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Quando Minas Gerais dominou o mercado mundial de ouro
Fonte: jornal do ouro
Os espanhois trouxeram de volta da América Latina 330 toneladas de metais prciosos por todo o século XVI. A prata representou 97% das suas importações de metais preciosos e o ouro só 3%. Na realidade foram os Portugueses que extrairam a maior parte do ouro. Mais de 1200 toneladas de ouro foram extraídos das minas de Minas Gerais/ Brasil entre 1700 e 1820, representando 80% da produção mundial. A mina de ouro de Passagem é a mais antiga. Apesar de uma primeira descoberta do ouro de 1693 conflitos violentos tornam necessário esperar por 1720 para conseguir 9 tonelada de ouro por ano. Anteriormente, a produção de Minas Gerais não excedia 2 ou 3 toneladas de ouro por ano.
A área dependia da Capitania de São Vicente. A Câmara de São Paulo emitiu em 07 de abril de 1700 uma petição exigindo a anexação. Em 1707, dois líderes paulistas foram linchados. Em 1708, o confronto armado foi retomado. Manuel Nunes Viana foi banido do distrito de Rio das Velhas, mas controlando dois dos três centros de mineração, acabou declarado governador. O rei de Portugal criou as fundições reais. Todo o ouro extraído era para ser derretido, removendo do peso total 20% (1 quinto) correspondente ao imposto. Ouro Preto, chamado Vila Rica, foi fundada em 08 de julho de 1711 em várias colinas de encostas íngremes, na sequência da descoberta de ouro nos rios. Desde 1750, ele já tem mais habitantes do que o Rio de Janeiro ou Nova York, 80.000 pessoas em 1760 contra 40.000 hoje. Sua riqueza lhe permitiu construir uma infinidade de igrejas barocas, decoradas pelo arquiteto e escultor Aleijadinho. Mariana foi fundada no mesmo ano, dois séculos antes de Belo Horizonte, capital regional. A produção de ouro atingiu um máximo de 14,5 toneladas de ouro por ano entre 1740 e 1760, graças ao afluxo de mineiros e técnicas modernas para cavar fundo como as bombas Thomas Newcomen. Mas o ouro fácil começa a esgotar-se: a produção de ouro cai para 10-11 toneladas por ano entre 1760 e 1780. entre 1800 e 1820 ainda é cerca de 3 toneladas por ano
Funcionários obstinados trabalham à procura das gemas brilhantes, translúcidas, sem trincas e tingidas das cores do sol e do fogo
Tratores e escavadeiras romperam o silêncio imposto pela crise financeira mundial no ano passado, retomando a exploração de topázio imperial na pequena localidade de Rodrigo Silva, distante 35 quilômetros de Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais. A história do distrito esteve associada por mais de 200 anos à extração da pedra brilhante, translúcida, tingida das cores do sol e do fogo, que encantou dom Pedro I, no século 19. Ainda a um ritmo modesto de produção, a Fazenda Capão do Lana voltou a abastecer grandes indústrias joalheiras, com o trabalho obstinado do engenheiro de minas Vicente Alves, há 30 anos na atividade, e de um grupo de 20 trabalhadores.
Inconformado com o fechamento da reserva em dezembro de 2009, quando o mercado consumidor havia tocado a lona, Vicente Alves reuniu as economias e propôs o arrendamento da área aos donos das terras e dos direitos minerários, pertencentes à Topázio Imperial Mineração. Mais que uma nova aposta na recuperação das vendas da pedra preciosa, significaria resgatar a maior mina de topázio imperial operada em escala industrial no mundo. “Esse mercado vai se firmar. Tudo depende de não deixarmos morrer a pedra, símbolo de prazer e requinte”, afirma o engenheiro, dono da Mineração Topázio. Cerca de 70% das pedras extraídas em oito meses de operação, este ano, foi entregue aos clientes.
Na Mina do Capão, três frentes de lavra a ceú aberto movimentam de 50 a 60 metros cúbicos de minério por dia, para buscar a pedra a no máximo 12 metros de profundidade. O resultado da produção corresponde a 15% dos volumes anteriores. A mineração iniciada em 1971 chegou a empregar 80 pessoas, a maior parte de moradores do distrito da cidade histórica, retirando topázio à profundidade de 35 metros. Vencida a turbulência na economia, as vendas estão limitadas a algo em torno de 10% do que esse mercado representava.
Se parece pouco, Vicente Alves não esconde a satisfação de registrar novas consultas de clientes, sinal de que bons tempos para o comércio podem retornar. Comparada à famosa esmeralda, o topázio perde por falta de marketing para impulsionar seu consumo, mas não deixa a desejar na beleza e diversidade de cores, um horizonte que vai do amarelo pálido e do mel ao vermelho, com destaque para o raro e caro lilás. As pedras da Mina do Capão vendidas na forma bruta alimentam as lapidações, onde são valorizadas pela transparência, ausência de trincas, pureza e a perfeição que os entendidos chamam de “quilatagem”.
Um topázio lilás de 5 gramas, livre de trincas, depois de limpo e polido, pode render 8 quilates avaliados em US$ 3,5 mil. Cada quilate da pedra lapidada pode variar de US$ 5 a US$ 500, alcançando US$ 700 para pedra rara e perfeita. Com a mesma forma do topázio, o euclasio, também encontrado na Mina do Capão exibe um verde azulado transparente bastante procurado pelos colecionadores, a preços que vão de US$ 5 a US$ 100 por quilate. Vicente Alves conta que durante as três décadas em que gerenciou a mina, a serviço da Topázio Imperial, houve a tentativa de verticalizar a produção, com a oferta da pedra lapidada.
A iniciativa não teve o retorno esperado, uma vez que além do custo alto da estrutura para lapidação, manter os verdadeiros artistas personificados nesses trabalhadores exigia investimento também pesado. Na reserva, as máquinas cortam a terra deixando os sulcos onde é necessário pôr a mão na massa escura e untuosa de argila à procura da gema. O encarregado de lavra Ivon Pereira já dedicou 20 anos de sua vida à mineração na cidade natal, recordando com gosto o dia em que descobriu uma pedra de 3 quilos. Na extração organizada e nos garimpos, que desapareceram, a cata do topázio era feita em meio à própria enxurrada. “A gente encontrava topázios tão grandes que a mão não fechava”, lembra Ivon.
Memórias da realeza
Na casa simples que abriga o Centro de Referência do Topázio Imperial, em frente à estação ferroviária de Rodrigo Silva, a memória de uma exploração que já foi ativa, seja a extração organizada, seja o garimpo, que sucumbiu ao encolhimento do comércio exterior, guarda histórias e trabalhos técnicos sobre a gema. O engenheiro Vicente Alves logo informa que não transporta a pedra. Ele segue o mapa com os dedos mostrando a extensa área conhecida de ocorrência do topázio imperial, a única no Brasil, em Ouro Preto, que, além de Rodrigo Silva, corta as localidades de Miguel Burnier, Dom Bosco, Boa Vista, Saramenha e Antônio Pereira.
A gema brasileira e mineira, que formou mão de obra especializada nesses municípios, surge encrustrada em rochas macias de argila com veios de caulim, diferentemente do afloramento em países como a Rússia e o Paquistão, onde é difícil a retirada da pedra das rochas de calcário. Dizem os relatos sobre a pedra que o tom de realeza, parte de seu nome, teve origem na Rússia, país no qual foram localizadas as primeiras jazidas, levadas à exaustão no tempo dos czares, os monarcas que governaram o país até o início do século 20.
A Mina do Capão é a maior do complexo de depósitos minerais na área da Topázio Imperial Mineração em Rodrigo Silva. Os terrenos com extensão total de 800 hectares abrigam as jazidas do Brocotó, Mato da Roça e Zé Leite. Alves acredita que as reservas têm vida útil de mais duas décadas, exploradas no processo anterior de tratamento de 4,5 mil metros cúbicos de minério por mês. A cada 2 metros cúbicos, em geral, é obtido um quilate de topázio imperial lapidável. O local se tornou famoso por ter abrigado uma pousada transformada em paço (pouso) real pelo então príncipe regente dom Pedro I, em 1822.
Investimentos recentes podem mudar situação do Brasil no setor de diamantes
País já foi o maior produtor do mundo e hoje é insignificante no mercado. Especialista diz que Brasil tem imenso potencial ainda inexplorado
Na África, a pedra preciosa deixou de ser apenas algo que se consegue peneirando cascalho. A profissionalização mudou o status da extração
Fonte:uai.com
Brasília – Diamantes dão brilho ao roteiro de um filme ou de uma telenovela. E também podem se destacar nos relatos da formação de um país. Quando se descobriram os primeiros exemplares desse mineral na região onde hoje fica Diamantina (Vale do Jequitinhonha), em 1725, só se tinha visto algo semelhante extraído de minas da Índia.
As pedras foram levadas por um padre para a corte portuguesa, que tratou de regulamentar e incentivar as lavras no Brasil. “A história dos diamantes se confunde com a do país”, resume Francisco Valdir Silveira, chefe do departamento de recursos minerais da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM).
Surgiram garimpos nas Gerais, na Chapada Diamantina, da Bahia, e em tantos outros lugares. O Brasil foi, durante muito tempo, o maior produtor mundial. Até que se descobriu o minério na África. Primeiro, no leito dos rios, como aqui, depois, no início do século passado, em depósitos primários subterrâneos.
Diamante deixou de ser apenas algo que se consegue peneirando cascalho. E o peso do país foi encolhendo. De acordo com os dados mais recentes, respondemos por apenas 0,04% da produção global, apesar de termos a sexta maior indústria de mineração do mundo quando se levam em conta o ferro, a bauxita e outros itens. “Para um geólogo de diamantes, o Brasil é o país mais frustrante do mundo”, relata Mark Van Bockstael, chefe de inteligência de mercado da Antwerp World Diamond Center (AWDC), uma fundação na cidade belga que concentra 50% do mercado de diamantes brutos do mundo e 84% dos lapidados.
Ele se refere ao imenso potencial ainda inexplorado no país. Segundo a CPRM, há 1.325 depósitos de kimberlitos ou minerais associados, onde podem ser descobertos os depósitos primários de diamantes — de onde são levados para os rios pela erosão. “Desses, provavelmente 20 são economicamente viáveis”, afirma Silveira.
A primeira mina do país em um depósito primário, a Braúna, vai começar a operar em Nordestina (BA) no começo de 2016. Em outubro, ela deverá estar funcionando experimentalmente. É um processo bem diferente da coleta de cascalho dos rios, o garimpo de aluvião, que também pode ser mecanizado. As lavras subterrâneas serão exploradas por explosões.
As rochas trituradas mergulham em ferro-silício, em que partículas mais densas, incluindo diamantes, decantam. Dali, seguem para uma câmara onde recebem laser, que destaca os diamantes. Funcionários que estão fora do compartimento enfiam a mão em luvas semelhantes às de laboratórios de doenças altamente contagiosas, acessando o interior do compartimento blindado para separar os diamantes. Não serão usados produtos químicos e 98% da água será reciclada.
A mina de diamantes baiana, a primeira na América Latina, é resultado de um investimento de R$ 80 milhões de belgas e chineses, comerciantes de gemas que criaram uma mineradora, a Lipari, ao decidir enveredar por esse ramo. O total de recursos empregados no projeto deve chegar a R$ 200 milhões.
BARREIRA
O alto custo é um grande obstáculo para o aumento da exploração, explica Silveira, da CPRM. “Mas, duas ou três pedras grandes, se forem encontradas, pagam tudo isso”, diz. No mercado de diamantes, não há padrões tão rígidos quanto no do ouro. Um quilate (medida de peso padrão nesse setor, equivalente a 0,2 gramas) pode valer US$ 200, no caso de uma pedra pequena. Mas chega a US$ 5 mil, no caso de uma pedra grande e de qualidade — ou muito mais. Cores valorizam: os diamantes rosas estão entre os mais caros do mundo.
Fábio Borges, diretor financeiro da Lipari, está entre os que apostam que a exploração de diamantes subterrâneos no Brasil pode crescer muito. “O Canadá não tinha nenhuma mina no início dos anos 1990. Hoje, tem nove. E lá é muito mais difícil de implantá-las porque as reservas estão em locais remotos, no meio do gelo”, compara. Em sete anos, a Braúna poderá atingir a produção de 360 mil quilates, 7,5 vezes a produção total do país no ano passado.
Para o diretor de fiscalização do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Walter Arcoverde, o câmbio poderá impulsionar investimentos em novas lavras subterrâneas de diamantes. “A valorização da moeda nacional frente às estrangeiras faz diminuir o garimpo”, analisa.
COMÉRCIO EM EVOLUÇÃO
Além dos investimentos em mineração, a ideia é sofisticar também o comércio e os serviços relacionados a essa indústria. “Queremos ter mais gente nesse mercado, no Brasil e em todo o mundo”, afirma Van Bockstael, da AWDC. No mês que vem, a fundação vai promover o GMB Brasil, no hotel Copacabana Palace, versão nacional de um evento global do setor, que vai envolver especialistas e empresários — haverá até um desfile de modelos usando joias.
Dados da AWDC mostram que há um grande potencial de crescimento das vendas de diamantes. Das famílas chineses, 40% têm alguma joia com diamante, uma proporção muito menor do que as dos países europeus e dos Estados Unidos.
Para o ex-garimpeiro Dario Machado Rosa, hoje funcionário público, a sofisticação do setor é bem-vinda. “Uma das dificuldades que temos no Brasil é o número reduzido de compradores, o que diminui muito o valor que conseguimos”, relata. Ele é presidente de honra de uma cooperativa que reúne 130 garimpeiros em Coromandel (Alto Paranaíba). Filho e neto de garimpeiros, conta que a cidade já teve 3 mil pessoas trabalhando nesse setor, hoje secundário.
A região do município, próxima do Triângulo Mineiro, tem grandes depósitos de diamantes nos rios — o que sugere potencial de uma mina subterrânea, caso se descubra o local do depósito primário. O Getulio Vargas, maior diamante encontrado no Brasil, foi lavrada ali. Com 726 quilates, deu origem a 29 pedras. Hoje, as técnicas de lapidação com laser permitiriam mantê-la em uma só peça, ou então reduzir o número de divisões. “Não valeria menos do que US$ 50 milhões”, estima Rosa.
Uma das dificuldades de negócios está no processo de certificação Kimberley, implantado no Brasil em 2002, que garante que a pedra não tem origem ilícita ou em áreas de conflito. Silveira, da CPRM, levanta a hipótese de que muitos garimpeiros prefiram a informalidade a passar pelo processo, o que pode acabar jogando a produção no contrabando. “Ele está devendo dinheiro na mercearia e acaba entregando a pedra por muito menos do que ela vale.” Isso ajudaria a explicar a queda de produção do país, ao menos de acordo com os números oficiais, nos últimos anos.
Rosa acha que o processo de certificação é benéfico para os garimpeiros. Mas queixa-se da lentidão. “Às vezes demoram até 40 dias. Ninguém compra uma pedra e espera todo esse tempo para receber”, queixa-se. Arcoverde, do DNPM, contesta a informação. “Pode ter sido algum caso por falha processual do interessado. Se ele estiver cumprindo todas as normas, o prazo médio é de 10 dias, podendo ser menor”, afirma.
RARIDADES Diamantes são formados a 2 mil metros de profundidade, sob alta pressão. E chegam à superfície carregados a velocidade supersônica pelo magma em uma erupção. O processo tem de ser rápido, se não as pedras viram carvão. Mas também é necessário que elas sejam preservadas na subida. Tantas restrições explicam por que são raros. Os diamantes explorados no Brasil foram formados há cerca de 120 milhões de anos.
Garimpeiros pedem socorro para não serem extintos A atividade garimpeira vem, a cada dia, diminuindo de intensidade. As grandes empresas ocupam seus lugares e nem sua mão de obra aproveitam.
No Vale do Jequitinhonha, há pouco mais de 15 mil destes trabalhadores em atividade. Eles misturam o seu fazer de trabalhador com os serviços da roça ou nas vazantes dos rios e córregos.
Muitos pedem socorro para não serem extintos. Sua atividade é de uma exploração desumana. Não têm direitos previdenciários, nem trabalhistas. Vivem da feira semanal paga pelo sócio-capitalista, que leva 20% da sua lavra. Se quiser melhorar o prato da família deve vender mais 20% dos seus direitos de garimpeiro. E fica sem nada.
Ametista roxa encanetadaEm geral, os garimpeiros trabalham em dupla, tendo cada um direito a 20% do que apurar na lavra de pedras preciosas. Os dois têm 40% do que encontrar. Dois sócios-capitalistas têm mais 40% e fornecem a feira semanal, as ferramentas e insumos. 20% vai pro dono da terra. História dos garimposA história da exploração comercial das pedras preciosas no Brasil começa no final do século XVII com a descoberta de ouro em Sabarabuçu, hoje, Sabará, e prossegue com o ouro e os diamantes encontrados no antigo Arraial do Tejuco, atual Diamantina, por volta de 1725.
Cidades mineiras nascidas do garimpo, marcadas pela história ou pela riqueza mineral
No período colonial, as lavras de ouro e diamantes eram feitas por escravos. Nos 170 anos seguintes, por qualquer um que se dispusesse à cata, sem qualquer controle.
Preservacionismo é palavra nova no garimpo. Difundiu-se a partir da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada em 1992 no Rio de Janeiro.
Desde então, ora ávida, ora indulgente, a fiscalização bateu ponto na região, intensificando- se a partir de 1989 com a lei 7.805, que acabou com a garimpagem livre ao condicionar a exploração à obtenção de permissões de lavra, numa tentativa de regulamentar a profissão.
O cerco apertou ainda mais há cinco anos com a Operação Carbono, de repressão ao contrabando de diamantes em Minas Gerais, Mato Grosso e Rondônia – principais estados produtores.
Leia a reportagem da Revista Globo Rural de outubro de 2007:
“A gente é bicho em extinção”, ironiza Seu Ida, 55 anos (desde os 12 na lavra garimpeira).
Longe das grandes minas de ouro, o garimpo de pedras preciosas no nordeste do estado de Minas Gerais reúne um número menor de trabalhadores, mas exige muito da paciência, resistência e habilidade do garimpeiro.
Herdeiro e perpetuador de um modus operandi milenar, o garimpo coloca os homens em uma busca angustiante pelo brilho das pedras preciosas.
Às margens dos rios, por exemplo, passam dias inteiros procurando qualquer coisa que brilhe no meio da areia e do cascalho que arrancam dos cursos d’água. Ao separarem as pedras na peneira, procuram por aquelas que mais faíscam à luz do sol. Daí, inclusive, a origem do termo “faisqueiro”.
Mas o trabalho pesado do garimpeiro nem é sua maior preocupação. A falta de regulamentação, fiscalização pouco eficiente e a incompatibilidade da legislação do garimpo com a vida desses trabalhadores são os grandes problemas.
Conseguir a Permissão para Lavra Garimpeira é uma aventura mais cara e desgastante que a própria labuta diária, afirmam alguns garimpeiros.
Assim, aos poucos, a atividade garimpeira perde força, mão-de-obra, espaço e memória. Muitas cidades pequenas no norte mineiro já lidam com marcas da decadência da atividade de extração mineral.
No século XVIII o Brasil foi o maior fornecedor de ouro do mundo, enviando quase 1 milhão de toneladas de ouro para Portugal. Atualmente a maior parte da produção vem de grandes empresas mineradoras, enquanto os garimpeiros transformam-se em bastiões da memória do garimpo tradicional.
De Diamantina a Grão Mogol, de Coronel Murta a Padre Paraíso, de Medina a Pedra Azul, no Vale do Jequitinhonha, na região nordeste de Minas Gerais, garimpeiros contaram suas histórias e dilemas ao jornalista José Augusto Bezerra, para a Revista Globo Rural, de Outubro de 2007, parte final deste texto.
As imagens são do fotógrafo João Marcos Rosa.
De onde vem, como surgiu e como é preparada uma Turmalina Paraíba?
Como todos devem imaginar, o nome Turmalina Paraíba vem pelo fato de que foram encontradas pela primeira vez na Paraíba, por Heitor Barbosa em 1989. Porém, apesar do nome e da raridade, esse tipo de turmalina cuprífera, que traz uma cor azul neon exclusiva também pode ser encontrada no estado do Rio Grande do Norte e na Nigéria e Moçambique. A atual extração ainda é precária e difícil, o que torna o seu valor comercial maior ainda. Toda essa raridade e exclusividade torna a Turmalina Paraíba uma das gemas mais cobiçadas do mundo.
Turmalina Paraíba bruta de 26,5 cts da Mina da Batalha - PB. Preço: US$ 155.000,00.
Geologicamente falando, as turmalinas da região foram descobertas inicialmente no município de São José da Batalha, na variação de Elbaíta (turmalina litinífera que vai de vermelho rosado a verde e incolor), ocorre na forma de pequenos "cristais" na maioria das vezes irregulares dentro de corpos pegmatíticos que na localidade estão encaixados em quartzitos da Formação Equador (Grupo Seridó). A mineralogia básica da rocha é de quartzo, feldspato (comumente alterado pela infiltração de água), lepidolita (mica lilás) e schorlita (também conhecida como afrisita ou turmalina negra) e óxidos de nióbio e tântalo (sequência columbita-tantalita). Os índices de cobre podem ser associados à Província Metalogênica Cuprífera do Rio Grande do Norte
Província Cuprífera do RN-PB.
Análises comprovaram que as Turmalinas Paraíba contem expressivos teores de cobre, ferro e manganês, sendo atribuídos a estes elementos, em sua variação, o tom de cor do mineral. São designadas cores como azul-claro, azul-turquesa, azul-neon, azul esverdeado, azul safira, azul violáceo, verde azulado e verde esmeralda, na tentativa de descrever a rara e variável cor.
Turmalina Paraíba lapidada de 50 cts que permaneceu no Brasil para exposição. Avaliada aqui no Brasil em R$ 500.000,00.
Uma característica que chama a atenção é o de uma turmalina paraíba devidademente tratada e lapidada poder brilhar em ambientes de pouquíssima luz, o que faz muitos atribui-la como fluorescente (no caso seria fosforescente).
Em fevereiro de 1990, durante a tradicional feira de Tucson, nos EUA, teve início a escalada de preços desta variedade de turmalina, que passaram de umas poucas centenas de dólares por quilate a mais de US$2.000/ct, em questão de apenas 4 dias. A mística em torno da turmalina da Paraíba havia começado e cresceu extraordinariamente ao longo dos anos 90, convertendo-a na mais valiosa variedade deste grupo de minerais. A máxima produção da Mina da Batalha ocorreu entre os anos de 1989 e 1991 e, a partir de 1992, passou a ser esporádica e limitada, agravada pela disputa por sua propriedade legal e por seus direitos minerários. Hoje em dia a turmalina paraíba no mercado japonês pode custar cerca de US$ 30.000/ct, porém dependendo de sua exclusividade pode chegar a custar cerca de US$ 100.000/ct.
Broche em ouro branco desenhado pelos designers da Chanel com mais de 1000 diamantes e com uma Turmalina Paraíba de 37,5 cts no centro. Peça única, foi vendida assim que anunciada. Não encontrei o preço.
A elevada demanda por turmalinas da Paraíba, aliada à escassez de sua produção, estimulou a busca de material de aspecto similar em outros pegmatitos da região, resultando na descoberta das minas Mulungu e Alto dos Quintos, situadas próximas à cidade de Parelhas, no vizinho estado do Rio Grande do Norte.
Broche de papagaio, com gemas de diversas cores e olho feito em Turmalina Paraíba.
Para alcançar tons mais limpos e mais exclusivos as empresas adotam um tratamento na turmalina para melhor mais ainda a sua cor.Embora as surpreendentes cores das turmalinas da Paraíba ocorram naturalmente, estima-se que aproximadamente 80% das gemas só as adquiram após tratamento térmico, a temperaturas entre 350°C e 550°C. O procedimento consiste, inicialmente, em selecionar os espécimes a serem tratados cuidadosamente, para evitar que a exposição ao calor danifique-os, especialmente aqueles com inclusões líquidas e fraturas pré-existentes. Em seguida, as gemas são colocadas sob pó de alumínio ou areia, no interior de uma estufa, em atmosfera oxidante. A temperatura ideal é alcançada, geralmente, após 2 horas e meia de aquecimento gradativo e, então, mantida por um período de cerca de 4 horas, sendo as gemas depois resfriadas a uma taxa de aproximadamente 50 oC por hora. As cores resultantes são a cobiçada azul-neon, a partir da azul esverdeada ou da azul violeta, e a verde esmeralda, a partir da púrpura avermelhada. Além do tratamento térmico, parte das turmalinas da Paraíba é submetida ao preenchimento de fissuras com óleo para minimizar a visibilidade das que alcancem a superfície.
Lote de turmalinas diversas de baixo valor comercial comumente vendido na internet.
Até 2001, as turmalinas cupríferas da Paraíba e do Rio Grande do Norte eram facilmente distinguíveis das turmalinas oriundas de quaisquer outras procedências mediante detecção da presença de cobre com teores anômalos através de análise química por fluorescência de raios X de energia dispersiva (EDXRF), um ensaio analítico não disponível em laboratórios gemológicos standard. No entanto, as recentes descobertas de turmalinas cupríferas na Nigéria e em Moçambique acenderam um acalorado debate envolvendo o mercado e os principais laboratórios gemológicos do mundo em torno da definição do termo “Turmalina da Paraíba”.
Turmalina paraíba bruta de boa qualidade.
Em fevereiro de 2006, o Comitê de Harmonização de Procedimentos de Laboratórios, que consiste de representantes dos principais laboratórios gemológicos do mundo, decidiu reconsiderar a nomenclatura de turmalina da “Paraíba”, definindo esta valiosa variedade como uma elbaíta de cores azul-néon, azul-violeta, azul esverdeada, verde azulada ou verde-esmeralda, que contenha cobre e manganês e aspecto similar ao material original proveniente da Paraíba, independentemente de sua origem geográfica. Nos certificados, deve ser descrita como pertencente à espécie “elbaíta”, variedade “turmalina da Paraíba”, citando, sob a forma de um comentário, que este último termo deriva-se da localidade onde foi originalmente lavrada no Brasil. A determinação de origem torna-se, portanto, opcional.