domingo, 6 de março de 2016

Cráton do São Franscisco, kimberlitos e diamantes

O Cráton do São Francisco constitui extensa região estável localizada na porção centro-leste do continente sul-americano, guardando em seu bojo terrenos arqueanos, que foram soldados e transformados durante eventos paleo- e neoproterozóico. Neste trabalho o desenvolvimento geológico do cráton foi analisado, considerando-se cenário geotectônico mais amplo, pertinente a paleoplaca continental, cujos limites definidos por dados gravimétricos se relacionam aos regimes extensionais diacrônicos neoproterozóicos que levaram à fragmentação do Supercontinente Rodínia. Neste contexto a individualização do Cráton do São Francisco se deu no interior da paleoplaca continental durante a orogenia Brasiliana, quando as inversões causadas pelas colisões ou fechamentos das bacias geraram cinturões orogênicos marginais que moldaram o antepaís do São Francisco. Análises integradas de dados geofísicos, geoquímicos e datações aplicadas aos terrenos arqueanos que ocorrem no cráton sugerem a presença de núcleos cratônicos arqueanos preservados da ação de retrabalhamento paleo- e neoproterozóico que atuaram no cráton. Dados de microssonda eletrônica em minerais provenientes de kimberlitos localizados nestas regiões mostram a presença de grãos situados no intervalo de temperaturas próprias do campo de estabilidade do diamante. A recuperação de micro e macrodiamante em determinadas intrusões consubstanciam os dados. A maioria das centenas de kimberlitos e rochas relacionadas identificadas no Cráton do São Francisco ocorrem na porção sul, abrangendo o oeste de Minas Gerais e áreas menores em Goiás e São Paulo. Concentradas principalmente nas regiões de Coromandel, Romaria e Três Ranchos, as intrusões mostram idades entre 75 e 120 Ma e estão associadas ao desenvolvimento do alto estrutural denominado Alto Paranaíba. Ao que tudo indica, anomalias gravimétricas positivas alongadas e magnéticas coincidentes, bem como dados morfoestruturais, caracterizam a implantação de outro sistema extensional na região, desta feita orientado sudoeste-nordeste, ortogonal, portanto, ao desenvolvimento noroeste-sudeste do sistema Alto Paranaíba. Intrusões discretas, minerais kimberlíticos e diamantes ocorrem ao longo da estrutura. Populações únicas de diamantes provenientes de fontes primárias conhecidas ou tidas como próximas de depósitos diamantíferos mostram que na região do Alto Paranaíba as condições de manto variam em distâncias relativamente curtas. Por exemplo, os diamantes pequenos e cúbicos típicos de ambiente mantélico no limite do campo de estabilidade grafita diamante encontrados em Romaria e Três Ranchos desaparecem completamente em Coromandel, algumas dezenas de quilômetros a leste, onde prevalece população completamente distinta formada por diamantes grandes e dodecaédricos. Mais ao sul, o kimberlito denominado informalmente Canastra 01 aparentemente também amostrou região de manto distinta em que predomina diamante na forma octaédrica. Possivelmente a litosfera na porção sul do Cráton do São Francisco foi afetada pelas colisões ou fechamento de bacias ao longo da Faixa Brasília no Neoproterozóico e posteriormente durante o desenvolvimento do Alto Paranaíba em que a litosfera foi sensivelmente adelgaçada como mostram as análises das intrusões do Cretáceo inferior e superior. Na porção norte do Cráton do São Francisco as intrusões kimberlíticas ocorrem nos blocos arqueanos Serrinha e Gavião. Ao contrário da porção sul, os kimberlitos predominam sobre as rochas relacionadas e as idades são proterozóicas ao invés de cretáceas. No Bloco Serrinha os kimberlitos da província denominada informalmente Braúna, situada na porção central do bloco, amostraram litosfera espessa, cuja base apresentava na época das intrusões condições favoráveis à preservação de diamante. Minerais recuperados em kimberlitos localizados nas zonas mais externas do Bloco Serrinha indicam adelgaçamento da litosfera, causado, provavelmente, por retrabalhamento durante as orogenias proterozóicas. No Bloco Gavião, ainda na porção norte do cráton, afloramentos de kimberlitos estão sujeitos à erosão de unidades estratigráficas mais jovens que 1.152 Ma ou no mínimo das rochas que compõem a Formação Morro do Chapéu, topo do Grupo Chapada Diamantina. Além do afloramento de pipe com cerca de cinco hectares e pequenos diques, outras intrusões foram identificadas na região por meio de levantamento aeromagnético e interceptadas por furos de sonda entre 159 e 246 metros de profundidade. ___________________________________________________________________________________ ABSTRACT
The São Francisco Craton is a large stable area in the eastern portion of South America. Its basement comprises Archean terrains that were reworked and amalgamated during Paleoproterozoic tectonic events and later on affected marginally by the Neoproterozoic Brasiliano orogeny, during the amalgamation of West Gondwana. In this work the geological evolution of the São Francisco Craton is analyzed in a larger geotectonic scenario, referring to a continental paleo-plate, the limits of which are defined by gravimetric data, related to diachronic extension regimes that lead to Rodinia breakup in the early Neoproterozoic. In this context, individualization of the São Francisco Craton took place in the interior of the paleo-plate during the Brasiliano orogeny, when inversion due to collision and basin closing led to the formation of marginal orogenic belts, the evolution of which determined the limits of the São Francisco foreland. Integration of geophysical, geochronologic and geologic data of Archean terrains in the northern and southern portions of the craton allowed outlining Archean cores that were preserved from Paleo- and Neoproterozoic reworking. Electron microprobe data on minerals from kimberlites intruded into the Archean cores show chemical compositions corresponding to temperature-pressure intervals typical of the diamond stability field. Recovery of microand macro-diamonds corroborate the evidence. A large majority of hundreds of kimberlites and related rocks known in the São Francisco Craton were found in its southern portion, in western Minas Gerais and adjacent smaller areas in Goiás and São Paulo. Concentrated mainly in the Coromandel, Romaria and Três Ranchos areas, the intrusions are between 75 Ma and 120 Ma and are associated with the development of the Alto Paranaíba structural high. Coinciding elongated magnetic and positive gravimetric anomalies, as well as morpho-structural data suggest another extensional system in the region, striking southwestnortheast, nearly perpendicular to the Alto Paranaíba system. Discrete intrusions, kimberlite minerals and diamonds occur along this structure. Unique diamond populations from known primary sources or from sources believed to be close to diamond deposits indicate that mantle conditions in the Alto Paranaíba region varied over relatively short distances. For example, small cubic diamonds, which are typical of mantle environment close to the limit of the graphite-diamond stability fields found in Romaria and Três Ranchos, disappear completely in Coromandel, a few tenths of kilometers to the east, where a completely distinct population of large dodecahedral diamonds prevails. Southwards, the Canastra 01 kimberlite sampled an apparently different mantle region, where octahedral diamond is the dominant form. It appears that the lithosphere in the southern portion of the São Francisco Craton was reworked by collisions or closing of basins along what is now the Brasília Belt during the Neoproterozoic, and afterwards, during development of the Alto Paranaíba high, when the lithosphere was significantly thinned, as shown by analytical data from Early and Late Cretaceous intrusions. In the northern portion of the São Francisco Craton kimberlite intrusions occur in the Archean Serrinha and Gavião blocks. In contrast with the southern portion of the craton, kimberlites predominate over related rocks, and their ages are Proterozoic instead of Cretaceous. Kimberlites of the Braúna province in the central part of the Serrinha block sampled a thick lithosphere, the base of which presented favorable diamond preservation conditions at the time of intrusion. Minerals recovered from kimberlites intruded into the border zones of the block indicate lithosphere thinning, supposedly caused by reworking during Proterozoic orogenies. Exposure of kimberlites in the Gavião block, also in the northern portion of the craton, is dependent on the erosion of stratigraphic units younger than ca. 1152 Ma or at least of the rocks of the Morro do Chapéu Formation, which is the top unit of the Chapada Diamantina Group. Aside from the 5 ha kimberlite pipe outcrop and small dikes, other intrusions were identified in the area using aeromagnetic survey and drilling that intercepted the intrusions at depths of 159 and 246 m.

(The diamond-bearing Abel Régis intrusion (Carmo do Paranaíba, MG): kimberlite or lamproite?)

A intrusão diamantífera Abel Régis (Carmo do Paranaíba, MG): kimberlito ou lamproíto?

(The diamond-bearing Abel Régis intrusion (Carmo do Paranaíba, MG): kimberlite or lamproite?)





Resumo
Centenas de intrusões de natureza kimberlítica ou relacionadas são conhecidas na Província Diamantífera do Alto Paranaíba, em Minas Gerais e Goiás. O pipe Abel Régis, localizado em Carmo do Paranaíba e descoberto pela De Beers na década de 1970, é um desses corpos, que tem sido, em geral, considerado como um kimberlito. Na área da intrusão, ocorrem metassedimentos neoproterozóicos do Grupo Bambuí, os quais são atravessados pelo pipe cretácico (?) de forma superficial aproximadamente circular, com cerca de 1.400 m de diâmetro. Foram distinguidas diversas fácies petrográficas no corpo, que é um dos poucos de toda a província mineral onde encontram-se preservadas feições da zona de cratera. Como o acervo de informações pré-existentes não era esclarecedor quanto à mineralogia de tal corpo, efetuaram-se também estudos com microssonda eletrônica, os quais demonstraram significativas mudanças quanto ao até então admitido. As mais importantes foram: predomínio local de Cr-espinélio sobre ilmenita entre os minerais indicadores, ilmenitas pouco magnesianas e presença abundante do K-feldspato sanidina. Essas características, somadas ao aspecto em forma de taça apresentado pelo corpo, permitem sugerir, em princípio, que a intrusão Abel Régis possa ser de natureza lamproítica.
Palavras-chave: Diamante, kimberlito, lamproíto, intrusão Abel Régis.

Abstract
Hundreds of kimberlite or related intrusions are known in the Alto Paranaíba Diamondiferous Province, in the states of Minas Gerais and Goiás. The Abel Régis intrusion, located in Carmo do Paranaíba county is one of these bodies that was discovered in the 1970´s by De Beers, and has generally been recognized as kimberlite. Neoproterozoic metasedimentary rocks of the Bambuí Group are found in the intrusion area. These rocks are cut by the Cretaceous(?) body outcropping as a nearly circular section with 1,400 m in diameter. Distinct petrographic facies, including crater facies, can be recognized in the body. As the previous data was not informative about the mineralogical features of the intrusion, studies were also performed with electron microprobe, which indicated significant changes in relation to the allowed concepts. The most important were: the local predominance of Cr-spinel in relation to ilmenite, Mg-poor ilmenites, and an abundant presence of the K-feldspar sanidine. These characteristics, added to the cup-shaped body, point out that the Abel Régis intrusion could probably present a lamproitic affinity.
Keywords: Diamond, kimberlite, lamproite, Abel Régis intrusion.



1. Introdução
Na atualidade, centenas de intrusões de natureza kimberlítica ou parentais são conhecidas na Província Diamantífera do Alto Paranaíba, em Minas Gerais e regiões contíguas de Goiás, especialmente na faixa NW-SE, que abrange os municípios mineiros de Monte Carmelo, Abadia dos Dourados, Coromandel, Patos de Minas e Carmo do Paranaíba. Embora depósitos diamantíferos aluvionares tenham sido descobertos no país nos primórdios do século XVIII, somente no final da década de 1960 iniciou-se a pesquisa sistemática de rochas fontes primárias pelo BRGM, órgão estatal francês de mineração. Através de sua subsidiária brasileira, a SOPEMI (mais tarde encampada pelo grupo minerador sul-africano De Beers), essa empresa identificou os primeiros pipes kimberlíticos na bacia do Rio Santo Inácio, em Coromandel, onde depósitos secundários eram lavrados desde inícios do século XX.
Na Província do Alto Paranaíba, logo dezenas de outros corpos foram identificados e pesquisados. Além disso, uma outra província diamantífera foi descoberta pela SOPEMI, cerca de 200 km a sudeste da anterior, designada de Província da Serra da Canastra. Tais pesquisas levaram à definição de alguns pipes mineralizados a baixo teor, bem como ao primeiro depósito primário no país com reservas economicamente viáveis, o kimberlito Canastra-1 (Chaves et al., 2008). A Província do Alto Paranaíba abrange uma superfície com pelo menos 30.000 km². Nesse contexto, em diversos corpos onde a mineralização foi anunciada, os seus potenciais econômicos permanecem de conhecimento exclusivo das companhias portadoras dos direitos minerários, e, assim, o relacionamento entre as intrusões com os diamantes aluvionares ainda não está perfeitamente estabelecido na região como um todo.
O "kimberlito" Abel Régis constitui um desses casos. Ele foi descoberto na década de 1970 e, do mesmo modo que a maioria das intrusões da região, foi classificado como um kimberlito (Read et al., 2004; La Terra, 2006; La Terra et al., 2006), embora esses trabalhos careçam de dados geoquímicos e/ou mineralógicos pertinentes. Informações adicionais obtidas em campo revelam ainda que o corpo tem produzido regularmente microdiamantes, amostrados com o programa de sondagens efetuado (Geólogo Ricardo Prates, inf. verbal, 2007). Através do levantamento detalhado do corpo (1:5.000), que determinou sua geologia e as fácies petrográficas típicas, bem como amostragem dos principais minerais indicadores visando a detectar aspectos mineraloquímicos em análises com microssonda eletrônica, observou-se que as pesquisas anteriores foram insatisfatórias na caracterização da tipologia da rocha, levando a uma proposta de redefinição da mesma no presente artigo.

2. Localização, breve histórico e síntese geológica
A intrusão está localizada cerca de 12 km WNW da sede da cidade de Carmo do Paranaíba, meio-oeste de Minas Gerais. O centróide aproximado do corpo está em (GPS) 349400N/7901500E, zona 23 e datum Córrego Alegre (Figura 1). Na década de 1970, quando a SOPEMI (Grupo De Beers) descobriu alguns de seus afloramentos através de rastreamento de minerais indicadores e prospecção geofísica por magnetometria, eles foram designados como Abel Régis, Sucesso-1 e Sucesso-2, admitindo-se, na ocasião, a existência de três blowsindependentes. O primeiro nome foi tirado do proprietário da fazenda, cuja sede localiza-se no interior da intrusão.
Novas pesquisas efetuadas pela Parimá Mineração, na década de 1990, rebatizaram tais blows como Régis-1, Régis-2 e Régis-3; os dois primeiros recentemente integrados em um só corpo (Régis) pela SAMSUL Mineração a partir de dados aerogeofísicos. Essa última etapa de pesquisas incluiu seis furos de sonda rotativa, dois deles (na porção central da intrusão) recuperando microdiamantes (MD): um com 316 m de profundidade amostrou 129 MD e outro, com 251 m, amostrou 20 MD (Geólogo Ricardo Prates, inf. verbal, 2007). Doravante, a intrusão será designada conforme sua caracterização original pela SOPEMI - "Abel Régis'.
A geologia da região compreende principalmente siltitos, argilitos e diamictitos do Grupo Bambuí, de idade neoproterozóica, nos quais a intrusão encontra-se na maior parte hospedada (Seer et al., 1989; Signorelli et al., 2003; Tuller & Silva, 2003). Sobre o Grupo Bambuí, ocorrem arenitos e conglomerados do Grupo Areado (Cretáceo Inferior) além de rochas tufáceas do Grupo Mata da Corda (Cretáceo Superior). Em termos geotectônicos, o pipe está localizado nas proximidades da margem oeste do Cráton do São Francisco (Figura 1); inexistem datações divulgadas sobre o mesmo, embora outros situados nessa província diamantífera sejam datados no Eocretáceo (Svisero et al., 1983; Pereira & Fuck, 2005).

3. Aspectos geológicos da intrusão Abel Régis 
A intrusão possui forma superficial aproximadamente circular com cerca de 1.400 m de diâmetro (±140 ha de área), conforme o levantamento em escala de detalhe efetuado (Figura 2). La Terra (2006) e La Terra et al. (2006) determinaram com metodologia CSAMT (controlled-source audiomagnetotellurics) o comportamento em subsuperfície do corpo, constituindo uma das raras intrusões dessa natureza no país que já foram pesquisadas com tal detalhe, tendo seus resultados divulgados. Através de duas perfilagens N-S e uma perfilagem E-W (posição dos perfis na Figura 2), obteve-se um modelamento em duas dimensões para o pipe até cerca de 300 m de profundidade (Figura 3-A), onde se configura a aparente presença de somente um conduto vulcânico. Pela comparação das formas típicas de pipes kimberlíticos e lamproíticos (Figura 3-B e C), denota-se uma forte semelhança morfológica com o segundo tipo litológico.




Embora a maioria dos afloramentos encontre-se em adiantado estado de intemperização, foram identificadas quatro fácies petrográficas (Figura 2): (1) A fácies dominante, presente em cerca de 60% da exposição e de modo característico em suas bordas, consiste em uma brecha vulcânica compacta e pouco selecionada; (2) Localizada preferencialmente na porção centro-sul da intrusão, possuindo em torno de 30% de expressão areal, aparece uma fácies de tufos, finos até grossos, argilitizados e ricos em minerais indicadores; (3) Uma terceira fácies, de brecha grossa, é observada no bordo oeste e sudoeste do corpo, com cerca de 8% de domínio de superfície, constituindo uma zona com abundância de xenólitos crustais (principalmente quartzito e metassiltito), com blocos de material silexficado (parede da intrusão?) dispersos na superfície; (4) De ocorrência restrita a pequeno setor ao norte da intrusão (~2% de expressão areal) ocorre uma fácies de tufo acamadado, com material piroclástico (lapilli) associado.
A intrusão é uma das poucas de toda província onde ainda encontram-se preservadas feições da zona de cratera. O conduto superior de uma intrusão é de difícil preservação, por apresentar composição de material tufáceo ultrabásico que sob condições exógenas é rapidamente erodido. As crateras exibem estrutura em funil resultante de seu colapso, preenchida por sedimentos estratificados, remobilizados do próprio pipe.

4. Mineraloquímica das principais fases indicadoras
Amostragens para caracterização da mineraloquímica das mais importantes fases indicadoras do diamante foram efetuadas em três locais, duas sobre a fácies da brecha de borda e uma sobre a fácies de tufos (central), compreendendo 30 kg em cada ponto (Figura 2). Para o procedimento de coleta desses minerais, foi dada preferência aos trechos de miniravinamento sobre o corpo, onde o fator de concentração dos pesados deve chegar a pelo menos 10 vezes o da rocha, pela simples observação visual. Análises com microssonda eletrônica foram efetuadas sobre granadas, diopsídio, ilmenita e espinélio (LMA - Dep. de Física/ICEX-UFMG). No total, analisaram-se 128 grãos; em cada grão foram realizados 4 pontos de medição.
As granadas, todas identificadas do tipo piropo, foram separadas segundo distintas colorações: púrpura (29 grãos), vermelha (28 grãos) e alaranjada (21 grãos). Em geral, os dados químicos mostraram-se bastante semelhantes entre esses três tipos, não se verificando relação entre granadas de cor púrpura com maior concentração de Cr2O3, como recentemente Chaves et al. (2008) reconheceram no kimberlito Canastra-1 (São Roque de Minas).
As composições CaO x Cr2O3, para separação entre granadas de diferentes tendências químicas são apresentadas na Figura 4, onde se destaca uma população fortemente concentrada no trend G4-G5-G9 (campos mineraloquímicos conforme Grütter et al., 2004). Esses campos, em geral, caracterizam intrusões com teores desprezíveis ou inférteis em diamantes (Dawson & Stephens, 1975; Grütter et al., 2004).


Segundo Mitchell e Bergman (1991), as composições dos clinopiroxênios não servem para diferenciar claramente kimberlitos do grupo II de lamproítos. Entretanto Mitchell (1986) fornece uma tabela com duas médias de composições de diopsídios derivados de kimberlitos do grupo II, com conteúdos de CaO por volta de 25% (Tabela 1), muito diferentes das médias encontradas na intrusão Abel Régis e, por exemplo, no lamproíto "clássico" de Leucite Hills (EUA). Ressaltem-se, ainda, os conteúdos de Cr2O3 desse mineral na intrusão estudada, bastante elevados, seja para lamproítos, seja para kimberlitos do grupo II.
Um outro aspecto mineralógico interessante diz respeito à relativa maior abundância de Cr-espinélio (cromita) sobre ilmenita na fácies de tufos, de ocorrência incomum em kimberlitos (Mitchell, 1986). Normalmente, espinélios de kimberlitos e lamproítos seguem dois trends mineraloquímicos distintos, ambos representados nas amostras do corpo Abel Régis (Tabela 2). Cromitas associadas com diamante possuem altos conteúdos de Cr2O3e MgO, respectivamente maiores do que 62% e 12% em média, além de depleção em TiO2 (Dong & Zhou, 1980; Gurney & Moore, 1991). Dois grãos analisados do mineral revelaram tais características, sendo fortes evidências de material de manto superior, provavelmente relacionados com a presença de (micro) diamantes.
As ilmenitas de kimberlitos, em geral, possuem um característico alto conteúdo de MgO, que pode alcançar até próximo de 25% (Mitchell, 1986), enquanto as de lamproítos tendem a apresentar valores mais baixos desse óxido (Mitchell & Bergman, 1991). A média de ±7,5% reconhecida na intrusão Abel Régis, compara-se à de lamproítos australianos (Tabela 3). Em adição, observam-se, também, nessa tabela, as semelhanças notáveis dos valores de FeO e MgO do mineral em lamproítos em comparação aos dados analisados no corpo Abel Régis.
Nos três pontos amostrados, observaram-se, com relativa abundância, grãos (com até cerca de 1 mm de diâmetro) de um mineral esbranquiçado-leitoso, de forma esférica ou semi-esférica, identificado com difração de raios X como sanidina. Esse mineral, analisado posteriormente com microssonda eletrônica (ponto REG), apresentou semelhança química muito forte com espécimes descritos nos lamproítos de Leucite Hills (EUA), Kapamba (Zâmbia) e West Kimberley (Austrália) (Tabela 4).
O zircão foi observado sobretudo no ponto SUC, identificado através de análises com EDS. Apresenta-se em prismas tabulares euédricos a subédricos, de coloração incolor-amarelada, sendo que o maior cristal encontrado alcançou o notável comprimento de 0,5 cm.

5. Discussões sobre a morfologia do corpo e sua química mineral
Algumas considerações devem ser destacadas sobre a intrusão Abel Régis:
  • Sua forma muito alargada em superfície, com cerca de 1,4 km de diâmetro, é contrária à da grande maioria dos kimberlitos da mesma região (p. ex., Svisero et al., 1983, 1986; Pasin, 2003; Chaves, 2008; Chaves et al., 2008).

  • Seu curto espaço de afunilamento em subsuperfície, demonstrado pela modelagem geofísica, permite o reconhecimento de uma forma típica "de taça".
  • A relativa abundância de espinélio sobre ilmenita; o primeiro mineral é um indicador somente acessório na maioria dos kimberlitos.
  • A mineraloquímica dos indicadores, notadamente diopsídio e ilmenita, de grande semelhança com espécimes já descritos em lamproítos.
  • A presença do K-feldspato sanidina. Intrusões kimberlíticas são notoriamente pobres em minerais potássicos, os quais caracterizam as lamproíticas.
    Esses aspectos, integrados, permitem sugerir que a intrusão estudada possua uma afinidade lamproítica, embora, inibidora a tal aspecto, destaca-se a presença de granadas piropo, incomuns em lamproítos (Mitchell & Bergman, 1991).

    6. Considerações finais
    Embora rochas kimberlíticas sejam conhecidas no país desde a década de 1960, ainda são escassos os estudos a respeito das centenas de intrusões que ocorrem na porção sul do Cráton do São Francisco, em Minas Gerais e imediações. Na realidade, todos os corpos conhecidos até a década de 1990 eram descritos indiscriminadamente como kimberlitos. Depois da descoberta do lamproíto diamantífero de Argyle (Austrália), diversos questionamentos foram levantados e deste modo muitas das intrusões conhecidas foram reinterpretadas como kamafugitos ou mesmo lamproítos.
    No presente estudo, o conjunto de informações apresentado sugere fortemente uma mudança no status da tipologia da intrusão Abel Régis, de kimberlítica para lamproítica. Os dados quanto à morfologia do pipe e seus principais aspectos mineralógicos coadunam com tal hipótese. Embora ocorram diversos afloramentos expostos na superfície, todos eles apresentam-se bastante intemperizados, prejudicando estudos geoquímicos na rocha que poderiam consolidar essa nova interpretação. Nesse sentido, está-se tentando, junto a SAMSUL Mineração, a obtenção de amostras de testemunhos de sondagem, no sentido de se efetuarem as análises pertinentes.

  • sábado, 5 de março de 2016

    O Gossan

    O Gossan


    Gossan, segundo a definição original é o produto do intemperismo sobre sulfetos maciços de minérios econômicos. Um sulfeto maciço, por sua vez tem que ter mais de 50% do peso em sulfetos... Esta é a definição inicial, que está sendo abandonada. Hoje, a visão dos Geólogos de Exploração sobre os gossans evoluiu: gossans são produtos de intemperismo de rochas sulfetadas não necessariamente maciças e não necessariamente derivados de sulfetos economicamente interessantes. Eles são também chamados de chapéus de ferro (Francês). Em alguns casos são chamados de gossans os ironstones derivados do intemperismo sobre carbonatos ricos em ferro como a siderita.
    Os principais minerais de um gossan são a goethita e hematita. Outros hidróxidos de ferro comuns são geralmente agrupados como limonitas. Estes óxidos conferem à rocha a sua característica ferruginosa com cores fortes, ocre vermelho-amareladas. A rocha encontra-se na superfície podendo ou não estar em cima dos sulfetos originais. Gossans podem ser transportados. Neste caso os óxidos migraram e se precipitaram longe dos sulfetos de orígem.
    Em geral um gossan é poroso e pulverulento. Seus minerais são formados pela decomposição dos sulfetos com formação de ácido sulfúrico. O ácido acelera sobremaneira a decomposição dos minerais, lixiviando parcial ou totalmente os elementos solúveis. A lixiviação pode ser tão intensa que os elementos solúveis como zinco ou até mesmo o cobre podem não mais estar presentes no gossan. Portanto a simples avaliação química de um deve levar em conta, também, aqueles elementos traços menos móveis que talvez estejam ainda presentes e que possam caracterizar a rocha como interessante. Esses estudos de fingerprinting são fundamentais quando o assunto é gossan.
    Durante o processo de decomposição é comum que a textura original dos sulfetos se mantenha de uma forma reliquial: as chamadas boxwork textures. Texturas boxworks são entendidas por um pequeno e seleto grupo de geólogos. Elas indicam, em um grande número de casos, qual foi o sulfeto original. Em muitos gossans os boxworks só podem ser vistos ao microscópio petrográfico.
    Foi essa correlação entre textura boxwork e o sulfeto original que gerou trabalhos clássicos sobre gossans, como o do pioneiro Ronald Blanchard ou o do colega Ross Andrew, possivelmente inexistentes nas bibliotecas das escolas de geologia. A determinação dos sulfetos a partir das texturas é uma arte que está sendo perdida nos nossos dias e tende a desaparecer com a chegada dos equipamentos de raio x portáteis.
    Gossan Blocks Gossan pirita Carbonato Gold em gossan Opaline Gossan  Calcopirita gossan 
    Blocos de gossan
     calcopirita
    Gossan sobre pirita
    boxworks cúbicos
    Pseudo gossan sobre carbonatos Ouro em gossan Gossan silicoso (opaline gossan)
    Cu-Ni 
    Gossan sobre calcopirita maciça
    Foi através da descoberta de gossans na superfície que foram descobertas a maioria das jazidas de níquel sulfetado tipo Kambalda na Austrália na década de 60 e 70. Nesta época, a capacidade do Geólogo de distinguir entre gossans derivados de sulfetos de Cu-Ni dos derivados de sulfetos estéreis como a pirita e pirrotita foi o diferencial entre os bem sucedidos e os losers. Foi nesta época que se desenvolveu a microscopia de gossans pois, como dissemos acima, muitos gossans tiveram seus elementos econômicos lixiviados quase que totalmente restando somente o estudo de boxworks para a identificação dos sulfetos originais.
    A determinação e estudo de gossans e de boxwork textures  levou à descoberta de inúmeros porphyry coppers como muitos dos gigantescos depósitos de Cu-Au-Mo dos Estados Unidos, Andes e mesmo na Ásia.
    No Brasil é clássico o gossan de Igarapé Bahia, que foi lavrado por anos a céu aberto como um minério de ouro apenas...até a descoberta de calcopirita (Depósito Alemão) associada a magnetita, em profundidades de 100m. Se os Geólogos da Vale entendessem de gossans, naquela época, a descoberta do Alemão não seria feita por geofísica com décadas de atraso como foi o caso.
    Mesmo descobertas como o depósito de Cobre de alto teor Mountain City em Nevada, 1919, foi uma decorrência de um estudo feito por um prospector de 68 anos chamado Hunt em um gossan tido como estéril. O gossan, que não tinha traços de cobre, jazia poucos metros acima de um rico manto de calcocita...O Hunt não sabia o que era um gossan mas acreditava que a rocha era um leached cap ou um produto de lixiviação de sulfetos. Ele tinha o feeling, coisa que todo o Geólogo de Exploração deve ter.  Exemplos como estes devem bastar para que você se convença da importância dos gossans na pesquisa mineral.
    A foto do gossan silicoso é um excelente exemplo. Eu coletei essa amostra exatamente sobre um sulfeto maciço de Cu-Ni no Limpopo Belt em Botswana (Mina de Selebi Phikwee) minutos antes do gossan ser lavrado. O gossan estava 5 metros acima do sulfeto fresco...Neste caso o gossan é constituído quase que exclusivamente por sílica (calcedônia) de baixa densidade (devido aos poros microscópicos). Até o ferro foi remobilizado desta amostra. A cor amarelada da amostra se mesclava com cores avermelhadas no afloramento. Somente ao microscópio que aparecem os boxworks de calcopirita e de pirrotita e pentlandita. Selebi-Phikwe em produção desde 1966 deverá ser fechada ainda este ano.
    Com certeza esse foi o último opaline gossan de Selebi-Phikwe. O mais interessante é que as análises que eu fiz no Brasil mostraram cobre abaixo de 100ppm e níquel em torno de 150ppm. Em outras palavras qualquer um que coletar uma amostra em ambiente ultramáfico que analise 70 ppm de Cu e 150ppm de Ni não vai soltar foguetes. Vai simplesmente desconsiderar a amostra e partir para outra. Ele poderá estar perdendo uma oportunidade extraordinária por desconhecer o que um gossan.
    Se você ainda não está convencido da importância dos gossans entre no Google e pesquise duas palavras: gossan discovery. O Google vai listar milhares de papers sobre descobertas minerais feitas a partir de um afloramento de gossan.
    Fique atento e estude: Você é o que você sabe!!

    Diamantes sintéticos

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    Para pessoas que não podem arcar com o custo dos diamantes reais ou desejam 100% de garantia de que seus diamantes não provêm de regiões de conflito, os diamantes sintéticos são um bom substituto. Por muitos anos, a única opção sintética disponível era o zircônio cúbico, mas agora os consumidores podem optar por um material conhecido por moissanite, e também por diamantes artificiais.

    Diamantes sintéticos
    Carnegie Instituto of Washington
    Os diamantes sintéticos como
    o laranja e o amarelo são
    mais baratos que os naturais.
    O zircônio cúbico, comumente conhecido como CZ, é uma gema de laboratório que está no mercado desde 1976. Trata-se de uma pedra de alta dureza (8,5 na escala Mohs), ainda que menos dura que o diamante. Por um lado, o CZ é superior ao diamante em termos de composição; oferece brilho e cintilação superiores, é inteiramente incolor e não sofre inclusões. No entanto, a maioria dos consumidores concordam em que o CZ é simplesmente perfeito demais –parece artificial até mesmo a olho nu. Por conta disso, alguns dos fabricantes de CZ começaram a produzir a gema com tinturas coloridas e inclusões que a tornam mais parecida com o diamante.
    A Moissanite se tornou o maior rival sintético do CZ. O material se tornou disponível em 1998, e sua semelhança com o diamante é ainda maior em termos de composição e aparência. A moissainite é mais dura que o CZ, com 9,5 pontos na escala Mohs, mas continua a ser menos dura que o diamante. A cor da moissanite tem leves traços de verde ou amarelo, e essa coloração se torna mais evidente nas pedras maiores. A gema também revela pequenas inclusões, com jeito de estrias, formadas durante seu processo de produção. Como o CZ, a moissanite é mais brilhante que o diamante, mas essa qualidade é considerada desvantagem, e não vantagem.

    Diamante da LifeGem
    LifeGem
    Um diamante da LifeGem
    O material sintético mais próximo ao diamante são os diamantes artificiais. Diferentemente do CZ e da moissanite, os diamantes artificiais são carbono puro. O Instituto de Gemologia Norte-Americano (GIA) reconhece essas pedras como diamantes reais, da perspectiva da composição. Mas os diamantes artificiais não têm a rica história geológica dos diamantes naturais. Laboratórios simulam o calor e pressão do manto terrestre que criam os diamantes naturais. Para os produtores e consumidores de diamantes sintéticos, a questão pode ser resumida a uma combinação de tempo e dinheiro: dias, em lugar de milhões de anos; milhares de dólares, em lugar de dezenas de milhares de dólares ou mais (os diamantes artificiais são vendidos por preços cerca de 30% inferiores aos naturais) [fonte: MSN]. Se você deseja um diamante de coloração única e relativamente menos caro (o custo será inferior ao de um diamante colorido natural), é possível encontrar pedras artificiais em tons como laranja, rosa, amarelo e azul. Encontrar um diamante artificial de grande porte pode ser um desafio mais difícil –a maioria dos diamantes artificiais pesam menos de um quilate. Se você deseja o que de melhor existe no mercado de diamantes sintéticos, diamantes artificiais são a escolha óbvia. Mesmo joalheiros enfrentam dificuldades para distingui-los dos naturais. O GIA está vendendo máquinas que ajudam os joalheiros a distinguir mais facilmente entre as duas variedades.
    Pode não ser surpresa que a empresa que impulsionou o desenvolvimento dessas máquinas seja exatamente a De Beers, rainha do setor diamantes naturais.

    Lifegem
    Outro tipo de diamante sintético é a LifeGem, que usa carbono das cinzas ou de um cacho de cabelos de uma pessoa amada que tenha morrido na criação de um diamante celebrando a vida dessa pessoa. Também se pode produzir uma LifeGem com os restos mortais de um animal de estimação. Dependendo da cor, tamanho e qualidade de seu pedido de LifeGems, você pode receber seu diamante em 24 semanas, a um custo variável entre US$ 3,5 mil e US$ 25 mil.

    Diamantes famosos

    Diamantes famosos


    Os diamantes mais famosos do mundo costumam ser também os maiores diamantes do mundo. Com pesos espantosos da ordem de milhares de quilates, esses diamantes foram lapidados, alterados e vendidos muitas vezes, o que contribuiu para suas histórias ricas e interessantes. A despeito do brilho natural e cristalino dos diamantes, algumas dessas pedras têm um lado sombrio.
    • O Cullinan: é o maior diamante já encontrado. Este diamante de 3.106 quilates foi encontrado em 1905 em Transvaal, África do Sul. Em 1907 foi presenteado ao Rei Eduardo VII, do Reino Unido. Mais tarde foi dividido em nove pedras principais, incluindo a Estrela da África com 530,20 quilates que está no Royal Scepter, em exibição na Tower of London (Torre de Londres).
       
    • O diamante Hope: possivelmente o mais famoso na América, com 45,52 quilates, em exibição no National Museum of Natural History em Washington D.C. Sua história vem de 1600, quando ainda era um diamante de 112,1875 quilates. Em 1668, foi comprado pelo Rei Luís XIV, da França. Acredita-se que foi encontrado na mina de Kollur em Golconda, Índia. Foi dividido novamente em 1673, originando uma pedra de 67,125 quilates.
       
    • O Excelsior: talvez o segundo maior diamante já encontrado - em 1893, na África do Sul. A pedra original pesava cerca de 995 quilates. Em 1904, a I.J. Asscher e a Company of Amsterdam dividiram o Excelsior em 21 pedras polidas, pesando entre 1 e 70 quilates.
       
    • Great Mogul (Grande Moghul): acredita-se que seja o terceiro maior diamante não dividido já encontrado, foi descoberto em 1650. Seu tamanho original tinha 787,50 quilates, mas foi dividido até chegar a 280 quilates. O diamante recebeu seu nome em homenagem a Shah Jehan, que construiu o Taj Mahal. Depois que o diamante foi dividido, ele demitiu o polidor por ter feito um trabalho muito mal feito. Misteriosamente, não se sabe por onde anda o Great Mogul atualmente.
    The Hope Diamond
    Divulgação: Smithsonian Institute
    O diamante Hope

    A maioria das pessoas pode apenas sonhar em ter um diamante grande como estas pedras - mas diamantes sintéticos podem mudar isso. Na próxima seção, aprenderemos sobre os diferentes diamantes sintéticos.