quarta-feira, 2 de março de 2016

O ELEVADOR DOS DIAMANTES

O ELEVADOR DOS DIAMANTES


Nada melhor do que a simbologia para a vulgarização de temas técnicos complexos, ou a geologia ao alcance de todos
Após o artigo técnico de José Inácio Nardi a respeito da quilha mantélica, formadora dos diamantes e dos pipes kimberliticos transportadores destes até a superfície,

apresentamos o elevador dos diamantes, uma vulgarização do mesmo tema e mostrada por Antonio Liccardo da UFOP

O modelo apesar de oriundo da Africa, poderia ser em tese aplicado no Tapajós, já que foram encontradas amostras de lamproito, material destes elevadores na área diamantífera da região.

Brasil não atrai investidores na área da exploração mineral, segundo a pesquisa Fraser

Brasil não atrai investidores na área da exploração mineral, segundo a pesquisa Fraser



 
No final de 2015 um questionário foi enviado, pelo Instituto Fraser, para 3.800 empresas de exploração mineral, desenvolvimento e mineração do mundo.

Estas empresas investiram, em 2015, a bagatela de US$2.2 bilhões em pesquisa e exploração mineral.

Elas responderam sobre os países e regiões mais atrativas para os seus investimentos assim como sua percepção sobre as políticas públicas que podem afetar essa atratividade.

Os questionários são intensos. As empresas respondem sobre assuntos pertinentes como incertezas administrativas, ambientais, estabilidade das leis, tempo de demora de processos, sistema legal, corrupção envolvida nos processos, eficiência governamental, sistema de taxações, impostos, infraestrutura, acessos, disputas envolvendo situação legal, acordos comunitários, barreiras tarifárias, estabilidade política, segurança, terrorismo e qualidade dos bancos de dados geológicos.

É através da digestão deste grande banco de dados que a Fraser cria o Índice de Atratividade de Investimentos.

Em 2014 o Brasil ficou na posição 40 em um universo de 122, conforme publicado no Portal do Geólogo.

Neste ano de 2015 caímos para a posição 56 em 109.

Aqui na América Latina ficamos atrás de Chile, Peru, México e da Colômbia.

Em suma: segundo a visão das empresas de mineração existem 55 outros locais mais interessantes para investir do que no Brasil.

O Ministro de Minas e Energia e seus subordinados do MME, DNPM e CPRM assim como os políticos que pensam liderar o país, deveriam estudar a fundo esse relatório e ver onde eles erram e onde podem melhorar. Então, talvez, possam fazer uma política que mude a situação absurda em que nos encontramos...

Uma vergonha que afasta os investimentos e penaliza toda uma nação.

CFEM em debate: aumento do imposto pode matar a mineração em período de crise

CFEM em debate: aumento do imposto pode matar a mineração em período de crise



 

Os debates da Subcomissão Permanente de Acompanhamento do Setor de Mineração mostram, claramente a cisão entre mineradores e políticos.

O aumento da CFEM, aparentemente pequeno, pode na realidade, significar um aumento de mais de 100% nos impostos para alguns mineradores. Se o novo Código for aprovado a CFEM, que era 3% sobre o lucro líquido passará a ser 5% sobre o lucro bruto. Aqueles mineradores com uma margem de lucro pequena terão um aumento exponencial, que em alguns casos poderá inviabilizar a empresa. Já para aqueles com margens elevadas a CFEM será mais facilmente assimilada.

Percebe-se que a solução para um problema desta envergadura está em uma flexibilização que deve levar em conta vários parâmetros.

Esta percepção foi discutida na reunião de hoje, quando foi mencionado o fato de que a Argentina de Macri está eliminando impostos da mineração o que fará da Argentina uma nova “locomotiva” assim como ocorreu no Peru, onde as taxas de exportação de bens minerais foram reduzidas.

Some-se a este cenário a elevada taxa de desemprego brasileira e a crise do setor, que tem que lidar com preços de commodities em queda e de investidores em fuga.

A quebra das mineradoras só será evitada se houver uma flexibilização de impostos e uma parceria real entre o Governo e a Mineração.

terça-feira, 1 de março de 2016

Anglo se prepara para ser vendida, diz empresa de investimentos






Anglo se prepara para ser vendida, diz empresa de investimentos
O Sanford C. Bernstein, empresa de pesquisa e gestão de investimentos, disse que o CEO da Anglo American, Mark Cutifani, está preparando a empresa para ser vendida. A mineradora passa por uma grande reestruturação, que inclui vendas de ativos de minério de ferro, níquel, nióbio, fosfato, carvão, sendo alguns no Brasil.

Os diamantes do Tapajós são quase 100% gemológicos

Os diamantes do Tapajós são quase 100% gemológicos

Os diamantes do Tapajós são quase 100% gemológicos e pequenos, ou seja, pelos conhecimentos dos geólogos da África do Sul, eles foram transportados por centenas de km, o transporte tendo destruídos os diamantes mais fracos, mas eles também não são rolados, mostrando todas as facetas e são até bi-piramidados, às vezes perfeitamente euédricos e por esta razão, eles não foram transportados;Uma flagrante contradição sem contar outros problemas como a quase ausência dos guias tradicionais do diamante; Isto é só o início do ENIGMA



Tapajos Diamonds are almost 100% for gemology and small; by South African geologists knowledge, they were transported for hundreds of miles, transport having destroyed the weaker diamonds, but they are also not rolled, showing all facets and are to bi-pyramided, sometimes quite euhedral and for this reason they were not transported;
A contradiction not counting other problems like near absence of traditional guides diamond; This is only the beginning of puzzle

O geólogo José Inácio Stoll Nardi neste artigo joga a primeira pedra no caminho para entender esse enigmo; iremos aguardar as outras pedras com ansiedade.


Há várias décadas são conhecidas ocorrências aluvionares de Diamantes nos rios Cupari e Itapacurá, ambos afluentes da margem direita do rio Tapajós, o primeiro à jusante da cidade de Itaituba e o segundo, à montante da mesma. Garimpagem intermitente e rudimentar nestas áreas têm produzido algumas gemas de boa qualidade. Mais recentemente, novas descobertas são mencionadas em áreas de confluência dos rios Jamanxim e Tapajós, ao longo de tributários menores do baixo Jamanxim, em região ao norte de Novo Progresso, em drenagens menores ao longo da estrada Itaituba – Rurópólis e ao longo de alguns ramais rodoviários ao sul de Rurópolis. Com a migração da tecnologia garimpeira do ouro para o diamante, começam a pipocar informações de quase todo o Tapajós. Esta série de ocorrências diamantíferas sugere que a bacia do Tapajós pode abrigar depósitos importantes deste precioso mineral.
É importante tecermos algumas considerações sobre a gênese dos Diamantes em regiões como a do Tapajós, baseados nos conceitos dos estudiosos SHIREY & SHIGLEY (2013). Lembremos a regra de Clifford (1966), que enuncia – “kimberlitos diamantíferos se introduziram nas porções mais antigas dos crátons, enquanto kimberlitos estéreis se introduziram em rochas mais jovens”.  Esta relação é bem evidente no cráton Kaapvaal (África do Sul), onde os kimberlitos diamantíferos estão intrudidos no cráton e os estéreis, fora do cráton.
A erosão de antigos crátons tem produzido intemperismo nos kimberlitos aflorantes e a deposição dos Diamantes nos aluviões resultantes. Sem alçamento crustal (uplift), tais Diamantes permanecem depositados em bacias geológicas sedimentares, como no oeste da África, Zimbabwe e Brasil. Onde o cráton tem sido alçado, os Diamantes são liberados de suas rochas hospedeiras e transportados pelas drenagens junto com os sedimentos.
Ondas sísmicas evidenciam a presença de Mantle Keel (quilha mantélica), subjacente a muitas regiões continentais antigas (crátons) e aí se inclui o cráton Amazônico ou mais especificamente, a região drenada pelo alto Tapajós e tributários, foco desta análise.
Situado abaixo das crostas continental e oceânica, está o manto peridotítico rígido – este conjunto compreende a litosfera. Através dos crátons, o manto litosférico se estende de 40 Km até a profundidade de 250-300 Km. Sob os oceanos, esta camada se estende até a profundidade de 110 Km. Por causa desta forma protuberante mais espessa e sua associação antiga no tempo à crosta continental do cráton, esta parte do manto é chamada Mantle Keel.
O Mantle Keel é causador de algumas particularidades associadas aos continentes – estabilidade tectônica, elevação acima do piso oceânico e a ocorrência de Diamantes. Erupções kimberlíticas que transportaram Diamantes para a superfície, também carrearam amostras de rochas do manto litosférico – os xenólitos. E a partir destes, conseguimos conhecer melhor a natureza do Mantle Keel, sob os continentes, como por exemplo, que ele inclui 5% de Eclogitos. O Mantle Keel é a fonte de quase todos os Diamantes gema do mundo e daí, a importância que devemos dispensar ao mesmo.
Acredita-se que a crosta e o Mantle Keel subjacente ao continente, foram criados juntos em processo de consolidação crustal e estabilização cratônica. A duração deste processo é pouco conhecida; pode ter demandado muitas dezenas de milhões de anos, iniciando com a formação da crosta continental mais antiga (próximo de 4 bilhões de anos atrás). 
O significado disto, para a formação do Diamante, é que no fundo do Mantle Keel, sob cada região crustal continental antiga, há pressão alta suficiente e comparativamente baixa temperatura para permitir a cristalização de Diamantes, desde que receba fluídos saturados em Carbono, do manto convectivo sobrejacente.
Assim, o fundo do keel pode ser comparado a uma “caixa de gelo” (ice box), embora com muito mais elevadas temperaturas, capaz de armazenar Diamantes, durante bilhões de anos e mantê-los isolados da circulação convectiva do manto, muito embora, passíveis de serem carreados por um magma kimberlítico ascendente. Tanto Peridotitos, como Eclogitos contem Diamantes; mas Peridotitos que irromperam em superfície com Diamantes inclusos são raros, ao passo que Eclogitos com conteúdo diamantífero são comuns.
As atividades geológicas relacionadas às placas tectônicas, como vulcanismo, orogênese e magmatismo intrusivo próximo da superfície da crosta, geralmente podem destruir os diamantes, as que ocorrem em condições de P (pressão), T (temperatura) e oxidação, nas quais Diamantes não podem cristalizar ou permanecer estáveis.
No caso da região do Tapajós, houve o episódio intrusivo / vulcânico, predominantemente ácido e secundariamente, intermediário (riolíto- dacítico / granítico - granodiorítico), que se estendeu de 1,8 até 1,0 GA. Ainda que tal magmatismo / vulcanismo tenha sido causado dominantemente por refusão de rochas siálicas, não se tem ideia de quanto e como este fenômeno poderia ou não, ter atingido e influenciado os depósitos diamantíferos guardados nas profundezas do Mantle Keel subjacente.        
A realidade é que alguns garimpos daquela região têm produzido gemas de muito boa qualidade, o que sugere transporte longo, mas pudemos observar cristais de Diamante bi-piramidados, perfeitamente euédricos, o que sugere pequeno transporte a partir da área fonte. Também já foram verificadas na região, ocorrências de Diamantes associados a sedimentos pós-vulcânicos, ou seja não primários, fenômeno que poderia ter um papel na equação contraditória. Tais litologias sedimentares deverão ser brevemente melhor observadas, descritas e classificadas para que possamos situá-las do ponto de vista geocronológico.
Muitas pesquisas ainda deverão ser feitas para se determinar as prováveis fontes destas gemas preciosas na região do Tapajós e para explicar a contradição diamantes gemológicos/diamantes não rolados