domingo, 1 de novembro de 2015

A mineração na Amazônia e a política

A mineração na Amazônia e a política


Seguindo o momento nacional, iremos iniciar um quadro aberto a todos, no intuito de melhorar a verdadeira balburdia que tomou conta da mineração na Amazônia: Invasões garimpeiras, empresas de papel falidas, greve branca do órgão fiscalizador da mineração, drible as leis minerárias, desobediência às leis de meio ambiente, conflitos entre garimpeiros, quase impossibilidade de licenciamentos ambientais, milhões de hectares bloqueados, reservas sobrepostas, reservas ambientais em áreas  habitadas.... 

Assim não pode continuar!


Iremos iniciar com um texto do IBRAM retirado do site“geólogo.com.br” sob o título “O Medo de Marina” e iremos divulgar qualquer texto ou comentário embasado de qualquer matiz político, do interesse da comunidade mineral na Amazônia.

A pergunta que paira, quando o assunto é Marina Silva, é o quanto um governo de Marina será bom ou ruim para a mineração do Brasil.  Sabemos que Marina tem as suas raízes no extrativismo onde as palavras sustentabilidade e meio ambiente são sinônimos de pilares de sua formação. Marina é um exemplo de determinação e de foco. Ela saiu de um seringal na Amazônia, pobre, sem educação e infestada pela malária para uma meteórica carreira política que a trouxe até esta candidatura à presidência do Brasil. Qualquer um com esse currículo deve ser, no mínimo, respeitado. 
Graças às suas ideias e posições, apresentadas durante o seu trabalho na proteção do meio ambiente, ela foi taxada de radical, de anti mineração e anti desenvolvimentista.  Muitos inimigos políticos tentam pintá-la como uma xiita ambientalista contrária ao desenvolvimento econômico e aos grandes projetos inclusive os do agronegócio que junto com a mineração são as duas grandes molas da economia brasileira.
Existem alguns, como o colunista Luis Soares, que afirma que Marina é financiada por dois bilionários: um é Guilherme Leal seu vice na candidatura de 2010, fundador do Grupa Natura e o outro Maria Alice Setubal, a Neca Setubal, herdeira do Banco Itaú. Batendo na mesma tecla o colunista Reinaldo Azevedo insinua que quem financia Marina é Neca Setubal o que claramente demonstra uma dicotomia intrigante: um Banco financiando uma candidata anti desenvolvimentista...
Talvez Marina não seja assim tão radical e, nos seus cenários possíveis, existe uma mineração moderna, sustentável, que polui e destrói muito menos.
Será isso possível?
Com raízes no comunismo e no movimento sindical ela foi uma das fundadoras da CUT. Lançou-se na política pelo PT e, em 1994, elegeu-se a senadora mais jovem do Brasil.
Sempre lutou contra a emissão dos gases de efeito estufa e pela manutenção e demarcação das terras indígenas. Em 2003 como Ministra do Meio Ambiente foi acusada de atrasar licenças ambientais para obras de infraestrutura.
Esses atrasos criaram um desentendimento entre Marina e Dilma, então na Casa Civil.
Lutou contra os transgênicos e contra as usinas nucleares de Angra II. Foi radicalmente contra o desmatamento da Amazônia, indispondo-se no processo, contra os Governadores de Rondônia e Mato Grosso.
A falta de apoio e a frustração a levaram a pedir demissão do Ministério do Meio Ambiente e a filiar-se ao PV
Com as bandeiras da minoria negra, do meio ambiente e de ser pobre ela conseguiu 20% dos votos da eleição de 2010. Um feito memorável para quem tinha apenas 1 minuto e dezessete segundos de rádio e TV. Para muitos esse voto foi o voto de protesto de uma multidão sem opção: a síndrome “Cacareco”.
Em várias ocasiões Marina falou sobre a mineração.
Sobre as minas a céu aberto de Minas Gerais ela disse “que é fundamental que se observe a legislação ambiental” e que a mineração é uma “safra que só dá uma vez”, que paga impostos e royalties “ muito baixos” além do passivo ambiental que deixa.
Segundo ela precisamos “transformar” a nossa matéria prima, que é exportada principalmente para a China. E que compramos, posteriormente, os produtos industrializados, o que é “um absurdo” e que faz com que o país “não consiga criar riquezas”. Este é um ponto importantíssimo, que nós do Portal do Geólogo concordamos com a candidata , e que mostra a determinação de Marina de acrescentar valor ao nosso produto exportado, como o minério de ferro, que é vendido por menos de US$100/t retornando posteriormente na forma de industrializados que valem milhares de dólares por tonelada.
Marina tem uma posição bem clara sobre os royalties da mineração, que segundo ela devem aumentar. Mas, em nenhum momento ela diz o quanto ou se ela concorda com o aumento proposto pelo novo Código Mineral.
Existe um outro lado de Marina que nos assusta.
É um lado radical, pouco embasado nas tecnicidades da área da mineral, que bombardeia a mineração de forma impiedosa como se essa fosse um mal a ser execrado e erradicado.
Em uma página do seu partido Rede Sustentabilidade, ela fala claramente sobre o Novo Marco Regulatório da Mineração. Em um parágrafo sobre o Direito de Prioridade é dito que  “Muitos geólogos e pesquisadores da área afirmam que o “direito de prioridade” frustra qualquer planejamento ou orientação pública a guiar a exploração mineral.” . Não sabemos onde ela fez essa pesquisa mas acreditamos que esses “muitos” são os poucos associados ao grupo que escreveu o MRM e que hoje, por questão corporativa, o defendem.
É claro que Marina, assim como Dilma, são contra o direito de prioridade, que se extinto irá significar o fim das empresas privadas de pequeno a médio porte da pesquisa mineral brasileira.
No texto de Marina é recomendado um maior controle público sobre a atividade da mineração: “o relatório do deputado Leonardo Quintão retrocede com relação a esse controle, voltando ao regime exclusivo de mercado, e não incorpora a dimensão socioambiental necessária”.
Segundo Marina a mineração deveria“ incorporar todos os custos socioambientais normalmente externalizados à sociedade, como contaminação de água, desestabilização de atividades produtivas etc.  Para tanto, é fundamental, por exemplo, que o contrato de concessão reflita as condições socioambientais estabelecidas na licença ambiental, assim como o resultado da consulta às comunidades impactadas. “
Esses pontos são importantes e se forem implementados de forma racional, sem radicalismos e ingerências ditatoriais serão benéficos.
No nosso entender, a mineração, como um todo, tem que poluir menos e adotar práticas ambientais modernas atuando em prol da sociedade antes, durante e depois do projeto mineral.
Nestes pontos não estamos longe de Marina.
Marina em várias ocasiões se mostrou contra a energia nuclear que “é cara e não é segura”. Diz que os danos ambientais da mineração são “democratizados” e que o Estado se beneficia pouco, pois os royalties “são miseráveis”.
No entanto a falta de profissionalismo de seus associados nos faz ficar de cabelos em pé.
Em um vídeo denominado “Enquanto o trem não passa”, que foi postado no Facebook oficial de Marina, fica claro que ela tem o suporte de grupos profundamente amadores que por saberem tão pouco da mineração não podem, jamais, gerenciar os nossos destinos sob pena de imensos fracassos e atritos.
O vídeo elaborado por vários grupos de suporte à Marina fala sobre o novo código e sobre a mineração entremeando meias-verdades, de forma a colocar quem vê o documentário, radicalmente contra a mineração como um todo.
O vídeo discorre sobre a falta de beneficiamento do minério brasileiro, uma verdade, mas mistura a Vale com os garimpeiros de Serra Pelada como se o garimpo e a mineração da Vale tivessem alguma similaridade, o que obviamente não existe.
Ele fala da Belo Sun, na Volta Grande do Xingu, de uma forma irresponsável, “ informando que após dez anos de exploração a mineradora vai deixar o equivalente a dois morros do tamanho do Pão de Acúcar de ”resíduos tóxicos como o cianeto”. Uma grosseira inferência de quem pouco conhece sobre a mineração de ouro e sobre as formas de neutralizar o cianeto usado na recuperação do metal.
Mas depois que o erro é lançado como verdade é difícil de apagá-lo do consciente coletivo.
Neste vídeo fica claro que a tendência do partido e dos seguidores de Marina é apoiar os garimpos, os índios e os quilombolas contra as mineradoras. Nele é denunciado que o Relator, o Dep. Quintão, está sendo financiado pelas mineradoras. São inúmeras as tentativas de transformar a mineração no “grande satã” o que, além de errado, possivelmente vai causar mais danos à mineração do que o próprio governo do PT já fez.
Os ataques não param aí e dizem que no novo código não é tratado a questão socioambiental e os direitos das comunidades e que os mineradores, generalizam, querem “invadir“ as terras indígenas.
No vídeo a mineração é acusada de usar muita água e muita energia e é responsável pela falta de água que vemos hoje, já que as fontes e nascentes “estão sendo drenadas pela mineração”.
São obviamente acusações risíveis que demonstra a falta de preparo de quem elaborou o documentário, mas será que Marina, se Presidente, não vai acolher essas demandas, “ipsis litteris”?  O documentário, amadoristicamente, mistura mineração com alhos e bugalhos e sem nenhuma preocupação com a verdade ou com o embasamento técnico-científico, propaga barbaridades como: a “mineração é o setor que mais mata, mutila e enlouquece os trabalhadores. Em uma das atividades mais insalubres e mal remuneradas”.
É preocupante a propagação de falácias deste calibre,  destinadas àquele cidadão sem preparo e pouca educação que não poderá se proteger destas inverdades. Será que esse é, também, o pensamento de Marina?
  Marina nos parece estar vivendo em vários mundos, imprensada entre movimentos de esquerda e ambientalistas radicais e um grupo mais moderado. Talvez junto com o PSB, sua nova coligação, ela tenha que adotar uma atitude mais moderada, até por força de contrato.
Entretanto, no que tange a mineração, o plano de governo da coligação de Marina com o PSB lançado em 04 de fevereiro de 2014, é um deserto.
O Plano, conforme já discutido pelo Portal do Geólogo, sequer menciona palavras como mineração, minério, mina ou geologia.
Algo correlato só é citado, sem profundidade,  dentro do âmbito da energia quando é proposto a criação de “um Painel de Especialistas para discutir a fundo a tecnologia de segurança que está sendo utilizada na exploração de petróleo na camada do pré-sal e a que será utilizada para exploração do gás de xisto, para que a sociedade tenha maior clareza em relação aos riscos envolvidos.”
A nossa conclusão sobre o impacto de Marina na mineração e na geologia do Brasil nos leva a dizer que: o plano de Marina simplesmente não contempla a mineração.
Nesse quesito somos um zero à esquerda.
Através da leitura de seus discursos e posições dos últimos anos se torna óbvio que Marina contempla inúmeras medidas que irão nos asfixiar, reduzir e minimizar. Possivelmente veremos um código sem o direito de prioridade, um processo de estatização da mineração e da pesquisa mineral e agências ambientais hostis e pouco ágeis na concessão das licenças ambientais. Mesmo sob o guarda-chuva da coligação com o PSB não vemos Marina como um fato novo que possa nos propulsionar e elevar a mineração ao seu real patamar de importância socioeconômica.
Infelizmente.

Um X a menos na equação dos diamantes do Tapajós

Um X a menos na equação dos diamantes do Tapajós



Após a quilha mantélica diamantifeira apresentada por INACIO NARDI, JOSÉ ELOI GUIMARÃES CAMPOS & GUILHERME MODESTO GONZAGA mostram os estudos e experimentos que colocam em xeque a teoria sul africana do transporte dos diamantes por centenas e milhares de km, no Brasil e inclusive na própria Africa do sul. Isto muda a equação ate hoje contraditória a respeito dos diamantes não rolados observados no Tapajós.


ABSTRACT THE TRANSPORT OF DIAMOND BY FLUVIAL SYSTEMS FOR LONG DISTANCE: A CRITICAI VIEW Many authors believe in the possibility of diamond transport for hundreds of kilometers by fluvial sedimentary processes. This work attempts to show by the integration of alluvial placer observations, experimental data analysis and case study that diamonds cannot be transported for long distances by tractive processes. The presence of diamond in a large geographical area (hundreds of square kilometers) implies in the necessity of the presence of multiple well distributed sources, including primary (kimberlite and lamproite) or secondary (sedimentary rocks) sources. The coarse facies related to the glaciogenic sediments are the most important sources among the secondary host rocks. The case studies exemplified in this paper show clearly that the wide dispersion of diamonds is mainly explained by the presence of secondary sources with regional distribution. 


Vários autores acreditam na possibilidade de transporte de diamantes por centenas de quilómetros através de ambientes fluviais. Esta crença influencia diretamente nas hipóteses dos geólogos brasileiros nas suas pesquisas para diamante, pois os diamantes da África dominaram o mundo por muito tempo e os geólogos sul africanos são geralmente consultores ou chefes das equipes brasileiras; esses autores sul africanos consideram que os diamantes presentes na costa atlântica da Namibia foram transportados pelo Rio Orange desde a região de Kimberley na África do Sul, a uma distância superior a 1000 km no interior do continente.
Este trabalho tenta mostrar a partir da integração da observação de placeres aluvionares, de dados experimentais, que diamantes não podem ser transportados por processos tracionais a longas distâncias. A presença de diamantes em uma extensa região (milhares de quilómetros quadrados) implica na necessidade da presença de numerosas fontes distribuídas por toda a bacia, podendo ser representadas por fontes primárias (kimberlitos ou lamproítos), secundárias (rochas sedimentares) ou ambas. Entre os hospedeiros secundários, as fácies rudíticas relacionadas aos sedimentos glacio gênicos são destacados pelos autores. O estudo dos casos exemplificados neste trabalho mostra claramente que a grande dispersão de diamantes é devida principalmente a presença de fontes secundárias com ampla distribuição regional.
A análise dos processos fluviais integrados a partir de: observações de campo, análise dos principais condicionantes para origem de placeres, resultados experimentais de laboratório, mostra que os minerais pesados de forma geral e os diamantes em particular apresentam curto transporte em ambiente fluvial e uma tendência à rápida deposição. O objetivo deste trabalho é rediscutir a questão, geralmente aceita, a respeito da distribuição de diamantes a centenas de quilómetros de sua fonte, por sistemas fluviais. Também objetiva mostrar como se processa o transporte de elementos pesados por sistemas fluviais, para contribuir aos aspectos práticos a respeito da geração de placeres e/ou paleoplaceres e para a prospecção de depósitos primários e secundários de diamante;
Os ambientes, onde são encontrados depósitos diamantíferos, incluem os sistemas fluviais de leques aluviais, de rios entrelaçados, de rios meandrantes e os depósitos resultantes da interação destes sistemas. Ambientes fluvio glaciais e canais sub glaciais (zona basal de geleiras), também apresentam elevado potencial para acumulação de minerais pesados, sendo as fácies sedimentares de maior regime de fluxo conhecidas;
Contudo, como observado por Miall (1977), as características dos vários tipos de fácies fluviais podem se superpor no tempo e no espaço. Dessa forma, os depósitos tipo placeres observados em cursos de rios meandrantes atuais, foram na realidade gerados em um intervalo de tempo anterior, quando o rio apresentava um canal mais retilíneo do tipo entrelaçado, com importante transporte e deposição de cascalho (atualmente observados na base dos canais).
DADOS EXPERIMENTAIS Os trabalhos experimentais convergem para os mesmos resultados, indicando que os minerais pesados tendem a se concentrar em uma camada basal (heavy infralayer) enquanto os leves acumulam-se posteriormente (light supralayer). Hattingh & Rust (1993) realizaram um trabalho experimental, onde 40 toneladas de areia de praia rica em ilmenita, granada, perovskita e limonita foram acumuladas a montante de uma sinuosidade do curso do os minerais pesados acumularam-se na porção interna da curva do rio e não sofreram transporte superior a algumas centenas de metros. Sutherland (1982) propôs uma "curva de seleção" para o diamante transportado por processos fluviais, objetivando descrever a variação de tamanho dos diamantes com a distância da área fonte. A curva que descreve a equação tem a forma geral de uma exponencial:
y = a. e {- b x(1º/2)]
onde y é o tamanho médio da pedra a uma distância x da área fonte, x a distância medida em quilómetros e a e b são parâmetros determinados pelo método dos mínimos quadrados (respectivamente tamanho médio das pedras na área fonte e constante de desintegração que varia de 0,10 a 0,20 nos sistemas naturais). A análise numérica da equação mostra que com um transporte fluvial de cerca de 500 km uma pedra originalmente de 10 quilates teria cerca de 0,035 quilates (3,5 pontos - tamanho aproximado de um grão de areia grossa) e que uma pedra de cerca de 3,7 quilates (em um aluvião) deveria apresentar 100 quilates na área fonte após um transporte de 400 km. Este fato mostra que mesmo uma equação teórica obtida através de análises empíricas, não sustenta a ideia de um longo transporte pelos sistemas fluviais, pois diamantes de dezenas de quilates são relativamente comuns em vários depósitos secundários.
Mesmo considerando a atuação de sucessivos ciclos de transporte fluvial, e não o transporte em um instante de tempo, como até então estabelecido, não se deve esperar a transferência de diamantes por centenas de quilómetros em uma bacia sedimentar, uma vez que o contraste de densidade entre o diamante (ρ = 3,5) e os materiais componentes dos cascalhes fluviais (média de ρ = 2,75) é significativo, resultando em uma tendência geral para a deposição destes minerais. O único ambiente deposicional capaz de transportar diamantes por distâncias consideráveis é o sistema glacial, que através do transporte de grande volume de massa pela expansão das capas de gelo, pode ser responsável pela transferência de material por até centenas de quilômetros.
ANÁLISE DE CASOS: Objetivando exemplificar as ideias discutidas nesta contribuição foram escolhidos dois exemplos de depósitos diamantíferos associados a sistemas fluviais bastante difundidos na literatura. Os exemplos escolhidos são representados pelos depósitos diamantíferos da região da Serra do Espinhaço Meridional, incluindo os aluviões do Rio Jequitinhonha, no estado de Minas Gerais, e pelos depósitos diamantíferos do Rio Orange, na África do Sul e na Namíbia, bem como pelos placeres diamantíferos da costa atlântica destes países.
Rio Jequitinhonha (Brasil) O Rio Jequitinhonha está localizado no nordeste do Estado de Minas Gerais, em uma região que durante o século XVIII foi responsável pela maior produção mundial de diamantes. As ocorrências diamantíferas estão distribuídas por cerca de 400 quilómetros ao longo do curso fluvial. Neste trecho do rio existe uma marcante variação do tamanho médio das pedras recuperadas dos aluviões e paleoaluviões cenozóicos.
O Rio Jequitinhonha é diamantífero desde sua nascente, onde drena metaconglomerados da Formação Sopa-Brumadinho, sendo as ocorrências de diamantes distribuídas onde o curso fluvial intercepta as rochas do Supergrupo Espinhaço e do Grupo Macaúbas (e.g. região da Mineração Rio Novo). No momento em que o rio flui sobre as fácies distais do Grupo Macaúbas, a presença de diamantes diminui sensivelmente, desaparecendo completamente nos trechos sobre as rochas granito-gnáissicas do embasamento cristalino. As ocorrências diamantíferas são apenas observadas nas regiões proximais aos hospedeiros secundários, sendo sua ampla distribuição relacionada à grande dispersão das fontes secundárias.
A simples observação dos dados de variação de peso médio dos diamantes ao longo de mais de 250 quilómetros do Rio Jequitinhonha (Haralyi et al. 1991) permite concluir que o sistema fluvial foi responsável por um transporte reduzido.
A partir da análise anterior, foi possível mostrar que o Rio Jequitinhonha é mais um exemplo de um sistema natural que demonstra claramente o transporte de diamantes a pequenas distâncias por sistemas fluviais. O mesmo raciocínio pode ser desenvolvido para as ocorrências secundárias oriundas dos kimberlitos da região de Juína/MT, onde os placeres via de regra, se distribuem no máximo a dezenas de quilómetros das fontes primárias.
Inúmeros autores acreditam que a origem dos diamantes do Rio Orange, na África do Sul, e dos depósitos diamantíferos na costa atlântica da África do Sul e Namíbia, esteja ligada a fontes primárias localizadas no Cráton de Kapvaal, distantes a cerca de 1200 quilómetros. Rouffaer (1988) e Marshall & Baxter-Brown (1995), ao contrário, afirmam que os diamantes são derivados de rochas sedimentares.glaciogênicas permo-carboníferas relacionados à Formação Dwyka. O teor geral de diamantes nos sedimentos Dwyka é bastante baixo. Porém, assumindo a presença de menos de um quilate por milhões de toneladas de sedimento, depósitos resultantes da erosão e reconcentração de bilhões de toneladas destes sedimentos poderiam explicar os depósitos secundários do Rio Orange, como também da costa atlântica (Marshall & Baxter-Brown 1995). Na realidade, os diamantes do Rio Orange são oriundos de diversos afloramentos de sedimentos Dwyka (fontes secundárias) e foram transportados por alguns quilómetros, sendo retidos por diversos tipos de armadilhas fluviais. É muito importante citar que a região da foz do Rio Orange apresenta uma mediana de peso dos diamantes superior àquela observada no seu alto curso (Rombouts 1995). Tal fato não é compatível com a distribuição de tamanhos de diamantes transportados em regimes fluviais e vem reforçar a presença de várias fontes secundárias ao longo do curso fluvial.
Este exemplo, juntamente com o do Rio Jequitinhonha no Brasil, reforça significativamente dois pontos de vista que ainda se encontram pouco difundidos na literatura geológica:
- os processos glaciais são poderosos agentes de transporte e, em alguns casos, de concentração de diamantes e outros minerais pesados;
- os sistemas fluviais não são agentes capazes de transportar diamantes a centenas de quilómetros de distância das fontes.
CONCLUSÕES O diamante, por ser um mineral pesado, cujas características físicas e químicas lhe conferem extrema resistência e estabilidade durante o transporte, pode ser retrabalhado a partir de suas fontes através de sucessivos ciclos deposicionais.
- os sistemas deposicionais do tipo rios entrelaçados, com pre-domínio de transporte de cascalhes juntamente com fácies fluvio-glaciais e canais subglaciais, são os agentes mais eficientes na concentração de minerais pesados.
- os sistemas fluviais transportam minerais pesados a distâncias reduzidas, geralmente não compatíveis com centenas de quilómetros da fonte, como usualmente é sugerido na literatura. A tendência natural do diamante é a rápida deposição nas fácies proximais nos ambientes de maior energia.
- quando ocorrências diamantíferas são distribuídas por uma grande região, deve-se esperar a presença de várias fontes (primárias ou hospedeiros secundários) ao longo de todo o sistema fluvial, já que de uma forma geral, os minerais pesados não são transportados por longas distâncias em regimes fluviais. Estes minerais ficarão retidos nas várias modalidades de armadilhas nas regiões proximais das fontes. As fontes primárias diamantíferas apresentam uma dispersão de pequena magnitude, enquanto os hospedeiros secundários podem apresentar uma distribuição geográfica muito ampla.
- Dentre os possíveis hospedeiros secundários, que podem ser de diversos tipos, destaca-se os sedimentos glaciogênicos, que apresentam uma capacidade de transporte de centenas de quilómetros e em alguns casos apresentam condições de concentrar diamantes e outros minerais pesados.

Este trabalho mostrou, a partir da integração de características do transporte fluvial, condicionantes de geração de placeres, dados experimentais e estudo de casos que os diamantes não são transportados por sistemas fluviais a longas distâncias, conforme usualmente descrito na literatura geológica. Este fato deve ser levado em consideração durante as campanhas exploratórias, pois a sua inobservância tem levado a equívocos de sérias consequencias

Como são lapidados os diamantes?

Como são lapidados os diamantes?



O processo - que, além de aperfeiçoar o formato do diamante, serve para poli-lo é feito de maneira artesanal. A qualidade da lapidação não apenas é fundamental para determinar o valor de uma joia, como dá brilho e beleza à pedra.

Como o diamante é o material mais duro que se conhece na natureza, lapidá-lo não é moleza - sem contar o alto risco de estragar a caríssima pedra. "Quase sempre os lapidários a quem se confiam pedras maiores têm mais de 50 anos de idade. Isso porque leva muito tempo para aprender todos os macetes do processo", afirma o lapidário Renato Santos, presidente da Brasil Comércio de Diamantes.
Há duas formas de cortar o diamante bruto: na clivagem, o método mais comum, o diamante é partido com um rápido golpe. Em algumas pedras, porém, essa técnica não funciona. Usa-se, então, a serragem, processo longo e tedioso, feito com uma serra elétrica rotatória ou, mais recentemente, com raios laser.
Depois do corte, vem a etapa do bloqueamento, em que o diamante é raspado em outro até que se aproxime do formato desejado. As facetas (como são chamadas as várias pequenas faces de um diamante) são feitas na etapa seguinte, chamada de abrilhantamento. A pedra é encaixada na ponta de uma vareta chamada dop e pressionada contra um disco giratório forrado de pó de diamante. O processo lembra um pouco o de uma agulha riscando um disco de vinil na vitrola.
Em geral, os brilhantes pequenos são lapidados em um único dia. Já nas pedras grandes esse trabalho pode levar muito mais!
As melhores lapidações estão localizadas em Tel Aviv, Israel
As pedras pequenas são lapidadas na índia, por causa do baixo custo da mão de obra local relacionado ao baixo valor da pedra.

Fácil achar os filhos, difícil é achar a mãe dos diamantes

Fácil achar os filhos, difícil é achar a mãe dos diamantes



desenho de Antonio Liccardo da Ufop
Ver também do mesmo tema: o elevador dos diamantes

Achar um lamproito ou kimberlito na floresta amazônica é mais difícil que achar uma agulha num palheiro

Há os tipos cenoura e em forma de taça de champanha e a maioria não chega nem a cem metros de diâmetro e como são feitos de uma rocha ultramáfica, se alteram mais rápidos dos que as rochas ao redor: resultado, não tem afloramentos de pedras, ficam nas partes baixas e até abaixo dos pântanos.
Só uma geofísica de magnetometria de ultra detalhe para detectar a presença deles abaixo.

Retirado destes corpos pequenos, os diamantes se espalham nas aluviões, o que facilita a sua descoberta. 

A Lei da Sobrevivência

A Lei da Sobrevivência


O que aconselharia Nícolas Maquiavel aos garimpeiros do Tapajós para driblar leis miopias e administrações incapazes com soluções factíveis para sobreviver na Amazônia mineralSeguem dez problemas impossíveis de ser resolvidos por meios clássicos, mas possíveis com a aplicação dos métodos de Maquiavel, já utilizados por diversos políticos brasileiros bem sucedidos.





            1-    Problema : Caso da falta de áreas para requerer PLG junto ao DNPM, já que 2 milhões de 
                 hectares não são liberados para disponibilidade por causa de uma greve branca do Ministério das 
                 Minas e Energia;
Solução: requerer PLG por cima (segundo andar) dos requerimentos bloqueados e logo protocolares Licença de Operação (LO); as áreas serão indeferidas pelo DNPM por interferência total, mas só depois de meses, talvez anos e a análise da LO também analisada em diversos anos e o protocolo servira de prova que o garimpeiro quis se legalizar. Nenhuma fiscalização policial vai saber definir se a área já esta válida ou indeferida.
2-    Problema : As taxas municipais para LO são muito mais caras do que as taxas estaduais: no caso dos municípios de Itaituba e Jacareacanga, uma taxa para 500 há é de R$ 18990,00 e a taxa estadual para 500 há é de R$ 1900,00. Os municípios míopes, esquecendo-se da Lei maior (a da Oferta e da Procura) arrocharam nas taxas para tentar arrecadar;

3-   Solução: requerer LO só para uma única PLG nos municípios ou requerer tudo no Estado; de qualquer maneira não saem licenças nem nos municípios, nem no estado, portanto, é melhor pagar taxas menores.

4-     Problema : Os governos estaduais e federais encontram na municipalização da administração uma panaceia por causa da aproximação do administrador com o garimpeiro ou minerador; ledo engano, é esquecer que algumas administrações municipais na Amazônia são politicas e só aceitam licenciar os amigos de campanha.

Solução: licenciar pelo Estado, mais técnico e mais isento mudando os critérios técnicos para estadualização dos mesmos ou pelo município vizinho. Como as administrações são politicas, são também tecnicamente incompetentes e, portanto, não vão ver a diferença.

5-   Problema : O analista de um município da Amazônia é marxista, direito dele, mas por razões ideológicas, para ele licenciar para iniciativa privada significa ajudar os capitalistas, e tudo esta sendo inventado para não acontecer; e como uma Licença Municipal é exigência prévia do DNPM para licenciamento mineral para argila, brita,  etc., o minerador não poderá requerer; Neste caso, não adianta ir para o outro município, pois esse tipo de material é sempre próximo a sede;

Solução: Num caso deste, raro, mas real, ao invés de requerer para argila ou areia que necessitam de LM, requerer diretamente para feldspato ou quartzo que são os elementos minerais da argila e da areia, mas que, pela legislação não necessitam de Licença Municipal (LM) previa junto ao DNPM.

6-    Problema : A quase impossibilidade de se conseguir PLG´s por causa dos problemas anteriores por culpa dos órgãos governamentais impede a venda legal do ouro, por falta de fonte  deste ouro;

Solução: informar PLG´s de outros locais ou aditar PLG´s para conseguir efeito multiplicador. Uma PLG obtida para ouro o poderá ser também para cassiterita, etc, e vice versa, bastando aditar as mesmas junto ao DNPM, nem que só existe ouro nela; ou requerer logo para diversos minerais;
Pela lei 12844, o ouro pode ser vendido diretamente por cozinheiras, mecânicos, pilotos, prostitutas com a PLG de um único titular;

7-   Problema : O garimpeiro trabalhando há décadas numa reserva criada muitos anos após a sua instalação nela. O local é dele e não foi indemnizado como a lei obriga e não vai ser; diversas leis o protegem, mas os fiscais do Ibama não entendem desta maneira, pois só a Lei deles vale;

Solução: Pode requerer PLG, requerimentos de pesquisa, fazer CAR, nada vai passar pelo crivo das analises administrativas e a fiscalização deles; uma liminar judicial é mais segura, e não faltam argumentos como falta do critério de publicidade, falhas na criação das reservas, falhas legais nos prazos de planos de manejo, direitos adquiridos, etc.. Mas tem que ser pela justiça federal e vai depender da cabeça do juiz local do momento. Se um não aceitar, tentar o outro, felizmente, muda a toda hora.

8-   Problema : O nomadismo garimpeiro desconhecido pelas autoridades; o  garimpeiro produz onde esta no momento, mas licenciou ou conseguiu PLG onde ele trabalhava anos atrás por causa dos longos prazos dos órgãos para fornecer essas licenças;
Solução: Se for para vender o produto, não tem problema, ninguém saberá de onde provem, pois o minério é transportado no bolso.
Se for uma fiscalização do DNPM ou da SEMA em local já abandonado, a mata já terá tomado conta e não terá nada para mostrar; na área onde estará trabalhando na realidade, mas sem a documentação, não haverá fiscalização do DNPM ou SEMA, pois para este órgão federal ou estadual, a área nem existe.
Se for fiscalização do Ibama ou do ICMBio com a Força Nacional, eles não vão nem querer saber dos títulos do DNPM, ou das LO´s da SEMA, se o garimpeiro não estiver agindo conforme as regras do meio ambiente, mesmo se estiver tentando, nunca conseguira com os seus limitados meios; é melhor, portanto, esconder a PC se ela for dele;  se ela for alugada ou em leasing, tem seguro; melhor deixar eles lacrar, levar ou queimar, assinar o termo de apreensão e o recebimento da multa e esperar eles saírem para continuar trabalhando com a mesma PC ou outra. Só vão ficar poucas minutas ou horas; ademais, as operações policiais são sempre previamente informadas ou proteladas por causa de eventos como Copa, Natal, Eleições, corte de verbas, pressões políticas, etc.. Mesmo tendo fiscalizações federais ou estaduais com apreensões, poderá haver negociação posterior no município, onde irão ser guardadas as máquinas, após a saída dos fiscais. Não deve esquecer se que os chefes destes órgãos são indicados por deputados ou senadores e, portanto as atitudes deles mesmo pressionados pela Ministra ou a Presidenta será sempre política.
Quantas as multas, simplesmente basta recorrer no prazo. Ninguém paga!
9-  ProblemaPediram requerimentos de pesquisa e saiu o alvará; não conseguiram repassar para empresa de fora e o DNPM e a procuradoria federal esta cobrando a TAH, (taxa anual por hectare) bloqueando as contas bancárias.

Solução: Pedir parcelamento da dívida em até 60 vezes e na próxima, exercer manobras técnicas ou administrativas para complicar a saída do alvará como cobrindo parcialmente áreas prioritárias ou reservas indígenas, ou então inserir erros voluntários, mas não fatais para provocar exigências e atender a estas no último dia;

10-  Problema: As constrangedoras mentiras para conseguir uma LO conforme Termo de Referência da IN 006/2013;

Solução: Continuar mentindo; como dizia Goebels (um leitor assíduo de Maquiavel): uma mentira repetida muitas vezes acaba virando verdade.