Cidades reverenciam garimpeiros
EDUARDO GOMES - Durante anos, o principal pilar da economia de alguns municípios mato-grossenses foi o garimpo. Reconhecendo o importante papel desempenhado pelo garimpeiro ao desenvolvimento e sua contribuição na formação social, duas cidades reverenciam este profissional com estátuas que o simbolizam.
Em Arenápolis, um garimpeiro com sua bateia se destaca sobre um pedestal no Centro da cidade. Em Guiratinga, um garimpeiro protegido por chapéu retira um diamante da bateia e o levanta como verdadeiro troféu (nesta foto).
O garimpo do diamante era considerado pacífico. Na extração do ouro, no entanto, a violência era marca característica. Em ambos, o ambiente era festivo e o garimpeiro que bamburrava – pegava pedra de valor – costumava emendar a noite com o dia nos cabarés e, não raramente, lavava o chão com cerveja e pagava rodada para todos, inclusive aos que não conhecia.
No ciclo da extração do ouro no Nortão muitos garimpeiros se queixavam dos achaques que sofriam de policiais militares, que lhes tomavam o metal em nome de uma falsa segurança.
Em Paranaíta, também no Nortão, jagunços retiraram à força garimpeiros de ouro, para garantir a integridade das áreas da Colonizadora Indeco. Esse fato ficou conhecido por “Taca” – quem resistisse era surrado, ou como diziam, tomava uma taca.
Indeco é a sigla do grupo Integração, Desenvolvimento e Colonização, que colonizou Alta Floresta, Paranaíta e Apiacás. Essa empresa pertencia ao colonizador Ariosto da Riva. Em 2011, numa entrevista ao blog que deu origem a esta revista, Vicente da Riva, filho de Ariosto, negou as acusação e disse que seu pai não teve nenhuma participação na Taca.
O espírito aventureiro do garimpeiro de ouro e diamante criou legiões de miseráveis, que vieram ainda jovens, de Minas, Goiás e do Nordeste, para Mato Grosso em busca da fortuna fácil, feita da noite para o dia, mas que se envelheceram pobres, sem amparo previdenciário, sem meios para se sustentar. Mesmo assim, dos monchões, grupiaras e baixões saíram novos milionários que investiram nas atividades rurais ou no comércio.
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