domingo, 16 de outubro de 2016

Kimberlito vargem-1 (Coromandel, MG): bulk sample confirma mineralização diamantífera

RESUMO
O kimberlito Vargem-1, a sudeste de Coromandel (MG), ocorre sob o leito e margens do Rio Santo Inácio, o qual possui depósitos aluvionares lavrados desde longa data. Entretanto, a presença de diamantes na intrusão foi sempre questionada, pois teria uma química mineral desfavorável à mineralização. Agora, amostragem de grande volume, em execução por firma mineradora, revelou a presença de diamantes, com pesos inferiores a 1 ct, em um dos poços pesquisados. Esse fato "abre" nova perspectiva exploratória em dezenas de intrusões já identificadas em tal região.
Palavras-chave: Kimberlito Vargem-1, Coromandel, diamante.

ABSTRACT
The kimberlite Vargem-1, southeast of Coromandel (MG), occurs under the bed and banks of the Santo Inácio River, which has alluvial deposits mined for many years. However, the presence of diamonds in the intrusion was always questioned, which would have an adverse mineral chemistry to diamond mineralization. Now, bulk sampling running for a mining company, revealed the presence of diamonds, weighing less than 1 ct in one of the pits. This fact "opens" new exploratory perspective in dozens of intrusions already identified in such region.
Keywords: Vargem-1 Kimberlite, Coromandel town, diamond.



1. Introdução
O kimberlito Vargem-1 reveste-se de maior importância por constituir o primeiro corpo desse tipo inequivocamente identificado em Minas Gerais (1969), por meio de análises químicas de minerais separados do seu solo de alteração (Svisero et al., 1977). Uma parte da intrusão aflora sob o aluvião rico em diamantes do rio Santo Inácio, afluente do rio Paranaíba, a sudeste de Coromandel (Figura 1-A). Como os cascalhos desse rio são mineralizados a teores compensatórios, com o encontro periódico de grandes diamantes, permaneceu sempre a dúvida se o kimberlito seria ou não diamantífero e, logo, um dos responsáveis pelo espalhamento da mineralização no meio secundário, embora as empresas que antes o pesquisaram tivessem-no considerado estéril. Agora, amostragem bulk revelou o contrário.

2. O kimberlito Vargem-1
A intrusão, datada em 80,3 Ma, compõe um cluster com, pelo menos, outros dois ou três corpos próximos (Svisero et al., 1986, 2005). Para esses autores, sua forma superficial, com cerca de 1,8 ha, é triangular e voltada para sul, hospedando-se em siltitos do Grupo Bambuí, onde, no contato dessa encaixante, desenvolvem-se, localmente, grandes blocos, quase maciços, de silexito. Nas cavas de pesquisa, abertas no yellowground do corpo, observam-se, em meio à massa argilosa, restos de minerais originais, em "manchas" serpentinizadas, consideradas por Svisero et al. (1986) como resultantes da alteração de antigos megacristais de olivina forsterita.
No presente (Figura 1-B), seis poços de pesquisa estão sendo abertos pela GAR Mineração, cada um com cerca de 100 m3 cada, atravessando o corpo longitudinalmente. O material aluvionar foi previamente removido, juntamente com o topo mais alterado do corpo, para se evitar possível contaminação. A bulk sample pretende amostrar próximo de 2.000 toneladas de material rochoso, suficientes para definir teores e reservas do corpo. Os diamantes recuperados têm peso inferior a 1 ct.

3. Química dos principais minerais indicadores
Estudos mineralógicos prévios são devidos a Svisero et al. (1977) e Esperança et al. (1995), a partir de material rochoso alterado da borda da intrusão. Os piropos, analisados com microssonda eletrônica, foram classificados como do tipo G-9, de pouca representatividade em intrusões férteis na África do Sul e Rússia (Figura 1-C). Agora, separou-se do material recuperado, em uma das cavas de bulk sample (a que produziu diamantes), grande quantidade de minerais pesados para novos estudos. As análises em granadas confirmaram os dados anteriores que indicam larga predominância de piropos G5 e G9 sobre os G10 (conforme classificação e limites de Grütter et al., 2004), os quais caracterizam corpos de alto potencial diamantífero. Estudos sobre outros indicadores encontram-se em andamento.

4. Conclusão
A constatação de que o kimberlito Vargem-1 é diamantífero, mesmo que os teores encontrados resultem em antieconômicos, permite comprovar que não apenas esse, mas, inclusive, a maioria dos corpos da região foram pesquisados insuficientemente. Isto já havia sido demonstrado no caso do kimberlito Canastra -1, pesquisado preliminarmente em 1974, mas somente com uma nova campanha exploratória, em 1991, foram identificados teores economicamente viáveis (Chaves et al., 2008). Tal fato "abre" a perspectiva de exploração de dezenas de outras intrusões de natureza semelhante na região.

Garimpos de topázio imperial no Alto Maracujá

RESUMO
Esse estudo apresenta um diagnóstico dos garimpos de topázio imperial na cabeceira do rio Maracujá, denominada Alto Maracujá, em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, Minas Gerais. Há muitos anos atuante na região, o garimpo é acusado de afetar seriamente a infra-estrutura e o meio ambiente da região, com destaque para os impactos na drenagem e nas matas ciliares. Para realização do diagnóstico ambiental da atividade garimpeira na região, utilizaram-se técnicas de avaliação de impacto ambiental, visitas a campo, entrevistas, levantamento da literatura técnica e histórica da região e localização dos garimpos via GPS. O estudo apresenta os efeitos no meio ambiente e infra-estrutura, bem como a interação sócio-econômica da atividade na região.
Palavras-chave: topázio imperial, garimpos, avaliação de impacto.

ABSTRACT
This study presents a diagnosis of the imperial topaz artisanal mining (garimpo) at the head of Maracujá river, called high Maracujá, Cachoeira do Campo, district of Ouro Preto, Minas Gerais. Operating in this region for a long time, the garimpo is accused of seriously affecting the infrastructure and the environment of the region with emphasis on natural drainage and levee's forest impacts. To conduct the environmental diagnosis of the garimpos activity in the region it was used environmental assessment techniques, field trips, interviews, historic literature research and GPS survey of the garimpos. This study presents the effects on the environment and infrastructure as well as the socioeconomic interaction of this activity in the region.
Keywords: Imperial topaz, artisanal mining, environmental assessment techniques.



1. Introdução
Segundo Miranda et al. (1997), a atividade garimpeira é uma forma muito antiga de extração mineral. Provavelmente remonta ao século XV através do avanço dos europeus sobre terras desconhecidas como aconteceu no continente americano. Essa atividade pode ser considerada uma modalidade marginal à mineração, encarada pela sociedade como símbolo de desorganização, violência, insegurança, insalubridade, problemas sociais, degradação ambiental e a total falta de técnica para a explotação dos bens minerais. Os garimpos trazem sérios danos ao meio ambiente (IBRAM, 1992).

2. Material e métodos
A metodologia utilizada para a realização desse trabalho consistiu em observações de campo, análise de documentos, levantamento de bibliografia técnica e histórica, depoimentos de pessoas ligadas direta ou indiretamente ao garimpo, entre outros expedientes que se fizeram necessários para melhor avaliação do problema.

3. Resultados
3.1 O topázio imperial
O topázio imperial é o principal objetivo da atividade garimpeira do Alto Maracujá. Trata-se de uma gema rara no mundo, de alto valor econômico, atualmente encontrada somente na região de Ouro Preto (Gandini, 1994). Castañeda et al. (2001) afirma que o topázio imperial foi descoberto por volta de 1772, no local denominado Morro de Saramenha, em Ouro Preto. Com o passar do tempo, a extração dessa gema foi evoluindo e diversos depósitos vêm sendo trabalhados dentro dessa região como as minas do Vermelhão em Saramenha e a do Capão do Lana (maior em produtividade e totalmente mecanizada), em Rodrigo Silva (Sauer et al., 1996). Outras áreas de ocorrência do topázio imperial se caracterizam pela presença de pequenos garimpos de aluvião, grande parte deles, ilegais. A Figura 1 mostra a localização das ocorrências e locais de extração de topázio imperial.
3.2 O Rio Maracujá
O rio Maracujá é afluente da margem esquerda do rio das Velhas, um dos principais afluentes do rio São Francisco. Formado pelos córregos Cipó, Arranchador e Caxambu, o Maracujá banha o maior distrito de Ouro Preto, Cachoeira do Campo. Trata-se de um rio de extrema importância para a região, dotado de grande valor histórico e físico, como atesta Ramos ([ 196_ ]).
3.3 Atividade garimpeira no Alto Maracujá
A atividade de mineração está muito presente no Alto Maracujá com os garimpos de topázio imperial. Pequenas empresas extrativas legais e garimpos individuais ilegais se estabeleceram no local, principalmente, a partir da década de 70 do século XX, quando houve uma intensificação dos garimpos de topázio na região de Ouro Preto.
3.4 Garimpos clandestinos
Os garimpos clandestinos ou manuais de topázio imperial podem ser divididos em dois tipos específicos: o garimpo de margem e o de leito. Entretanto, na maioria das vezes, esses tipos se confundem no campo. A seguir são descritos os diversos tipos identificados durante esse estudo.
3.4.1 Garimpo de margem
A Figura 2 mostra um esquema de um garimpo de margem. Primeiramente há o desmatamento para a retirada da camada de solo orgânico. Seqüencialmente, o decapeamento culmina com a remoção dos horizontes superficiais do solo, de modo a dar ao garimpeiro acesso às camadas mineralizadas e preparar a área para a lavra em profundidade. O decapeamento pode ser desenvolvido por meio de enxadas, enxadões e picaretas.


A abertura da frente de lavra é a fase posterior ao decapeamento, onde os garimpeiros procuram, conforme a necessidade, expandir horizontal e verticalmente sua área de atuação, escavando horizontes mais profundos de solo e as camadas mineralizadas denominadas cascalho. Essas camadas, mais resistentes ao avanço da lavra, são formadas pelas rochas com veios de quartzo onde há a ocorrência do topázio imperial. A profundidade das escavações, tomando-se como nível de referência o topo do horizonte A do solo, varia muito, podendo atingir de 2 a 7 metros em média. Os cortes são abertos em taludes de 90 graus ou taludes irregulares negativos. As ferramentas utilizadas nas aberturas das frentes de lavra são picaretas, enxadas, enxadões e a inusitada enxada-pá (cabo de enxada e na extremidade uma pá disposta em ângulo de 90 graus com o cabo). A Figura 3 ilustra uma frente de lavra na margem do córrego Cipó.


Para a retirada da água que se acumula nas frentes de lavra devido à proximidade do lençol freático, os garimpeiros usam, como subterfúgio, longas mangueiras de 10, 20 metros ou mais de comprimento com diâmetros de 1" e 1,5", estendidas em direção à jusante do córrego Cipó, para sugar a água da abertura produzida.
O cascalho mineralizado é retirado das frentes de lavra e transportado até as margens do córrego por meio de carrinhos de mão ou latas ou galões de plástico. Para a lavagem do cascalho, o garimpeiro se vale de uma peneira de pedreiro ou uma maior, construída por ele próprio com a finalidade de facilitar a cata do topázio imperial.
3.4.2 Garimpo de leito
Esse tipo de garimpo é executado diretamente no leito do córrego ou próximo à margem desse. A Figura 4 mostra a configuração de um garimpo de leito. Desconsiderando o desmatamento e o decapeamento, basicamente comporta as mesmas operações realizadas nos de margem. Tem como diferencial o maior volume de água acumulado nas frentes de lavra e a instabilidade dos taludes escavados no leito do córrego. A Figura 5 mostra uma frente de lavra no leito do córrego Cipó, no Alto Cipó.




Em outra forma de garimpo de leito são utilizadas dragas para aumentar o rendimento da produção. A Figura 6 ilustra como é feito o trabalho de dragagem. O cascalho, juntamente com lama e água, é dragado da área de escavação e jogado contra a superfície de uma peneira. O garimpeiro realiza a cata do topázio na superfície da peneira. A Figura 7 mostra uma frente de lavra no Alto Cipó com uso de draga abandonada temporariamente.




4. Discussão
4.1 Impactos ambientais
As operações que constituem um garimpo de topázio imperial trazem uma série de impactos para o ambiente de entorno. O desmatamento, o decapeamento e a abertura das frentes de lavra destroem ou alteram a diversidade da mata ciliar e interferem na fauna local. Além disso, o decapeamento e a abertura de frentes de lavra elevam os impactos negativos na drenagem do córrego Cipó a níveis preocupantes em escala local e regional. Pilhas de estéril ficam expostas à ação do escoamento superficial e ao transporte de sólidos sedimentáveis. Principalmente, no período das cheias, ocorre o deslocamento dos sólidos rumo à jusante do Cipó, acarretando um alto grau de assoreamento deste, como pode ser verificado na Figura 8.


Quando a lavra do topázio imperial é realizada por dragagem, a geração de sólidos sedimentáveis torna a operação extremamente danosa ao córrego Cipó, devido ao aumento expressivo do nível de turbidez das águas deste. Nota-se, também, uma contribuição considerável desse processo no assoreamento à jusante.
O esgotamento das águas acumuladas nas frentes de lavra, se feito por mangueiras, causa apenas impacto visual. Porém, se realizado com o auxílio de pequenas dragas, causa impactos imediatos ao curso d'água, devido ao aumento da turbidez deste.
Na lavagem do cascalho, a contaminação do curso d'água se dá pelo passante da peneira onde todo o material é manipulado, aumentando a concentração de finos e, conseqüentemente, o nível de turbidez das águas do córrego Cipó. Quando o garimpeiro se vale da construção de barramentos para o represamento das águas do córrego para posterior lavagem do cascalho, isto resulta na interferência do fluxo normal das águas e no impacto visual negativo.
A cata do topázio permite a formação de pilhas de rejeito compostas pelo descarte do cascalho, que contribuem para o assoreamento do córrego no período chuvoso. Seqüências de pilhas ao longo do leito do córrego interferem no fluxo normal de suas águas, na sua morfologia e contribuem para o impacto visual negativo no local.
O abandono temporário das frentes de lavra, seja na margem ou leito do córrego, é uma das ações mais freqüentemente efetuadas pelos garimpeiros. Em geral, costuma-se associar essa prática ao insucesso da lavra ou tática do garimpeiro para escapar da fiscalização ambiental. Os constantes abandonos e retomadas de frentes de lavra impedem a recuperação natural do local afetado.
4.2 Questões sociais, de saúde e de segurança
Além dos impactos diretos e indiretos ao meio ambiente, questões voltadas ao próprio garimpeiro e sua relação com a atividade e o entorno foram consideradas nesse estudo. Esse tipo de atividade predispõe o trabalhador a constantes ameaças à sua integridade física, tais como doenças ocupacionais, desmoronamentos, traumas, quedas, etc. Risco maior é exposto àqueles indivíduos não garimpeiros que circulam desavisados pelo local.
Conflitos entre garimpeiros e entre estes e indivíduos externos ao garimpo são freqüentes, em alguns casos, resultando em morte. Em muitos momentos, tensões com donos de terras ou órgãos fiscalizadores desencadeiam situações desagradáveis a ambas as partes, levando o local a um estado crítico.
Ameaças a obras civis na região também são fatos reais devido ao volume de impactos gerados nos garimpos de topázio imperial. São comuns erosões em estradas que tangenciam o córrego Cipó geradas a partir de desvios deste. O volume de sólidos sedimentáveis acarreta problemas de ordem estrutural em galerias, pontes e pequenos barramentos de sitiantes locais. Impacto de maior destaque se constitui na degradação da qualidade da água que abastece uma população de cerca de 6000 habitantes, comprometendo a eficiência da estação de tratamento de água de Cachoeira do Campo.

5. Conclusões
As atuais condições do garimpo de topázio imperial no Alto Maracujá comprometem o ecossistema da região e a infra-estrutura pública. Caso não ocorra uma organização da atividade sob a forma de cooperativa ou associação, torna-se impossível solucionar o problema e recomenda-se a paralisação imediata do garimpo.

Não há estudo que comprove a dependência econômica da atividade por todos os garimpeiros que atuam na região. Sabe-se que muitos são esporádicos e se beneficiam do garimpo como um instrumento de renda extra. Entretanto, outros têm, nessa prática extrativista, o sustento de suas famílias, já que a atual conjuntura econômica do país não oferece melhor sorte aos mesmos. Isto torna o problema ainda mais complexo. Saber avaliar o ponto exato de equilíbrio entre a necessidade humana de sobrevivência e a preservação ambiental é um desafio proposto a toda sociedade.

Tanzanita – A Pedra da Morte

Tanzanita – A Pedra da Morte

No norte da Tanzânia, aos pés da maior montanha africana, a extração de uma pedra mil vezes mais rara que o diamante expõe as chagas do colonialismo em pleno século XXI.
            A morte ronda as minas e as colore de azul intenso. Tanzanita, uma pedra azul, considerada a mais requintada gema preciosa do mundo. Ela é encontrada em um único ponto do globo, numa estreita faixa de 5 quilômetros aos pés do Monte Kilimanjaro.
            Seduzidos pelos recursos que acreditam arrecadar com a pedra azul, mais de 100 mil homens aglomeram-se nas poucas centenas de casas de Mererani. Diante da alta rentabilidade da pedra (1 quilate chega a valer 2 mil dólares) e do curto prazo de suas reservas, os mineiros fazem de tudo para suportar as condições desgastantes abaixo da terra. Como algumas galerias chegam a mil metros de profundidade, eles são obrigados a respirar ar comprimido.
            A ausência de água corrente e potável torna ainda maior o desafio da sobrevivência em Mererani. As ruas são parcamente pavimentadas, onde se espalham bares sujos e barracas de vendedores. Muitos mineiros dormem na rua, já que as casas de madiera existentes não dão conta de tanta gente. O descaso com o saneamento resulta num elevado número de mortes por doenças como a tifo ou a cólera.
            Os mineiros, chamados de wanaapolos, em sua maioria são jovens vindos de toda a Tanzânia. Abrem minas clandestinas fora do perímetro oficial e raramente encontram algum mineral de valor. Estimulam o contrabando e, na maioria das vezes matam-se por nada, já que o lucro costuma ficar com empresas estrangeiras que detêm o direito de exploração da maior parte dos blocos. No final da década de 1960, Henry B. Platt, ex- vice presidente da Tiffany & Co., uma das mais luxuosas joalherias do mundo se deu conta do valor que a pedra poderia alcançar no mercado, vendendo pioneiramente em Nova York.
            Os lideres do povo masai contestam pelo fato de não receberem nenhuma compensação financeira pelas pedras retiradas de suas terras, mas em um bloco, um masai chamado Papa King, fez fortuna com a pedra.
            Na outra ponta da história estão os endinheirados pescoços das damas dos países ricos, onde um colar de tanzanita chega a custar 115 mil dólares e os Estados Unidos são os maiores compradores. No entanto, a tanzanita não proporcionou nenhum tipo de requinte social em seu país de origem. Apenas 5% do valor comercializado é repassado ao governo da Tanzânia que perde grandes divisas com o contrabando da tanzanita.
Fonte: Revista Os Caminhos da Terra.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Esmeralda

Esmeralda

>> Familia(s) : berilos, silicatos

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Ela é a variedade verde do berilo, a mais preciosa pelo fato de sua cor incomparaval, seu nome vem do grego "smaragdos" derivando de um muito antigo nome semitico significando "brilhar".
Ela é uma das gemas mais procuradas, quando é verde firme e puro.Seu preço pode se igualar e exceder o do diamante.Sua cor é tão bela e unica que a tonalidade "verde esmeralda" se tornou um termo utilisado para caracterizar esta cor, ela devido ao cromo e/ou ao vanadio.Até o principio do século XX°, inumeras pedras verdes eram ainda denominadas "esmeraldas".
Até o século XVI° as esoeraldas de Zabarah, no Egito, conhecidas desde 1500 a.C., e tendo fornecido pedras à Cleopatra, eram as mais reputadas.
Os romanos apreciavam esta gema, "não existe ponto de cor mais agradavel ao olho que a da esperalda" escreveu Pline.
A India explorava também abrigos, daqui em diante esvaziados : Udaipur, Ajmer, Rajgarth, Bhilwara...Esta gema permanece rarissima até à Idade Média pois haviam poucas jazidas.
Foram as descoberdas dos conquistadores que a expandiu na Europa à partir de 1535, apos ter saqueado descaradamente os templos do novo mundo. As esmeraldas partiam dentro de galeões, um destes, naufragado no largoda Florida, continha 25.000 quilates mais um grupo de cristais aglomerados de 24.644 quilates. Em 1993, mergulhadores os encontraram, entre outras, uma pedra de 964 quilates tendo pertencida à Hernan Cortès, de forma prolongada, depassando o tamanho de uma mão aberta, batizada "Rainha Izabelle".
Todas as esmeraldas célebres do Tesoudo do Palacio Topkapi em Istambul são provenientes da Colombia, como as do tesouro do Iran e as do Palacio de armaduras do Kremlin em Moscou.

Local de extração

Produto de cristalização de fluxo magnéticos ou hidrotermais nas rochas metamorficas, ela é encontrada somente nestas rochas pois não existe jazida aluvião pelo fato da fragilidade dos cristais.
A Colombia permanece o principal pais produtor : ela produz as mais belas esmeraldas provenientes de minas na região de Muzo (tendo sido exploradas pelos Incas depois abandonadas e reabertas no século XVII°) e a mina de Chivor onde se encontra raras esmeraldas ditas "trapiches" com um crescimento radial de varios cristais prismaticos. Autras jazidas foram recolocadas em atividade apos algumas décadas.
Um terço das esmeraldas colombianas é de uma qualidade utilizavel em joalheria.
O Brasil (Itabira e Santa Terezinha de Goias) produz esmeraldas mais claras e a rara esmeralda "olho de gato".
São conhecidas jazidas no sul do Zimbabue desde 1955 sobretudo na mina de Sandawana, com seus cristais relativamente pequenos mas de boa qualidade. Na Africa do Sul, as minas de Cobra e de Somerset produzem esmeraldas, mas somente 5% são de qualidade gema. Na Russia, no Oural, foi descoberto um filão em 1930, mas este também esta extinto e os cristais nunca foram de qualidade excepcional. Pode-se acrescentar a Austria : minas do vale de Habach, perto de Salzbourg, que dão amostras para colecionados e não para joalheiros, a Noruega (perto de Eidsvoll, no norte de Oslo), o Gana, a India, Republica de Malgaxe (onde um grupode cristais de 74 kg foi encontrado) o Mala, o Moçambique, a Namibia, o Paquistão, a Tanzânia, o Egito onde as minas provenientes das esmeraldas oferecidas à Cleopatra são apenas lembranças atualmente.Por outro lado, o Afeganistão explora sempre as antigas minas, produção limitada em razão dos meios politico e climatico.

Utilização em joalheria

Ela é uma gema de alto valor comercial, rara e muito procurada. Quando ela é de cor acentuada, é lapidada em degraus, retangularmente, de lado, o que a torna menos vulneravel aos choques : é o que chamamos de "lapidação esmeralda".
Clara e transparente, ela pode ser lapidada em brilhante enquanto que as pedras opacas se tornam cabochões ou bolas para colares. Existem esmeraldas gravadas em entalhes ou em camafeus desde a antiguidade, como aquela que fez gravar Ptolomeu para Cleopatra.
Suas inclusões não são defeitos quando elas são importantes e constituem o que chamamos de "jardins" pois as inclusões se parecem com gramas loucas.
Para mascarar seus defeitos (rachaduras, arranhões abertos...) as esmeraldas são imersas, no local mesmo de sua extração, dentro de oleos especiais ou injetadas resinas artificiais debaixo do vazio.
Muitas caracteristicas da esmeralda variam conforme o lugar de origem da pedra.
A esmeralda é a pedra aniversario do 20° ano de casamento e também do 35°.

Cuidado e precaução no cotidiano

Ela não deve ser exposta em contato com produtos quimicos de limpesa de casa ou solventes (que podem dissolver os oleos dentro das rechaduras) e ela teme o calor que pode provocar une fratura. Jamais coloca-la em contato com agua quente depois fria pois ela teme os "choques térmicos" que podem também provocar uma fratura. E é necessario lava-la rapidamente com agua ligeiramente ensaboada e enxaguar imediatamente unicamente com agua pura sem calcario. Ela é também sensivel aos choques e pressões. Ela é uma belissima gema que necessita da atenção da pessoa que a usa.

Litoterapia cultural e historica

A esmeralda representaria as forças de regeneração sobre todos os planos, simbolizando a esperança, a vitalidade cosmica, a natureza que se desperta na primavera, como escrevia tão bem Hildegard von Bingen, pois ela absorve todo o verde primario da natureza e o cristaliza nela como a matéria da vida.
Ela dissolveria os bloqueios, as tensões, refrescaria nosso ser. Muitos povos a utilizaram por suas possantes vibrações, agindo sobre as doenças oculares (colocava-se, na Antiguidade, pequenas pérolas de esmeralda nos cantos dos olhos para evitar qualquer infecção). Ela foi descrita como um antiséptico util em caso de infecção : talvez se falava do dioptasio com o qual ela era confundida. Era preciso então, beber agua de esmeralda...
Na idade média a foi atribuido virtudes tais como de eliminar verrugas, impedir a queda dos cabelos, proteger contra os venenos; mordidas de cães raivosos e de animais venenosos.
Ela pode ter ações maléficas : Foi suspenso uma no pescoço da virgem de Atocha, em Madrid, pedra que tinha pertencido à inumeras pessoas todas mortas violentamente ou estranhamente, entre outros a infeliz Elizabeth da Austria que foi assassinada, uma princesa espanhola que morrera poucos dias apos tê-la usado.

Imitações e tratamentos

Os dubletes (pedra dupla) não são raros : berilo, ou outra pedra natural de cor palida (quartzo, agua marinha, berilo…), coladas com cimento verde (esmalte). A culatra pode ser também de vidro ou de espinélio sintético.
Sabe-se sintetizar a esmeralda desde o século XIX° e de inumeros procedimentos foram colocados ao ponto durante o século XX°, uma produção destinada ao comercio iniciando nos anos 1950.

Melhoramentos

Sendo admitido que as fissuras da esmeralda podem ser preenchidas de um oleo natural e que este "embelezamento" deve ser reversivel. O fato de preencher as micro-fissuras da pedra lhe da um melhor brilho. Todo colorante verde é proibido como toda resina ou vidro injetado, de uma maneira irreversivel. O certificado da pedra deve mencionar os eventuais tratamentos.

Pedras historicas e legendas

Existem esmeraldas célebres conservadas no British Museum de Londres; na coleção da Rainha da Inglaterra, no Lmuseu de historia natural de Nova York onde estaria exposto "Patricia" um dos maiores cristais conhecidos de 632 quilates, na Russia, no Iram (Tesouro Imperial), na Austria, em Viena no tesouro dos Habsbourg (frasco à unguentos de 12 centimetros de altura pesando 2205 quilates lapidada num so cristal), na Turquia no Palacio Topkapi.
Excepcional é a Lechuga, assim chamada por causa do verde intenso de seus 1486 esperaldas originarias da mina de Muso (Colombia) em forma de gota de oleo e de asas de borboleta, que é considerada como a mais bela peça de comércio de prataria religiosa colonial. Encomendada pmela Companhia Jesus à Bogota entre 1700 e 1707 ao artista Joseph Galez, ela comporta também um topazio do Brasil, 62 pérolas das Caraibas, 168 ametistas indianas, 28 diamantes sul africanos; 13 rubis do Sri Lanka e uma safira de Tailândia.
Legendas : Logo que o arcanjo Lucifer se revoltara contra Deus e foi vencido apos ter combatido São Michel, a enorme e maravilhosa esmeralda que brilhava na sua testa se soltou quando aconteceu sua caida e caiu na Terra. Seria a mesma que foi oferecida mais tarde à rainha de Saba pelo rei Salomão. Ela foi lapidada em forma de calice e Nicodemos a herdou, depois enfim Joseph de Arimathie.
Este vaso sagrado se tornou o Graal que foi levado para a Bretanha, depois perdido, sua procura se tornando missão dos Cavaleiros da Mesa Redonda. A mesa magica segundo a qual estavam gravadas as coordenadas da ciência oculta era uma imensa esmeralda.Ela foi encontrada numa gruta onde estava enterrado Thôt (ou Hermès Trismégiste, quer dizer três vêzes grande) A mumia do deus egipcio mantinha esta mesa na mão quando Sarah a mulher de Abraham entra algum tempo apos o Diluvio, dentro da caverna servindo de sepulcro localizado perto de Hébron, mas outras versões atribuem esta descoberta à Alexandre o Grande.
O que segue não é verdadeiramente legendario : em 9 de março um colono espanhol galopava à perder o fôlego para fugir dos terriveis indios muzos. Como sua armação mancava, ele parou, arriscando a vida, para examinas seus tamancos e descobriu plantado ao meio de um deles uma soberba esmeralda, verde intenso. A novidade foi sensação na região e ele refêz à senso inverso seu percurso para chegar finalmente a um nivel da montanha onde se encontravam as veias de esmeraldas.

Pedras do Caminho...

Pedras do Caminho...

Principais áreas de ocorrência de pedras preciosas e metais nobres do Brasil. A sobreposição de cores identifica regiões potencialmente explosivas. Segundo levantamento, há mais de 200 garimpos em reservas indígenas.

Brasil, país pródigo em recursos minerais, pobre em investimentos no setor, confuso quanto à legislação e à fiscalização, ignorante quanto ao volume produzido, o valor movimentado, o número de pessoas envolvidas e a importância de tal contingente na economia, especialmente nas pequenas cidades.
Todos os estados brasileiros abrigam riquezas minerais. Alguns, mais, outros, menos, como se pode ver no mapa acima.
Legalmente, o subsolo pertence à União.
Se um fazendeiro quiser saber o que há em suas terras deve contratar um geólogo. O segundo passo e pedir um Requerimento de Autorização de Pesquisa ao DPNM – Departamento Nacional de Produção Mineral, vinculado do MME – Ministério de Minas e Energia, descrevendo o tipo de mineral e sua localização.
Também é preciso incluir um plano de pesquisa, detalhando prazo e orçamento – a descrição da área e o plano deve ser preparado e assinado obrigatoriamente por um geólogo ou engenheiro de mineração.
O DNPM o avalia e, caso não haja nenhum impedimento legal – se não estiver dentro de área indígena, parque nacional ou área de proteção ambiental e não houver requerimentos sobrepostos – emite um “Alvará de Pesquisa”, válido geralmente por três meses, mas renovável.
Antes, porém, de pôr a mão na massa, o fazendeiro precisará de licenciamento do órgão responsável pelo meio ambiente (varia de estado para estado), de estudo e relatório de impacto ambiental (EIARima) e autorização de outras instituições, caso necessite cortar árvores, usar muito água ou atingir área de proteção ou hidrovia federais. Nesse caso, terá de bater na porta do Ibama. Por baixo, gastará mais de 20 mil reais.
O Brasil é a “província gemológica” mais importante do planeta, com produção em todos os estados, alguns dos quais destacam-se também pela exclusividade.
Por exemplo, o Piauí, único produtor de opalas brancas, descobertas em 1973, e a Paraíba, terra das “turmalinas paraíba”, pedras azuis e verdes de rara beleza, encontradas pela primeira vez em 1989. Ouro Preto, MG, também faz parte desse grupo. Na antiga Vila Rica encontram- se as únicas jazidas de topázio imperial rosa do planeta.
A Bahia destaca-se pela produção de esmeraldas, safiras e águas-marinhas, além de diamantes.
O Rio Grande do Sul, pelas ametistas, ágatas, citrinos, cristais de rocha e outras. O Pará, pelo ouro.
Minas, por dezenas de pedras – o estado não tem esse nome à toa. Água-marinha, esmeralda, opala, morganita, topázio, safira, rubi, turmalina, berilo, rubelita, cristal de rocha, quartzo, ametista, pirita (mineral chamado “ouro dos trouxas”), citrino, calcedônia, cornalina, ágata, alexandrita, amazonita, rutilo, brasilianita, granada, hematita, iolita, turquesa, olho-de-gato, espodumênio, ônix, kunzita, lazulita, malaquita, obsidiana, pedra-da-lua, diamante etc., o país guarda gemas coradas de todas as cores e tonalidades, várias delas multicoloridas como a opala nobre ou a turmalina “melancia” – lapidada a partir de cristais com a cor verde por fora, uma fina camada branca e o miolo rosa.
No planalto central , safiras, diamantes, esmeraldas e agora nos chegaram um tipo de Jaspe diferentes, rajados como se fossem peles de onça, para bio-jóias rústicas.



“Garimpeiro é esbanjador; vive sonhando”, afirma Maurino dos Santos, Garimpeiro nas catas e túneis de Padre Paraíso, município ao norte de Teófilo Otoni. Confessa , sofre de febre garimpeira , compulsivametne passa dias a fio sem saber dentro do túnel se é dia ou noite; quando para sente chicotadas imaginárias a castigar-lhe o lombo.
Atribiu o fracasso de sua última tentativa de bamburrar (achar o caldeirão de gemas, o veio que brotam), a falta de união e muitas brigas entre eles...As pedra num gosta de cofuilsão, se tem risca -faca, elas (as pedras) foge...
Todo o seu tesouro atual se resume em suas ferramentas de trabalho...
A quicaia, intrumentos indispensáveis do ofício de garimpar – como lebanca (espécie de alavanca), picareta, enxada, bateias, peneiras, cacumbu (um tipo de machado) e calumbés (gamelas cônicas, na quais o cascalho que vai ser lavado nas catas de ouro ou diamante é conduzido). 
Outra distorção no setor, recorrente no país: exportar matéria-prima ao invés de produtos acabados, como ocorre com o café, o ferro, a soja, etc. Dá-se o mesmo
com as gemas: o Brasil é responsável por 30% da produção mundial de gemas coradas (excetuando-se o diamante, que corre à parte), embora participe com apenas 4% do mercado internacional, que movimenta cerca de 1,5 bilhão de reais anualmente.
“Israel não produz esmeraldas mas tá no topo do ranking mundial dos exportadores. Sabe como? Eles (os israelenses) vêm aqui, compram pedras brutas das mãos dos garimpeiros ou intermediários, lapidam e vendem as gemas (e jóias)”.
(ao eclodir a segunda guerra mundial, muitos ourives europeus de origem judaica emigraram para o Brasil. Com a recessão no mercado joalheiro internacional no pós-guerra, mudaram- se para o recém criado Estado de Israel. Lá, ajudaram a construir uma das maiores indústrias de lapidação do mundo, em grande parte com pedras brutas brasileiras. Eles falavam português. Tinham contatos aqui. Sabiam o caminho das pedras).
“Se um alemão, por exemplo, chega em Teófilo Otoni e compra uma pedra bruta, ele sai do país com imposto de exportação zero.
Essa mesma pedra para ser lapidadada (agregar valor) em São Paulo, paga 12% de ICMS”, compara. Em sua opinião, a tributação excessiva é o principal entrave ao desenvolvimento do setor – chega a 53%.
Além de restrições de natureza tributária, a burocracia, capaz, segundo ele, de fomentar a informalidade, cujo índice ultrapassa 50% atualmente. Ou seja, mais da metade da produção e da comercialização de pedras preciosas no Brasil é feita por baixo do pano. Não se sabe ao certo quanto se tira do subsolo nem quanto se vende, muito menos o montante real nas transações. Problemas à parte, as exportações vêm crescendo 20% ao ano, de acordo com o IBGM – uma espécie de confederação de associações estaduais e empresas do setor.

Imagem acima: Canudos gogantes brutos de água marinha em formação na rocha mãe de quartzo (matriz), infelizmente não cristalizados como a Marta Rocha, do Rio Grande do Norte.
Em 1957, o garimpeiro Tibúrcio José do Santos fez um achado extraordinário ao cavucar a terra em Marambaia, distrito de Teófilo Otoni.
Ele topou com uma água-marinha de 35 quilos (175 mil quilates), azulada – um azul tendendo para o verde, da cor dos olhos da miss Marta Rocha.
Justamente uma água-marinha, gema da família dos berilos, tida como a pedra do amor e da felicidade, protetora das sereias – o historiador romano Plínio colocava-a dentro d’água, na praia, para checar sua pureza. Se “desaparecesse” na mão, confundindo-se com a água do mar, então era verdadeira.
Batizada Martarrocha, é a mais famosa das gemas coradas brasileiras – gema corada é o nome que a indústria de jóias, bijuterias, folhados e artefatos de pedras dá às pedras preciosas em geral, especialmente as coloridas. Desde então, foram encontradas água-marinhas de maior tamanho mas nenhuma tão bonita (tão perfeita) quanto ela.
O fazendeiro Antônio Galvão, dono da terra, ficou a maior parte do lucro. Do que lhe coube ao final da partilha (cerca de 200 mil contos – um dinheirão, na época), Tibúrcio gastou quase tudo em terras, carro e farras. Hoje, aos 87 anos de idade, restam-lhe somente um sítio improdutivo em Novo Oriente de Minas e 48 hectares em São Juliano, onde outros filhos tentam ganhar a vida com roça e gado. A Marta Rocha se dividiu em várias pedras e algumas delas estão no tesouro particular de Jóias da Rainha Elizabeth presente de JK, sempre que ela recebe qualquer líder brasileiro as usa, um conjunto de braceletes, brinco e colar
Betinho Pêgo, encorpora o esteriótipo, relaciona histórias pessoais e casos semelhantes em que os colegas ganharam bom dinheiro para em seguida perder tudo ou quase tudo. “Três vezes levantei rico e fui deitar pobre”, conta, resignado.
A maior pedra que lhe caiu em mãos, foi um crisoberilo de 20 quilates e a mais valiosa, uma água-marinha que lhe rendeu 140 mil reais na ocasião (1979).
Teófilo Otoni ainda é o principal centro lapidário do país, mas já foi maior. Há 20 anos, abrigava 2.500 oficinas.
Hoje, restam 359. Havia cerca de 30 mil garimpeiros em atividade. Atualmente não passam de 500.
“Estamos crescendo que nem rabo de égua", tratando logo de esclarecer a frase: “Rabo de égua só cresce pra baixo”.
São números significativos, segundo ele, considerando, também, o de vagas abertas no mercado: “São pelo menos dez empregos gerados por cada garimpeiro”, justifica, relacionando entre eles o lapidador, o serrador, o facetador, o encanetador (“caneta” é um lápis de madeira, em cuja ponta o especialista fixa com lacre a pedra que será lapidada em discos abrasivos diamantados. Trabalho para "principiantes" no ofício), o polidor, o corretor (intermediário entre o garimpeiro e o comprador), o desenhista de jóias e o joalheiro além dos demais envolvidos na cadeia produtiva.