segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Pelo Rio Tibagi, Paraná retoma o ciclo do diamante

Pelo Rio Tibagi, Paraná retoma o ciclo do diamante

Empresa recebeu licença para exploração na região de Telêmaco Borba


O ciclo do diamante não se esgotou no Paraná. Um século depois do boom da garimpagem, as reservas ainda indicam potencial para o estado assumir papel de destaque nacional como produtor e exportador. A exploração do minério ao longo do Rio Tibagi – nesse caso, utilizado para fabricação de lâminas – está sendo retomada, após ficar cerca de um ano e meio paralisada, por conta de denúncias de corrupção no escritório estadual do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM). A empresa Mineradora Tibagiana recebeu, no mês passado, licença de operação para exploração do Instituto Ambiental do Paraná (IAP). O documento vale para áreas nos municípios de Ortigueira, Telêmaco Borba, Tibagi, Curiúva e Sapopema. Para operar, a empresa deve ainda aguardar liberação do DNPM. Por enquanto, não há concorrentes com processos em fase tão adiantada.
O potencial diamantífero do Rio Tibagi é conhecido desde os tempos do Império. No início do século 20, a cidade se transformou em uma espécie de “Serra Pelada” e foi invadida por garimpeiros. O ex-prefeito de Tibagi, José Tibagy de Melo, um dos fundadores do Museu Histórico, onde a mineração ocupa um papel de destaque, lembra que o auge da garimpagem foi na década de 1930. “Houve uma época em que havia aqui mais de 3 mil garimpeiros”, conta. De acordo com a professora de Geologia das Universidades Federal do Paraná (UFPR) e Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Leila Perdoncini, há vários afluentes do Tibagi que têm trechos com diamantes.
Há cerca de 20 anos, a Minerais do Paraná (Mineropar), empresa de economia mista vinculada ao governo, promoveu uma pesquisa no rio. “Verificamos que as rochas do leito tinham um bom potencial. Mas a pesquisa foi restrita. O acúmulo de informações dos últimos anos mostra que o Tibagi tem um potencial muito maior do que essa análise apontou”, diz o diretor-superintendente da Mineropar, Eduardo Salamuni. Segundo ele, a exploração no leito do rio tem impacto ambiental reduzido. “O diamante retirado no leito não prejudica a fauna nem o desenho morfológico do rio”, reforça o presidente da Mineropar.
É muito difícil, no entanto, quantificar a quantidade de diamantes na região. “Poderemos ter uma alta significativa na produção caso as expectativas dos mineradores se confirmem”, diz, sem querer arriscar números.
De acordo com o diretor da Mineropar, a maior parte dos diamantes encontrados em jazidas secundárias, como o rio Tibagi, é destinada às indústrias de serras, que fabricam lâminas de diamantes. As gemas e pedras utilizadas na joalheria são encontradas principalmente nas jazidas primárias, onde há ocorrência da pedra vulcânica.
No Brasil, há registro de diamantes primários apenas em Juína, no Mato Grosso. A reserva mineral desse local contém o equivalente a 19,8 milhões de quilates de diamantes, de acordo com o Anuário Mineral Brasileiro de 2006. No Paraná, as reservas somam apenas 182,4 mil quilates.
Projeto
Hoje não há extração legal de diamantes no Rio Tibagi. Os órgãos oficiais tentam evitar, mas há presença de garimpos ilegais, que enviam o material encontrado para Minas Gerais, principalmente. Os diamantes, sem reconhecimento oficial, não podem ser vendidos para o exterior. Os que são vendidos no mercado externo geralmente estão na forma bruta. Há poucos profissionais especializados em lapidação de pedras preciosas no Brasil.
Além de detalhar o monitoramento ambiental que será feito, os documentos apresentados pela Tibagiana ao IAP dão uma idéia de como pode ficar a exploração de diamantes no Rio Tibagi nos próximos anos. O plano é formar uma rede completa de comercialização do minério no Paraná. A empresa fará a extração por meio de dragagem e pretende se associar a 20 balseiros irregulares que fazem a coleta de diamantes com mergulhadores. Para isso, os proprietários deverão assinar um contrato e atuar dentro das normas legais e ambientais. As pedras encontradas serão vendidas para a Tibagiana, que poderá fazer a exportação dos diamantes pois detém o certificado Kimberley, espécie de comprovante de origem.
Outra proposta, que será feita às prefeituras dos municípios onde é feita a extração, é a instalação de uma escola de lapidação. Os recursos para a manutenção da escola viriam das prefeituras, que recebem a Compensação Financeira de Exploração Mineral (CFEM). No caso de pedras preciosas, cobra-se 0,2% do faturamento líquido na venda do produto mineral.

Expedição na foz do Rio Jequitinhonha vai mapear ocorrência de diamante

Expedição na foz do Rio Jequitinhonha vai mapear ocorrência de diamante

Rio Jequitinhonha
O Rio Jequitinhonha vai receber pesquisadores (Flickr/Roberto Gregori Jr./Creative Commons)
Brasília - Pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), antiga Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, e profissionais da Fundação de Estudos do Mar (Fermar), iniciaram ontem (10) expedição para fazer o levantamento geofísico marinho da foz do Rio Jequitinhonha, em Belmonte, Sul da Bahia, visando a mapear a ocorrência de diamantes.
Durante a expedição, estudantes de graduação e pós-graduação de universidades acompanham de perto o trabalho dos pesquisadores. Segundo a assessoria de imprensa do CPRM, a presença dos estudantes tem o objetivo de qualificar mão de obra.
Outra expedição será realizada posteriormente com o objetivo de colher amostras, já que agora será feito somente um mapeamento para se ter um conhecimento mais específico do leito local. As informações adquiridas poderão fazer parte de um banco de dados para serem utilizados em outro projeto de pesquisa realizado pelo CPRM, chamado de Diamante Brasil.
O Diamante Brasil, que começou em 2010 e vai até 2014, é coordenado pela Diretoria de Geologia e Recursos Minerais da CPRM e pretende aumentar as informações sobre a geologia do diamante no Brasil e formar um banco de dados público para disponibilizar as informações coletadas para a sociedade.

domingo, 6 de setembro de 2015

A foz do Rio Jequitinhonha, em Belmonte, Sul da Bahia, visando a mapear a ocorrência de diamantes.

Durante a expedição, estudantes de graduação e pós-graduação de universidades acompanham de perto o trabalho dos pesquisadores. Segundo a assessoria de imprensa do CPRM, a presença dos estudantes tem o objetivo de qualificar mão de obra.

A Iniciativa fará o levantamento geofísico marinho da foz do Rio Jequitinhonha, visando a mapear a ocorrência do mineral. Pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), antiga Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, e profissionais da Fundação de Estudos do Mar (Fermar), iniciaram uma expedição para fazer o levantamento geofísico marinho da foz do Rio Jequitinhonha, em Belmonte, Sul da Bahia, visando a mapear a ocorrência de diamantes.
Durante a expedição, estudantes de graduação e pós-graduação de universidades acompanham de perto o trabalho dos pesquisadores. Segundo a assessoria de imprensa do CPRM, a presença dos estudantes tem o objetivo de qualificar mão de obra.
Dutra expedição será realizada posteriormente com o objetivo de colher amostras, já que agora será feito somente um mapeamento para se ter um conhecimento mais específico do leito local.
As informações adquiridas poderão fazer parte de um banco de dados para serem utilizados em outro projeto de pesquisa realizado pelo CPRM, chamado de Diamante Brasil.
O Diamante Brasil, que começou em 2010 e vai até 2014, é coordenado pela Diretoria de Geologia e Recursos Minerais da CPRM e pretende aumentar as informações sobre a geologia do diamante no Brasil e formar um banco de dados público para disponibilizar as informações coletadas para a sociedade.
Não há dados oficiais sobre o achado dessas pedras preciosas na região. As empresas responsáveis pelas pesquisas, ainda não publicaram relatórios sobre essas minas no município de Belmonte. O site agazetabahia.com esteve na cidade de Belmonte, na tarde desta quinta-feira, 14, mas não obteve maiores informações do Poder Público Municipal, sobre o assunto.

A origem das cores naturais em diamantes

A origem das cores naturais em diamantes

O senso comum associa o diamante a mais completa ausência de cor, o que é compreensível, uma vez que os incolores a amarelados, conhecidos como diamantes da Série Cape, são os mais comuns na natureza, ao lado dos marrons. No entanto, sabemos que este mineral pode ocorrer naturalmente em praticamente todos os matizes e tons, incluindo os azuis, verdes, rosas, púrpuras, vermelhos, violetas, alaranjados e amarelos que, ao possuírem uma nuança suficientemente forte, são conhecidos como diamantes com cores de fantasia (fancy).
Devemos ter em mente que qualquer diamante com cor de fantasia é uma gema rara pois, embora não hajam estatísticas consistentes, os especialistas estimam que existam aproximadamente 10.000 diamantes de cores regulares para cada diamante deste tipo.
As causas de cor em diamantes são ainda objeto de intensa investigação científica, sendo várias delas ainda não inteiramente compreendidas. Ao contrário das gemas coradas, cuja principal causa de cor é a presença de metais de transição, que podem fazer parte da própria composição do mineral ou estarem presentes como impurezas, nenhuma das causas de cor em diamantes pode ser diretamente transposta a outras gemas. Ademais, é comum que a origem da cor se deva a mais de um mecanismo, de modo que exista um matiz predominante e um ou mais componentes modificadores.
Amarelo e Marrom
A cor amarela, a mais comum juntamente com a marrom, está associada principalmente à presença de traços de nitrogênio, dispersos como impurezas na rede cristalina do diamante. Geralmente, este elemento ocorre em teores baixíssimos, da ordem de ppms (partes por milhão), o que significa que basta haver uma diminuta proporção de átomos de nitrogênio compartilhando elétrons com átomos de carbono para que ocorra a absorção da luz nas regiões do verde, azul e violeta do espectro visível e se dê lugar à cor amarela. No entanto, ao contrário do que se poderia supor, a saturação do amarelo não está diretamente relacionada à concentração de átomos de nitrogênio no exemplar, o que se constata pelo menor conteúdo de nitrogênio existente em pedras de cor amarela intensa ou “canário”(cor de fantasia), se comparado ao teor deste elemento encontrado em diamantes apenas levemente amarelados, pertencentes à Série Cape.
Embora menos cobiçados, os diamantes de cor marrom estão entre os primeiros a terem sido utilizados em jóias, havendo relatos de anéis com diamantes desta cor usados pelos romanos desde o Século I da Era Cristã. Atualmente, a cor marrom costuma ser designada como “champagne”, se presente em tons claros a médios ou “cognac”, em tons mais escuros. Esta cor não é uniformemente distribuída, mas concentra-se em finas lâminas paralelas sobre uma matéria cristalina quase incolor e deve-se a um centro de cor ainda desconhecido, originado pela deformação da estrutura cristalina, embora possam haver outras causas menos freqüentes. Nos últimos anos, os diamantes marrons esverdeados, cuja cor é comercialmente conhecida pelo termo “oliva” também têm se tornado mais populares em joalheria.
Por serem menos valorizados, parte dos diamantes marrons pode ser submetida a tratamento para remoção da cor, de modo a torná-los incolores ou quase incolores, mediante a reconfiguração de sua estrutura atômica. Para tanto, utiliza-se um processo a altas pressões e temperaturas, denominado GE-POL, cujo nome faz referência às empresas General Eletric Co. e Pegasus Overseas Ltd., que tiveram a primazia de, respectivamente, realizar o tratamento e distribuir as gemas tratadas. Este tipo de tratamento tem se disseminado rapidamente, tendo em vista a alta proporção de diamantes desta cor que chegou ao mercado proveniente de Argyle (Austrália) desde finais dos anos 80 e sua detecção se faz somente por meio de técnicas que não pertencem ao escopo das disponíveis em laboratórios gemológicos standard.
Rosa, Vermelha e Púrpura
O final dos anos 80 marcou o início de uma nova era no que se refere aos diamantes coloridos, tendo em vista a grande produção de pedras róseas e amarelas amarronzadas, muito adequadas a pavês, provenientes da Jazida de Argyle, na Austrália, o que despertou a atenção não apenas dos colecionadores e connoisseurs, como também do público em geral.
Acredita-se que esses belos e raros tons róseos, encontrados também no Brasil (Triângulo Mineiro), Índia, Tanzânia, Indonésia (Bornéu) e África do Sul não se devam à presença de quaisquer impurezas, senão a centros de cor algo similares aos que produzem a cor marrom, isto é, defeitos na rede cristalina do diamante que afetam a absorção seletiva da luz na região do espectro visível e lhe conferem tais cores. Raramente, os diamantes ocorrem na cor rósea pura, mas com componentes modificadores, sobretudo marrons, purpúreos e alaranjados.
Nos últimos vinte anos, o fornecimento regular de diamantes róseos, amparado por um vigoroso marketing, propiciou o desenvolvimento de um mercado bem estruturado e de tal forma importante que, em meados da década de 90, o Instituto Norte-Americano de Gemologia (GIA) viu-se compelido a propor um sistema específico para a classificação de cor de diamantes róseos lapidados, com metodologia e termos próprios.
Sob o ponto de vista científico, os diamantes vermelhos, extremamente raros, nada mais são que róseos muito intensos, portanto, sua causa de cor é, evidentemente, a mesma destes. Usualmente, eles apresentam um componente modificador da cor e os poucos exemplares que realmente merecem tal denominação são provenientes da Austrália, Brasil e Bornéu. Os purpúreos puros também são raríssimos e a maioria dos que são descritos como detentores desta cor são, na verdade, róseos purpúreos.
Os diamantes róseos, vermelhos e purpúreos têm em comum o fato de suas cores não serem uniformemente distribuídas, mas concentrarem-se em planos paralelos sobre uma matéria cristalina quase incolor, tal como acontece com os marrons. Além disso, eles apresentam semelhanças em seus espectros de absorção, com uma ampla banda centrada a 550 nanômetros (unidade de medida dos comprimentos das ondas luminosas, de abreviatura nm), cuja intensidade aumenta nos exemplares mais corados. Adicionalmente, os purpúreos e vermelhos apresentam uma banda de absorção em 390 nm, dificilmente visível nos róseos.
Azul
Os diamantes azuis, muito raros e valorizados, fazem parte do imaginário dos colecionadores e um deles, denominado Hope, é, provavelmente, a mais conhecida gema jamais encontrada. Ele foi descoberto na Índia e acredita-se que seja parte do famoso Tavernier Azul, roubado durante a Revolução Francesa. Este diamante teria sido relapidado para o peso atual de 45,52 quilates e está exposto no Instituto Smithsonian, em Washington (EUA), desde 1958. Historicamente, a mais importante fonte de diamantes azuis é a África do Sul, onde ocorria principalmente na mina Premier, havendo ainda ocorrências esporádicas na Índia, Brasil e Indonésia.
A imensa maioria dos diamantes azuis apresenta tons claros e é do tipo IIB, cuja coloração está associada à presença de impurezas de boro, que os torna semi-condutores de eletricidade. Quanto maior a concentração deste elemento, mais intenso o azul; como o boro é muito mais escasso em diamantes que um elemento como o nitrogênio, por exemplo, as pedras azuis são muito mais raras que as amarelas. Normalmente, os diamantes de matiz azul possuem um componente modificador cinza, que deprecia seu valor.
A distinção entre os diamantes azuis de cor natural do tipo IIB e os azuis esverdeados intensos obtidos por irradiação baseia-se na referida propriedade de semi-condutividade elétrica, uma vez que os irradiados normalmente não apresentam qualquer traço de boro. Outro método útil para distinção requer o apoio de uma técnica analítica avançada e consiste em submetê-lo a um ensaio de espectrocopia de infra-vermelho.
Recentemente, surgiram no mercado pequenas quantidades de diamantes azuis e róseos, cujas cores foram induzidas por tratamento pelo método GE-POL, a altas pressões e temperaturas, a partir de pedras originalmente marrons de um determinado tipo. Atualmente, obtêm-se diamantes de cor azul por síntese, usualmente com pesos de até 1 ct e fosforescência mais intensa e de mais longa duração que a apresentada pelos naturais de cor equivalente.
Verde
Os diamantes de cor verde lapidados são muito raros e, geralmente, apresentam tons suaves com um componente modificador marrom, amarelo ou azul. Por outro lado, os espécimes brutos com um finíssimo recobrimento superficial verde, usualmente de óxido de cromo, são mais freqüentes, inclusive no Brasil, onde são encontrados principalmente na região de Diamantina, em Minas Gerais.
A cor verde interna em diamantes deve-se a diversas causas, sendo a mais importante delas a irradiação natural. Acredita-se que esta provenha de minerais radioativos presentes no kimberlito (rocha-matriz do diamante) próximo à superfície ou mesmo de águas radioativas que percolem o corpo kimberlítico.
O mais famoso diamante verde conhecido é o Dresden, que se encontra atualmente em um museu na Alemanha, na cidade do mesmo nome. A gema apresenta forma de gota, pesa 41 ct e seu local de origem é objeto de intensa polêmica, sendo a Índia ou o Brasil a mais provável fonte.
Há diamantes verdes tratados pelo menos desde a década de 40 e a maior parte dos vistos atualmente no mercado foram submetidos ao processo de altas pressões e temperaturas (HPHT), realizado em vários países, sobretudo nos EUA, Rússia e Suécia. Estas pedras têm coloração verde amarelada e são obtidos a partir de exemplares originalmente marrons, do tipo Ia. Embora determinadas propriedades gemológicas, tais como a elevada saturação da cor, a presença de graining e fraturas de tensão e a fluorescência verde amarelada gredosa sob UVC e UVL sugiram uma indução da cor pela mencionada técnica, a identificação irrefutável requer ensaios mais sofisticados, tais como espectroscopia de infravermelho e espectroscopia visível de baixa temperatura.
Violeta
Os diamantes violetas procedem quase exclusivamente da jazida de Argyle, na Austrália, e adicionalmente apresentam uma nuança acinzentada. Embora quase nada se saiba a respeito dos mecanismos que originem tal cor em escala atômica, há evidências de que esteja associada à presença do elemento hidrogênio.
Alaranjada
A cor alaranjada pura, sem qualquer componente modificador é, provavelmente, a mais rara dentre todas as cores em diamantes, até mais que a vermelha ou a verde. A origem desta cor segue sendo um mistério, embora se saiba que um centro desconhecido provoca o aparecimento de uma banda de absorção na região azul do espectro visível, centrada em 480 nanômetros (unidade de medida dos comprimentos das ondas luminosas, de abreviatura nm), o que dá lugar à cor complementar desta, a alaranjada.
Branca
Embora nas práticas comerciais seja comum referir-se equivocadamente a diamantes brancos quando se pretende descrever pedras aproximadamente incolores, esta cor de fato existe neste mineral. Acredita-se que os comprimentos de onda que compõem a luz branca são enviados por diminutas inclusões em todas as direções e em cada uma delas sejam recombinados para dar lugar à luz branca, conferindo ao diamante um aspecto leitoso ou opalescente.
Cinza
A cor cinza em diamantes é mais uma das quais a origem não está ainda esclarecida, embora hajam evidências de que esteja associada a defeitos relacionados à presença de hidrogênio. Em diamantes ricos neste elemento, a absorção da luz ocorre com igual intensidade em todos os comprimentos de onda do espectro visível, o que resulta em uma coloração acinzentada.
Preta
Os diamantes pretos, entre os quais o mais famoso representante é o russo Orlof, tornaram-se mais populares a partir dos anos 90 e devem sua cor à presença de uma grande quantidade de diminutas inclusões escuras, em forma de plaquetas, que se acredita serem majoritariamente do mineral grafita. Em alguns casos, estas inclusões são tão numerosas que dificultam o polimento do exemplar, o que influi, evidentemente, no aspecto final da gema.
A cor preta – ou melhor, uma cor verde-azul que, por muitíssimo saturada, nos transmite a sensação de preta – também pode ser obtida artificialmente por tratamento, mediante intensa irradiação com nêutrons em diamantes facetados, sobretudo aqueles com graus de pureza muito baixos.
 

Diamante achado em MatoGrosso indica existência de oceano sob a crosta terrestre

Diamante achado em MatoGrosso indica existência de oceano sob a crosta terrestre


 

Diamante achado em MatoGrosso indica existência de oceano sob a crosta terrestre

Um raro diamante de 5 milímetros de comprimento e sem valor comercial encontrado no município de Juina, no Noroeste de Mato Grosso, pode confirmar uma teoria de que existe um oceano gigante sob a crosta terrestre. Segundo pesquisadores, o diamante, que contém um mineral raro rico em água, foi trazido à superfície terrestre com a ajuda de rochas vulcânicas.

O minério foi descoberto em 2008 por mineradores. O diamante é de cor marrom, de aparência suja e sem valor comercial. Cientistas acreditam que existam milhares de diamantes como esse a mais de 400 quilômetros de profundidade.
O estudo sobre o diamante, publicado nesta quarta-feira pela revista Nature, revelou que ele contém um mineral raro chamado ringwoodita. Acredita-se que o mineral exista em grande quantidade debaixo da Terra. Segundo a pesquisa, ele leva uma quantidade significativa de água – cerca de 1,5% de seu peso. As ringwooditas têm sido vistos em meteoritos, mas essa é a primeira vez em que são identificadas em amostras terrestres.

Para os pesquisadores, a presença do líquido dentro do diamante prova que há muita água abaixo da crosta terrestre. Segundo eles, o líquido está presente em uma zona de transição entre o manto superior (entre 100 e 410 quilômetros sob a superfície) e o inferior (a mais de 660 quilômetros de profundidade).

“A água muda tudo no funcionamento de um planeta” 
– Graham Pearson, pesquisador

“É possível que exista tanta água quanto a soma de todos os oceanos”, diz Graham Pearson, pesquisador da Universidade de Alberta, no Canadá, que coordenou o estudo. Mas é possível que essa água não esteja na forma livre, formando oceanos subterrâneos, mas aprisionada nos minerais.

O diamante, formado nas profundezas do solo, foi descoberto em 2008 em Juína, no interior do Mato Grosso, onde os mineradores o encontraram entre o cascalho de um rio pouco profundo. Ele foi transportado para a superfície do planeta por uma rocha vulcânica conhecida como kimberlito, segundo os pesquisadores.

Os ringwoodites têm sido visto em meteoritos, mas esta foi a primeira amostra terrestre encontrada, afirmaram, porque é difícil demais fazer trabalho de campo científico em profundidades extremas.

Há um debate em andamento entre alguns cientistas sobre a composição da zona de transição da Terra e se está repleta de água ou não. Determinar que existe água lá tem implicações para o estudo do vulcanismo e das placas tectônicas, de acordo com os pesquisadores.

“Uma das razões de a Terra ser um planeta tão dinâmico é a presença de alguma água em seu interior,” disse Pearson. “A água muda tudo no funcionamento de um planeta”.