quarta-feira, 30 de março de 2016

Multinacional canadense vai investir mais de 450 milhões de dólares para extrair ouro em Itaituba

Multinacional canadense vai investir mais de 450 milhões de dólares para extrair ouro em Itaituba

O entorno do Rio Tapajós, oeste do Pará, é apontado como nova fronteira do ouro no país. Não à toa, a região recebeu 2 mil autorizações para a instalação de lavras de garimpo em 2010.
O número alto, contudo, não significa possibilidade de ganhos rápidos aos garimpeiros como ocorria em Serra Pelada nos anos 1980.
"No Tapajós, a mineração é mais complexa por causa da geologia. Isso exige ajuste tecnológico", diz o geólogo Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM), Mathias Heider.
Segundo ele, tecnologia não é o forte do garimpo e essa deficiência abre espaço para a indústria mineral.
A canadense EldoradoGold é a primeira a chegar em Tapajós. A mineradora vai explorar Tocantinzinho - mina localizada no município de Itaituba -, comprada por US$ 120 milhões da BrazauroResources no ano passado.
"O investimento na implantação da mina será de US$ 383,5 milhões", afirma Lincoln Silva, presidente da Unamgen Mineração e Metalurgia, subsidiária da EldoradoGold no Brasil.
O valor da negociação poderá chegar a US$ 468,7 milhões, adicionando o capital de giro inicial (US$ 20,55 milhões) e o investimento na compensação ambiental do projeto (US$ 64,6 milhões).
"Estamos com o licenciamento ambiental bastante adiantado. Esperamos iniciar a implantação no terceiro trimestre de 2016", diz Silva.
Tocantinzinho é uma mina aberta e isso facilita a meta da EldoradoGold de produzir anualmente 159 mil onças troy de 31,1 gramas.
A empresa vai processar 4,4 milhões de toneladas de minério por ano para extrair 1,25 gramas a cada mil quilos de rocha triturada.
A recuperação estimada no processo é de 90,1% do ouro contido por tonelada. Para esse processo de retirada do ouro, US$ 81 milhões serão destinados à infraestrutura, incluindo pavimentação de 100 quilômetros de estrada para escoar a produção.
O abastecimento de energia será feito por meio de rede própria de transmissão com 200 quilômetros, pela qual passarão 25 megawatts necessários para operar a mina nos 11 anos de duração do projeto.
A estimativa é produzir 1,78 milhão de onças entre 2016 e 2025, com custo operacional de US$ 559 a cada 31,1 gramas. A expectativa é vender a onça por US$ 1,25 mil. "Até US$ 1 mil, há viabilidade. Mas US$ 1,5 mil seria ótimo", diz Silva.
Para Alexandre Rangel, analista da Ernest & Young Terco, o ouro deve sofrer leve queda junto com outras commodities. "Mas acho difícil voltar a um patamar muito abaixo do atual."
A EldoradoGold operou a mina São Bento em Santa Bárbara (MG), de 1996 a 2008, quando repassou a reserva para a sulafricanaAngloGoldAshanti por US$ 70 milhões.
A venda se deveu à profundidade atingida em São Bento. A AngloGold é especialista em minas subterrâneas e pretende destinar à reserva parte de US$ 1,14 bilhão de aportes previstos entre 2016-2025.

Gemas Tratadas

Gemas Tratadas




O consumidor que compra uma joia com uma pedra preciosa sabe que a gema nela contida passou por um processo de lapidação e que a forma que ela exibe não é a forma que tinha na natureza. Sabe também que o brilho foi melhorado com o processo de lapidação e provavelmente está ciente de que se aproveitou uma porção da gema que não continha impurezas ou que as tinha em quantidade e tamanho aceitáveis. O que o consumidor não sabe, a menos que lhe seja informado pelo vendedor, é se a gema foi tratada ou não. 
Gema tratada é aquela em que uma propriedade física, geralmente a cor, foi modificada para lhe dar mais valor. Uma modificação na cor não significa necessariamente troca por outra, pois pode ser apenas uma melhoria na cor natural. Nos casos em que a gema tem uma propriedade apenas melhorada, pode-se dizer que ela é uma gema realçada, um caso particular de gema tratada.
São considerados aceitáveis os tratamentos que não alteram a composição química da gema. Eles são de vários tipos e têm diferentes objetivos.

Tingimento
O tingimento visa a mudar a cor da gema. É muito usado em todo o mundo para gemas como a ágata. Também a howlita costuma ser tingida. 
Ágata tingida
Ágata tingida

As belas cores que se veem na ágata podem ser naturais, mas muitas vezes são obtidas por adição de produtos químicos. As ágatas do Rio Grande do Sul, maior produtor mundial dessa gema, se têm cor rosa, roxa, verde ou azul, são tingidas. As cores vermelha e preta podem ser tanto naturais quanto provenientes de tingimento.
Estima-se que pelo menos 90% das ágatas vendidas no mundo são tingidas, mas daquelas procedentes do Rio Grande do Sul, consideradas as mais belas do mundo, cerca de 40% apenas passam pelo tingimento. 
A mudança de cor da ágata é possível porque ela é porosa e, além disso, resistente ao calor e aos ácidos. Se as cores naturais são visualmente agradáveis, não se usa tingimento; caso contrário, a ágata é colocada numa solução que pode conter ferrocianeto de potássio, ácido crômico com cloreto de amônio, açúcar ou percloreto de ferro com ácido nítrico e sucata de ferro, 
Howlita de cor natural (branca) e tingida
Howlita de cor natural (branca) e tingida
dependendo da cor desejada. O tingimento pode ser feito a frio (bem mais lento) ou com aquecimento. Em qualquer um dos casos, porém, demora geralmente vários dias.
A porosidade das faixas é variável, de modo que algumas absorvem mais o corante do que outras, aumentando assim o contraste entre as cores. Como a solução tingidora penetra pouco na gema, o tingimento costuma ser feito após a peça ser cortada e desbastada, mas antes de ser polida, pois o polimento obstrui os poros, dificultando a penetração do corante.
O preço final é o mesmo para as peças tingidas e para as não tingidas. Se os corantes usados forem inorgânicos, a cor será estável; com corantes orgânicos (usados, por exemplo, para obter cor rosa ou verde), ela poderá enfraquecer com o tempo. O Museu de Geologia da CPRM possui chapas de ágata nessas cores em que um lado é hoje bem mais claro que o outro porque ficou voltado para cima no expositor, sujeito, portanto, à ação da luz e, por consequência, ao enfraquecimento da cor.
O tingimento de uma gema pode ser seletivo. Lápis-lazúli, por exemplo, pode receber tingimento azul apenas nas porções brancas, formadas por calcita.

Tratamento Térmico
Citrino obtido por tratamento térmico de ametista
Citrino obtido por tratamento térmico de ametista
Muitas gemas podem mudar de cor quando aquecidas e são, por isso, submetidas a tratamento térmico para obtenção de cores diferentes ou para melhorar a cor original. São assim tratados rubi, safira, âmbar, água-marinha, ametista, citrino, tanzanita, zircão, topázio e turmalinas. 
Um exemplo de tratamento térmico muito conhecido é o aplicado à ametista. Essa variedade de quartzo tem cor roxa, mas, aquecida a cerca de 475 ºC, transforma-se em citrino, outra variedade do mesmo mineral, de cor amarela ou alaranjada. É um tratamento que dá cor estável e que é intensamente usado no Rio Grande do Sul para as ametistas de cor fraca ou irregular. Algumas vezes, também o quartzo incolor e o quartzo enfumaçado dão esse resultado. 
A prasiolita é um quartzo de cor verde obtido por tratamento térmico a 500 ºC de ametistas provenientes de Four Peaks (Arizona, EUA) ou de Montezuma (Minas Gerais). Outra gema que costuma ser submetida a tratamento térmico é o topázio amarelo, que fica vermelho (a 300-350 ºC), rosa ou azul. Essas cores podem ser encontradas também em gemas naturais, mas os topázios de cores rosa e vermelha encontrados no comércio são quase sempre produto de tratamento térmico. 
Águas-marinhas azuis de cor fraca podem ficar mais escuras e, portanto, mais valiosas por tratamento térmico. Mais de 90% das águas-marinhas dessa cor encontradas no mercado internacional são gemas amareladas ou verdes que foram tratadas termicamente. Não se conhecem meios de distinguir as águas-marinhas assim tratadas daquelas naturalmente azuis. Rubis opacos aquecidos a 1.200 ºC ficam transparentes ou pelo menos translúcidos. 

Impregnação 
Algumas gemas porosas ou com fissuras podem ter sua cor ou transparência melhoradas pela adição de óleos incolores, cera, resina natural ou produtos sintéticos.
É costume tratar a esmeralda com óleos de índice de refração semelhante ao seu. Normalmente, essa gema é cheia de fissuras e, além disso, é normal haver nelas impurezas. Por isso, a esmeralda costuma ser lavada com ácidos, que removem as impurezas das fraturas que se comunicam com o exterior, e a seguir é imersa em óleos naturais (como óleo de amêndoa quente) ou artificiais. Outra opção é o emprego de resinas, que também melhoram a aparência, tanto das esmeraldas brutas quanto das lapidadas. É muito usado o Opticon, resina tipo epóxi, após a qual se aplica uma substância que promove sua polimerização.
Para introduzir o óleo, pode-se antes submeter a gema ao vácuo, visando a remover ar e impurezas. Feito isso, ela é submetida a pressão, com temperatura moderada (até 100 ºC). Com o tempo, o óleo pode sair, sendo necessário fazer nova aplicação. 

Irradiação
Quartzo incolor após irradiação
Quartzo incolor após irradiação
É a exposição de uma gema aos efeitos de uma radiação para alterar a cor. Há várias fontes de radiação usadas para esse fim. O uso de raios X exige equipamento que é de fácil obtenção, mas proporciona baixa uniformidade de cor, pouca penetração na gema e, por isso, não é um processo comercialmente viável. Safiras incolores ou amarelo-claras sob ação de raios X ficam amarelas, semelhantes a topázios.
A radiação mais usada são os raios gama. Eles têm boa penetração na gema, dão cor com boa uniformidade e não deixam resíduo radioativo. A estabilidade da cor final depende da gema tratada. A irradiação por nêutrons penetra mais que as anteriores, dá colorido mais intenso, mas deixa a gema radioativa. Desse modo, é preciso esperar que essa radioatividade se dissipe para poder comercializar o produto. Diamantes assim tratados ficam verdes e se a irradiação for seguida de tratamento adquirem cor amarelo-canário. Tanto essa cor quanto o verde não podem ser distinguidos das mesmas cores de origem natural.
Por fim, há os aceleradores de partículas, mas eles penetram menos que a radiação gama e são pouco usados. O quartzo incolor submetido a radiação gama pode adquirir várias cores, inclusive duas cores na mesma gema. Atualmente há uma grande produção de pedras preciosas tratadas dessa maneira, cujas cores recebem nomes comerciais como whisky, cognac, champagne e green gold. O mesmo tipo de quartzo, procedente de Minas Gerais, do Rio Grande do Sul e do Uruguai, pode ser transformado em prasiolita, a variedade obtida por tratamento térmico de ametistas, mas só das procedentes de Montezuma (MG) e Four Peaks (EUA). 
Ametista que perdeu a cor por exposição prolongada ao sol pode tê-la de volta por ação de raios X. Topázio incolor por efeito da radiação gama pode ficar amarelo e se após isso sofrer tratamento térmico passará à cor azul. O volume de topázios azuis assim obtidos é de várias toneladas por ano. O processo é usado para rubis, safiras e topázios. 

Difusão
Esse processo consiste em introduzir impurezas na gema por difusão de óxidos a altas temperaturas (de 1.600 ºC a 1.900 ºC). A gema é colocada em um cadinho, misturada a óxidos metálicos em pó e aquecida a alta temperatura e em atmosfera adequada por um tempo variável. O resultado é uma fina camada muito colorida de cor estável. O processo é usado para rubis, safiras e topázios. 

Preenchimento de Fraturas
O preenchimento de fraturas e fissuras é feito com resinas e colas do tipo epóxi. Elas tornam esses defeitos menos visíveis ou mesmo invisíveis. O processo valoriza a gema, mas o tratamento não é estável. O diamante é uma das gemas que recebe preenchimento de fraturas. Esmeraldas também recebem esse tratamento, com substâncias que têm índice de refração semelhante ao dela. 
Remoção de Inclusões
Raios laser e produtos químicos podem ser usados para remover impurezas de gemas, principalmente do diamante. 

Clareamento
É o uso de produtos químicos ou outros processos para clarear a gema ou para remover cores indesejáveis. Na grande maioria dos casos, quanto mais escura a gema, mais valiosa ela é, mas há exceções. A turmalina verde vale mais quando é clara, por se assemelhar mais à esmeralda. Assim, usa-se tratamento térmico para deixa-la menos escura. Safiras também podem ficar mais claras quando aquecidas.

High Pressure High Temperature - HPHT
Centros de cor indesejáveis em diamantes podem ser removidos por tratamento que envolve alta pressão e alta temperatura.

Como Avaliar uma Pedra Preciosa Lapidada

Como Avaliar uma Pedra Preciosa Lapidada




O consumidor que pretende comprar uma pedra preciosa e não tem conhecimento especializado avalia a qualidade da gema com base em critérios puramente pessoais, sendo seu gosto o que atribui valor ao produto.
Além disso, se for um consumidor sem conhecimentos de gemologia, ele avaliará a gema com base principalmente em cor, brilho e tamanho. O que não está errado, mas deixará de considerar aspectos igualmente importantes, como a qualidade da lapidação. 
Como se trata de um comprador individual, essa avaliação poderá implicar perda ou prejuízo apenas para si próprio. Mas, quando se trata de comprar para uma empresa ou quando se faz necessária uma avaliação profissional, como no caso de uma ação judicial, a avaliação não pode ser assim subjetiva. Ela deve basear-se em critérios objetivos e quantificáveis. Mas como se faz isso?
São quatro os fatores a considerar na avaliação de uma pedra preciosa lapidada: cor, pureza, qualidade da lapidação e do acabamento e peso. Como se verá, esses fatores não têm o mesmo grau de importância.

Peso
O peso das gemas lapidadas é expresso sempre em quilates (símbolo ct). Um quilate corresponde a 200 miligramas, ou seja, um grama equivale a cinco quilates (1 g = 5 ct).

Cor
Normalmente a cor é o fator mais importante, representando 50% do valor da gema. Para determiná-la levam-se em conta três aspectos: o matiz, que é a cor propriamente dita ou uma combinação de cores (ex.: amarelo, amarelo-esverdeado, verde-azulado etc.); o tom(ou tonalidade), que é descrito em termos de claro ou escuro; e asaturação, que é a pureza ou intensidade do matiz e que varia de vívida a sem vida.

Pureza
Descreve a quantidade e o tamanho das inclusões existentes na gema, entendendo-se por inclusão corpos estranhos ou qualquer outra imperfeição que afete a transparência e a beleza da pedra. A pureza responde por 30% do valor da gema lapidada. Essa característica é avaliada usando-se lupa de 10 aumentos; o que não é visto com essa ampliação considera-se inexistente.
Nesse aspecto é preciso lembrar que há gemas que praticamente sempre têm inclusões, como a esmeralda e a rubelita. Outras – como topázio, água-marinha, ametista e turmalina verde – podem ser facilmente encontradas sem essas imperfeições. Rubi, safira, granada e alexandrita situam-se numa posição intermediária nesse aspecto. Portanto, a presença de inclusões numa ametista ou numa água-marinha é muito mais grave do que numa esmeralda. 
As gemas são classificadas em cinco categorias com relação à pureza: SI (sem inclusões), IL (inclusões leves), IM (inclusões moderadas), IA (inclusões acentuadas) e IE (inclusões excessivas). Não se deve esperar ver no mercado ametistas ou águas-marinhas com qualidade IE, tampouco esmeraldas com pureza SI.

Lapidação e Acabamento
A qualidade da lapidação e do acabamento é o fator de menor peso na avaliação da gema, representando 20% da nota final. Nesse item, devem-se observar vários aspectos:
a) Proporções: altura da gema (não pode ser muito alta nem baixa demais em relação à largura), tamanho da mesa (a faceta maior e mais importante), boa proporção entre comprimento e largura etc.
b) Acabamento: características da superfície da gema, como marcas deixadas pelo polimento.
c) Simetria: forma, posição e arranjo das facetas. 
Cada um dos três fatores – cor, pureza e lapidação/acabamento – recebe uma nota que vai de 1 a 10. Exemplos:
- Uma gema de matriz puro e uniforme com brilho intenso recebe nota entre 8 e 10 com relação à cor. Mas se ela tiver muita saturação (quase preta) ou, ao contrário, pouquíssima saturação (quase incolor), terá nota entre 1 e 4.
- Uma gema daquelas que são facilmente encontradas sem inclusões visíveis a olho nu terá uma nota entre 8 e 10 para pureza, se examinada com lupa de 10 aumentos e mostrar inclusões pouco visíveis ou ausentes. Mas se tiver inclusões visíveis a olho nu cai para uma nota entre 1 e 4.
- A pedra preciosa com lapidação bem feita, mostrando boas proporções, simetria perfeita, bom polimento e facetas bem colocadas terá nota de 8 a 10 com relação à lapidação. Mas se mostrar grandes variações de simetria e for mal proporcionada e mal polida sua nota cai para 1 a 4.
Notas entre 8 e 10 para um determinado parâmetro classificam a gema como excelente ou extra; notas entre 6 e 8 caracterizam a gema como boa ou de primeira. Se a nota cair no intervalo de 4 a 6 ela será média ou de segunda; e se tiver nota apenas entre 1 e 4 será fraca ou de terceira.

Cálculo da Nota Final
Obtidas as notas para cor, pureza e lapidação/acabamento, pode-se calcular a nota final da gema. Ela será a média ponderada das três notas, levando-se em conta a importância de cada um dos três parâmetros.
Vamos supor que uma gema alcançou nota 6 na cor, 9 na pureza e 7 na lapidação. A média será:
6 x 50% = 3,0 (cor)
9 x 30% = 2,7  (pureza)
7 x 20% = 1,4  (lapidação)
Total      = 7,1

A qualidade da gema como um todo terá então nota 7,1, sendo a gema da categoria boa ou de primeira. Com isso, podemos determinar seu preço usando as tabelas de preços publicadas regularmente pelo Convênio DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral)/IBGM (Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos).
Nessas tabelas, procura-se na coluna à esquerda a faixa de peso da gema, e dali para a direita busca-se a coluna correspondente à sua categoria (no caso, boa). No encontro da linha referente ao peso com a coluna referente à qualidade está o preço, dado em dólares por quilate. 
A tabela abaixo mostra os preços do citrino, uma das gemas mais baratas. Supondo-se que a gema do nosso exemplo (qualidade boa) tenha 9 quilates, pela tabela pode-se ver que seu preço está entre 1,5 e 5 dólares por quilate, ou seja, ela vale entre 13,50 e 45 dólares.

Se em vez de citrino fosse uma turmalina paraíba azul néon, uma das gemas mais caras que existem, a tabela mostraria um preço incomparavelmente maior: 9.500 a 20.000 dólares por quilate. Como a gema do nosso exemplo tem 9 ct, ela valeria no mínimo 85.500 dólares (provavelmente bem mais, já que está quase no topo da faixa de peso).

Técnicos da CPRM de Porto velho visitam dragas que extraem ouro no rio Madeira

Técnicos da CPRM de Porto velho visitam dragas que extraem ouro no rio Madeira

A Gerência de Geologia e Recursos Minerais da Residência de Porto Velho promoveu, em parceria com a Federação Nacional dos Garimpeiros, uma visita técnica às dragas que extraem ouro no rio Madeira. 

 Equipe de geólogos faz visita técnica acompanhada do representante da Federação Nacional dos Garimpeiros, José Alves
Equipe de geólogos faz visita técnica acompanhada do representante da Federação Nacional dos Garimpeiros, José Alves
O objetivo da visita foi conhecer o método de extração de ouro e acompanhar todo o processo de concentração e separação do minério. Os alvos estão localizados a aproximadamente 230 km de Porto Velho. “Os pontos de extração estão entre os mais promissores do rio Madeira e totalmente legalizados”, afirma o representante da Federação Nacional dos Garimpeiros, José Alves.

De acordo com o assistente de produção da Diretoria de Geologia e Recursos Minerais (DGM), Cassiano Costa e Castro, muitos técnicos conheciam apenas por livros a metodologia de extração e concentração do ouro usando dragas – processo histórico no rio Madeira. “Essa foi uma grande oportunidade para ampliação do nosso conhecimento acerca dos métodos de extração de ouro em nosso Estado”, afirma.

 Aglomeração de dragas na margem do rio Madeira, no
município de Nova Mamoré, Roraima
Aglomeração de dragas na margem do rio Madeira, no município de Nova Mamoré, Roraima
A equipe coletou amostras de minerais pesados para fazer a caracterização e analisar partículas de ouro em microscópio eletrônico de varredura (MEV-EDS) para estudos de proveniência. Além disso, será confeccionado um relatório de campo para memória e acervo técnico contendo as localizações e descrições de cada draga visitada, características dos cascalhos, morfologia de partículas de ouro, produção, teor, dentre outras informações pertinentes.

A iniciativa faz parte do processo de incentivo ao treinamento e reciclagem dos profissionais lotados na Residência de Porto Velho. Para o chefe da unidade regional, Edgar Iza, a visita técnica propicia uma excelente oportunidade para o desenvolvimento do grupo e melhor compreensão das técnicas aprendidas na Academia.

Brasil, quinto maior país do mundo em extensão territorial, possui menos de 34 toneladas de ouro

 A Golden Solution for Europe´s Sovereign-Debt Crisis, o Wall Street Journal voltou a chamar a atenção para uma verdade tão simples quanto milenar: a importância estratégica do ouro para o poder nacional, e como reserva real de valor em épocas de crise.A ideia, agora, segundo o diário econômico norte-americano, seria utilizar as reservas em ouro de alguns dos países europeus mais endividados, como garantia parcial da dívida soberana desses países, para baixar o custo dos juros que são pagos aos investidores.
Essa estratégia faria pouca diferença no caso da França e da Alemanha, que continuam pagando juros baixos, apesar da crise. E de quase nada serviria no caso de países que têm baixas reservas em ouro com relação a suas pesadas dívidas, como a Espanha, com  282 toneladas; e a Grécia, com 112. Mas traria grande alívio para países como a Itália,  com 2.450 toneladas — o segundo maior possuidor de ouro da Europa  ou mesmo para Portugal, cujas 382 toneladas representam valor ponderável com relação ao tamanho da sua economia.
No caso da Itália, suas reservas em ouro poderiamgarantir 24% de suas necessidades de endividamento para enfrentar a crise nos próximos dois anos.  Portugal supriria, com seu ouro, 30% do que necessita, o que o ajudaria a baixar os juros que remuneram seus bônus soberanos a patamares mais próximos das taxas anteriores à crise.
Enquanto os bancos centrais do mundo inteiro promoveram nova corrida ao ouro, desde o início da crise, em 2008 o México, por exemplo, passou de sete toneladas para mais de cem toneladas em poucos meses  esse não foi o caso do Brasil. Do país saiu grande parte do ouro que está nas reservas de Portugal e do que foi parar na Inglaterra, financiando a Revolução Industrial Inglesa e, por meio dela, a indústria norte-americana.  Foi o ouro de Minas  conforme a lúcida observação do historiador alemão Sombart  que assegurou o poderio geopolítico anglo-saxão nos séculos 18 e 19 e, em consequência, no século passado.
O Brasil, no entanto,  não só não aumentou suas reservas de ouro nos últimos dez anos  que continuam sendo absurdas escassas 33,3 toneladas  como ignora o ouro como fator estratégico nacional. O ouro quintuplicou seu valor nos últimos 15 anos (de U$ 300 para U$ 1.600 a onça-troy). Mesmo com o esgotamento de nossas jazidas históricas de superfície, somos o décimo produtor do planeta  e há reservas, ainda não avaliadas, em veios profundos.
Hoje, o ouro que temos representa, em valor, menos de 5% das nossas reservas internacionais, aplicadas principalmente em títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Mais relevante do que saber se é importante, ou não, aumentá-las comprando ouro, é saber qual é a estratégia  se é que ela existe  do Brasil com relação ao metal que sempre teve e  continuará a ter importância maior na economia do mundo.
O ouro é tão importante, do ponto de vista da soberania e do desenvolvimento nacional, que a sua administração não pode ser deixada, como ocorre  hoje, apenas ao Banco Central, como condutor da política monetária, ou ao DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral).
Estamos tratando do ouro como se trata do minério de ferro ou da bauxita. Cinco grandes multinacionais controlam 90% da produção industrial de ouro no Brasil. Quatro, por “coincidência”  são do Canadá:  Kinross, Yamana, Jaguar Mining e Aura Gold, e a quinta é a AngloGold Ashanti, com sede na  África do Sul. A maior delas, a Kinross, atua em Paracatu, Minas Gerais. Nesse município mineiro, de onde saiu muito ouro no tempo do Brasil Colônia, a multinacional é dona de 10.942 hectares e fatura aproximadamente um bilhão de dólares por ano.
Mas a corrida em busca do ouro  pelos estrangeiros  está longe de terminar. Como não existe  política federal de defesa dessa riqueza, outras empresas estão chegando, de forma nem sempre isenta de problemas. A empresa Belo Sun Mining que, por estranho acaso, também é canadense, e possui 42 processos de licenciamento no DNPM, entre eles 27 em fase de autorização de pesquisa, obteve, em  processo acelerado, licenciamento da Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Pará, para implantar  enorme complexo de exploração de ouro a apenas 20 quilômetros da barragem principal  de Belo Monte, na região de Altamira, na Volta Grande  do Rio Xingu.
Trata-se, segundo a empresa, de  investimento de um bilhão de dólares, e da maior mina de ouro do país  com previsão de 12 anos de extração de 4.684 quilos por ano até que se esgotem as reservas. Não obstante isso  o que mostra a total falta de planejamento e coordenação na política  do ouro no Brasil, o governo federal só tomou conhecimento da dimensão do projeto quando a multinacional organizou audiência pública na cidade de Senador José Porfírio, no Pará, em 13 de setembro deste ano.
Como primeira medida, a Belo Sun fretou todas as embarcações que fazem o percurso desde a cidade de Vitória do Xingu, deixando sem transporte os membros do Ministério Público, obrigados a se deslocar em barco cedido pela Secretaria de Educação da cidade. A participação do defensor público designado pelas comunidades locais para representá-las, Fábio Rangel, foi cerceada pelo representante da multinacional canadense, que também filtrou, pessoalmente, as perguntas que eram encaminhadas pelo público, exclusivamente por escrito, na presença do secretário de Meio Ambiente do Pará, José Alberto da Silva Colares.
Diante da situação, a procuradora do Ministério Público Federal, Thais Santi Cardoso da Silva, tomou a decisão de embargar a reunião,  e o procurador do Ministério Público Estadual, Luciano Augusto, exigiu que se marcasse também  audiência para a cidade de Altamira, que será afetada pelo empreendimento, no qual se prevê a ocupação de 2.700 pessoas.
Os Estados Unidos possuem, em suas arcas, mais de 8.500 toneladas de ouro. A Alemanha, quase 3.500, a França e a Itália, cerca de 2.500, a China, a Rússia e o Japão, cerca de mil toneladas. E o Brasil, quinto maior país do mundo em extensão territorial, e a sexta maior economia, possui menos de 34 toneladas. Não é por acaso que os países mais importantes do mundo são também os maiores estocadores de ouro, e continuam comprando. Tampouco é por acaso que o ouro rendeu cinco vezes mais que a Bolsa de São Paulo nos últimos dez anos.  Ou os que acumulam ouro estão errados, ou somos nós os negligentes.