quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Sem terra fértil, o Japão procura metal no mar


Sem terra fértil, o Japão procura metal no mar

A uma profundidade de 1600 metros e a 1500 quilómetros de Tóquio, começaram os trabalhos num novo solo para procurar  metal no Japão, um país tão desprovido de recursos naturais que a maioria do que necessita tem de ser importado. Como o país esgotou a maior parte dos minerais existentes em terra no boom económico que se seguiu à Segunda Guerra Mundial, os cientistas identificaram trilhos no solo marítimo, cheios de pepitas contendo desde cobre a ouro deixadas pela actividade vulcânica que criou o arquipélago há milhões de anos. A astúcia está em extraí-los com lucro, algo que um consórcio governamental vai começar a testar no próximo ano.
A mineração no oceano não é uma coisa nova – o Japão começou essa exploração nos anos 1970. Mas existem agora novas tecnologias que tornam mais fácil para empresas como a Nautilus Minerals Inc., do Canadá, recolherem do mar rochas ricas em minerais. Calcula-se existirem em águas japonesas mais de 50 milhões de toneladas métricas de minério e o Governo pretende ressuscitar o aprovisionamento interno e reduzir a dependência de importações. Quando Tóquio receber os Jogos Olímpicos de 2020, o precioso metal para as medalhas de ouro poderá vir já das profundezas do oceano.
“A ruptura no aprovisionamento de metais poderá ocorrer num futuro próximo”, disse Tetsuro Urabe, geólogo director do programa governamental Tecnologia da Próxima Geração para Exploração de Recursos Oceânicos. “Não queremos entrar em pânico ao sermos confrontados com uma crise de cobre. A menos que desenvolvamos antes várias espécies de novas tecnologias, não vamos estar prontos para o arranque quando precisarmos.”
Não é de admirar que os recursos minerais se encontrem intocáveis nas águas profundas que circundam o Japão. O país situa-se na Baía do Pacífico, ao longo de uma linha de vulcões e falhas conhecida como Anel de Fogo – uma região sujeita a tremores de terra e erupções vulcânicas. Quando ocorre actividade vulcânica no mar, o magma é impulsionado da crosta terrestre. Depois de arrefecer, os depósitos contêm minerais numa concentração muito maior do que a extraída da terra. Na escuridão das profundezas do oceano, os engenheiros usaram robôs controlados remotamente e sensores especiais para perscrutar o fundo do mar em busca dos depósitos mais promissores.
Sendo a terceira maior economia do mundo e um grande importador de tudo, desde minério de ferro até petróleo, o país pretende usar dos seus direitos para aceder aos minérios que se encontram no oceano e que um grupo industrial nacional calcula poderem valer 80 biliões de ienes (784 mil milhões de dólares). Ao abrigo da legislação marítima internacional, o Japão mantém uma área de 200 milhas náuticas (230 milhas) da sua costa, constituindo a sexta maior zona económica exclusiva do mundo.
Existem outras empresas a tentar também extrair minérios do leito do mar em águas perto da China, da Coreia do Sul e da América do Norte. Até ao momento, não existe nenhuma produção comercial, embora a Nautilus, com sede em Toronto, tenha em vista um projecto ao largo de Papua Nova Guiné, onde a companhia tenciona começar a mineração de ouro e cobre no primeiro trimestre de 2018.
Um consórcio japonês, liderado pela Mitsubishi Heavy Industries e pela unidade de engenharia da Nippon Steel & Sumitomo Metal Corp., vai levar a cabo a extracção e levantamento de minério nas profundezas de Izena, na área da ilha de Okinawa, no próximo exercício financeiro que começa em Abril. O Japão confirmou que o depósito tem cerca de 7,4 milhões de toneladas de minério, o dobro do que foi detectado há apenas três anos.
“Começaram a ser descobertos novos depósitos, uns a seguir aos outros”, disse Mitsuya Hirokawa, director-geral adjunto do departamento tecnológico de extracção de metais da Japan Oil, Gas & Metals National Corp. (Jogmec), a empresa pública que ajuda a garantir o fornecimento de energia e metais e que está a apoiar este empreendimento no leito do mar. A área ao largo de Okinawa apresenta um dos “maiores potenciais”, disse Hirokawa.
Fonte: Publico

Fed: há um "forte argumento" para alta de juros em setembro

Fed: há um "forte argumento" para alta de juros em setembro

"Não vejo o que poderia nos dissuadir disso", informou o presidente do Federal Reserve de Richmond

© DR
ECONOMIA JEFFREY LACKERHÁ 28 MINS

O presidente do Federal Reserve de Richmond, Jeffrey Lacker, afirmou hoje que vê um "forte argumento" para a elevação do juros na próxima reunião da autoridade monetária, em 20 e 21 de setembro.

De acordo com o dirigente, que não vota nas reuniões deste ano, a recente leva de indicadores frágeis, incluindo leituras mais fracas no setor de serviço e na indústria, não erodiram sua confiança na perspectiva da economia dos EUA.
"Neste ponto, me parece que o argumento para uma elevação de juros será forte em setembro", disse. "Não vejo o que poderia nos dissuadir disso."
Para Lacker, o relatório de empregos de agosto, que apontou para a geração de 151 mil vagas no mês, ficou "bem no meio" (das expectativas). Ele acrescentou que oscilações nos indicadores de manufatura e serviços são normais, mas que as leituras de emprego e o Produto Interno Bruto (PIB) continuam "no caminho certo".
"Me parece que teremos uma recuperação no segundo semestre", disse.
Questionado se entende que o Fed possa elevar os juros duas vezes este ano, ele disse que, dado o atual ritmo de aperto monetário do Fed, "podemos ficar atrás (da curva) em relação ao que os indicadores nos dizem. Eu gostaria de ganhar mais terreno esse sentido". Fonte: Dow Jones Newswires.

INCLUSÕES EM GEMAS 3ª parte - QUARTZOS


INCLUSÕES EM GEMAS 
3ª parte - QUARTZOS 


O quartzo é o segundo mineral mais abundante na crosta terrestre - superado apenas pelos feldspatos - e pode ocorrer em quase todos os ambientes geológicos. Por conta disso, é a espécie com maior variedade de inclusões e a segunda mais estudada neste tema, atrás somente do diamante. 
As inclusões são geralmente consideradas imperfeições sob o aspecto comercial, no entanto,  ampliadas podem revelar-se fascinantes, casos nos quais o interior das gemas, mais que sua aparência externa, esconde sua verdadeira beleza. 
As inclusões no quartzo podem ser protogenéticas (formadas antes do mineral hospedeiro), singenéticas (formadas simultaneamente a ele) ou epigenéticas (formadas depois dele). A maior parte das inclusões no quartzo são singenéticas.

Esfera de quartzo “rainbow” com inclusões minerais.,A designação comercial deve-se às cores de interferência provocadas por fraturas internas
(Fotografia: Igor Schwartzmann)
As inclusões protogenéticas são sempre minerais e normalmente ocorrem como cristais imperfeitos, dos quais resta apenas a estrutura original, com aspecto de esqueleto, devido à corrosão química ou à dissolução.
Nas raras vezes em que uma inclusão protogenética ocorre como um cristal perfeito, ela cristalizou-se durante o mesmo evento que deu origem ao quartzo, embora obviamente tenha se desenvolvido em uma fase anterior à da formação deste.

Quartzo fumê com inclusões de quartzo e mica (provavelmente clorita)
(Fotografia: Luiz Antônio Gomes da Silveira)
Inclusões protogenéticas típicas do quartzo são os minerais epídoto e crocidolita (um tipo de amianto ou asbesto). Esta última ocorre na forma fibrosa e, após sofrer um processo denominado pseudomorfismo, transforma-se na variedade microcristalina de quartzo conhecida como olho-de-tigre, dotada de bandas amarelas e pretas.
No Brasil, já foram identificados muitos minerais presentes como inclusões no quartzo, entre os quais se destacam:
-rutilo, na forma de agulhas douradas ou avermelhadas, proveniente de diversas localidades, das quais a mais notória é a região de Ibitiara, no Estado da Bahia.

Esfera de quartzo rutilado
(Fotografia: Igor Schwartzmann)
- a turmalina, usualmente na forma de agulhas, em arranjos caóticos, nas cores preta (quartzo supostamente de origem pegmatítica) ou verde (supostamente de origem hidrotermal).
os óxidos de ferro hematita e limonita, geralmente na forma de concreções.
os hidróxidos de ferro goethita, que ocorre na forma de agulhas marrons alaranjadas, e lepidocrocita, na forma de plaquetas vermelhas, principalmente na ametista (variedade roxa de quartzo), cuja coloração depende justamente da incorporação de ferro como impureza


Ametista com inclusões de goethita
(Fotografia: Igor Schwartzmann)
Além dos anteriormente mencionados, foram já identificados como inclusões no quartzo proveniente do Brasil os minerais calcita, pirita, clorita, actinolita, hornblenda, galena, cassiterita, brookita, anatásio, ilmenita e ouro, bem como espécies mais raras tais como scheelita, pirocloro, allanita, helvita, grunerita, gilalita e kinoíta.

Quartzo Incolor com inclusões de gilalita
(Fotomicrografia: Luiz Antônio Gomes da Silveira --> imersão, 35 x)
As inclusões singenéticas podem ser sólidas (minerais) ou líquidas; entre estas últimas, as mais comuns no quartzo são as cavidades primárias (ex: tubos de crescimento e cristais negativos, com a forma cristalográfica pseudo-hexagonal semelhante à do próprio quartzo) e as fraturas de cicatrização.
O cristal-de-rocha (quartzo incolor) pode conter inclusões bifásicas, constituídas frequentemente por CO2, na forma gasosa ou líquida, acompanhado de algum mineral.
Poucas inclusões são formadas depois do quartzo e nele se infiltram através de fraturas e/ou fissuras, geralmente na forma de soluções aquosas que, posteriormente, se cristalizam ou precipitam.
Entre as inclusões epigenéticas no quartzo, são dignas de nota as dendritas finamente ramificadas de pirolusita ou manganita (óxidos de manganês) ou limonita (óxido de ferro hidratado) com aspecto de plantas.

Quartzo com inclusões de pirolusita (óxido de manganês), na forma de dendritas
(Fotografia: Igor Schwartzmann)
Cristais de quartzo podem apresentar inclusões que consistem em estruturas de antigas faces de crescimento, mais tarde providas com outros minerais, trazendo consigo a cronologia dos eventos geológicos. Este material gemológico é comercialmente denominado quartzo “phantom”.

Quartzo “phantom”
(Fotografia: Luiz Antônio Gomes da Silveira)
Outras inclusões comuns no quartzo, sobretudo nas variedades ametista e citrino, são as denominadas “listras de zebra ou tigre”, que consistem de ductos preenchidos com líquido em arranjo paralelo.

INCLUSÕES EM GEMAS 2ª parte - RUBI e SAFIRA

INCLUSÕES EM GEMAS 
2ª parte - RUBI e SAFIRA 


À primeira vista é difícil compreender que o rubi e a safira se tratem de variedades de uma mesma espécie mineral, o coríndon, que se constitui de óxido de alumínio (Al2O3) e, em estado puro, é completamente incolor. De fato, ocorrem cristais de coríndon totalmente incolores na natureza, embora sejam bastante raros.
O rubi é a variedade de cor vermelha média a intensa, enquanto a safira ocorre nas demais cores (azul, verde, amarela, alaranjada, marróm, incolor, rósea e purpúrea).

Rubi natural com inclusões de rutilo em forma de agulhas,
orientadas em 3 direções (“sedas”), inclusões fluidas e
de outros minerais não-identificados
(Fotomicrografia do autor)
O termo safira, sem descrição adicional, refere-se à variedade do coríndon de cor azul, enquanto as demais variedades devem ser designadas adicionalmente pela cor (ex: safira amarela). O termo padparadscha, de origem cingalesa, refere-se à safira de cor alaranjada rosada.
A cor do rubi deve-se ao cromo, presente como impureza, em proporções diminutas; quanto à safira azul, sua cor deve-se ao ferro e ao titânio, presentes como impurezas, envolvendo ainda um mecanismo de transferência de cargas.

Safira natural com inclusões minerais não-identificadas
em forma de agulhas (provavelmente rutilo ou bohemita),
e “nuvens” de inclusões fluidas
(Fotomicrografia do autor)
Como, por definição, as gemas sintéticas possuem composição química, propriedades físicas e estrutura cristalina iguais às de suas equivalentes naturais, o exame das inclusões à lupa e ao microscópio tem um papel primordial na distinção entre os dois tipos. Algumas outras características nos fornecem indícios da origem natural ou sintética de uma gema sem serem, no entanto, diagnósticas.
Os rubis e safiras naturais costumam apresentar inclusões minerais e líquidas, bem como zoneamento retilíneo de cor, muitas vezes em simetria hexagonal, devido à concentração dos elementos cromógenos em planos reticulares.
O rubi e a safira são obtidos por síntese, comercialmente, pelo método de “Fusão à Chama” ou “Verneuil”, desde 1904 e 1910, respectivamente. Material produzido por este método é visto com bastante frequência no mercado de gemas sintéticas e tem custo muito acessível.
Os rubis e safiras sintéticos Verneuil se diferenciam dos naturais pela presença, nos primeiros, de linhas de crescimento curvas e bolhas de gás. Estas ocorrem isoladamente ou em grupos e usualmente são esféricas, embora possam ser também alongadas ou terem outras formas. Eventualmente, se observa também a presença de fissuras provocadas por superaquecimento durante o processo de polimento, algumas vezes denominadas marcas de fogo.
Outra característica importante dos rubis produzidos por este método é a maior intensidade da fluorescência vermelha à luz ultravioleta, se comparada à dos naturais, sobretudo sob ondas longas.


Rubi sintético produzido pelo método de Fusão à Chama Verneuil),
apresentando linhas de crescimento curvas
(Fotomicrografia do autor)
Rubis e safiras produzidos por métodos de síntese mais recentes (Fluxo, Czochralski, Hidrotermal e Float-Zone) têm custo mais elevado e são vistos com muito menor assiduidade. Estes produtos sintéticos distinguem-se dos naturais e dos sintéticos obtidos pelo método Verneuil principalmente pelo exame das inclusões, mas também pela natureza e conteúdo de seus elementos-traços.

Rubi sintético produzido pelo método de Fluxo, apresentando
inclusões com aspecto de plumas, constituídas por resíduos de fluxo
Fotomicrografia do autor
Cabe ressaltar que rubis e safiras naturais isentos de inclusões, com bela cor e tamanho significativo são extremamente raros, razão pela qual exemplares com estas características devem ter sua origem minuciosamente inspecionada.

INCLUSÕES EM GEMAS

INCLUSÕES EM GEMAS 
1ª parte 


As gemas fascinam a quase todos, porém poucos têm idéia do quão exuberante é a experiência de observar seu mundo interno. As inclusões nas gemas são testemunhas eloqüentes da história da Terra, preservando suas evidências e manifestando a sucessão de eventos geológicos ocorridos há milhões ou mesmo bilhões de anos.
Além do aspecto estético, o estudo das inclusões nas gemas é de fundamental importância na sua identificação, bem como na distinção entre as pedras naturais, sintéticas e imitações.
Em gemologia, define-se inclusão como qualquer partícula de matéria estranha ou defeito estrutural presente na gema. Em relação ao mineral hospedeiro, as inclusões podem se formar antes (protogenéticas), simultaneamente (singenéticas) ou depois (epigenéticas) dele.
As inclusões protogenéticas são sempre sólidas, enquanto as demais podem ser sólidas, líquidas ou gasosas. Quanto ao número de fases ou estados físicos, podem ter apenas uma (monofásicas), duas (bifásicas) ou três (trifásicas).

Esmeralda da Colômbia com inclusão trifásica singenética, consistindo de cristal de halita (NaCl), bolha de gás e solução aquosa salina. Até meados dos anos 80, estas inclusões eram diagnósticas para as esmeraldas oriundas da Colômbia, no entanto, a partir desta época, elas foram observadas também em esmeraldas de outras procedências, inclusive do Brasil.
(Fotomicrografia: R. W. Hughes)
Determinados padrões de inclusões, além de nos deleitarem com sua contundente beleza de formas e cores, fornecem informações a respeito do ambiente geológico no qual se formou o mineral que as contém e de suas condições de cristalização, além de poderem ser úteis, em alguns casos, para determinar seu local de origem.

Esfera de cristal-de-rocha (quartzo incolor) com inclusões não-identificadas,
as de cor vermelha, provavelmente, constituídas de algum óxido de ferro.
(Fotografia: Schwigor)
Usualmente, os gemólogos identificam, com auxílio de lupa ou microscópio, apenas as inclusões diagnósticas e mais características das gemas, cabendo ao mineralogista identificar as demais inclusões por meio de técnicas específicas, não pertencentes ao escopo da gemologia.