sábado, 2 de julho de 2016

De onde vem, como surgiu e como é preparada uma Turmalina Paraíba?

De onde vem, como surgiu e como é preparada uma Turmalina Paraíba?


Como todos devem imaginar, o nome Turmalina Paraíba vem pelo fato de que foram encontradas pela primeira vez na Paraíba, por Heitor Barbosa em 1989. Porém, apesar do nome e da raridade, esse tipo de  turmalina cuprífera, que traz uma cor azul neon exclusiva também pode ser encontrada no estado do Rio Grande do Norte e na Nigéria e Moçambique. A atual extração ainda é precária e difícil, o que torna o seu valor comercial maior ainda. Toda essa raridade e exclusividade torna a Turmalina Paraíba uma das gemas mais cobiçadas do mundo.

Turmalina Paraíba bruta de 26,5 cts da Mina da Batalha - PB. Preço: US$ 155.000,00.

Geologicamente falando, as turmalinas da região foram descobertas inicialmente no município de São José da Batalha, na variação de Elbaíta (turmalina litinífera que vai de vermelho rosado a verde e incolor), ocorre na forma de pequenos "cristais" na maioria das vezes irregulares dentro de corpos pegmatíticos que na localidade estão encaixados em quartzitos da Formação Equador (Grupo Seridó). A mineralogia básica da rocha é de quartzo, feldspato (comumente alterado pela infiltração de água), lepidolita (mica lilás) e schorlita (também conhecida como afrisita ou turmalina negra) e óxidos de nióbio e tântalo (sequência columbita-tantalita). Os índices de cobre podem ser associados à Província Metalogênica Cuprífera do Rio Grande do Norte

Província Cuprífera do RN-PB.

Análises comprovaram que as Turmalinas Paraíba contem expressivos teores de cobre, ferro e manganês, sendo atribuídos a estes elementos, em sua variação, o tom de cor do mineral. São designadas cores como azul-claro, azul-turquesa, azul-neon, azul esverdeado, azul safira, azul violáceo, verde azulado e verde esmeralda, na tentativa de descrever a rara e variável cor. 

Turmalina Paraíba lapidada de 50 cts que permaneceu no Brasil para exposição. Avaliada aqui no Brasil em R$ 500.000,00.

Uma característica que chama a atenção é o de uma turmalina paraíba devidademente tratada e lapidada poder brilhar em ambientes de pouquíssima luz, o que faz muitos atribui-la como fluorescente (no caso seria fosforescente).

Em fevereiro de 1990, durante a tradicional feira de Tucson, nos EUA, teve início a escalada de preços desta variedade de turmalina, que passaram de umas poucas centenas de dólares por quilate a mais de US$2.000/ct, em questão de apenas 4 dias. A mística em torno da turmalina da Paraíba havia começado e cresceu extraordinariamente ao longo dos anos 90, convertendo-a na mais valiosa variedade deste grupo de minerais. A máxima produção da Mina da Batalha ocorreu entre os anos de 1989 e 1991 e, a partir de 1992, passou a ser esporádica e limitada, agravada pela disputa por sua propriedade legal e por seus direitos minerários. Hoje em dia a turmalina paraíba no mercado japonês pode custar cerca de US$ 30.000/ct, porém dependendo de sua exclusividade pode chegar a custar cerca de US$ 100.000/ct.

Broche em ouro branco desenhado pelos designers da Chanel com mais de 1000 diamantes e com uma Turmalina Paraíba de 37,5 cts no centro. Peça única, foi vendida assim que anunciada. Não encontrei o preço.

A elevada demanda por turmalinas da Paraíba, aliada à escassez de sua produção, estimulou a busca de material de aspecto similar em outros pegmatitos da região, resultando na descoberta das minas Mulungu e Alto dos Quintos, situadas próximas à cidade de Parelhas, no vizinho estado do Rio Grande do Norte.

Broche de papagaio, com gemas de diversas cores e olho feito em Turmalina Paraíba.

Para alcançar tons mais limpos e mais exclusivos as empresas adotam um tratamento na turmalina para melhor mais ainda a sua cor.Embora as surpreendentes cores das turmalinas da Paraíba ocorram naturalmente, estima-se que aproximadamente 80% das gemas só as adquiram após tratamento térmico, a temperaturas entre 350°C e 550°C. O procedimento consiste, inicialmente, em selecionar os espécimes a serem tratados cuidadosamente, para evitar que a exposição ao calor danifique-os, especialmente aqueles com inclusões líquidas e fraturas pré-existentes. Em seguida, as gemas são colocadas sob pó de alumínio ou areia, no interior de uma estufa, em atmosfera oxidante. A temperatura ideal é alcançada, geralmente, após 2 horas e meia de aquecimento gradativo e, então, mantida por um período de cerca de 4 horas, sendo as gemas depois resfriadas a uma taxa de aproximadamente 50 oC por hora. As cores resultantes são a cobiçada azul-neon, a partir da azul esverdeada ou da azul violeta, e a verde esmeralda, a partir da púrpura avermelhada. Além do tratamento térmico, parte das turmalinas da Paraíba é submetida ao preenchimento de fissuras com óleo para minimizar a visibilidade das que alcancem a superfície.

Lote de turmalinas diversas de baixo valor comercial comumente vendido na internet.

Até 2001, as turmalinas cupríferas da Paraíba e do Rio Grande do Norte eram facilmente distinguíveis das turmalinas oriundas de quaisquer outras procedências mediante detecção da presença de cobre com teores anômalos através de análise química por fluorescência de raios X de energia dispersiva (EDXRF), um ensaio analítico não disponível em laboratórios gemológicos standard. No entanto, as recentes descobertas de turmalinas cupríferas na Nigéria e em Moçambique acenderam um acalorado debate envolvendo o mercado e os principais laboratórios gemológicos do mundo em torno da definição do termo “Turmalina da Paraíba”.

Turmalina paraíba bruta de boa qualidade.

Em fevereiro de 2006, o Comitê de Harmonização de Procedimentos de Laboratórios, que consiste de representantes dos principais laboratórios gemológicos do mundo, decidiu reconsiderar a nomenclatura de turmalina da “Paraíba”, definindo esta valiosa variedade como uma elbaíta de cores azul-néon, azul-violeta, azul esverdeada, verde azulada ou verde-esmeralda, que contenha cobre e manganês e aspecto similar ao material original proveniente da Paraíba, independentemente de sua origem geográfica. Nos certificados, deve ser descrita como pertencente à espécie “elbaíta”, variedade “turmalina da Paraíba”, citando, sob a forma de um comentário, que este último termo deriva-se da localidade onde foi originalmente lavrada no Brasil. A determinação de origem torna-se, portanto, opcional.




Fontes:

http://www.joiabr.com.br/gem/1006.html
http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/viewFile/210/167
http://www.carioquez.com.br/blog/2011/02/15/turmalina-paraiba-a-pedra-mais-cara-do-mundo/

MAIS VALIOSA QUE O DIAMANTE: GARIMPEIROS DE SÃO JOSÉ DA BATALHA DENUNCIAM A PRESENÇA DE TRAFICANTES EM BUSCA DE TURMALINA PARAÍBA

MAIS VALIOSA QUE O DIAMANTE: GARIMPEIROS DE SÃO JOSÉ DA BATALHA DENUNCIAM A PRESENÇA DE TRAFICANTES EM BUSCA DE TURMALINA PARAÍBA

(Turmalina Paraíba: Exclusividade nossa, mas contrabandeada)
Garimpeiros de São José da Batalha, na zona rural de Salgadinho, no Sertão do Estado, denunciam que contrabandistas de turmalina Paraíba voltaram a agir na região. Eles alegam que os ‘traficantes’ do mineral, que é considerada a pedra preciosa mais valiosa do mundo, estariam extraindo em minas clandestinas, e vendendo para estrangeiros. 
(Pedra lapidada: o grama chega a 100 mil reais)
A região é um dos recantos mais cobiçados do mundo por mineradores, grandes exploradoras e contrabandistas, atraídos pela turmalina Paraíba, que chega a custar até “100 mil reais” por grama, sendo mais cara que diamante.
A pedra, que é utilizada em joias de grifes como Amsterdam Sauer, H.Stern, Dior e Tiffany, que comercializam peças únicas por até “um milhão e meio de reais”, nunca representou desenvolvimento para a região de Salgadinho, onde a população sobrevive em maior parte, de programas sociais, como o Bolsa Família.

(Salgadinho: Pouco usufrui da riqueza do seu solo?)

Em meio ao risco de acidentes dentro das minas que possuem até 100 metros de profundidade e 40 de extensão, os garimpeiros alegam que a única coisa que sobra para eles é o rejeito (espécie de material descartado nas minas). 

(Mina: "Se arriscar é preciso")
Eles se aventuram na retirada do produto em busca de encontrar pequenos fragmentos de turmalina.
“Arriscamos nossas vidas em busca de turmalina, mas não temos sequer o prazer de contemplar uma pedra que é do nosso lugar. Trabalhamos de empregado de outras pessoas que pagam um salário mínimo para que possamos nos arriscar em busca da pedra que depois desaparece, ninguém sabe pra onde. Quem pelo menos esconder uma pedrinha, é capaz de morrer”, disse um minerador que não quis se identificar com medo de sofrer represálias.
Os garimpeiros denunciam que para mandar as gemas para fora do país os contrabandistas utilizam várias formas de escondê-las, colocando as turmalinas na língua e até em partes do corpo.
A turmalina Paraíba, considerada uma das cinco pedras preciosas mais caras do mundo, possui este nome por ter sido encontrada no distrito de São José da Batalha em 1982.

(Tão bela, tão rara e cobiçada)
De 1989 até hoje, estima-se que a exploração da pedra já tenha rendido aos contrabandistas aproximadamente 100 milhões de dólares. Os maiores compradores de turmalina Paraíba, são os japoneses, americanos e alemães.
A área possui apenas três garimpos legais.
Para que possam explorar a turmalina Paraíba, os garimpeiros precisam solicitar junto à autarquia federal, uma autorização e se responsabilizar pelo pagamento da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CEFM).

(Turmalina: usar é privilégio de poucos)
Após recolher o CEFM, a União divide o valor arrecadado junto aos garimpeiros. São 65% destinados ao município, 23% ao Estado e 12% para União. No entanto, nem a Prefeitura e nem órgãos como o DNPM estariam recebendo os tributos. Apesar das denúncias de que a exploração está acontecendo, as empresas insistem em alegar que o mineral se esgotou.

Policia Federal
O delegado da Polícia Federal, Leonardo Paiva, da delegacia de combate a crimes contra o meio ambiente, diz haver procedimentos instaurados que investigam denúncias na região de São José da Batalha, mas que nunca foi possível comprovar o ‘tráfico’ de pedras preciosas.

“Não chegam até nós denúncias que ofereçam dados concretos, com os quais possamos trabalhar e comprovar o contrabando. Já foram feitos trabalhos investigativos, mas é muito difícil obter informações sobre isso. Temos procedimentos instaurados que apuram denúncias ambientais. É preciso que as pessoas que querem denunciar procurem a polícia e façam uma denúncia formal”.

Raridade


(Turmalina azul neon: "a gema das gemas")
Exclusividade da Paraíba, a turmalina de cor azul neon, a mais cara no mercado de gemas, só foi encontrada em jazidas de São José da Batalha. A raridade é explicada pela gemologia por conta da coloração incandescente de uma combinação de traços de cobre e manganês dentro da pedra.          
Nós últimos meses, os mineradores do Seridó passaram a encontrar novos indícios da existência de turmalina bicolor, com mais destaque para jazidas das cidades de Nova Palmeira, Picuí e Salgadinho.

(Por Daniel Motta – www.pbnoticias.com.br)

AS ESMERALDAS DE LAJES, CAIÇARA DO RIO DOS VENTOS E SÃO TOMÉ/RN

AS ESMERALDAS DE LAJES, CAIÇARA DO RIO DOS VENTOS E SÃO TOMÉ/RN

Mário Tavares de Oliveira Cavalcanti Neto, Rogério Vital Nunes Barbosa


As primeiras ocorrências de esmeraldas de qualidade gemológica, descobertas no Estado do Rio Grande do Norte, ainda estão em estudo embrionário. Algumas conclusões preliminares, entretanto, podem ser tiradas que tipificam a presente descoberta como uma das mais importantes ocorrências de esmeralda do mundo pelas suas características de forte cor e cristalinidade. O padrão de ocorrência é similar ao modelo clássico de Depósitos Minerais esmeraldíferos em que, num mesmo ambiente geológico, são reunidas as condições de uma rocha fonte de Cr, rocha fonte de Be, fluidos hidrotermais interagindo entre essas litologias e propiciando a cristalização de esmeraldas. Invocamos o Depósito de Sandawana, no Zimbabwe como Jazida – Padrão para as ocorrências de Lajes, Caiçara do Rio dos Ventos e São Tomé, RN.

Minas de ouro desativadas viram atração turística em Onça de Pitangui

Minas de ouro desativadas viram atração turística em Onça de Pitangui

Grupo de amigos organiza expedição a galerias construídas no século 20. 
Durante percurso, visitantes têm contato com parte da história regional.

Ricardo WelbertDo G1 Centro-Oeste de Minas
  •  
Mina de ouro desativada em Onça de Pitangui (Foto: Nicodemos Rosa/Arquivo pessoal)Turistas percorrem corredor em mina desativada em Onça de Pitangui (Foto: Nicodemos Rosa/Arquivo pessoal)
Galerias subterrâneas construídas há mais de 200 anos por bandeirantes em busca de ouro viraram atração turística em Onça do Pitangui, no Centro-Oeste de Minas. Um grupo de amigos usa a internet para organizar passeios por túneis que ficam em diferentes pontos da cidade. Entre os integrantes, um geólogo explica sobre as formações rochosas encontradas nos caminhos que marcaram o início do desenvolvimento de povoações na região.
A ideia de criar a expedição partiu do pesquisador Vandeir Santos, que conhece muito do que há debaixo da terra na região. "Onça do Pitangui foi formada por bandeirantes e garimpeiros que buscavam ouro nessa região no início do século 18, praticamente ao mesmo tempo que ocorria o mesmo em Pitangui", contou.

Ele está acostumado a explorar galerias como essas. Começou em 2009, visitando algumas que resistem à ação do tempo em Pitangui. Já no município de Onça de Pitangui, fez a primeira exploração em 2010. A expedição mais recente às galerias ocorreu no dia 24 de abril. Começou pela manhã, na Mina da Caixa D'Água, que recebe esse nome porque fica perto de um reservatório.
O grupo seguiu até uma propriedade particular onde fica a entrada do local onde mineradores alemães extraíam ouro nas primeiras décadas do século 20. Hoje o terreno pertence ao arquiteto Rodrigo Vilaça, que abriu as porteiras para os visitantes e acompanhou os procedimentos.
Antes de entrar pelo pequeno buraco que dá acesso ao primeiro corredor subterrâneo, o grupo fez uma pausa para revisar os equipamentos de segurança. Vandeir Santos reforçou algumas dicas que já havia dado ao grupo, como usar calçados fechados, chapéu, blusa e calça compridas e, se possível, carrapaticida.
"Essas galerias sempre têm morcegos e aranhas. O Cláudio Faria, que também as frequenta há mais tempo, já viu uma cascavel em uma das minas de Onça. Aviso ao pessoal que todos devem ficar alertas aos predadores, evitar correr e não esbarrar nas paredes. Já os carrapatos costumam estar nas matas de acesso às fendas".
Paulo Bastos, um dos aventureiros, posa para foto em salão de mina (Foto: Vandeir Santos/Arquivo pessoal)Paulo Bastos, um dos aventureiros, posa para foto em salão de mina (Foto: Vandeir Santos/Arquivo pessoal)
No primeiro local visitado existem duas minas com características bastante parecidas. "As paredes têm traços bem específicos. São corredores amplos e bem confortáveis".
O risco de desabamento, diz o pesquisador, é muito pequeno. "Dentro não tem perigo. O terreno é bem estável. Existem canais escavados há séculos e que estão do mesmo jeito até hoje. Só se ocorresse um terremoto, o que é bem difícil no Brasil, é que correríamos algum perigo".
Isaías Leite escalou por fenda e alcançou galerias em níveis superiores (Foto: Vandeir Santos/Arquivo pessoal)Isaías Leite escalou por fenda e alcançou galerias
superiores (Foto: Vandeir Santos/Arquivo pessoal)
Em um dos pavimentos, o supervisor de limpeza Isaías Dias Leite Machado, um dos visitantes, decidiu escalar uma galeria vertical e entrar em outra, horizontal, que ainda não havia sido explorada por ninguém do grupo. "Foi uma experiência bem diferente de tudo o que eu já tinha feito. Dá certo medo, mas isso é que é bom. Pretendo participar mais vezes".
Quando já não havia mais o que percorrer nesse conjunto de corredores, o grupo seguiu de carro até outro ponto, localizado a um 1,3 quilômetro ao norte do Centro de Onça de Pitangui. No local, ficam as terras de José de Abreu, um morador de Pitangui que também autorizou a entrada do grupo, que seguiu o curso do Rêgo de Água Limpa, recentemente atingido por rejeitos de mineração.
Ao final, muitos visitantes que ainda não conheciam as galerias ficaram encantados. É o caso da auditora trabalhista Patrícia Ribeiro. "É entretenimento para quem gosta e uma oportunidade para quem ainda não conhece. Cresci brincando nos quintais em Onça de Pitangui, mas não sabia sobre essas minas", disse ela.
Visitantes de antigas galerias de extração de ouro em Onça de Pitangui (Foto: Vandeir Santos/Arquivo pessoal)Ângela Luciano, Cláudia Pereira e Patrícia Ribeiro visitam galerias (Foto: Vandeir Santos/Arquivo pessoal)
Existem outras
Segundo Vandeir Santos, existem outras galerias subterrâneas em Onça de Pitangui. Uma delas foi descoberta recentemente, durante uma obra. Essa teve a entrada obstruída por terra.
O fotógrafo Nicodemos Rosa é um explorador de galerias de primeira viagem. Ele conta que deixou o medo de lado e isso valeu a pena. "Ir às entranhas da terra não era algo que me atraía. Mas, quando já estava dentro dos túneis, me fiz um monte de perguntas. Como eram as disposições físicas e mentais das pessoas que trabalharam ali? Isso foi o que me atormentou durante todo o tempo", confidenciou.
Visitantes de antigas galerias de extração de ouro em Onça de Pitangui (Foto: Vandeir Santos/Arquivo pessoal)O fotógrafo Nicodemos Rosa (C) visitou galerias pela
primeira vez (Foto: Vandeir Santos/Arquivo pessoal)
Dentro das galerias subterrâneas, o tempo parece passar devagar. As paredes possuem marcas feitas por picaretas há pelo menos dois séculos. Mas, os cortes à mostra espantam os olhares dos visitantes, pois parecem ter sido feitos em tempo bem mais recentes.
No meio da equipe de visitantes havia um geólogo, profissional que estuda a formação das camadas do solo. William Campos trabalhou por muito tempo em uma mineradora na região. "Fui ao passeio porque tenho interesse em ver de perto as condições desses locais onde ocorria extração de ouro. Também quis comparecer para fornecer informações técnicas aos participantes durante o percurso", detalhou.
Para o especialista, o potencial de produção de ouro da região é grande. "A parte por onde andamos não tem ouro. Mas, abaixo dela existem rochas onde com certeza há. Já existem, inclusive, algumas empresas de olho nisso, pois alguns locais das galerias possuem marcações recentes, feitas com sprays, que indicam locais onde alguém esteve para analisar o solo. Essas estruturas também têm enorme potencial turístico, como o que é trabalhado em cidades como Ouro Preto e Diamantina", explicou.
O potencial turístico das galerias é a bandeira defendida por Vandeir Santos, que guiou o grupo nessa expedição e já planeja a próxima. "O importante é estarmos sempre alertas e procurando buscar a preservação dos valores históricos", finalizou.
Visitantes de antigas galerias de extração de ouro em Onça de Pitangui (Foto: Vandeir Santos/Arquivo pessoal)Particpiantes de roteiro a minas de ouro em frente à entrada de uma delas (Foto: Vandeir Santos/Arquivo pessoal)

Pedras brasileiras para o exterior

Pedras brasileiras para o exterior

A Lasbonfim, da Bahia, exporta joias e pedras de decoração para 23 países. Vendas externas representam mais da metade do faturamento da empresa.


São Paulo – Pedras brasileiras, coloridas e que podem valer até mais que diamantes. Este é o negócio da Lasbonfim, empresa baiana que produz joias, pedras lapidadas e de decoração, e que vende ao mercado externo desde a década de 80.
Divulgação
Turmalina paraíba: mais valiosa que diamante
 “O Brasil está entre os sete maiores produtores de pedras coloridas do mundo e Minas Gerais e Bahia são os maiores produtores de gemas do Brasil. Os estrangeiros já chegam aqui com essa informação”, explica Karyna Sena, sócia-gerente e designer da empresa fundada em 1967, sobre o início das vendas ao exterior. Segundo ela, muitos estrangeiros que visitavam Salvador nos anos 80 compravam as pedras na loja e, até hoje, as exportações crescem com as indicações de um cliente para o outro.

Atualmente, a Lasbonfim, nome que é um anagrama de Lapidação Senhor do Bonfim, exporta para 23 países, incluindo Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Itália, Espanha e Reino Unido. “O coração do nosso negócio é a pedra lapidada”, diz a empresária. Entre os tipos de gemas com as quais a empresa trabalha estão o topázio imperial, água marinha, esmeralda, citrino, ametista e a turmalina paraíba, que é mais valiosa que o diamante.

“Hoje, 55,85% do meu faturamento vem da exportação”, revela Sena. Pedras grandes também fazem parte do portfólio de exportação da Lasbonfim. “São pedras brutas que têm valor decorativo e de coleção, há peças de cem, duzentos quilos”, afirma. “Já vendi peça de um metro e oitenta de altura”, diz a designer.

Nas joias, Sena conta que trabalha com um design diferenciado. “Temos foco na brasilidade. Uso muita coisa grande, o que é muito comum nas joias de países árabes e da Índia”, destaca. “Faço um acabamento melhor, trabalho o detalhe e a delicadeza da peça”, diz.

Este uso de pedras grandes, afirma, já chamou a atenção de compradores árabes. No início do ano passado, Sena passou por Dubai, nos Emirados Árabes Unidos e, com a ajuda da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), contatou quatro importadores de joias.
Até o momento, ela ainda não fechou negócios no Oriente Médio, mas afirma que a região é um dos focos para vendas futuras. “É um mercado potencial muito grande”, destaca. Segundo ela, também há um comprador do Catar interessado em suas peças.