sexta-feira, 11 de março de 2016

A mística e o fascínio que gemas como diamante, esmeralda, rubi e safira


A mística e o fascínio que gemas como diamante, esmeralda, rubi e safira



A mística e o fascínio que gemas como diamante, esmeralda, rubi e safira exercem em quase todos nós são notórios e compreensíveis. Os gemólogos costumam lamentar, no entanto, o fato de que a maior parte dos apreciadores e consumidores de jóias tenham poucas oportunidades de conhecer e lidar com outras tantas belíssimas gemas, que não as de uso tradicional e consagrado.
Ficamos intrigados pelo fato de que gemas naturais menos conhecidas e de menor valor, mas de cor ou aspecto parecido ao de outras mais valiosas, sejam ainda pouco utilizadas como alternativas mais econômicas, principalmente em cortes e formas menos usuais, ainda que grande parte delas seja produzida regularmente em nosso país.
Porque não vemos com mais freqüência a apatita azul, de tons neon e ultra-marinho, substituindo a turmalina da Paraíba e a safira ? Ou o quartzo amarelo-mel com chatoyance ao olho-de-gato ? A iolita à tanzanita ? O diopsídio à granada tsavorita ? A safira com mudança de cor à alexandrita ? A jarina ao marfim ?
Gostaríamos de ver mais andaluzitas, morganitas, heliodoros, espessartitas, kunzitas, opalas, pedras-da-lua, berilos verdes, esfênios, peridotos e muitas outras gemas menos usuais nas grandes coleções e não restritas apenas a pequenas linhas ou a peças exclusivas de designers mais inovadores.
A aceitação e popularização de tais gemas é, evidentemente, um processo lento, mas cabe a todos os segmentos envolvidos na produção de jóias contribuir para a conscientização quanto a sua existência, sobretudo agora que a disseminação da informação pela internet criou uma nova geração de consumidores dotados de mais conhecimentos (mas não necessariamente melhores) e, portanto, mais curiosos, exigentes e ávidos por novidades.
Para tanto, faz-se necessário também que os vendedores de jóias possuam um conhecimento gemológico básico, que lhes permita melhor informar e esclarecer ao público consumidor a respeito das principais características, propriedades, particularidades e cuidados no uso e conservação dessas gemas menos comuns.
Em nossa opinião, o aumento da demanda pelas gemas alternativas elevaria seus preços, estimulando um aumento nos investimentos em prospecção e lavra, assim como o desenvolvimento de novas técnicas de tratamento para intensificação de suas cores e o aprimoramento das já existentes.
Deixando um pouco de lado as gemas naturais e nos acercando às sintéticas, nos perguntamos porque estas não vêm sendo mais amplamente utilizadas como materiais alternativos, desde que devidamente revelada a sua origem, uma vez que a obtenção de gemas de igual composição, estrutura, propriedades físicas e ópticas ao de suas equivalentes naturais, a custos bastante inferiores, é uma fabulosa conquista dos laboratórios de síntese.
Estas têm a vantagem adicional de serem produzidas em larga escala, possibilitando aos fabricantes suprir confortavelmente uma provável demanda crescente, com maior uniformidade de tamanhos, cores e pureza. Além disso, é de se esperar, a médio prazo, que o avanço tecnológico na produção de cristais sintéticos de aplicação em alta tecnologia leve a uma maior compreensão e melhoria nos métodos de síntese, trazendo para o setor joalheiro gemas sintéticas de maior tamanho e qualidade, cada vez mais parecidas com as naturais e mais difíceis de serem delas diferenciadas, no que se converterá em mais um grande desafio para os gemólogos.


OURO COLORIDO

OURO COLORIDO 


Com o avanço da tecnologia e a facilitação na produção do ouro rosa/vermelho, HOJE, sinto que as joalherias se dividem entre as cores do metal precioso, o que, muitas vezes gera dúvidas em relação a que cor apostar: o tradicional e muito em alta amarelo, o clássico e eterno parceiro dos diamantes, o branco ou o revival do rosa/vermelho?
Enquanto a maioria dos joalheiros se concentra nestas cores, outros, muito ousados, brincam com as mais diversas tonalidades de ouro. Sabemos que as “receitas” das ligas de ouro colorido existem há muito tempo, mas a sua produção, principalmente em escala industrial, não é tão simples, o que deixava as peças coloridas restritas às jóias de autor e pequenos ateliers.
A empresa Aspial - com o apoio do World Gold Council e em parceria com um metalúrgico da universidade politécnica de Cingapura, desenvolveu uma liga comercial de ouro púrpura. As joalherias Aspial, LeeHwa e Goldheart desenvolveram coleções usando a novidade. A cor é maravilhosa! Chamam a atenção tanto pela beleza como pela intensidade. Os diamantes ganham um destaque inusitado pela coloração. Esta nova cor abre novas possibilidades para a joalheria, mas sua liga está patenteada e é de distribuição exclusiva da Aspial Corporation.
 
Ousadíssima, a Jarretiere tem revolucionado a produção de jóias coloridas. A marca italiana conquistou, pela quarta vez consecutiva, o prêmio Town and Country na categoria Best in Gold. As criações abusam das possibilidades de cores de ouro: verde, azul, preto, além de tons de rosa, amarelo e branco.
*Christina Termine, representante exclusiva da Jarretiere nos EUA, declarou à RevistaNational Jeweler que o ouro colorido atrai as clientes “fashion conscientes” tanto na faixa dos 30 como dos 40 anos.
Vejo a busca por um diferencial marcante o motor da criação de jóias de ouro colorido. Talvez este movimento seja uma das maiores inovações da joalheria nos últimos tempos. De uma forma indireta, uma maneira de joalheiros e designers  entrarem em sintonia com as inovações de produto, na medida que são todas propiciadas pelos avanços da tecnologia e podem criar desejos nunca antes imaginados. A liberdade de cores nas jóias, reflete liberdade de expressão e como tal, é  luxo extremo!

OXIGÊNIO: O GRANDE VILÃO

OXIGÊNIO:
O GRANDE VILÃO

Prata não oxida, reage com o enxofre, o que enegrece consideravelmente a peça. Então... e o oxigênio?
Ele continua sendo o grande vilão das ligas de prata!
A prata absorve muito oxigênio quando líquida, e essa é a principal causa de bolhas no material. Ao esfriar, nem todo o gás absorvido é devolvido ao ambiente e a parte dele permanece no interior da liga. Quando há recozimento, essas bolhas chegam à superfície causando uma série de transtornos.
O cobre oxida, e a prata é ligada com cobre. O oxigênio absorvido pela prata liquefeita une-se ao cobre formando o óxido de cobre, estável em seu estado sólido. Não solúvel na liga, o óxido (Cu2O) se transforma em pequenas inclusões em forma de cristais pontiagudos. As inclusões se espalham comprometendo a plasticidade da liga e causando problemas de acabamento.  Os cristalitos de óxido de cobre são arrancados durante o polimento; isto fica evidente com o aparecimento de  vários riscos. Esse problema é muito desagradável, pois se evidencia em peças quase prontas e não há o que se possa fazer - quanto mais o material é polido, pior fica!
Durante o recozimento, o cobre também sofre oxidação, nesse caso na superfície da liga, e eis que surge a indesejada mancha azul (fantasma).
Como minimizar o problema quando não se tem acesso a uma fundição à vácuo?

Com carbono (C), fácil assim! Ele se apresenta em forma de carvão, grafite e diamante, mas ficaremos com as duas primeiras. Quando for fundir uma liga de prata com cobre*, dê preferência a cadinhos de grafite ou utilize um lápis (ou lápis integral) para dar umas mexidas na prata. Descasque o lápis de modo a deixar um pedaço de ponta de grafite grande o suficiente para não queimar a madeira. O grafite absorverá parte do oxigênio da liga.
Quando recozer ou soldar, faça-o sobre um pedaço de carvão. Além de absorver oxigênio, o carvão irradia calor, reduzindo o tempo de exposição às altas temperaturas e de trabalho.

As primeiras ligas de ouro branco foram desenvolvidas na Alemanha

As primeiras ligas de ouro branco foram desenvolvidas na Alemanha, como uma alternativa à Platina, por volta de 1912/1913. Após uma série de tentativas e erros, passou-se a utilizar ligas com níquel.
O níquel (Ni) possui três grandes vantagens: confere à liga maior dureza, maior  elasticidade e reduz o preço. Mas muitas são suas desvantagens: a liga é quebradiça, tem pouca expansibilidade, mas o principal inconveniente é o fato de causar alergia em muitas pessoas.
Atualmente, as ligas com paládio (Pd) invadiram o mercado. Essas ligas são menos propensas a rachaduras e não oxidam, dada a nobreza do próprio paládio. Muito fácil de se trabalhar, possui apenas os inconvenientes da pouca dureza e elasticidade, e o custo agravado pela alta densidade. O paládio ainda confere grande expansibilidade, tornando a liga muito boa para se trabalhar com cinzel e melhora aparência. Sua cor é mais bonita e sua superfície mais homogênea, sendo ainda altamente durável dispensa assim o banho de ródio.
O ouro branco (com Ni ou Pd) não pode ser aquecido quando em contato com carvão ou gesso; ele reage com o enxofre presente nesses materiais.
Um detalhe importante deve ser observado: uma peça com liga de níquel após ser recozida não deve jamais sofrer choque térmico. Já em ligas de paládio, o choque térmico é necessário.

A exploração, produção, distribuição e marketing do diamante


A exploração, produção, distribuição e marketing do diamante já eram bastante sofisticados, em sua maior parte, desde o final do século XIX. 
O ponto crucial para sua modernização deu-se em 1888, quando foi fundada a De Beers Consolidated Mines Ltd. A partir daquele ano e durante mais de um século, este conglomerado deteve praticamente o monopólio da comercialização de diamantes, adquirindo cerca de 80% da produção mundial de bruto através de uma espécie de cooperativa, denominada Central Selling Organization (CSO), aberta em 1916.
Na prática, a De Beers funcionava custodiando estoques reguladores, mantendo assim o equilíbrio entre oferta e demanda, de modo que os preços permanecessem relativamente estáveis.
Depois de serem adquiridos pela CSO, renomeada Diamond Trading Company (DTC) em 2000, os diamantes brutos de diferentes procedências são misturados, classificados por tamanho e qualidade, avaliados e, finalmente, vendidos a um seleto grupo de empresas ou negociantes, denominados sightholders, que são convidados a adquirir os lotes pré-selecionados contra pagamento imediato.
Há 10 oportunidades de compra por ano, denominadas vistas (sights), cada qual com duração de uma semana, em Londres, Lucerna (Suíça) e Kimberley (África do Sul). De acordo com o atual contrato, firmado para o período de 2008 a 2011, o número de negociantes escolhidos foi reduzido a apenas 79 em todo o mundo.
De posse dos sightholders, a maioria da produção destina-se, seja qual for a rota, a um dos 5 maiores centros de lapidação: Mumbai (Índia), Antuérpia (Bélgica), Tel Aviv (Israel), Johanesburgo (África do Sul) ou Nova York (EUA). 
Os diamantes lapidados fazem uma última parada, antes de sua longa jornada para as joalherias, nas bolsas de diamante, nas quais há também severas regras de filiação e conduta.
foto: reprodução
Diamante bruto “Letseng Legacy”, de 493 ct,
extraído da mina Letseng-Ia-Terai, no Lesoto, África
A grosso modo e não sem alguns percalços, tudo funcionou mais ou menos assim durante mais de cem anos, até que uma conjunção de fatores políticos, econômicos e sociais alterasse por completo o panorama mundial do diamante a partir do início dos anos 90.
O principal fator que contribuiu para estas mudanças foi o influxo, a partir de 1991, de diamantes provenientes de um número bem mais diversificado de fontes que as até então habituais.
O colapso da União Soviética em 1991 e o decorrente anseio por se desfazer de parte do seu estoque de bruto através da cooperativa Alrosa, de controle majoritário da República Semi-Autônoma de Yakutia (Sakha), localizada no extremo norte da Federação Russa; a decisão de não escoar exclusivamente através da De Beers a enorme produção da mina australiana de Argyle a partir de 1996; e a impossibilidade da De Beers deter o controle majoritário da significativa produção canadense, que teve início em 1999, levaram a uma total restruturação no mercado mundial.
Diante deste novo cenário, em julho de 2000 a De Beers percebeu que teria de modificar sua estrutura para se adaptar ao novo sistema de distribuição ramificado emergente e anunciou formalmente ter cessado seus esforços para seguir controlando o suprimento mundial. Já no ano seguinte, detinha “apenas” cerca de 57 % da produção, contra os históricos aproximadamente 80%. 
Em vista disso, o mercado tem se tornado significantemente mais competitivo e diversificado, com a participação de um maior número de companhias mineradoras e governos, o que deverá gerar uma maior volatilização dos preços, no que parece ser uma fase de transição para uma possível 'comoditização' do diamante.