se expressa em quilos
ou toneladas de minerais por mês. Na exploração aluvial de turmalina
Paraíba, de cada 4000 toneladas de terra que é recolhida se obtêm
aproximadamente 30 a 40 gramas de turmalina e, desses, geralmente apenas
25% tem qualidade razoável.
Apesar dos reduzidos resultados obtidos, a demanda pelo material é tão
intensa e seu valor tão elevado que a exploração persiste, sempre na
esperança de se encontrar um novo filão e reativar o comércio.
Mais recentemente, em 2001, começaram a aparecer no mercado turmalinas
de coloração muito semelhante à da turmalina paraíba, porém procedentes
da Nigéria, na África. Esse material é levemente mais claro que as
turmalinas de origem brasileira, mas também tem em sua composição átomos
de cobre e manganês, o que justifica sua similaridade.
VALOR COMERCIAL
Desde quando as primeiras gemas lapidadas de turmalina paraíba chegaram
ao mercado, o material ganhou popularidade e, por sua beleza e raridade,
atingiu valores nunca antes pensados para as turmalinas. Gemas acima de
1 ct nas cores azul e verde neon, principalmente, atingiram rapidamente
preços de até US$5000.00 por quilate e gemas maiores chegaram a
alcançar até mesmo patamares de US$20000.00 por quilate. Pode parecer
muito, mas a raridade e as incertezas quanto a sua produção futura são
marcantes e essas gemas são consideradas verdadeiros tesouros.
Como curiosidade, a maior turmalina paraíba lapidada existente no mundo pesa 45,11 ct.