sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

A CHAPADA DOS DIAMANTES Serra do Sincorá, Bahia

A CHAPADA DOS DIAMANTES

Serra do Sincorá, Bahia














A SERRA

    A serra do Sincorá é uma parte da Chapada Diamantina, situada na região central do Estado da Bahia, que constitui um sítio de grande beleza paisagística devido ao modelado de suas serras, que expõem vales profundos de encostas íngremes e amplas chapadas. Essas escarpas permitem o exame da sua geologia, onde tempos atrás foram explorados diamantes e carbonados.
     A serra do Sincorá está localizada na região central do Estado da Bahia, distante da cidade de Salvador, capital do estado, cerca de 400km (figura 1). Para chegar à serra do Sincorá a partir de Salvador, deve-se seguir em direção a Feira de Santana (rodovia BR-324), continuando então para sul em direção ao Rio de Janeiro pela rodovia BR-116. Cerca de 70km a sul de Feira de Santana, à margem do rio Paraguaçu, entra-se à direita pela rodovia BR-242, em direção a Brasília. Cerca de 220km adiante, chega-se à cidade de Lençóis: ai está a serra do Sincorá, que fica dentro do Parque Nacional da Chapada Diamantina. O acesso por via aérea é feito por linhas regulares através do Aeroporto Cel. Horácio de Matos, situado na vila de Tanquinho (figura 1).
Figura 1 - Mapa de localização da serra do Sincorá. Legenda: 1-Região da serra; 2-Rodovia pavimentada; 3-Estrada não pavimentada; 4-Rio; 5-Cidade ou vila; 6-Aeroporto.


DESCRIÇÃO DO SÍTIO

    A serra do Sincorá está localizada na borda centro-oriental da Chapada Diamantina, aproximadamente entre as vilas de Afrânio Peixoto (antiga Estiva)  a norte e de Sincorá Velho a sul (figura 1). Sua vertente ocidental é uma escarpa quase contínua, com cerca de 300m de altura e 80km de extensão; a escarpa oriental, que domina a planície do vale do Paraguaçu (400m), atinge rapidamente a altitude de 1200m, nas primeiras cristas da serra. Assim  descreve a serra, o biólogo Roy Funch, em seu livro Um guia para o visitante da Chapada Diamantina: o Circuito do Diamante: o Parque Nacional da Chapada Diamantina; Lençóis, Palmeiras, Mucugê, Andaraí, editado em Salvador pela Secretaria de Cultura e Turismo do Estado da Bahia em 1997.

Montanhas  e cachoeiras


    A serra do Sincorá compreende um conjunto de diversas serras de menor extensão com as da Cravada, do Sobrado, do Lapão, do Veneno, do Roncador ou Garapa, do Esbarrancado, do Rio Preto, entre muitas outras. Essas serras possuem picos com até 1700m de altitude e são separadas por vales íngremes e profundos como canyons
    Uma feição que se destaca na serra do Sincorá, é o morro do Pai Inácio à margem da rodovia BR-242, a norte do vale do Cercado (figura 2).


Figura 2 - Vale do Cercado, a sul  do morro do Pai Inácio, na rodovia BR-242.



    Mais ainda a norte do morro do Pai Inácio, está o morro do Camelo ou Calumbi (figura 3), e a sul, o Morrão (figura 4), cujo acesso se faz através da estrada entre a cidade de Palmeiras e a vila de Caeté Açu (figura 1).


Figura 3 - Morro do Camelo ou Calumbi


Figura 4 - Morrão



    Entre o Morrão e a vila de Caeté Açu, é cruzada a ponte sobre o rio Riachinho, onde existe um antigo garimpo de diamantes (figura 5).


Figura 5 - Rio Riachinho


    O principal rio desta região, é o rio Paraguaçu. Após atravessar a serra do Sincorá desde a localidade de Comércio de Fora (figura 6), ele a deixa na localidade de Passagem de Andaraí, formando a cachoeira de Donana (figura 7). Daí, o rio prossegue em busca do oceano Atlântico, na baía de Todos os Santos.



Figura 6 – Escarpa da serra do Sincorá em Comércio de Fora, a oeste da cidade de Mucugê.





Figura 7 - Cachoeira de Donana


    As rochas que afloram na serra do Sincorá, consistem essencialmente em arenitos e conglomerados. Orville A . Derby (1851-1915), geólogo norteamericano, que no início do século XX trabalhou na região, disse delas o seguinte: “ Este conglomerado representa um depósito de cascalho formado em uma época geológica remota pelo mesmo modo que se formaram, e ainda hoje se formam, os cascalhos (conglomerados incoerentes e ainda não transformados em pedra) em que os mineiros procuram os diamantes.





Figura 8 – Arenitos, isto é, rochas formadas por areias consolidadas na vila de Igatu.




Figura 9 – Conglomerados(antigos cascalhos)  intercalados com arenitos no vale do rio Combucas, a norte da cidade de Mucugê.



Diamantes

No ano de 1844, foram descobertos diamantes na serra do Sincorá, na região de Mucugê (figuras 1 e 12). A partir dessa região toda a serra foi explorada, garimpando-se diamantes desde o rio Sincorá a sul (figuras 1 e 7), até a região de Afrânio Peixoto a norte (figura 1).






Figura 10 – Como os diamantes são transportados do interior da Terra (à esquerda); Como as rochas são erodidas, liberando os diamantes, que então são garimpados nos rios (à direita).



    Esses diamantes, que deram fama e riqueza à região formaram-se em algum lugar do interior da Terra onde a crosta terrestre era bastante espessa, e foram transportados por rochas chamadaskimberlitos, que forçaram o seu caminho para a superfície (figura 10). Assim, os diamantes se comportariam como meros passageiros em uma parada de ônibus (lado esquerdo). Quando os kimberlitos que os continham alcançaram a superfície, eles sofreram processos de erosão, liberando os diamantes, que foram encontrados em areias e cascalhos de rios (lado direito). Dando uma idéia da sua raridade, Jiri (George) Strnad, geólogo canadense especialista em diamantes, estimou que em um kimberlito diamantífero exposto em uma escarpa medindo 10 x 2m, estaria contido apenas um diamante minúsculo, com um milímetro de diâmetro !

    

    Na serra do Sincorá, a fonte dos diamantes ainda é amplamente discutida. Sabe-se apenas que eles vieram do leste, mas o local exato ainda não foi definido. Os diamantes eram garimpados no cascalho produzido pela decomposição de conglomerados (figura 11), aflorantes no vale do rio Combucas (figura 12).



Figura 11 - Detalhe do conglomerado do vale do rio Combucas (figura 12), depositado por antigos rios.





Figura 12 - Rio Combucas, a norte da cidade de Mucugê, próximo à sua confluência com o rio Mucugê, local das primeiras descobertas de diamantes na serra do Sincorá.


    A cachoeira do Serrano na cidade de Lençóis (figura 13), também foi intensamente explorada. Aí, os conglomerados são formados por fragmentos de diversas rochas (figura 14). Eles foram depositados no sopé de escarpas.

Figura 13 - Cachoeira do Serrano, na cidade de Lençóis.







Figura 14 - Conglomerado da cachoeira do Serrano. Acredita-se que ele tenha sido depositado no sopé de escarpas, o que se chama de leques aluviais.


    A garimpagem também foi intensa nas regiões de Andaraí e Igatu. A figura 15 mostra os conglomerados na estrada entre essas duas localidades. O rejeito dos antigos garimpos ainda pode ser visto ao longo desta estrada, como amontoados de blocos de tamanhos e formas diversas.

Figura 15 - Conglomerados ao longo da estrada Andaraí - Igatu

    Após uma fase áurea de aproximadamente 25 anos, a garimpagem de diamantes entrou em declínio a partir de 1871. Já no século XX, houve diversas tentativas de mecanizar os garimpos, que na década de 80 foram instalados nos leitos dos rios dentro e fora do Parque Nacional. Estes garimpos, graças a uma ação conjunta de diversas autoridades ligadas à mineração e ao meio ambiente, foram fechados definitivamente em março de 1996.
     Mesmo após 150 anos de exploração dos aluviões diamantíferos, ainda existe garimpagem manual, embora em ritmo mais lento, devido à exaustão e decadência das lavras. Devido ao número ilimitado de situações geológicas e topográficas da serra, existem os seguintes tipos de garimpo manual, mencionados pelo biólogo Roy Funch, cada qual com suas peculiaridades:cascalhão,barranco, brejo, grupiara, emburrado, curriolo, engrunada, gruta, escafandro, serviço a seco, lavagem e faísca (figura 16).



Figura 16 - Representação esquemática dos tipos de garimpo manual (descrições no glossário)
    Esses fatos confirmam a afirmação de Orville A . Derby : "Quanto à riqueza mineral, a única até hoje aproveitada é a de diamantes e carbonados, e a sua constituição geológica [da serra do Sincorá] pouca esperança oferece da existência de outra...".


MEDIDAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL

    O trecho da serra do Sincorá  situado entre Cascavel e Mucugê e a rodovia BR-242, está incluído no Parque Nacional da Chapada Diamantina. A norte da rodovia BR-242, os morros do Pai Inácio e do Camelo estão dentro da APA (Área de Proteção Ambiental) de Iraquara-Marimbus.
    De acordo com informações do biólogo Roy Funch, o rio Mucugê, em cujo leito foram descobertos os primeiros diamantes, está razoavelmente bem protegido: o seu alto curso fica dentro do Parque Nacional e o baixo curso corre dentro da área do Parque Municipal de Mucugê (uma reserva com cerca de 270 hectares). Este parque ainda inclui o baixo curso do rio Combucas e vários dos seus afluentes, limitando-se com o Parque Nacional.
    Além dessas medidas, existe no município de Mucugê, o Projeto Sempre Viva. Este projeto tem os seguintes objetivos: 1) implantação de uma unidade de conservação estruturada para o ecoturismo, no Parque Municipal de Mucugê; 2) desenvolvimento de tecnologia de reprodução de plantas nativas; 3) implantação de um Sistema de InformaçõesGeográficas (SIG); e, 4) execução de um programa de educação ambiental. A sua sede, construída no estilo dos antigos abrigos de garimpeiros, é mostrada na figura 17.




Figura 17 - Parte das instalações do Projeto Sempre Viva.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

O negócio secreto das pedras preciosas

O negócio secreto das pedras preciosas

O setor de gemas coloridas, que move US$ 10 bilhões ao ano, está envolto em mistério e irregularidades



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Gentl and Hyers
Ao contrário do negócio mundial de diamantes, que é em grande parte controlado por empresas gigantes como a De Beers e minuciosamente monitorado por investidores e banqueiros de Wall Street, o mundo das pedras preciosas coloridas ainda é dominado por pequenos mineradores e aventureiros que vão a alguns dos lugares mais perigosos e subdesenvolvidos do mundo em busca de novos tesouros. As melhores pedras tendem a vir de países como Madagascar, Tajiquistão, Colômbia e Mianmar, onde o contrabando muitas vezes corre solto, a manutenção de registros é deficiente e os donos de minas com frequência impedem a presença de comerciantes de fora por medo de que façam seus próprios negócios com os moradores locais.

Mineiros operam manualmente polias para extrair terra numa mina rudimentar no Sri Lanka, à procura de pedras preciosas ENLARGE
Mineiros operam manualmente polias para extrair terra numa mina rudimentar no Sri Lanka, à procura de pedras preciosas R.W. Hughes
Em alguns casos, especialistas como Hughes compram pedras de garimpeiros ou intermediários e as revendem a clientes ricos. Há gemas que chegam ao público através de atacadistas que as compram em leilões ou mercados abertos na Tailândia, Índia e outros centros de processamento. Só num leilão em Mianmar, em 2011, as vendas chegaram a US$ 2,8 bilhões. De qualquer forma, os compradores de pedras preciosas raramente têm ideia de onde vieram as pedras e, mesmo se quisessem, provavelmente não teriam como descobrir sua origem. Quando se trata de rastrear os dados mais básicos sobre quais países produzem a maioria das pedras, a indústria é "muito vaga", diz Jean Claude Michelou, vice-presidente da Associação Internacional de Pedras Preciosas Coloridas, entidade que representa o setor.
Na verdade,  é praticamente impossível encontrar um diretor-presidente ou grandes acionistas por trás das maiores minas de rubi ou safira do mundo. Em Mianmar, país há muito considerado a principal fonte mundial de rubis e jade, muitas minas são controladas pelos militares ou seus colaboradores mais próximos, incluindo alguns que são alvo de sanções dos Estados Unidos impostas anos atrás para punir o autoritário regime militar do país. (Embora muitas dessas sanções tenham sido relaxadas nos últimos dois anos, quando um novo governo reformista começou a reverter décadas de rígido controle militar, algumas restrições sobre as pedras preciosas de Mianmar foram mantidas.) Mas as pedras também podem vir de caçadores privados de fortunas cujas identidades são desconhecidas fora de seus países. Um dos magnatas que Hughes conheceu durante uma perigosa caçada a jade em minas da remota Hpakant, em Mianmar, era um ex-motorista de táxi que começou com uma pedra bruta que comprou por US$ 23 de um passageiro e a revendeu por US$ 5.000 para um comerciante de jade. (Quando Hughes o conheceu, em 1996, ele posou para uma fotografia sobre uma pilha de pedras de jade que ocupava uma sala inteira de sua casa.)

O caçador de pedras Richard Hughes emerge das profundidades de uma mina em Mianmar ENLARGE
O caçador de pedras Richard Hughes emerge das profundidades de uma mina em Mianmar R.W. Hughes

Ao mesmo tempo em que é difícil acompanhar o crescimento da indústria, os especialistas dizem que os preços vêm subindo significativamente nos últimos anos, em grande parte porque o fornecimento é inconstante. Robert Genis, um comerciante e caçador de pedras preciosas do Arizona que entrou para o negócio na década de 70, diz que os rubis de alta qualidade de Mianmar quadruplicaram de valor no varejo, para mais de US$ 40.000 o quilate, desde meados da década de 90, enquanto as esmeraldas colombianas praticamente dobraram de valor em relação ao início dos anos 2000. Hughes, que já viajou para mais de 30 países em busca de pedras e agora vive em Bangkok, diz que os preços do jade aumentaram em dez vezes nos últimos cinco anos, devido em grande parte ao aumento da demanda da China, embora recentemente os preços tenham caído ligeiramente.
Para quem estiver disposto a manter suas pedras por um longo período, o retorno pode ser enorme. Considere a safira de 62 quilates que John D. Rockefeller Jr. comprou de um marajá indiano em 1934 e a transformou em um broche para sua esposa. A família vendeu a pedra em 1971 a um negociante de joias por US$ 170.000. Nove anos depois, ela voltou ao mercado e foi vendida por US$ 1,5 milhão e, em 2001, foi revendida por mais de US$ 3 milhões. Outra safira famosa, comprada pelo empresário James J. Hill para sua esposa na década de 1880, por US$ 2.200, foi vendida por mais de US$ 3 milhões em um leilão em 2007. E há ainda o rubi de 8 quilates de Mianmar dado a Elizabeth Taylor pelo marido, o ator Richard Burton, em 1968, como presente de Natal. Em 2011, ele foi leiloado por US$ 4,2 milhões.
O diamante ainda continua a ser o melhor amigo de uma mulher, como disse uma vez a atriz americana Marilyn Monroe, mas as pedras coloridas continuam a ter um fascínio quase místico. Parte da atração está ligada à sua beleza luminosa e à sua raridade. Para muitas pessoas ricas, especialmente na Ásia, não há nada como ter uma coleção de pedras brilhantes que podem transportar ou esconder para vender em caso de emergência. Isso se tornou ainda mais comum com a crise financeira global.

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Encontrar novas grandes pedras para saciar a demanda mundial, porém, não é tarefa fácil. É aí que os caçadores entram em ação. Genis, o negociante do Arizona, diz que entrou nesse negócio ainda na faculdade, quando estudou mapas para ver onde estavam os recursos naturais mais cobiçados do mundo, incluindo estanho, ouro e cobre. Foi o pequeno símbolo verde na Colômbia, representando depósitos de esmeralda, que mais o atraiu. Ele vendeu um aparelho de som e um carro velho, juntando US$ 1.000 para a viagem.
Após uma viagem de ônibus até a fronteira da Califórnia com o México, alguns trens e muitas caronas, Genis desembarcou no distrito de esmeraldas de Bogotá e usou o dinheiro que lhe restava para comprar pedras preciosas. Voltou aos EUA e duplicou o investimento vendendo as pedras. "De repente, tinha US$ 1.000 a mais e pensei: 'Isso é muito melhor do que ir para a faculdade'", lembra. Após várias visitas, ele estava ganhando o suficiente para ir de avião à Colômbia, com paradas para se divertir no Caribe.
Hoje, Genis contrata outras pessoas para buscar muitas das pedras que vende, incluindo um associado de Mianmar que conheceu durante uma conferência de pedras preciosas e tem conexões com os famosos depósitos de rubi de Mogok. Apesar de não serem tão selvagens como em Hpakant, as minas de Mogok também são estritamente vigiadas por militares — e reverenciadas em todo o mundo.
O apelo é evidente quando se considera o tipo de negócio que se consegue por lá. A última descoberta de Genis: uma safira de 39 quilates que agora está à espera de ser leiloada na Sotheby's. Genis diz que calcula que a pedra possa arrecadar até US$ 1 milhão na prestigiada casa de leilões. "Para muitos desses colecionadores, é quase como heroína: quando você começa, não consegue parar", diz.
À medida que a demanda por pedras preciosas coloridas continua crescendo, uma questão permanece no ar: será que essa indústria pode se autorregular? Parte da resposta pode estar a meio mundo de distância de Mianmar, em Londres, no nobre bairro de Mayfair. Lá, um grupo de veteranos da indústria de mineração está elaborando seu próprio plano para obter mais pedras coloridas.
A empresa do grupo, a Gemfields, está tentando se tornar uma potência da indústria, algo como a De Beers das pedras coloridas. Apoiada por um ex-diretor-presidente da mineradora anglo-australiana BHP Billiton, a maior mineradora do mundo, e com ações negociadas na Bolsa de Londres, a Gemfields afirma que tem a meta de assegurar os direitos sobre uma percentagem grande o suficiente da produção mundial de pedras preciosas para introduzir processos modernos de mineração e, assim, garantir um fornecimento mais previsível, ao mesmo tempo em que investe pesadamente em marketing para tornar as pedras mais conhecidas.
Ian Harebottle, o sul-africano que é diretor-presidente da empresa, diz que pedras coloridas costumavam ser tão populares quanto os diamantes até a década de 40, quando a De Beers começou a pôr em ação seu gigantesco orçamento de marketing, com slogans como "um diamante é para sempre". Hoje, as vendas de pedras coloridas são apenas uma fração dos US$ 70 bilhões do comércio internacional de diamantes, e os mineradores de pequeno porte que dominam o negócio não têm o dinheiro ou a escala necessários para fazer muita coisa, diz ele.
A Gemfields já produz 20% das esmeraldas do mundo, em uma grande mina da qual é sócia na Zâmbia. A empresa informa que é responsável por até 40% da oferta mundial de ametista e está começando a produzir rubis em um grande depósito em Moçambique. A Gemfields quer se expandir em outros lugares — inclusive Mianmar, se o governo do país mantiver o ritmo da reformas e a situação dos direitos humanos melhorar, diz Harebottle.
A Gemfields também comprou recentemente a Fabergé, famosa marca de joias que remonta à era dos czares russos. A ideia é usar a Fabergé, que tem lojas em todo o mundo, para comercializar algumas de suas pedras no segmento ultraluxo, à medida que cria uma das primeiras cadeias do mundo de fornecimento de gemas coloridas do tipo "da mina ao mercado".
As iniciativas da Gemfields ocorrem em meio a outras tentativas por parte de investidores para trazer práticas mais modernas para a indústria, incluindo disponibilizar mais amplamente as informações de preços e melhorar a classificação das pedras e o monitoramento de práticas, de modo que os consumidores possam ter um ideia melhor sobre quanto valem suas pedras e de onde elas vieram. Funcionários da Associação Internacional de Pedras Preciosas Coloridas, por exemplo, estão pressionando pela criação de um sistema para rastrear as origens das gemas coloridas. Michelou, da associação, diz que alguns países, incluindo Colômbia, Tanzânia e Sri Lanka, têm manifestado interesse.
Ao mesmo tempo, outras empresas estão criando cadeias de fornecimento "da mina ao mercado" e atualizando seus métodos de produção. Entre elas está a TanzaniteOne Mining e sua controladora, a britânica Richland Resources Ltd., que têm ajudado a transformar o mercado de tanzanita ao investir em minas que antes eram artesanais na região do Monte Kilimanjaro, onde estão os únicos depósitos da rara pedra azul conhecidos no mundo. E até mesmo as minas de Hpakant, em Mianmar, estão adotando mais mecanização nos últimos anos, com máquinas de terraplenagem substituindo muitos trabalhadores, embora o local, em geral, continue fora de controle. Tudo isso poderia um dia impulsionar o valor das pedras coloridas caso consiga tornar as fontes mais confiáveis e aumentar a demanda.
"A indústria de pedras coloridas provavelmente irá nessa direção, [de] mineração mais racional e mais formal", diz Russell Shor, analista do Instituto Gemológico dos EUA, uma das maiores autoridades do mundo em pedras preciosas. "Vai ser um processo lento, mas creio que seja esse o futuro."
No entanto, muitas pessoas, incluindo vários caçadores de pedras, permanecem céticos. Os principais depósitos de pedras do mundo, afirmam, são muitas vezes pequenos demais para justificar grandes investimentos e às vezes podem ser explorados de forma mais eficiente com ferramentas manuais primitivas. As minas estão tão espalhadas e em lugares tão irregulares que poderia ser muito complicado — sem falar no custo — trazê-las para a era moderna. "Quantos trilhões você tem?", pergunta Genis. "Com exceção dos diamantes, a maioria das fontes de pedras preciosas é antiga e as melhores pedras já se foram." Tentar integrar as minas, diz ele, "seria praticamente impossível".
Hughes, o caçador de pedras que vive em Bangkok, concorda. Segundo ele, as pessoas sempre se interessaram em trazer mais ordem para o comércio de joias. Mas a Mãe Natureza protege seus tesouros muito bem, escondendo-os em locais de acesso extremamente difícil, diz ele, e as pessoas que cuidam deles têm pouco incentivo para entregar o controle a Londres, Wall Street ou qualquer outro interessado.
"As pedras preciosas são diferentes de outros tipos de mineração", diz Hughes, porque há uma alta concentração de valor em áreas muito pequenas e relativamente poucas pedras. Além disso, apenas as pessoas, e não as máquinas, podem separar espécimes valiosas das que não valem nada — e isso inclui os garimpeiros artesanais que hoje controlam grande parte dessa atividade. Se as grandes empresas tentarem impor mais ordem, diz ele, "sempre haverá pessoas encontrando formas de contorná-la".


Cientistas criam material 10 vezes mais resistente que o aço



©mit Cientistas do MIT anunciaram a criação de um material extremamente leve e resistente. Ele é feito usando grafeno e tem resistência 10 vezes maior do que o aço.
Com aparência esponjosa, ele é produzido a partir da compressão e fusão de grafeno—uma forma de carbono de apenas duas dimensões e grande resistência. Devido à sua configuração, é difícil usar o grafeno na produção de objetos. O novo material promete popularizar o seu uso em funções práticas.
A descoberta, no entanto, se baseia mais nas formas geométricas usadas. “Você pode substituir o material em si por qualquer outro”, diz em comunicado no site do MIT Markus Buehler, chefe do departamento de engenharia civil e ambiental da instituição. “A geometria é o fator dominante. É algo que tem potencial para transformar muitas coisas.”
Apesar de ser 10 vezes mais resistente do que o aço, o novo material tem apenas 5% da sua densidade–resultando em objetos e partes mais mais leves do que os equivalentes construídos com aço.
A expectativa é que materiais criados usando essa tecnologia sejam usados na criação de aviões, grandes construções e carros. Com as formas geométricas, os materiais passam a suportar muito mais pressão—fazendo da descoberta importantes nos setores comentados acima.
A descoberta foi publicada pelos pesquisadores no periódico científico Science Advances. O site Fast Company Design já sonha com o uso do material. Uma das possibilidades levantadas por eles é que a leveza e resistência serão essenciais no desenvolvimento de tecnologias para exploração espacial.
Assista abaixo a um vídeos (em inglês) sobre a descoberta.

Diamantes- Rondônia

DIAMANTES – Jornalista percorre o Baixão e mostra o que restou do garimpo da Reserva Roosevelt                                                      
Seis anos após o confronto entre índios e garimpeiros na área do Laje o jornalista Luizinho Carvalho retorna ao local para mostrar o que sobroudo sonho brilhante de mais de 3000 garimpeiros que se aventuraram naquela aventura em busca da riqueza. Como o primeiro jornalista a visitar o local após os acontecimentos, vamos mostrar ao mundo a real situação que se encontra a área que muitos costumam dizer ser a mais rica do mundo em produção de diamantes. A nossa visita ao local foi possível graças ao entendimento entre as lideranças e o apoio dos caciques Nocoça Pio e Marcelo Cinta Larga. A realidade do garimpo do Laje será mostrada em um documentário e em vária matérias que iremos produzir e encaminhar aos veículos de informação.


A trilha até o garimpo deixou de existir
Os 34 km que separam a aldeia central do Roosevelt até o garimpo da Grotinha foram percorridos em 2 horas e 40 minutos. O que restou da antiga estrada de ligação, agora é apenas uma trilha no meio da selva desafiando aqueles que tentam nela adentrar. Por duas vezes tivemos que cortar com facão os galhos de arvores que interrompiam a passagem. Em três ocasiões tivemos que fazer uma picada na mata para desviar de arvores que interromperam a estrada. A valente L200 modelo Savana percorreu todo o trecho traçada e reduzida para vencer os obstáculos pela frente.



Este local já teve mais de 2000 garimpeiros trabalhando
O garimpo da Grotinha, considerado o mais movimentado com mais de 2000 garimpeiros no local, hoje é apenas uma grande cicatriz vermelha em contraste com o verde exuberante da floresta Amazônica. Com o fechamento das atividades no dia 21 de junho ultimo, no local restaram apenas carcaças de motores e resumidoras, mangueiras e tambores que comprovam a passagem dos garimpeiros naquele terreno.
A base é composta por indígenas que fazem a segurança do local



Com o fechamento do garimpo, as lideranças mantêm firme o propósito de não mais permitir a volta dos garimpeiros ao local. Para isso foi criada dentro do Projeto Laje, uma base de fiscalização dentro da área de garimpo. Essa base é composta por uma guarnição formada por 20 agentes índios para fiscalizar toda a região de garimpo. Os agentes índios receberam treinamento para fazer a detenção de todo homem branco que for localizado nas proximidades.
Os agentes percorrem o Baixão atrás de invasores
Todos os dias as equipes de agentes saem da base na Grotinha e percorrem com uma viatura toda a região próxima onde no passado houve atividade de exploração de diamantes. Esse trabalho de fiscalização é coordenado pelo ex – cacique Carlão Cinta Larga que além dos agentes índios conta também com apoio de cães farejadores para descobrir vestígios de brancos na área.



Os índios vasculham o terreno atrás de sinais dos garimpeiros.
Durante a fiscalização os guerreiros vasculham as grotas em busca de vestígio da volta de garimpeiros. Segundo Carlão desde o fechamento do garimpo a 06 meses, somente uma vez descobriram vestígio de garimpeiros na área. Com a ajuda dos cães os rastos foram seguidos até o limite da reserva comprovando que os invasores fugiram com medo da presença dos índios.
O futebol é o único lazer no local
Um contraste com a realidade do local. Em meio ao caos que ficou o local após o abandono da área por parte de milhares de garimpeiros, os agentes índios encontraram um espaço para fazer um campinho de futebol onde todas as tardes realizam uma pelada para se descontraírem de mais um dia de trabalho na floresta.
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'The Economist': Botswana sente aperto sul-africano

'The Economist': Botswana sente aperto sul-africano

Reportagem diz que um sucesso brilhante agora entra em tempos difíceis

Jornal do Brasil
Em Phakalane, um subúrbio afluente da capital sonolenta de Botsuana, Gaborone, uma linha de montagem moderna produz milhares de baterias destinadas a carros sul-africanos. Matéria publicada nesta segunda-feira (9) pela The Economist analisa que enquanto isso a elitizada Bentleys ou nas fábricas da Toyotas, em Harare, funcionários tentam evitar o desemprego se dirigindo para a Chloride Exide, e assim mantém a região em movimento.
No entanto, o problema está além dos portões da fábrica. A menos de 25 milhas (40km) de distância na África do Sul, o maior mercado de exportação sente a desaceleração econômica consequente da demanda. No ano passado cerca de 30.000 baterias menos do que o habitual foram enviadas para fora da fronteira. Para piorar, as vendas para o Zimbábue, que já foi um grande comprador, foram atingidas por restrições à importação, conta The Economist.
> > The Economist Botswana feels the South African pinch
Sem vizinhos prósperos, Botswana encontra-se em uma situação complicada. É abençoado com recursos naturais, principalmente diamantes, mas também cobre, níquel e carne bovina. A renda per capita chegou a US $ 6.510 em 2015, tornando Botswana uma nação de renda média-alta. O Banco Mundial classifica Botswana como um  lugar mais fácil para fazer negócios do que a China. No entanto, à medida que suas reservas de diamantes diminuem, ela está lutando por um novo modelo econômico.
Sem vizinhos prósperos, Botswana encontra-se em uma situação complicada
Sem vizinhos prósperos, Botswana encontra-se em uma situação complicada
Em outubro, Botswana exportou apenas US $ 53,5 milhões de bens para a África do Sul, de acordo com números do governo, e importou US $ 370,9 milhões do seu grande vizinho. Empresários locais resmungam que firmas sul-africanas com operações no Botswana não gastam o suficiente localmente. Business O Botswana, um grupo de lobby, está pedindo às cadeias de supermercados da África do Sul para impulsionar a aquisição local acima de 10%, de acordo com o texto do diário financeiro.
A natureza das duas economias torna inevitável um desequilíbrio comercial bilateral. Botswana tem uma população minúscula e exporta diamantes em todo o mundo. A África do Sul é muito maior, possui uma produção com baixo custo que os Botswanans querem, de pó de sabão a carros, ou seja, fabricam de tudo. Botswana inevitavelmente compra muitas coisas da África do Sul, mas os compradores sul-africanos nunca vão comprar uma quantidade maior dos diamantes de Botswana. No entanto, políticos e empresas lamentam o tamanho do déficit comercial de Botswana com a África do Sul.
Ian Khama, presidente do Botswana, criticou repetidamente seus vizinhos. Em setembro, ele renovou uma disputa com Robert Mugabe, o autocrata em dificuldades que tem empobrecido o Zimbábue, pedindo-lhe novamente que se retire. Ele também censurou Jacob Zuma, presidente da África do Sul. Em junho, Khama acusou a África do Sul de sufocar a industrialização na região, marcada como um "portal regional" para o investimento e argumentou que tratava os seus vizinhos como pouco mais do que um mercado de exportação.
Khama não é diplomático, talvez porque esteja ansioso, observa The Economist. Os diamantes que impulsionaram o crescimento excepcional de Botswana e pagaram por uma infraestrutura impressionante poderiam ser esgotados antes de 2050. Em 2014 a Rússia ultrapassou Botswana como maior produtor do mundo. As vendas mundiais de diamantes brutos a cortadores caíram cerca de 30% entre 2014 e 2015, deixando Botswana com seu primeiro déficit orçamentário em quatro anos.
O governo está tomando nota. Em Fevereiro, lançou um programa de estímulo fiscal para combater o desemprego, estimado em 19% em uma população de 2 milhões de habitantes. Os promotores de investimento do governo em premissas luxuosas no centro de Gaborone falam sobre o potencial de Botswana como um centro para empresas de tecnologia ou produtores de energia verde, mas ocupa a 108ª posição no Índice de Desenvolvimento das TICs, União Internacional das Telecomunicações, com apenas 27,5% da população online. As ambições verdes são igualmente longínquas: embora tenha sol abundante, está investindo em energia a carvão barata, analisa The Economist.
Uma estratégia mais realista seria diversificar mais e se manter mais longe de sua dependência de diamantes é atrair mais turistas (Botswana é um ótimo lugar para a prática do safari). Mas, em vez disso, grande parte do foco do governo tem sido aprofundar sua dependência das pedras, tentando se tornar um centro global para cortá-las e polir. Sua principal política envolveu a forte armadura da De Beers, a maior empresa de diamantes do mundo, da qual é proprietária de 15%,  que negocia suas operações de vendas em Londres.
Para Khama, os planos de diversificação ganharam uma urgência renovada. Seu Partido Democrático de Botswana (BDP), que tem mantido o poder desde a independência em 1966, está enfrentando seu primeiro desafio real na urna, finalizou The Economist.