sábado, 8 de outubro de 2016

Ouro no esgoto

Ouro no esgoto
O garimpeiro Rivaldo da Costa enfrenta mau cheiro e ratos, mas já recolheu até 100 gramas de ouro numa expedição pelas galerias de Belo Horizonte


Foto:Emanuel Pinheiro/Primeiro Plano
“Com lanterna, velas, biscoitos e água, Rivaldo faz incursões de 48 horas no esgoto e fatura R$ 600 em ouro em cada uma delas
Três horas da madrugada. Rivaldo se prepara para mais uma jornada de trabalho. Numa sacola plástica, ele põe seis velas, uma caixa de fósforos, uma lanterna, três pilhas de reserva, dois pacotes de biscoito e uma garrafa d’água. Abençoa os oito filhos e os quatro netos, beija a mulher, coloca sob o braço um pedaço de carpete velho, que será a sua principal ferramenta de trabalho. Com suas botas de couro sem cadarço, jeans desbotado e surrado e camiseta de algodão puída, lá vai Rivaldo pelas ruas da cidade. Em uma esquina deserta ele pára. Observa a cidade morta no silêncio da noite. Olha o céu e avalia o tempo. Apoia seu bornal no chão e se ajoelha. Retira a grade de concreto que protege o bueiro. Recolhe a bolsa e desaparece. Nas 48 horas seguintes, ele vai recolher, nos esgotos de Belo Horizonte, o metal que garante o sustento da família: ouro. 
Rivaldo Alves Costa, de 60 anos, é um garimpeiro pouco convencional. Após 17 anos de trabalho nos ribeirões da região, ele trocou a paisagem prosaica do Rio das Velhas e das montanhas que cercam Nova Lima – cidade de 65 mil habitantes, a 22 quilômetros de Belo Horizonte – pelas trevas da rede de esgotos da cidade. Rivaldo garimpa no subterrâneo desde 1996, época em que descobriu que nas galerias se encontra o novo eldorado. Hoje é conhecido como “homem-rato”. Aposentado por invalidez e vivendo apenas do salário mínimo e dos cerca de 20 gramas de ouro obtidos por mês na exploração dos rios, ele ouviu dizer de outros garimpeiros que era possível retirar ouro da boca-de-lobo dos esgotos da cidade. 
Decidiu tentar a nova empreitada. Dentro de uma manilha de 150 centímetros de diâmetro, agachado, ele não resistiu sequer 10 minutos. O mau cheiro provocou náuseas e o calor começou a sufocá-lo. Rivaldo chegou em casa ao frangalhos. Jogou a roupa suja fora, tomou banho como nunca antes e se “desinfetou” na salmoura, pois em casa não tinha nada, além do sal, que pudesse ajudá-lo na faxina do corpo. 
No dia seguinte, Rivaldo tomou a decisão de partir para o garimpo nos esgotos. A escolha veio, segundo ele, com a conclusão de que mais valia enfrentar o fedor da galeria que padecer com a renda mínima paga da aposentadoria. Na mesma noite, ele preparou um ritual que tem se repetido. 
São cerca de 30 metros até um lugar onde a galeria se torna mais ampla. Ali, ele acende uma vela, desenrola o carpete que leva pendurado sob o braço e o estende sobre um pedaço de madeira recolhido no local. Ao redor, Rivaldo vê, em meio aos ratos que, agitados, reagem a sua presença, os vestígios da passagem dos precursores de sua aventura. Arregaça as mangas e começa a retirar com as mãos o barro podre, depositado no fundo da tubulação. Cada porção é lavada, com o próprio esgoto, sobre o carpete. A técnica consiste em fazer com que as partículas de ouro se fixem nas fibras do tecido, enquanto as impurezas são eliminadas pela água. São dois dias dentro do buraco. Rivaldo luta contra o sono para não adormecer em meio aos bichos. 
De volta a casa, ele repete o mesmo ritual daquela primeira sessão de limpeza. No carpete, empregado no garimpo, uma surpresa: 41 gramas de ouro. O equivalente a quatro meses de ordenado do aposentado. Ele já conseguiu, em expedições de três dias, até 109 gramas de ouro. As visitas à galeria passaram a ser mais constantes e Rivaldo transformou o lugar em seu hábitat natural. Com uma incursão apenas, ele garante uma média de 600 reais, que complementam a renda do mês. “Quando eu me acostumei com os bichos e eles entenderam que eu não lhes faria mal, passei até a dormir, quando o sono apertava. Aí o trabalho ficou mais fácil”, afirma.

Garimpeiros exploram ouro a 60 metros de profundidade no cerrado

Garimpeiros exploram ouro a 60 metros de profundidade no cerrado

Com muita coragem, trabalhadores ganham a vida mergulhando terra adentro para extrair pedras. Na cidade, o ouro se transforma em joia.

Os bandeirantes vieram em busca de ouro e abriram as portas do Brasil Central. Um conjunto de serras, chapadas, cachoeiras nascentes, cavernas. Natividade foi o primeiro arraial, a primeira vila a ser fundada por ali.
Tocantins é o estado mais novo do país. Tem apenas 27 anos e quase 300 anos de história. Quando foi fundado, o estado se separou de Goiás e passou a fazer parte da região norte do Brasil.
Natividade foi reconhecida como patrimônio nacional em 1987. Até hoje muita gente vive em busca da riqueza escondida embaixo da terra.
A dona de um dos garimpos existentes é a Divina. É ela quem cuida de todos por lá. Ela está sempre por perto e é muito respeitada pelos garimpeiros. O túnel tem 60 metros, com uma divisão no meio. Corresponde a um edifício de 20 andares. O garimpo é artesanal. A produção é apenas para a subsistência de quem se arrisca pelos túneis. Não dá pra ‘enricar’, a média que da produção é de 100 gramas /dia. mas como eles dizem por lá, mas eles seguem tentando a sorte, pois na região tem muito ouro cravado nas pedras, quartzo, o ouro primário com alto teor.
Na cidade, o ouro se transforma em joia. O mestre Wal transmite aos aprendizes o conhecimento que um dia recebeu de outros mestres. O trabalho delicado que requer muito capricho e paciência é conhecido como filigrana.
Garimpeiro se arrisca a 60 metros de profundidade para extrair pedras  (Foto: TV Globo)Garimpeiro se arrisca a 60 metros de profundidade para extrair pedras

O que define se uma pedra é preciosa ou semipreciosa?

O que define se uma pedra é preciosa ou semipreciosa?


Para começo de conversa, essa distinção há muito tempo perdeu sua validade científica. Toda pedra usada como ornamento por sua beleza, durabilidade e raridade, deve ser chamada só de gema. A beleza de uma gema é determinada por um conjunto de fatores como cor, transparência, brilho, efeitos ópticos especiais (variação de cores, dispersão da luz, opalescência); enquanto a durabilidade está relacionada à resistência a ataques químicos e físicos. A raridade com que uma pedra ocorre na natureza é outro fator importante na determinação de seu valor comercial. No entanto, a tradição e a moda podem influenciar decisivamente no preço final. Assim, o diamante — que não é uma das gemas mais raras na natureza – costuma ter um alto valor de mercado por ser uma das pedras mais antigas e tradicionais para uso em jóias, ou seja: ele nunca sai de moda.
A grande maioria das gemas são minerais, classificados de acordo com a seguinte divisão: substâncias cristalinas (diamante, topázio, ametista, esmeralda, água-marinha); substâncias amorfas (como opala e vidro vulcânico); substâncias orgânicas (pérola, coral, âmbar) e rochas (lápis-lazúli, turquesa e outras). Todas essas substâncias são naturais. Além delas, há hoje no mercado um grande número de produtos parcial ou totalmente fabricados pelo homem, tentando reproduzir o brilho e a beleza desses minerais. São as gemas sintéticas: chamadas de revestidas, reconstituídas ou compostas.
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A denominação “pedra preciosa” costumava ser usada apenas para o diamante, a esmeralda, o rubi e a safira, por serem as mais conhecidas e apreciadas desde a antigüidade; as demais eram denominadas popularmente de semipreciosas. “Esses termos são artificiais e confusos desmerecendo gemas como opala, água-marinha, crisoberilo, ametista ou alexandrita, entre outras pedras de grande beleza, apreciadas no mundo todo. Por isso, a distinção entre pedras preciosas e semipreciosas deve ser evitada, usando-se o termo gema”, afirma o gemologista Pedro Luiz Juchem, do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

No Brasil, uma das principais áreas de extração de esmeraldas fica na serra da Carnaíba, Bahia

No Brasil, uma das principais áreas de extração de esmeraldas fica na serra da Carnaíba, Bahia

Há sistemas de iluminação, de ventilação e de comunicação que ligam a entrada ao fundo do poço. As minas funcionam 24 horas diárias.
Para se chegar a um veio de esmeraldas, é preciso cavar buracos verticais com até 500 metros de profundidade no solo rochoso. Os garimpeiros passam dias a fio dentro dessas minas, dotadas de uma estrutura rústica, mas eficiente. Há sistemas de iluminação, de ventilação e de comunicação que ligam a entrada ao fundo do poço. As minas funcionam 24 horas diárias.
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Os trabalhadores manipulam dinamite, respiram fuligem o tempo todo, urinam e defecam em sacos plásticos e estão sujeitos a desabamentos. O risco de morrer é real, mas pode compensar: uma gema de boa qualidade com 1 quilate (2 gramas) é vendida por até 5 mil dólares.
No Brasil, uma das principais áreas de extração de esmeraldas fica na serra da Carnaíba, Bahia, onde o mineral foi descoberto em 1 963. Lá as minas são cavadas dentro de barracões cobertos, sendo invisíveis para quem anda nas ruas do garimpo. Sob a terra, o cenário lembra um formigueiro. Para iniciar a perfuração de uma mina, é preciso instalar bananas de dinamite em fendas feitas com uma britadeira. À medida que se encontram veios de pedra preciosa e a rocha fica mais solta, os garimpeiros se valem de ferramentas mais “delicadas”, como marretas e picaretas. Isolados do resto do mundo, os caçadores de esmeraldas desenvolveram um vocabulário peculiar (leia quadro abaixo).
As primeiras esmeraldas foram descobertas há cerca de 5 mil anos, no Egito. A pedra verde é considerada a quinta gema mais valiosa do mundo – perde apenas para o diamante, o rubi, a alexandrita e a safira. A cor de uma esmeralda varia do um verde pálido ao verde intenso, com tonalidades azuladas ou amareladas. A qualidade da gema depende, fundamentalmente, dessa cor. As mais valiosas e raras são aquelas que têm verde intenso, puro ou com ligeira tonalidade amarelada. O grau de transparência e a presença de rachaduras também influem na avaliação de uma gema.
Fábio Lamachia Carvalho (autor do livro Sonho Verde, sobre sua experiência como garimpeiro)

Imagem: thisisbossi/Wikimedia Commons

TERRA DE NINGUÉM
No subsolo, os territórios de cada garimpo não são muito bem definidos. Não existe propriedade da terra. É comum que escavações de minas concorrentes acabem se encontrando
FURO N’ÁGUA
Quando o poço rompe um lençol freático, a água escorre pela parede e se acumula no fundo. É preciso, então, cavar um desvio e abrir um túnel paralelo. Para que a mina não se inunde, os garimpeiros drenam constantemente a água empoçada
LUZ NO FIM DO TÚNEL
Os túneis têm cerca de 2 metros de altura. O ar é bombeado da superfície até o fundo da mina. A fiação também desce para possibilitar a iluminação das galerias
CONTRA DESABAMENTOS
Às vezes é necessário escorar as paredes com “caixas”, ou estruturas de madeira, para prevenir desabamentos. Os garimpeiros usam a marreta para avaliar a segurança do teto: dependendo do som da pancada, a pedra está solta ou segura

Brasil e Japão na Bahia

Conheça um pouco das estranhas gírias do garimpo
Brasil - a superfície
Japão - o fundo da mina
Malado - quem ganhou muito dinheiro
Massegueiro - ladrão de esmeraldas
Boi - rocha pendurada no teto ou nas paredes da galeria
Canga - boi de xisto com pedras preciosas incrustadas
Indianada - pedras de qualidade inferior, que são vendidas para o mercado indiano
Martelete - tipo de britadeira
Quarta-feira - marreta muito grande e pesada. Tem esse nome porque poucos conseguem operá-la por mais de dois dias seguidos. Ou seja: o garimpeiro agüenta o trabalho na segunda e na terça, mas na quarta já não dá conta do serviço
Vazar - encontrar esmeraldas

O buraco é mais embaixo

Como funciona uma mina de esmeraldas na Bahia
REPESCAGEM
No entulho retirado das escavações, sempre há esmeraldas pequenas e de pouco valor. Isso atrai os “quijilas”, nome dado a quem aproveita os restos do garimpo. Geralmente são crianças, mulheres ou idosos
O ASCENRISTA
Quem controla o que sobe e desce – de pedras a pessoas – é o operador de guincho. A máquina, movida a diesel, tem dois comandos: acelerador e freio. O guincheiro se comunica com o interior da mina por um “telefone”, que, na verdade, não passa de um tubo de PVC

Romaria Fluvial homenageia Nossa Senhora de Nazaré

Romaria Fluvial homenageia Nossa Senhora 

Círio fluvial durou mais de 2h30.
Imagem Peregrina veio de Icoaraci acompanhada por cerca de 500 barcos.

Do G1 PA
Durante o Círio Fluvial a Imagem Peregrina recebe homenagens de ribeirinhos pelos rios da Amazônia (Foto: Divulgação / Ascom Basílica Santuário)Durante o Círio Fluvial a Imagem Peregrina recebe homenagens de ribeirinhos pelos rios da Amazônia (Foto: Divulgação / Ascom Basílica Santuário)
A romaria fluvial do Círio de Nossa Senhora de Nazaré chegou à escadinha do Cais do Porto por volta de 11h30 deste sábado (8). Às 9h, a Imagem Peregrina saiu do trapiche de Icoaraci, distrito de Belém, iniciando a terceira procissão do Círio 2016.
Cerca de 500 de embarcações acompanharam a Imagem Peregrina, que seguiu a bordo do navio Garnier Sampaio, da Marinha, durante o trajeto de cerca de 18,5km pelas águas da baía.
Cerca de 500 embarcações acompanharam o Cìrio Fluvial (Foto: Ascom/Círio2016)Cerca de 500 embarcações acompanharam o Cìrio Fluvial (Foto: Ascom/Círio2016)

Já na escadinha do Cais do Porto, em Belém, a Imagem foi recebida com honras de chefe de estado pela Polícia Militar, em Belém. A ocasião se repete desde 1999, motivada pela Lei Estadual nº 4.371, de 15 de dezembro de 1971, que proclamou a Virgem de Nazaré, Padroeira do Pará, Rainha da Amazônia e merecedora da homenagem.
Romaria Fluvial conduz Imagem de Nossa Senhora de Nazaré pelas águas (Foto: Reprodução/TV Liberal)Imagem de Nossa Senhora chega ao Cais do Porto de Belém (Foto: Reprodução/TV Liberal)

A primeira edição da Romaria Fluvial aconteceu em 1986, por iniciativa da Companhia Paraense de Turismo. Para a romaria nas águas da baía do Guajará, foi confeccionada mais uma réplica da berlinda, usada até 2002. No ano seguinte, ela foi substituída por uma cúpula de vidro que é usada até hoje. A cúpula permite maior visibilidade da imagem pelos ribeirinhos e fiéis que a acompanham.
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Dom Alberto Taveira Corrêa (Foto: Ascom/Círio2016)Dom Alberto Taveira Corrêa carrega a Imagem Peregrina (Foto: Ascom/Círio2016)