quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Garimpeiros de opala de Pedro II: Pedra de primeira, homens de segunda?

Garimpeiros de opala de Pedro II: Pedra de primeira, homens de segunda?



Pequeno Garimpeiro -garimpo Boi Morto-Pedro II-PI
A invisibilidade dos bamburristas de opala do município de Pedro II pode ser pensada como a que ocorre com categorias profissionais que realizam trabalho braçal no Brasil, no sentido próximo à compreensão de Fernando Braga da Costa para quem a invisibilidade pública está profundamente ligada à divisão social do trabalho, na sociedade capitalista, onde se enxerga apenas a função e não a pessoa que a desempenha. Assim, bamburristas sofrem dessa invisibilidade pública tanto quanto garis, catadore/as de material reciclável, pedreiros, empregado/as doméstico/as, enfim, todo/as aquele/as que têm na força braçal o seu sustento. O processo de invisibilidade dos bamburristas não se restringe apenas à indiferença, por parte de terceiros, da presença física desse ou daquele bamburrista. (Lima, 2008).



Com a palavra, pois, os garimpeiros:


Eu lhe dizer que não tem jeito, não tem jeito. O sujeito trabalha na montoeira, um cava, tira uma, duas, três pedras, aquilo que ele tira a quarta,... Se tem mesmo pedra, pode ficar na certeza que passou. Aí vai peneirar, dá outro bocado. Se vai lavar, dá outro bocado. Não tem fim. Você tem de jogar porque vai ter que ficar, porque todo minério tem o pagamento da terra

Com certeza. Nós estava lá [reunião] e o chefe lá, de Teresina, prometeu. Primeiro eles prometeram quinhentas [500] hora [de máquina para o desbaste da montoeira]. A primeira promessa foi quinhentas hora. Aí, depois prometeram que iam arrumar um carro, diminuíram as hora. Aí, prometeram um carro e nem apareceu nem as hora, nem o carro. Agora, até agora mesmo [outubro de 2007], mês trasado eles garantiram que ia botar cem [100] hora. E essas cem hora tamo esperando. E até agora não apareceu. Já tão resolvendo [bamburristas] se ajuntar pra pagar. [Tosse]. Cada sócio do barreiro paga uma [1] hora. Uma hora é cento e sessenta... Cento e sessenta e cinco reais [R$ 165,00]. Cento e sessenta e cinco reais e quer arrumar uns quinze [15][bamburristas] pra botar umas quinze [15] hora, pra ir começando enquanto essas hora chega. Mas eu tô achando meio difícil por que prometeram desde o ano passado, ainda não deram! (...). E tá nessa situação. Se ele não... Não ajudar mesmo, por que eles fizero um projeto aí, o projeto pra dar essas hora de máquina. Se não botarem, a coisa vai pegar, os cabra tão... Tão até esperando pra assim que ele chegar falar pra ele: “-Rapaz sem essas horas de máquina ... Por que senão não dá certo, por que nós não tamo podendo trabalhar, não”. Lá mesmo naquele barreiro que você andou, no Boi Morto, foi preciso parar. Tem que tirar pra frente. (Sr. BP, 68 anos).

A gente trabalha com sebo [seixo], só peneirando. Tem também outras áreas, a gente trabalha também com motores, com água, para lavar o material. Tem áreas de garimpo que a gente trabalha só na argila, que é também a área de... Exploração e... Tem outros meios de... Da gente ir garimpando ela [opala], entendeu? Lavando manual mesmo e assim é... Ela é encontrada. Na exploração ela é encontrada de várias formas (Sr Antonio Sepúlveda, ex-presidente da COOGP, 43 anos).

E, aí, a gente partiu para as grandes metrópoles, né? São Paulo, o Rio de Janeiro, no qual eu passei três anos no Rio de Janeiro, então logo voltando, né? a gente começou a estudar no segundo grau e a ocupação que tinha era o garimpo, né? a gente... Essa ocupação no garimpo. (...)... Eu comparo o garimpo com uma família grande. Uma família grande! (...) Então, voltando ao assunto do sofrimento do garimpo, na época era um sofrimento, você ter que tirar... Chegar no barranco, é... E aquele material que encontrava a opala, ele só tinha lá embaixo... Depois... É... Depois da água, né?

(...) A emoção [de encontrar uma pedra de opala] é a mesma emoção que sente um jogador de [futebol] quando faz um gol. Eu comparo assim, ele sente aquela emoção é... De grande explosão. É uma explosão que ele sente no momento que a alegria dele é pular, é... Ele sabe que... Quando ele bamburra, né? Quando ele acha uma pedra grande, a gente chama “bamburro”, é uma pedra grande, quando a gente acha, né? Então ele já, ele já sabe o conteúdo de dinheiro que... Que vai pegar naquela pedra, né? Então é como se ele fizesse um gol... É... Na seleção brasileira, no caso. A emoção é aquela. A gente compara com aquela emoção, né? (Sr. Antonio Ferreira Neto (Marola), bamburrista afastado temporariamente, funcionário da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), 49 anos),

Toda vida eu fui... Tive vocação pra garimpo. (...). Eu há uns trinta anos atrás, eu... De modo que fui fazer eu já tinha essa vocação pra garimpo. Aí quando me casei, fui morar nos terrenos do meu sogro, na Roça dos Pereira (...). Rapaz, eu pra mim,... Eu acredito muito na opala! Eu nunca tive prejuízo como garimpeiro, como dono de garimpo. (...). Por que eu mesmo não trabalho, mas arrisco... O dinheiro lá é o meu. Todo mundo, no garimpo, lá, é meu. Os meus sócios, que trabalham comigo, só entram com o serviço. (...). Tenho muita fé em garimpo (Sr. José Ribamar Galvão (Riba Rufo), grande garimpeiro, 72 anos ).



E aí então eu fico... Eu fiquei caladinho, escutando para ver se... A opala volta, nunca voltou... Ele [coronel Lauro Cordeiro] nunca mandou [de volta]. Aí, quando ele entrou lá... “- Francisco, o que eu vou fazer contigo é o seguinte: eu... Vou ficar lá, com a pedra, mas eu vou te pagar bem pra tu ficar trabalhando aqui no garimpo”. Aí, [eu disse:] “-Tá bem”. Aí, nesse tempo, era dois [mil] e quinhentos [CR$ 2.500,00]. Daqueles tempos era... Era mil réis (...). ( Sr. FSM (Simão), 87 anos, ex-bamburrista, aposentado como lavrador, primeira pessoa a encontrar a gema de opala no município, Pedro II).

Brasileira, 'maior esmeralda lapidada do mundo' será leiloada no Canadá

Brasileira, 'maior esmeralda lapidada do mundo' será leiloada no Canadá

Lance inicial por pedra de 11,5 quilos é de US$ 1 milhão.
Teodora foi achada no Brasil e lapidada na Índia, segundo donos.

O leilão será realizado  na casa de leilões Western Star, em Kelowna.
Regan Reaney mostra sua esmeralda nesta quinta-feira (26) (Foto: AP)Regan Reaney mostra sua esmeralda nesta quinta-feira (26) (Foto: AP)
Segundo os donos, a pedra foi extraída de solo brasileiro e vendida a um indiano, que a levou para lapidar na Índia.
O site também traz uma informação errada, dizendo que "Teodora" significa "presente de Deus" em português. A origem do nome seria, na verdade, de raiz hebraica.

Bolsas chinesas tiveram sessão mais curta da sua história: 27 minutos

Bolsas chinesas tiveram sessão mais curta da sua história: 27 minutos

Forte queda, superior a 7%, forçou a suspensão dos trabalhos até amanhã.
No entanto, mecanismo provoca pânico entre investidores individuais.

Da Agencia EFE
Um investidor acompanha de perto na tela de um monitor o andamento da bolsa de valores após novo acionamento do 'circuit breaker', mecanismo que paralisa o pregão, nas bolsas chinesas de Xangai e Shenzen, em Xangai, na China (Foto: Reuters/China Daily)Um investidor acompanha de perto na tela de um monitor o andamento da bolsa de valores após novo acionamento do 'circuit breaker', mecanismo que paralisa o pregão, nas bolsas chinesas de Xangai e Shenzen, em Xangai, na China (Foto: Reuters/China Daily)
As bolsas de valores chinesas tiveram nesta quinta-feira (7) a sessão mais curta de sua história, de apenas 27 minutos de operações, dos quais apenas 13 foram de cotação real, devido aoutra forte queda que forçou a suspensão dos trabalhos até amanhã.
Da mesma forma que já tinha acontecido também na segunda-feira pela primeira vez na história, devido a novas normas estreadas justamente no início do ano, as bolsas chinesas fecharam automaticamente quando o índice seletivo de empresas de ambos os pregões caiu mais do que o limite diário que lhe é permitido agora: 7%.
Em ambas as ocasiões, como essa legislação estabelece, primeiro se suspendeu a cotação durante 15 minutos, quando o seletivo misto caiu mais que 5%, mas quando as operações foram retomadas bastou hoje apenas um minuto de transações para cair mais de 7% e desencadear o fechamento automático.
No momento do fechamento, o índice geral de Xangai, o SSE Composite, caía 7,32%, enquanto o de Shenzhen, o SZSE Component, desabava 8,35%.
Essa situação, inédita até esta semana, aconteceu hoje pela segunda vez em quatro dias, desde que na segunda-feira entrou em funcionamento este novo mecanismo de interrupção, pensado para que não se repitam as fortes baixas em cadeia do verão (hemisfério norte), que chegaram a afetar outros mercados mundiais.
Contudo, em vez de contribuir para estabilizar os pregões, o mecanismo está "alterando as expectativas dos investidores individuais" (cerca de 90 milhões de poupadores chineses sem conhecimentos financeiros, que substituíram os pouco rentáveis depósitos bancários pela renda variável) e provocando entre eles o "pânico".
Assim explicou à Efe o especialista em mercados financeiros Rui Meng, professor de Finanças e Contabilidade da Escola Internacional de Negócios China-Europa de Xangai (CEIBS), que alerta do efeito contraproducente da medida nestes investidores que costumam tornar o mercado chinês tão volátil.
Com efeito, três quartos da atividade das bolsas chinesas estão nas mãos destes investidores, e o novo "interruptor" está criando entre eles uma grande "incerteza desnecessária", assinalou Rui: "todo mundo quer vender neste momento, ninguém quer comprar, porque agora nenhum comprador tem certeza de poder vender depois em um futuro próximo".
O ponto central do que está acontecendo remonta às semanas de fortes quedas do verão passado, que repercutiram nos demais pregões mundiais, e a reação de hoje do regulador da bolsa chinesa, que anunciou outra nova medida inesperada, parece refletir como a situação está saindo da rota planejada por Pequim.
A explicação está em que no dia 8 de julho passado, após a primeira semana de fortes quedas, o regulador obrigou os grandes acionistas (detentores de 5% ou mais das ações de uma companhia) a não vender nenhum de seus títulos em um prazo de seis meses, prazo que se completa amanhã, portanto, na segunda-feira (11) poderiam vender de novo.
Perto de um trilhão de títulos iam ficar desbloqueados e, embora o regulador não esperava que houvesse vendas maciças, as fortes quedas de hoje e da segunda-feira obedecem à antecipação dos investidores, que querem amealhar lucros antes que suas ações possam perder valor na próxima semana.
Nesse contexto, o regulador anunciou pouco antes do fechamento forçado da sessão relâmpago de hoje uma nova norma que limitará a partir deste sábado, dia 9 de janeiro (ou seja, desde o momento em que expirar o prazo das medidas do dia 8 de julho) a capacidade de vender essas ações.
Além disso, se os investidores fizerem, deverão anunciar seus planos ao mercado com pelo menos 15 dias de adiantamento.
"Acredito que, da mesma forma que com o mecanismo interruptor, a intenção é boa, mas vai induzir ainda mais o pânico nas pessoas, portanto, amanhã é possível que a interrupção seja aplicada mais uma vez", opinou Rui, descrevendo a situação atual como "um desastre artificial, porque se alterou as expectativas das pessoas".
"Os investidores individuais estão respondendo à própria novidade das novas normas e isso está mudando o efeito que produzem", avisou, por isso que os mercados estão se movendo em um "território inexplorado".

Cidades reverenciam garimpeiros

Cidades reverenciam garimpeiros

EDUARDO GOMES - Durante anos, o principal pilar da economia de alguns municípios mato-grossenses foi o garimpo. Reconhecendo o importante papel desempenhado pelo garimpeiro ao desenvolvimento e sua contribuição na formação social, duas cidades reverenciam este profissional com estátuas que o simbolizam.
Em Arenápolis, um garimpeiro com sua bateia se destaca sobre um pedestal no Centro da cidade. Em Guiratinga, um garimpeiro protegido por chapéu retira um diamante da bateia e o levanta como verdadeiro troféu (nesta foto).
O garimpo do diamante era considerado pacífico. Na extração do ouro, no entanto, a violência era marca característica. Em ambos, o ambiente era festivo e o garimpeiro que bamburrava – pegava pedra de valor – costumava emendar a noite com o dia nos cabarés e, não raramente, lavava o chão com cerveja e pagava rodada para todos, inclusive aos que não conhecia.
No ciclo da extração do ouro no Nortão muitos garimpeiros se queixavam dos achaques que sofriam de policiais militares, que lhes tomavam o metal em nome de uma falsa segurança.
Em Paranaíta, também no Nortão, jagunços retiraram à força garimpeiros de ouro, para garantir a integridade das áreas da Colonizadora Indeco. Esse fato ficou conhecido por “Taca” – quem resistisse era surrado, ou como diziam, tomava uma taca.
Indeco é a sigla do grupo Integração, Desenvolvimento e Colonização, que colonizou Alta Floresta, Paranaíta e Apiacás. Essa empresa pertencia ao colonizador Ariosto da Riva. Em 2011, numa entrevista ao blog que deu origem a esta revista, Vicente da Riva, filho de Ariosto, negou as acusação e disse que seu pai não teve nenhuma participação na Taca.  
O espírito aventureiro do garimpeiro de ouro e diamante criou legiões de miseráveis, que vieram ainda jovens, de Minas, Goiás e do Nordeste, para Mato Grosso em busca da fortuna fácil, feita da noite para o dia, mas que se envelheceram pobres, sem amparo previdenciário, sem meios para se sustentar. Mesmo assim, dos monchões, grupiaras e baixões saíram novos milionários que investiram nas atividades rurais ou no comércio.
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CABEÇA, O DONO DO MAIOR GARIMPO DE ALTA FLORESTA

CABEÇA, O DONO DO MAIOR GARIMPO DE ALTA FLORESTA

Mais de 20 mil garimpeiros extraíram 66 toneladas (t) de ouro na Pista do Cabeça, entre 1982 e 85. Quem controlava essa área de 19 mil hectares era o paraibano Eliézio Lopes de Carvalho, o Cabeça, que recebeu 12 t de ouro em pagamento por remédios, gasolina, bebidas, mulheres, alimentos e transporte em seus aviões que fornecia aos garimpeiros. Os donos das pistas de garimpo na Amazônia Legal faziam chover e acontecer. Cabeça foi um deles e tinha sob seu poder a segurança, saúde, as regras sociais e a economia dos milhares de garimpeiros de todos os cantos do Brasil que viviam a aventura do ouro na sua pista localizada na calha do rio Teles Pires, em Alta Floresta. A agora desativada Pista do Cabeça ficava a 75 km de Alta Floresta. À época não havia estrada e o meio de acesso era o avião. Cabeça promoveu 36 shows nacionais para animar as noitadas dos garimpeiros. Amado Batista, Waldick Soriano, Donizete e Suzamar foram algumas dessas atrações. Dona Maria Odete Brito de Miranda fez show por lá e na madrugada rebolou Conga la Conga para o anfitrião. Essa senhora é Gretchen, a rainha da preferência nacional.