sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Conheça histórias de que quem testemunhou a abertura da mina de alexandrita, em Hematita

Maior jazida do mundo

Conflitos, amizades, traições. Conheça histórias de que quem testemunhou a abertura da mina de alexandrita, em Hematita


Mina de alexandrita em Hematita, distrito de Antônio Dias

O descobrimento da maior jazida de alexandrita do mundo, no distrito de Hematita, em Antônio Dias, é uma história cheia de versões. Com poucos registros oficiais, é difícil creditar quem, de fato, descobriu a mina, nos idos de 1986. O que se sabe é que foi por acaso e por gente que não fazia ideia do quanto valia o material daquele subsolo. Por ser extremamente rara, a alexandrita se compara ao diamante em valor de mercado. 
 
Uma senhora simpática que mora atualmente ao lado da lavra – e preferiu manter-se no anonimato – conta que foi um primo seu, garoto na época, quem encontrou a preciosidade pela primeira vez. O menino brincava perto de um rego d’água, quando uma galinha ciscou um monte de cascalho e as pedras brotaram da terra. 
 
Não se sabe se foi este ou outro menino que, impressionado com a beleza da gema, que muda de cor de acordo com o tipo de luz à qual é submetida, achou aquilo bonito, cavou um pouco mais com as mãos, encheu uma sacola e levou para o distrito. Chegando lá, o garoto mostrou o achado a um comerciante, que provavelmente identificou ali algo valioso, e recebeu em troca dois pacotes de bala.
 
O assunto logo virou tema de conversa em reuniões de família, grupinhos de beira de rua e frequentadores de botecos. “Dizem que é uma tal de Alexandrita. Estão falando que vale muito dinheiro”, especulavam os moradores.  
 
Em 1986 não havia internet no Brasil, muito menos Facebook ou WhatsApp. Televisão em casa era para poucos. Mesmo assim, a informação correu rápido e em poucos dias começavam a chegar garimpeiros do país inteiro em busca das preciosas alexandritas de que tanto se falava. E eles chegavam armados com pás, picaretas e engenhocas para lavar cascalho. Armados também com revólveres, escopetas, garruchas, facas e canivetes. 

‘INVASÃO’ CHINESA INFLACIONA MERCADO DE PEDRAS PRECIOSAS


‘INVASÃO’ CHINESA INFLACIONA MERCADO DE PEDRAS PRECIOSAS

Cinquenta metros abaixo do chão, trabalhadores caminham na Mina do Cruzeiro por túneis estreitos, abertos na rocha e cheios de poças de água, para extrair a pedra que caiu no gosto do mercado de luxo da China – turmalinas. As pedras são exportadas em forma bruta, lapidadas na China e lá transformadas em anéis, brincos e pingentes para chinesas endinheiradas.
O aumento do interesse chinês por turmalinas e outras pedras preciosas do Brasil já provoca uma pequena revolução no mercado de gemas. O apetite da China literalmente salvou empregos em algumas cidades do interior de Minas, mas também é motivo de preocupação.
Cinquenta metros abaixo do chão, trabalhadores caminham por túneis estreitos, abertos na rocha e cheios de poças de água, para extrair a pedra que caiu no gosto do mercado de luxo da China. Com pás, picaretas e furadeiras, uma centena deles retira todos os dias quilos e quilos de turmalina na Mina do Cruzeiro, no município de São José da Safira, interior de Minas Gerais. As pedras são exportadas em forma bruta, lapidadas na China e também lá transformadas em anéis, brincos e pingentes usados por chinesas endinheiradas.
O aumento do interesse chinês por turmalinas e outras pedras preciosas e semipreciosas de cor do Brasil é ainda uma novidade, mas já provoca uma pequena revolução no mercado de gemas. Os chineses tornaram-se mais visíveis como compradores depois da crise financeira mundial de 2008, quando os compradores tradicionais – americanos e europeus – se retraíram. A demanda da China literalmente salvou empregos em algumas cidades do interior de Minas Gerais – o Estado mais tradicional na produção e venda de “pedras coradas” do país – que são centros de exploração ou comércio de pedras. Mas o apetite asiático também é motivo de preocupação.
Grandes joalherias brasileiras que usam em suas peças pedras nacionais viram quase de uma hora para outra compradores chineses arrematando grandes lotes de turmalinas, topázios, águas-marinhas e muito quartzo. A disponibilidade de pedras para o mercado nacional diminuiu, ao mesmo tempo em que os preços explodiram. Algumas pedras estão sendo vendidas a preços 400% superiores aos que eram praticados há quatro anos e muitos produtores acabam privilegiando fazer negócios com os chineses porque eles estariam em geral mais dispostos do que os compradores brasileiros a pagar mais pelas pedras, compram lotes maiores e pagam à vista.
Um dos efeitos do aquecimento do mercado pela China se vê nas minas. Segundo o chefe do escritório do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em Governador Valadares, Marlucio Dias de Souza, há um movimento de reabertura de minas na região.
Marcos de Moura e Souza/Valor / Marcos de Moura e Souza/ValorO resultado do trabalho na Mina do Cruzeiro
Em seu discreto escritório na cidade, Douglas Willian Neves, um dos proprietários da Mina do Cruzeiro, diz que antes da crise de 2008 a China representava 20% de suas vendas. Hoje, representa 80%. Neves está à frente também da Nevestones, empresa de compra e venda de gemas. “A China aqueceu o mercado. Eles compram de tudo, pedras para joias e para bijuterias. Antes de 2008, até o cascalho de turmalina [pedras pouco aproveitadas para lapidação, mas que têm valor para coleções e entalhes], que custava US$ 200 o quilo, hoje custa US$ 3,5 mil.”
Outro comerciante de pedras preciosas e semipreciosas de Valadares, José Henrique Fernandes, dono da Pinkstone International e da Mina de Aricanga, diz: “Se não fossem os compradores asiáticos, nós, pedristas, teríamos quebrado. Exportávamos para o mercado dos EUA e da Europa, mas, com a crise, a tendência dos preços era cair”.
Não se trata apenas de uma substituição do mercado. Os empresários que produzem pedras dizem que com os chineses – e em menor escala outros novos clientes da Índia e Rússia e de alguns países asiáticos – compram mais do que os americanos e europeus.
Em 2009, a China já era o principal destino das exportações de pedras brutas brasileiras. Naquele ano, Hong Kong sozinha comprou US$ 6,5 milhões e a China continental mais US$ 6,2 milhões. Em 2011, as vendas para cada um estavam na casa dos US$ 11 milhões. Para a Índia, as exportações saltaram de US$ 4,1 milhões para US$ 9,5 milhões. No mesmo período as exportações para os EUA ficaram num nível bem inferior: de US$ 3,8 milhões em 2009 para US$ 4,7 milhões no ano passado. Para a Alemanha, a maior economia da Europa, foram de US$ 1 milhão para apenas US$ 1,5 milhão.
Marcos de Moura e Souza/Valor / Marcos de Moura e Souza/ValorLapidador em Valadares trabalha em turmalina
Quando a China começou a abrir sua economia, o consumo local por pedras preciosas era quase todo limitado ao jade, pedra verde com longa tradição no país e que era usada para joias, estatuetas e talismãs, diz Hécliton Santini Henriques, presidente do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM), cujos escritórios ficam em Brasília e em São Paulo. Com a abertura, outras pedras ganharam espaço. Comerciantes de diamantes foram um dos primeiros a se estabelecer. Depois, veio o forte consumo de platina. “De três anos para cá, os chineses começaram a descobrir a cor, a variedade de pedras de cor. E começaram a comprar turmalina, principalmente a vermelha. Daí essa valorização brutal”, diz Henriques. “Eles também compram quartzo rutilado e a demanda por esmeraldas está em um processo de crescimento.”
Esse interesse, trouxe à região de Valadares um tipo diferente: o comprador chinês de pedras preciosas. “Os chineses ficam circulando por aqui, nas cidadezinhas menores, como São José da Safira, por exemplo. Estão em todo o lugar. Nos garimpos ilegais, eles dominam”, diz Douglas Neves. Em Curvelo e Corinto, municípios da região central de Minas e onde o forte é o quartzo, chineses também passaram a fazer parte da paisagem e da economia locais.
Esses compradores são tipos sui generis, segundo a descrição que se ouve entre empresários: andam de chinelo, mal vestidos, dormem em pensão ou às vezes debaixo de lona no mato e falam um português arrevesado (quando falam). E, apesar da aparência, compram lotes de pedras com dinheiro vivo, à vista – muitas vezes pagam adiantado por uma produção. São eles que passaram a concorrer com vários compradores de pedras brasileiros.
Parte das pedras sai do subsolo de Minas Gerais de modo ilegal e entra também de modo ilegal no mercado. Não há consenso entre empresários e autoridades, qual o peso da extração e do comércio clandestino no comércio total de pedras no Brasil. Mas até o DNPM em Valadares admite que o número de minas sem autorização de funcionamento deve ser muito maior do que as meras dez autorizadas em todo o leste e nordeste do Estado. Quanto ao envio das pedras para o exterior, o caminho alegadamente mais fácil para quem está no mercado clandestino é o de subfaturar lotes de pedras – algo difícil de ser captado pelas autoridades.
Para os produtores e comerciantes de maior porte, como Neves e Fernandes, a porta para o mercado externo costuma ser outra. Como vários exportadores brasileiros, José Henrique Fernandes, participa da feira de joias e gemas de Hong Kong, a Jewellery and Gem Fair. É lá onde faz muito de seus negócios. “Antes participávamos das feiras de Tucson, Nova York e Las Vegas (EUA) e na Basileia (Suíça). Hoje, nos concentramos só nas feiras de Hong Kong, que não atrai só compradores chineses, mas americanos e europeus.” Na edição de setembro da feira (são três edições anuais), das 35 empresas no pavilhão do IBGM, 30 são de Minas, segundo Hécliton Henriques.
O Brasil é, segundo o IBGM, o maior produtor de pedras coradas em termos de variedade. Produz mais de cem tipos de gemas, num mercado que só aqui movimenta entre US$ 250 milhões e US$ 300 milhões. Estimativas citadas pela instituição em seu site apontam o Brasil como a fonte de cerca de um terço do volume das gemas do mundo – sem levar em conta diamantes, rubis e safiras. Dois Estados são grandes produtores e polos de negócios: Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Minas é o maior produtor em termos de valor.
De uma lavra de turmalina, topázio imperial ou água marinha no interior de Minas, até a vitrine de uma joalheira brasileira num shopping de São Paulo, por exemplo, o caminho costuma ser mais ou menos o mesmo. Começa com o empresário, o dono da lavra; passa pelos representantes das empresas de joias que vão a campo ver e escolher os lotes de pedras; segue para as mãos de lapidários; dos designers e da equipe de montagem da indústria joalheira e pronto, as peças estão à disposição dos clientes. Se o efeito China é ótima notícia para quem investe e trabalha na ponta inicial dessa cadeia, para os demais é um estorvo.
Os lapidários, por exemplo, parecem estar em fase de extinção. “Aqui em Valadares havia há uns 10 ou 15 anos cerca de 2 mil oficinas de lapidação. Hoje são no máximo 50”, diz Ronaldo Rodrigues Barbosa, 45, ele mesmo um lapidário. É a velha questão dos custos da mão de obra: enquanto no Brasil o preço do trabalho por quilate oscila de US$ 0,80 a US$ 1,20, na China, fica entre US$ 0,25 e US$ 0,35. Um grama é equivalente a 5 quilates. Barbosa conta que muitos de seus colegas de profissão ficam duas ou três semanas sem trabalho; outros tantos simplesmente abandonaram o ramo porque os clientes que tinham passaram a contratar lapidários na China e na Índia.
Mas quem se queixa mais da concorrência asiática são mesmo as empresas de joias que dependem da oferta das pedras nacionais. “Tivemos de rever o tamanho das pedras de algumas de nossas coleções. Antes, podíamos fazer o que quiséssemos com pedras de quaisquer tamanhos, hoje já não é mais assim”, diz Rodrigo Robson, designer da Vivara, empresa paulistana, fundada em 1962, que se apresenta como a maior rede varejista de joalherias do Brasil. Segundo ele, a maioria dos fornecedores de pedras da empresa são de Minas Gerais. Topázio e quartzo são as duas mais usadas nas joias de Vivara. “O que estamos percebendo é uma diminuição na oferta de pedra bruta. As pedras maiores vão para a China.”
Daniel Sauer, diretor da Amsterdam Sauer, sediada no Rio, diz: “Se eu quiser comprar, tenho de pagar o preço que eles [chineses] estão pagando ou mais. E tem pedras que eles estão pagando o dobro e ninguém quer pagar mais”. “A China não está apenas comprando commodities. Está consumindo muito produto de luxo e a joia está nesse contexto.”
A vantagem de sua empresa, diz ele, é estar há 70 anos no mercado, enquanto os chineses ainda não estabeleceram uma base de confiança com muitos fornecedores. Os chineses, no entanto, compram quantidades maiores e pagam valores acima do que as joalherias nacionais estão dispostas a pagar.
Em Belo Horizonte, a grife joalheira mais conhecida da cidade, a Manoel Bernardes, desistiu de depender da pedra preciosa de cor brasileira. “Comprávamos mais de Minas Gerais, mas hoje 80% das pedras brutas de cor que compramos vêm da África, de Moçambique e Nigéria. Às vezes também do Paquistão”, diz Marcelo Bernardes, que junto com o irmão, Manoel, dirige a empresa fundada pelo pai. A vantagem, diz ele, é que a oferta africana é maior e mais contínua.
Segundo Bernardes, a oferta brasileira de pedras é pequena e os produtores preferem vender mais para quem paga mais, que são os chineses atualmente. “É difícil para nós pagarmos o preço que eles pagam. Sai mais barato comprar em Moçambique do que aqui”.
Nem todos veem assim. Raymundo Vianna, um dos maiores exportadores de joias do Brasil, com vendas para 112 países, é um deles. Dono da Vianna Brasil, ele diz que se fosse depender de pedras importadas para competir mundo afora seria derrubado pela carga tributária do Brasil, que onera pedras preciosas de fora em 40%. “Nossa empresa já está tendo dificuldade de adquirir matéria-prima no Brasil. Se continuar assim, a empresa não terá condições de sobreviver.”
Presidente do Sindicato da Indústria de Joalheria, Bijuteria e Lapidação de Gemas de Minas Gerais (Sindijoias-MG), Vianna defende medidas drásticas do governo: estancar a saída de pedra bruta do Brasil e motivar empresas de joias e lapidação a se instalarem aqui. “Algo tem de ser feito, senão acaba a indústria da joia no Brasil.”

Usiminas conclui pedido de suspensão de obrigações com credores de notas de US$400 mi

Usiminas conclui pedido de suspensão de obrigações com credores de notas de US$400 mi

A Usiminas informou nesta sexta-feira que concluiu um pedido para suspensão de obrigações devidas a dentetores de notas equivalentes a 400 milhões de dólares com vencimento em 2018. Segundo a empresa, a renúncia dos credores a cláusulas de inadimplência da Usiminas sobre as notas é válida a partir de 30 de junho. A siderúrgica informou ainda que vai pagar em 19 de janeiro 2,50 dólares para cada 1.000 dólares de principal de cada nota cujo titular deu permissão para a empresa suspender obrigações.


Fonte: Reuters

Ouro fecha em alta em Nova Iorque impulsionado por dólar fraco após entrevista de Trump

Ouro fecha em alta em Nova Iorque impulsionado por dólar fraco após entrevista de Trump

O contrato futuro de ouro fechou em alta nesta quinta-feira (12) sendo a quarta sessão consecutiva de ganhos do metal precioso. A queda do dólar e as incertezas em relação ao governo de Donald Trump fizeram com que o ouro mantivesse os recentes ganhos. O contrato para fevereiro, negociado na Comex, a divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), fechou em alta de 0,27%, a US$ 1.199,80 por onça-troy.
A coletiva de imprensa do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, realizada ontem, fez com que o dólar tivesse uma queda generalizada – o que impulsionou o ouro, já que o metal é cotado na divisa americana e fica mais barato para investidores que operam em outras moedas quando o dólar recua.
A falta de sinalização de Trump sobre o futuro da economia americana gerou cautela nos mercados acionários americanos, fazendo com que investidores buscassem segurança. Com isso, o ouro subiu e os juros dos Treasuries recuaram nesta quinta-feira.Dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) também falaram nesta quinta-feira, em diferentes eventos. O presidente da unidade de St. Louis do Fed, James Bullard, disse que não espera mudanças muito drásticas na política monetária do BC americano.
Já Dennis Lockhart, do Fed de Atlanta, afirmou que espera dois aumentos neste ano, em uma sinalização diferente da que foi dada pelo Fed em dezembro, quando o BC dos EUA afirmou que haveria três aumentos nos juros por ano até 2019.Um cenário de aperto monetário mais lento favorece o ouro. O metal sofre com taxas de juros mais altas já que compete com ativos cujos rendimentos são maiores, como os yields dos Trasuries.


Fonte: JC

Cientistas encontram misterioso ‘elemento perdido’ do núcleo da terra

Cientistas encontram misterioso ‘elemento perdido’ do núcleo da terra

Cientistas japoneses afirmaram ter identificado um misterioso elemento perdido no núcleo da Terra. Eles vinham procurando esse elemento por décadas, acreditando que ele respondia por uma parcela significativa do centro do nosso planeta, depois do ferro e do níquel. Agora, ao recriar as altas temperaturas e pressões encontradas nas profundezas do planeta, experimentos sugerem que o candidato mais provável é o silício. O elemento é de grande utilidade na fabricação de semicondutores e de componentes de máquinas e motores, e na produção de silicone.
A descoberta pode ajudar os cientistas a entender melhor como a Terra se formou. Em entrevista à BBC, o responsável pela pesquisa, Eiji Ohtani, da Universidade de Tohoku, no Japão, disse acreditar que o silício é um “elemento importante”. ”Cerca de 5% (do núcleo interno da Terra) do peso do nosso planeta pode ser silício dissolvido em ligas metálicas de ferro-níquel”, explicou ele.
Difícil de alcançar
Cientistas acreditam que a estrutura mais interna da Terra é um bola sólida com um raio de 1.200 quilômetros. Como é impossível acessá-la diretamente, eles estudam como as ondas sísmicas atravessam a região para detalhar sua composição. Essa parte é principalmente composta de ferro, que corresponde a 85% de seu peso, e níquel, que responde por outros 10%. Somando esses dois elementos, sobram ainda 5% restantes.
Para conduzir o experimento, Eiji Ohtani e sua equipe criaram ligas metálicas de ferro e níquel e as misturou com silício. Eles, então, submeteram esses materiais às imensas pressões e temperaturas que existem no interior da Terra. Os cientistas descobriram, então, que essa mistura correspondia àquela observada nas profundezas do planeta a partir de dados sísmicos. Ohtani afirmou que mais pesquisas são necessárias para confirmar a existência de silício e descartar a de outros elementos.
Formação do núcleo
Comentando sobre o estudo, Simon Redfern, professor de Física Mineral do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Cambridge, elogiou as descobertas.
“Esses experimentos são realmente instigantes porque fornecem uma janela sobre o interior da Terra logo depois de nosso planeta ter se formado, 4,5 bilhões de anos atrás, quando seu interior começou a se separar das partes rochosas”, afirmou. “Mas outros estudos sugeriram recentemente que o oxigênio pode ser um elemento importante na região”, acrescentou.
Redfern afirmou que conhecer as profundezas da Terra pode ajudar os cientistas a entender melhor as condições que prevaleciam durante sua formação. Especificamente, acrescentou ele, se o oxigênio era limitado naquela ocasião –fenômeno conhecido como condições redutoras. Ou se o elemento era encontrado em abundância? nesse caso, descrito como oxidante.
Se uma grande quantidade de silício tiver sido incorporada ao interior da Terra há mais de 4 bilhões de anos, como indicaram os resultados do estudo japonês, isso teria deixado o restante do planeta relativamente rico em oxigênio.
Mas, caso contrário, se o oxigênio tiver sido sugado para o interior do núcleo, o manto rochoso em torno dele teria ficado privado do elemento. “De certa forma, essas duas opções são alternativas reais que dependem muito das condições que prevaleciam quando o interior do núcleo da Terra começou a se formar”, explicou Redfern.
“Os resultados mais recentes contribuem para o nosso entendimento, mas suspeito que não estejamos no fim da linha em termos de descobertas”, acrescentou o especialista. Os cientistas japoneses apresentaram as descobertas em uma conferência recente da União Geofísica Americana em San Francisco, na Califórnia.


Fonte: Folha de S. Paulo