segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Identificações erradas de minerais e fraudes – Capítulo I – “Obsidiana” ou “vidro-da-terra”

Identificações erradas de minerais e fraudes – Capítulo I – “Obsidiana” ou “vidro-da-terra”

IDENTIFICAÇÕES ERRADAS DE MINERAIS E FRAUDES

Infelizmente os mercados de minerais, de gemas e de cristais esotéricos têm sofrido com um grande número de erros de classificação ( intencionais ou não ), bem como fraudes de diversos tipos. Isso leva os compradores menos preparados ou desatentos a adquirir “gato por lebre”, bem como dificulta o trabalho dos comerciantes honestos que têm de competir com imitações de menor ou nenhum valor.
Daremos ênfase ao que ocorre no mercado de minerais para coleção e de cristais esotéricos, pois no caso das gemas existe uma estrutura bem montada de laboratórios gemológicos que vêm sistematicamente estudando e publicando informações sobre materiais sintéticos e processos de modificação de cor, o que não ocorre na mesma escala no caso dos minerais e dos cristais.
No primeiro número desta série abordaremos uma fraude bastante atual, que é tentar classificar VIDRO como “OBSIDIANA” ou “VIDRO-DA-TERRA”.
A obsidiana é um vidro natural, sem estrutura cristalina nem composição química constante, encontrado no interior de lava vulcânica. Ocorre em vários países do mundo, mas apenas onde houve vulcanismo relativamente recente ( o que não é o caso do Brasil, onde as mais recentes erupções vulcânicas ocorreram há cerca de 40 milhões de anos! ). As cores são sempre muito escuras ( marrom, marrom-esverdeada, marrom-avermelhada ou preta ), e o material é, com raras exceções, translúcido ou opaco.
Como se trata de material de baixo valor seu uso como material ornamental se restringe à produção de pedras roladas, ovos, esferas e esculturas ( com a exceção da “obsidiana arco-íris” ou “rainbow obsidian”, encontrada no México ). As variedades naturais mais conhecidas são as seguintes:
– OBSIDIANA “LÁGRIMA-DE-APACHE”
– ocorre no Arizona como nódulos semi-esféricos ou alongados, de cor marrom-escura, translúcidos ou quase transparentes, medindo até cerca de 5 cm, e encontradas em solos resultantes da decomposição recente de lavas vulcânicas claras denominadas “perlitas”.

– OBSIDIANA “LÁGRIMA-DE-APACHE” NA PERLITA
– OBSIDIANA “FLOCOS-DE-NEVE”
– é um material preto opaco com nódulos brancos com aparência de flocos de neve ( causados pelo início de formação do mineral “cristobalita” ), é encontrada no estado do Utah, USA.
– OBSIDIANA “DOURADA”
– ocorre no México, tem cor marrom-esverdeada muito escura, translúcida, e apresenta inclusões tubulares, ocas, que proporcionam reflexões internas da luz do tipo “olho-de-gato”; os índios aztecas e os toltecas a utilizavam intensivamente na confecção de esculturas, ferramentas e pontas de flecha.
– OBSIDIANA “MOGNO”
– ou obsidiana “mahogany”, tem cor preta, opaca, com manchas marrom-avermelhadas, ocorre no México bem como em vários estados norte-americanos ( Arizona, Califórnia, Novo México e Oregon ).
– OBSIDIANA “ARCO-ÍRIS”
– é a variedade mais valiosa, consiste de uma matriz negra, opaca, com zonas internas iridescentes, o que resulta, ao se lapidar o material em cabochão ou na forma de coração, em reflexões internas verdes/ roxas/ azuis/ vermelhas. A ocorrência mais importante se localiza no México
Por outro lado, os vidros, sintéticos, vendidos fraudulentamente como “obsidianas” ou “vidros-da-terra” são verdes ou azul-esverdeados, completamente transparentes, o que jamais foi visto em obsidianas naturais. Sua ocorrência natural é geologicamente impossível: o solo, onde essas “obsidianas” teriam sido encontradas ( é sempre a mesma história, um garimpeiro de “total confiabilidade”, “que não mente”, encontrou a peça escavando a terra, ou um fazendeiro também “totalmente confiável” coletou-a do mesmo modo ), provém sempre da decomposição de uma rocha, seja ela sedimentar, metamórfica ou ígnea; nos dois primeiros casos jamais poderá ser encontrada uma massa de vidro natural, e as rochas ígneas encontradas no Brasil não são do tipo lava vulcânica extrusiva, que poderia conter massas de obsidiana natural ( mas nunca grandes, transparentes e azuis ); as lavas vulcânicas que existiram no Brasil há mais de 40 milhões de anos já foram completamente erodidas.
Recebemos recentemente uma oferta de uma fantástica “obsidiana verde” de 53 kg. A pedra é a das fotos abaixo.

Aditivo ao artigo sobre obsidiana e vidro-da-terra, outros vidros naturais, tectitos e fulguritas

Aditivo ao artigo sobre obsidiana e vidro-da-terra, outros vidros naturais, tectitos e fulguritas


Em nosso artigo anterior sobre as falsas “Obsidianas” ou “Vidros da Terra” fizemos uma comparação entre esses vidros sintéticos e os vidros vulcânicos naturais, que são as verdadeiras obsidianas.
Gostaríamos aqui de complementar o assunto, abordando outros 2 tipos de vidros naturais:
1 – TECTITOS
São vidros formados pelo impacto de meteoritos de grande porte; a violenta energia do impacto funde o solo e o expele ao espaço, em alta velocidade, o que provoca o rápido resfriamento e consolidação da massa fundida sob a forma de um vidro natural, que é chamado de TECTITO.
Conforme se pode ver na foto abaixo, a forma dos tectitos é normalmente ovalada, e a dimensão máxima raramente excede 5 cm ( há registros de peças com até 15 cm ); a textura a superfície é inconfundível: ela nunca é lisa mas sempre ranhurada e com cavidades superficiais esferoidais.


Os tectitos são normalmente marrons muito escuros, translúcidos. As notáveis exceções são a moldavita e o vidro da Líbia:
Moldavita – é um tectito de cor verde-garrafa, translúcido mas que pode ser transparente ( nesse caso podendo ser lapidado! ), formado pelo impacto, há cerca 15 milhões de anos, de um meteorito gigante na região da Bohemia e a Morávia, na República Tcheca ( ambas cortadas pelo Rio Vltava, cujo nome em alemão é “Moldau”, daí a origem do nome “moldavita” ), mas que espalhou moldavitas por outras áreas daquele país bem como na Áustria e na Alemanha.
A foto abaixo mostra uma moldavita de qualidade superior que, ao contrário dos outros tectitos, é transparente e apresenta saliências na superfície com espessura de até cerca de 3 mm. A foto seguinte mostra uma moldavita de qualidade mais fraca, sem as saliências superficiais, apenas translúcida e mais parecida com os tectitos convencionais ( distinguindo-se deles apenas pela cor verde ). A terceira foto é de uma moldavita lapidada em forma de cabochão.


Estima-se que até hoje já foram coletadas cerca de 275 toneladas de moldavitas!
Vidro da Líbia – é um tectito de cor amarelo-clara, formado pelo impacto de um meteorito gigante ou de um cometa no deserto do Saara, há cerca de 29 mlhões de anos, espalhando esse “vidro da Líbia” por uma área de 50 x 130 km, englobando o leste da Líbia e o oeste do Egito. As peças são translúcidas e muitas vezes transparentes, os tamanhos são normalmente de poucos centímetros mas há registro de peças de até 7 kg; assim como os demais tectitos a superfície apresenta ranhuras, estrias e pequenas cavidades esféricas. A foto abaixo foi obtida na página do grande comerciante e nosso caro amigo Alain Carion.


Outras variedades famosas de tectitos são:
Vidro de Darwin – encontrado na ilha da Tasmânia, Austrália, são também translúcidos a opacos, e exibem cor marrom a marrom-esverdeada.


Indochinito (já mostrado na primeira foto) – resultado do impacto de um meteorito gigante na região da antiga Indochina ( Laos, Vietnã e Camboja ), que além de espalhar tectitos pelo território desses 3 países também o fez sobre parte da Tailândia e do sul da China; os indochinitos são translúcidos e apresentam cor marrom muito escura.
Existem ainda inúmeros registros de ocorrência de tectitos em várias outras partes do mundo.
É impossível confundir tectitos ( assim como as obsidianas naturais ) com os “vidros da Terra” sintéticos: os primeiros são formados pelo resfriamento rápido de material fundido, viajando a altíssimas velocidades, enquanto que o vidro sintético é formado pelo resfriamento lento do material, parado dentro de um forno. Jamais foram encontrados tectitos ( mesmo as moldavitas e os vidros da Líbia, que podem ser transparentes ) de vários quilos absolutamente transparentes, como o “vidro da Terra” de 52 kg que nos foi oferecido pela Internet; e, mais importante, é impossível reproduzir dentro de um forno as feições superficiais de fluxo que estão sempre presentes nos tectitos.
2 – FULGURITA
É um vidro formado pela fusão de solos arenosos devido ao impacto de raios, elas têm normalmente o centro oco, têm forma aproximadamente cilíndrica, com os contornos externos irregulares e incrustados com grãos de areia; são sempre opacos e a cor varia dependendo da composição química da areia onde houve o impacto do raio ( normalmente a cor á cinza ou marrom ); há registro de fulguritas de até 4 m de comprimento! ( uma peça encontrada nas margens do Lago Congamond, no estado de Connecticut, USA, e que se encontra exposta no Peabody Museum of Natural History na Universidade de Yale, USA.


Minerais com inclusões fluidas

Minerais com inclusões fluidas

Existem diversos tipos de inclusões em minerais e mineraloides. A existência de um material contido dentro um sólido natural constituído por outro material foi objeto de estudos e controvérsias ao longo da história da Mineralogia e, consequentemente, da Geologia.
Estas inclusões podem estar no estado sólido como, por exemplo, na forma de pequenos cristais de pirita inclusos na fluorita ou insetos no interior do âmbar.
Quando as inclusões não estão no estado sólido, damos a elas o nome de inclusões fluidas. Estas podem então ser constituídas por água, soluções diversas, gases (CO2, metano) e até petróleo.
Cristal de quartzo fumê com inclusão fluida.
Cristal de quartzo fumê com inclusão fluida.
Sua formação está ligada a processos físico-químicos atuantes durante a cristalização ou recristalização do mineral. A retenção da fase fluida no processo de formação do cristal é responsável pelo aprisionamento do material em estado não sólido.
A análise dessas inclusões podem ser úteis em diversos estudos petrológicos e também em pesquisas paleoclimáticas, dando subsídios a modelos de mudanças climáticas ao longo da história da Terra.

Ouro Preto, terra do Topázio Imperial

Ouro Preto, terra do Topázio Imperial

Como vocês já sabem, Minas Gerais é um estado abençoado com inúmeras jazidas de pedras preciosas e semi-preciosas. Não é difícil adquirí-las nas várias lojas do ramo, principalmente nos centros históricos. Basta ter bom gosto e dinheiro para levá-las para em anéis, colares, brincos, pulseiras e outros. Ou, simplesmente como um amuleto da sorte. Essa da postagem de hoje, segundo estudos recentes, em breve não poderá mais ser encontrada com tanta frequência, mas vale a pena ser apreciada enquanto podemos, mesmo que seja só com olhares de desejo pela vitrine!


foto de caminhodoscristais


foto de adorojoias.com


foto de ninarenucci.com


foto de luxos e luxos


foto de vitoria.olx.com

foto de cefetop.com

Essa pedra que varia da cor amarelada, passando pelo pessego, vermelho tranparente, pode ser encontrada na forma bruta ou lapidada. Conhecida dos antigos egípcios, foi muito valorizada na Rússia Czarina. Desde os primórdios é utilizada para afastar todas as energias negativas que afetam o ser humano , trazendo calma e  paz, normalizando o sono, estabilizando o organismo e promovendo o relaxamento muscular. Há quem a considere o terceiro chacra.
O topázio imperial é uma pedra de rara beleza, sendo difícil de ser encontrado na natureza nos dias atuais. O maior produtor mundial é o Brasil, sendo que no município de Ouro Preto, estão localizadas a céu aberto as poucas minas ainda exploradas por aqui. A maior pedra já encontrada na região foi o Topázio Bragança, com 1680 quilates, em 1740. 
A extração começou ainda no período colonial e, nossos imperadores foram grandes apreciadores dessa relíquia. A maior mina do mundo hoje, é a da Fazenda do Capão do Lana, a 2 km do distrito de Rodrigo Silva, no município de Ouro Preto. 
O Topázio Imperial é encontrado somente em ouro Preto Minas Gerais- Brasil e está cada dia mais raro e o preço subindo vertiginosamente, e quem comprar agora pode ter uma agradavel surpresa dentro de pouco tempo ou seja o preço explodir assim como a Turmalina Paraíba.

Identificações erradas e fraudes em gemas

Identificações erradas e fraudes em gemas

Uma fraude clássica é a colagem de cristais de diamante e/ou de pequenos grãos de ouro no conglomerado, que são vendidas para colecionadores incautos ou para turistas como sendo peças naturais. Abaixo temos um exemplo típico – a primeira foto mostra a peça inteira, e as demais as montagens em detalhe. Ao clicar nas fotos, elas poderão ser visualizadas em tamanho maior.
diamante 001 detalhes
Conglomerado com ouro e diamante colado
diamante 001a detalhe
Detalhe do diamante colado
Ouro colado
Ouro colado em destaque
Tanto o diamante como o ouro são encontrados naturalmente nos conglomerados na região da Serra do Espinhaço e adjacências, que se estende do centro ao norte de Minas Gerais. São rochas metamórficas muito antigas, com mais de 1 bilhão de anos de idade, que contêm o resultado da erosão de rochas pré-existentes, inclusive kimberlitos, gerando rochas sedimentares que continham os diamantes, essas rochas desceram na crosta terrestre, e por ação de alta pressão e temperatura se transformaram em rochas metamórficas (quartzitos e meta-conglomerados); essas camadas voltaram posteriormente a se elevar, chegaram de volta à superfície e  foram então novamente erodidas, liberando os diamantes e o ouro (que não se originou em kimberlitos mas em outras rochas que sofreram o mesmo processo de erosão, transporte e metamorfização), gerando os ricos depósitos aluvionares que foram descobertos e intensivamente explorados nos séculos XVII e XVIII.  Na foto abaixo vemos uma excelente amostra  de diamante – um cristal natural, com ótima transparência.
Diamante - cristal natural
Cristal perfeito de diamante
É, portanto, possível encontrar grãos de ouro e/ou de diamante dentro dos conglomerados, mas devido ao colossal volume dessas rochas a chance de se encontrar a olho nu uma dessas amostras mineralizadas é extremamente baixa. Em nenhum garimpo nem em nenhuma mina industrial se tenta ver um ouro ou diamante na matriz, nos garimpos não se desagrega o conglomerado mas sim é processada rocha naturalmente desagregada, e nenhuma amostra é manuseada, o material é concentrado em bateias ou em “jigues” e o ouro e o diamante são concentrados gravimetricamente, os grãos que estiverem dentro do conglomerado vão ser certamente descartados junto com o rejeito da mina. Alguém pode até encontrar uma amostra nesses rejeitos, mas a chance é tão pequena que essas amostras legítimas deveriam ser extremamente raras.
Conglomerado com diamante colado
Conglomerado com diamante colado
Mas não é isso que acontece, existem em Diamantina e outras cidades da região verdadeiras linhas de montagem de ouro e diamantes nos conglomerados; alguns “artistas” (do mal!) colocam algumas vezes dois ou até mais cristais de diamante num mesmo conglomerado, ou então um cristal de diamante e ou grão de ouro, o que seria uma quase impossibilidade estatística de ser encontrado naturalmente. São peças, na minha opinião, desprovidas de qualquer valor, e não merecem pertencer a coleções de minerais sérias.
Diamante colado em conglomerado
Diamante colado em conglomerado
No último show de Tucson um comerciante americano tinha uma mesa cheia dessas amostras, com certeza (devido à quantidade) todas são fraudadas; um comerciante de Governador Valadares também adquiriu há poucos meses várias dezenas de peças, certamente também nenhuma é legítima.
Prezado assinante, caso você tenha uma peça dessas na sua coleção pode ter certeza de que ela deve ter sido montada. Recomendamos que ninguém compre esse tipo de material.