quarta-feira, 30 de março de 2016

Multinacional canadense vai investir mais de 450 milhões de dólares para extrair ouro em Itaituba

Multinacional canadense vai investir mais de 450 milhões de dólares para extrair ouro em Itaituba

O entorno do Rio Tapajós, oeste do Pará, é apontado como nova fronteira do ouro no país. Não à toa, a região recebeu 2 mil autorizações para a instalação de lavras de garimpo em 2010.
O número alto, contudo, não significa possibilidade de ganhos rápidos aos garimpeiros como ocorria em Serra Pelada nos anos 1980.
"No Tapajós, a mineração é mais complexa por causa da geologia. Isso exige ajuste tecnológico", diz o geólogo Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM), Mathias Heider.
Segundo ele, tecnologia não é o forte do garimpo e essa deficiência abre espaço para a indústria mineral.
A canadense EldoradoGold é a primeira a chegar em Tapajós. A mineradora vai explorar Tocantinzinho - mina localizada no município de Itaituba -, comprada por US$ 120 milhões da BrazauroResources no ano passado.
"O investimento na implantação da mina será de US$ 383,5 milhões", afirma Lincoln Silva, presidente da Unamgen Mineração e Metalurgia, subsidiária da EldoradoGold no Brasil.
O valor da negociação poderá chegar a US$ 468,7 milhões, adicionando o capital de giro inicial (US$ 20,55 milhões) e o investimento na compensação ambiental do projeto (US$ 64,6 milhões).
"Estamos com o licenciamento ambiental bastante adiantado. Esperamos iniciar a implantação no terceiro trimestre de 2016", diz Silva.
Tocantinzinho é uma mina aberta e isso facilita a meta da EldoradoGold de produzir anualmente 159 mil onças troy de 31,1 gramas.
A empresa vai processar 4,4 milhões de toneladas de minério por ano para extrair 1,25 gramas a cada mil quilos de rocha triturada.
A recuperação estimada no processo é de 90,1% do ouro contido por tonelada. Para esse processo de retirada do ouro, US$ 81 milhões serão destinados à infraestrutura, incluindo pavimentação de 100 quilômetros de estrada para escoar a produção.
O abastecimento de energia será feito por meio de rede própria de transmissão com 200 quilômetros, pela qual passarão 25 megawatts necessários para operar a mina nos 11 anos de duração do projeto.
A estimativa é produzir 1,78 milhão de onças entre 2016 e 2025, com custo operacional de US$ 559 a cada 31,1 gramas. A expectativa é vender a onça por US$ 1,25 mil. "Até US$ 1 mil, há viabilidade. Mas US$ 1,5 mil seria ótimo", diz Silva.
Para Alexandre Rangel, analista da Ernest & Young Terco, o ouro deve sofrer leve queda junto com outras commodities. "Mas acho difícil voltar a um patamar muito abaixo do atual."
A EldoradoGold operou a mina São Bento em Santa Bárbara (MG), de 1996 a 2008, quando repassou a reserva para a sulafricanaAngloGoldAshanti por US$ 70 milhões.
A venda se deveu à profundidade atingida em São Bento. A AngloGold é especialista em minas subterrâneas e pretende destinar à reserva parte de US$ 1,14 bilhão de aportes previstos entre 2016-2025.

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