sábado, 26 de agosto de 2017

Para a MCM, desestatização da Eletrobrás enfrentará obstáculos, mas terá impactos positivos sobre o setor elétrico e a economia

Para a MCM, desestatização da Eletrobrás enfrentará obstáculos, mas terá impactos positivos sobre o setor elétrico e a economia

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O Congresso se dedica à reforma político-eleitoral e às votações das medidas provisórias com validade perto do fim, enquanto o governo procura ampliar sua “agenda positiva”, buscando impulsos para o crescimento da economia ou ao menos melhora da confiança. Na avaliação da MCM Consultores Associados, é nessa moldura que se encaixam medidas como a antecipação do saque dos depósitos do PIS/Pasep para idosos, ampliação do pacote de concessões, a reestruturação da BR Distribuidora e o projeto de desestatização e ”descotização” da Eletrobras.
Para os consultores, entre as demais iniciativas, a proposta de desestatização da Eletrobras foi a que teve impacto inicial mais relevante no mercado — provocando forte alta dos preços das ações da empresa e até de outras estatais. Paradoxalmente, destaca análise da consultoria, é justamente essa iniciativa que enfrentará os maiores obstáculos para decolar. Isso porque, inicialmente, seria necessário estabelecer um modelo de venda que atraia investidores e maximize ganhos para o atual controlador.
À primeira vista, ressalta relatório da MCM, esse processo poderia ser relativamente rápido, dado que o esqueleto do modelo parece já ter sido definido. “Mas a baixa velocidade com que tem avançado o Programa de Parcerias de Investimentos do governo desde a sua criação sugere que a transformação de boas ideias em editais continua a ser muito lenta”, avalia a equipe.
Mudanças legais
Lembram ainda os consultores que seria preciso, em seguida, mobilizar a base governamental para as mudanças legais necessárias, o que também não parece difícil à primeira vista, pois apenas duas mudanças de ordem legal serão necessárias. Uma para permitir que a União abra mão do controle da Eletrobras, e outra para possibilitar a chamada “descotização” da empresa, que permitirá que ela volte a vender energia de acordo com os preços de mercado, mediante o pagamento de um bônus de outorga para o Tesouro Nacional.
Interesses políticos 
A aprovação de tais mudanças pelo Congresso, no entanto, “certamente enfrentará obstáculos erguidos por congressistas, governadores, ministros, interessados na manutenção da gestão da Eletrobras nas mãos de políticos, ou por empregados da empresa interessados na manutenção da gestão da Eletrobras nas mãos do Estado”, alertam, prevendo que não será fácil levar esse projeto adiante em um ano eleitoral.
Os consultores acreditam, no entanto, que a proposta de desestatização da Eletrobras “possui grande mérito e, se materializada, terá impacto positivo relevante no setor e na economia.” A equipe da MCM destaca ainda que haveria um ganho fiscal imediato com a operação, “ajudando a aliviar momentaneamente a penúria do Tesouro Nacional.”
Ganho fiscal pequeno
No entanto, exatamente por seu caráter efêmero, o ganho fiscal seria, de todos, o menos relevante. “Idealmente, a venda do controle acionário da Eletrobras deverá ter como foco o aumento da produtividade no país, não o cumprimento das metas fiscais”. Para a melhora do quadro fiscal, dizem os consultores, seriam necessárias reformas “que tenham efeito permanente sobre o fluxo de receitas e despesas do setor público.”
Fonte:Arena do Pavini

Juro real alto atrairá mais que ações; mas valor das empresas pode dobrar, diz Gustavo Franco

Juro real alto atrairá mais que ações; mas valor das empresas pode dobrar, diz Gustavo Franco

As taxas de juros reais do país poderiam cair para 3% ou 4% ao ano se o país fizesse as reformas estruturais, mas isso não deve ocorrer tão cedo e o Brasil continuará sendo um país em que a renda fixa será muito mais atrativa que a renda variável no médio prazo, infelizmente. A avaliação é do ex-presidente do Banco Central (BC) e sócio da Rio Bravo Investimentos, Gustavo Franco, durante o 8º Congresso de Mercados Financeiros e de Capitais, em Campos do Jordão. Mesmo assim, afirma, não é delírio achar que as empresas brasileiras possam valer o dobro que valem hoje se houver alguns anos de comportamento macroeconômico responsável e  que governo consiga encaminhar os problemas da dívida e do déficit público. “Por isso, os empresários não devem desistir, vejo muita gente querendo ir para Miami, mas muitos podem deixar dinheiro na mesa se fizerem isso”, afirma Franco.
De US$ 1,8 bi para US$ 400 bi
Franco dá alguns números para demonstrar que há oportunidades no país. Ele lembra que quando Fernando Henrique Cardoso tornou-se ministro da Fazenda, no início dos anos 1990, o valor de mercado das ações das empresas brasileiras listadas na Bovespa era de cerca de US$ 80 bilhões. Depois do Plano Real, esse valor passou para US$ 350 bilhões e, em 2008, antes da crise, US$ 1,8 trilhão. “Há ainda a criação de riqueza dessas empresas, e isso acontece também com empresas não listadas e com outros ativos de longa duração por conta da queda dos juros e perspectiva de resultados maiores”, afirma.
Depois da crise de 2008, o valor das empresas voltou para um nível mais baixo, e ainda ficou nesse nível por dois anos, até que veio a destruição de valor provocado pela Nova Matriz Econômica, do governo Lula/Dilma. O valor das empresas caiu para US$ 400 bilhões, um pouco antes do impeachment de Dilma. “De US$ 1,8 bilhão para US$ 400 bilhões é uma queda de quase US$ 1,5 trilhão de destruição de valor, isso é chocante”, afirma Franco. Um terço dessa perda já foi recuperada nos últimos meses, “mas tem ainda dois terços para recuperar e já estivemos lá”, lembra. “Portanto, não é nenhum delírio imaginar que empresas brasileiras podem valer o dobro do que valem, bastando haver alguns anos de bom comportamento macroeconômico”, diz.
Segundo Franco, a compreensão do setor privado de que o governo pode criar valor para todos com uma macroeconomia responsável torna mais sólida a percepção dessa potencial de ganho. “Portanto, a chance desse upside se materializar, está presente e os empresários que estão pensando em desistir podem deixar algum dinheiro na mesa.”
Juros abaixo de 7% ao ano
A médio prazo, Franco acredita que os juros básicos podem cair bem abaixo de 7% ao ano se o país tiver sucesso em melhorar seus fundamentos. “Mas isso será uma guerra de trincheiras, de território, pequenas conquistas cumulativas que vão reduzir a dívidia pública, melhorar o déficit fiscal”, diz. Ele lembra que, ainda que a situação hoje esteja ruim, não se pode esquecer que o Brasil teve 10 anos seguidos de superávit primário de até 3% do PIB, e com uma redução da dívida de quase 15 pontos percentuais em relação ao PIB. “Devolvemos tudo e mais um pouco”, lamenta. “Se tivéssemos avançado em vez de aumentar a dívida, estaríamos no mesmo nível do Chile em matéria de endividamento e provavelmente mais perto de juros de 3% do que hoje estamos”, afirma. “O que dá uma medida irritante do tempo perdido com erros.”
A TLP e a meia entrada
Sobre a Taxa de Longo Prazo, que vai substituir a TJLP no financiamento dos contratos do BNDES e que terá juros mais próximos dos de mercado nos próximos anos, Franco afirma que ela é projeto da maior importância, embora seja apenas o primeiro capítulo do enredo para acabar com o seletivismo do crédito. “Existem vários mecanismos pelos quais diferentes segmentos da sociedade tem acesso a crédito subsidiado”, afirma Franco,que estima que hoje, praticamente metade do crédito é direcionado e subsidiado, e a outra metade em condições de mercado.
O spread bancário (diferença entre custo de captação e empréstimos) para os direcionados, é de 3% ao ano e, para os não direcionados, 40%, estima Franco. “Ou seja, metade do Brasil tem meia entrada e metade paga muito mais, e isso está errado e tem de ser revisto”,diz.
Além da TJLP, Franco cita outros mecanismos que interferem no crédito, como a Taxa Referencial (TR), o compulsório sobre os bancos, sobre a poupança, os mecanismos de poupança forçada, como o FGTS e o próprio Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). “O que está em jogo é o FAT deixar de fazer transferências com subsídio para o BNDES repassar esse subsidio para as empresas”, explica Franco. “Se o governo quer dar subsídios, faça no orçamento do governo, de maneira transparente”.
Reforma da Previdência não é “bala de prata”
Sobre a reforma da Previdência, Gustava Franco acha que o governo de Michel Temer deveria ter tentado aprova-la antes do teto de gastos, e não o contrário. “O governo gastou sua energia política, que é limitada, no gasto, e deveria ter tentado aprovar a reforma da Previdência para depois discutir o teto com mais espaço”, afirma. “E também vale lembrar que a reforma da Previdência não é uma bala de prata, não é a reforma que vai acabar com todos os problemas, vai arrumar as coisas agora, mas daqui dois ou três anos vamos ter de revisitar esse assunto, ou em tópicos específicos, como a previdência complementar dos funcionários públicos”, alerta. “Alguma coisa lateral terá de ser discutida, não é uma reforma para nunca mais se falar de Previdência.”
Opções caso a Previdência não passe
Caso a reforma não passe, Franco avalia que o governo terá de focar em reduzir o tamanho do Estado e obter economias na folha de pagamento, seja diminuindo o quadro de funcionários ou remuneração. “É preciso descontinuar atividades que têm mérito, daí a dificuldade, pois são políticas públicas que custam dinheiro do contribuinte, mas o dinheiro acabou, então precisa diminuir”, admite. “E vai ser preciso atacar outas coisas que são intocáveis, como benefícios para funcionários públicos, estabilidade, tudo isso tem de ser discutido, e a sociedade deve escolher por meio de seus representantes se quer pagar mais imposto de renda ou acabar com esses benefícios”, afirma. “O que a sociedade prefere, mais imposto ou menos funcionários públicos, o que não será mais possível é esconder o problema.”
Franco elogiou a aprovação e disse que ela deve dar início a um processo recorrente de reforma das normas. “A Consolidação das Leis do Trabalho tem 2 mil artigos e tem muita coisa para mudar, a relação capital trabalho evoluiu muito e só fará bem ao trabalhador, à produtividade e ao emprego modernizar essas relações”.
Privatização pode ter dificuldades
Sobre a privatização, Franco diz que são ideias que estão no forno há muito tempo e que foram apressadas pelo “efeito Eletrobrás”. “Podiam estar na rua há muito tempo, mas o governo aproveita uma janela política e de opinião pública para fazê-las”, disse. O desafio de execução das vendas, porém, é ponderável, alerta,. pois é muita coisa ao mesmo tempo. E algumas vendas podem ser limitadas por conta da Lei de Responsabilidade Fiscal, que impede operações de crédito no último ano de mandato do presidente. “O importante é o evento Eletrobras, uma das grandes,empresas do país destruída por sucessivos erros em administrações anteriores, sobretudo com a ex-presidente Dilma Rousseff, portanto tem uma importância muito grande agora trazer esse assunto”, afirma Franco.
Crescimento sustentável depende das contas públicas
Não dá para ter crescimento sustentável com finanças públicas insustentáveis, alerta Franco. Se a conta fiscal não fecha e o crescimento da dívida pública é explosivo, não tem crescimento, assim como não há crescimento com hiperinflação, reforça. “São pré-condições para trajetória de crescimento sadio”, diz. E algumas economias tributárias abrem perspectivas de investimento, como a própria privatização, explica Franco. “Pega empresas estagnadas, que precisam de reestruturação e investimento, recursos que o governo não tem, vende para quem tem dinheiro e cumpre as duas funções”, explica. Já a reforma trabalhista não traz receita, mas aumenta a produtividade do país.
Setor público deixou de funcionar
O setor publico se tornou disfuncional, tanto no ponto de vista fiscal quanto regulatório, afirma Franco. E mais ainda em sua atividade direta, como estado empresário. “É um fracasso, não dá para dizer outra coisa olhando para Petrobras e Eletrobrás”, diz. É preciso repensar a sustentabilidade do Estado, alerta. Mas é justamente dessa discussão que o Congresso sistematicamente se afasta, observa Franco. “É difícil, pois órgãos serão extintos e tem comunidades que são dependentes de atividades extintas que vão se opor.”
As reformas e as maiorias dispersas
Como regra geral, segundo Franco, o processo de reformas é complexo porque seus resultados não são percebidos pela maioria, enquanto as minorias prejudicadas pelas mudanças se mobilizam para combatê-las. “Tem sempre uma maioria dispersa que ganha e não se manifesta, mas uma minoria aguerrida que perde, e sabe que vai perder a razão de existir e vai lutar com todas as forças para que a reforma não aconteça”, explica. Para a minoria, o ganho é tão diluído que ninguém repara. “O contribuinte, o consumidor, são abstrações, não vão à Brasília aplaudir, quem vai é minoria para reclamar.”
Fonte: Arena do Pavini

Mais recursos do setor de mineração

Mais recursos do setor de mineração


Participantes da Frente em Defesa do Royalties da Mineração para o Rio traçaram ontem novas linhas de atuação para que o estado seja beneficiado com recursos da Compensação Financeira para Exploração de Recursos Minerais. O grupo analisou emendas de deputados do Rio ao novo marco regulatório do setor, estabelecido pelas MPs 789, 790 e 791.
O objetivo das emendas, conforme O DIA noticiou e, é garantir pagamento de royalties a vários municípios impactados pela mineração, em especial, os da Baixada e regiões Norte, Noroeste e do Médio Paraíba do estado, cortados por ferrovias de exportação de minério ou têm portos e instalações de escoamento. O grupo defende o conceito de similaridade com o setor de petróleo. A reunião coordenada pelo secretário de Educação, Wagner Victer, e o subsecretário Transportes, Delmo Pinho, teve a participação de vários prefeitos.
Fonte: O Dia

Eletricidade é gerada pela evaporação da água

Eletricidade é gerada pela evaporação da água


Eletricidade é gerada pela evaporação da água
Quatro células gerando eletricidade por evaporação fornecem energia para alimentar a pequena tela de cristal líquido, que mostra o logotipo da universidade. [Imagem: Guobin Xue et al. - 10.1038/nnano.2016.300]
Gerador a água
Pesquisadores chineses construíram um gerador de eletricidade a água - a energia é gerada quando a água se evapora de um nanomaterial de carbono.
Cada gerador tem cerca de 2,5 cm de comprimento e cria uma tensão de 1,5 V, similar à de uma pilha AA padrão. Embora a corrente seja pequena, na casa dos nanoamperes, a equipe conectou vários geradores para alimentar um display de cristal líquido.
Com futuras otimizações, escreve a equipe das universidades de Nanjing e Huazhong, o gerador a água poderia ser usado para alimentar equipamentos de esterilização e para purificar ou dessalinizar a água em regiões quentes do planeta.
Evaporação que gera energia
A fabricação de cada célula do gerador começa com a deposição de nanotubos de carbono de paredes múltiplas em um substrato de quartzo para criar dois eletrodos - o substrato tem cerca de 25 milímetros (mm) de comprimento e os eletrodos de 2 mm ficam posicionados em cada extremidade. A seguir é depositado negro de fumo - ou fuligem, pequenas partículas de carbono de cerca de 20 nanômetros de diâmetro - sobre todo o substrato, até uma espessura de cerca de 70 micrômetros. O aparelho a ser alimentado deve ser conectado por fios aos dois eletrodos.
Para começar a gerar energia, a célula é colocada em um copo com uma pequena quantidade de água desionizada, de modo a mergulhar apenas poucos milímetros da parte inferior do dispositivo. A ação capilar faz com que a água suba, atingindo uma altura de até 20 mm em cerca de 1 h. À medida que a água sobe através da célula, a tensão através dos eletrodos começa a subir, atingindo um valor de cerca de 1 V em 1 h.
Quando o gerador e o copo foram colocados em um ambiente fechado, do qual o vapor de água não podia escapar, a tensão caiu para zero em cerca de 15 minutos, recuperando-se rapidamente quando o ambiente foi ventilado. O fluxo de ar, que se sabe aumentar a evaporação, aumentou a tensão no dispositivo até 1,5 V. Por outro lado, um aumento na umidade ambiental baixou a tensão ao inibir a evaporação. Tomados em conjunto, escrevem os pesquisadores, essas observações confirmam que é a evaporação a responsável pela geração da eletricidade.
Mas desvendar o processo propriamente dito exigiu um estudo mais aprofundado, usando espectroscopia de infravermelho. Os dados sugerem que a energia elétrica é criada através de um processo eletroquímico chamado corrente de fluxo, que ocorre quando um eletrólito é movido por um gradiente de pressão através de um canal ou poro - a água se movendo pelos nanotubos ou pelos canais do negro de fumo.
Otimização
Para testar o lado mais prático do seu gerador de eletricidade evaporativo, a equipe conectou quatro células em série, criando uma fonte de energia que disponibiliza cerca de 380 nA a 4,8 V. Isto foi suficiente para alimentar uma pequena tela de cristal líquido.
A equipe afirma que o desempenho do dispositivo poderá ser melhorado através da otimização dos processos de evaporação e do fluxo da água pelo material de carbono.

Bibliografia:

Water-evaporation-induced electricity with nanostructured carbon materials
Fonte: CNPQ

Montanha submarina no Atlântico tem tesouro de terras raras

Montanha submarina no Atlântico tem tesouro de terras raras

Montanha submarina no Oceano Atlântico tem tesouro de terras raras
O monte submarino Tropic, próximo às Ilhas Canárias, tem 3 mil metros de altura e apenas um terço dele se destaca na superfície do Atlântico.[Imagem: NOC]
Montanha de terras raras
Em uma montanha submarina, nas águas do Oceano Atlântico, está um tesouro em minerais de alto valor econômico - os chamados minerais de terras raras.
Uma equipe do Centro Nacional de Oceanografia (NOC, na sigla em inglês) do Reino Unido identificou uma crosta de rochas extremamente rica nesses minerais raros nas paredes desse monte, a 500 quilômetros das Ilhas Canárias.
Amostras trazidas à superfície detectaram a presença de uma substância rara conhecida como telúrio em concentrações 50 mil vezes mais elevadas que as já identificadas em terra. O telúrio, comum em ligas metálicas, é usado também em um tipo avançado de painel solar.
A montanha também contém minerais de terras-raras usados na fabricação de turbinas eólicas e em dispositivos eletrônicos.
A descoberta levanta uma questão delicada: se a busca por recursos alternativos de energia pode impulsionar a exploração mineral no fundo do mar.
Montanha submarina no Oceano Atlântico tem tesouro de terras raras
Estima-se que o Monte Tropic tenha 2.670 toneladas de telúrio, mineral usado como semicondutor e comum em placas de energia solar. [Imagem: NOC]
Riqueza inesperada
O monte submarino, cujo nome é Tropic, tem três mil metros de altitude a partir do solo oceânico e seu cume fica a 1 mil metros acima da superfície do Atlântico.
Robôs submarinos foram usados para investigar a crosta de grãos finos que cobre toda a superfície da montanha e tem espessura de quatro centímetros.
Bram Murton, líder da expedição que explora a Tropic, afirmou que esperava encontrar minerais em abundância no local, mas jamais imaginou que as concentrações dos mesmos seriam tão elevadas.
"Esta crosta é incrivelmente rica e é isso que faz com que essas rochas sejam incrivelmente especiais e valiosas do ponto de vista de recursos", explicou. Ele calcula que as 2.670 toneladas de telúrio da montanha equivalem a um duodécimo de todo o consumo mundial.
Montanha submarina no Oceano Atlântico tem tesouro de terras raras
A descoberta do Mont Tropic levanta o debate sobre vantagens e riscos da mineração no fundo do mar . [Imagem: NOC]
Mineração submarina
A prática da mineração no mar foi recentemente regulamentada pela ONU. Ainda assim, Burton afirma querer que a descoberta de sua equipe - parte de um projeto mais amplo chamado Marine E-Tech - provoque um debate sobre de onde devem vir os recursos vitais.
"Se precisamos de energia verde, precisamos de materiais para construir dispositivos capazes de gerar esse tipo de energia. E esses materiais têm de vir de algum lugar", disse. "Ou os tiramos da terra e fazemos um buraco lá, ou os tiramos do fundo do mar e fazemos ali um buraco comparativamente menor. Tudo o que fazemos tem um custo".
De forma geral, a mineração em terra implica em desmatar, remanejar povoados e construir vias de acesso para remover rochas com concentrações relativamente baixas de minerais (ou de minério).
No mar, por sua vez, os minérios são muito mais ricos, ocupam uma área menor e não existe impacto imediato sobre populações. Uma das principais preocupações é o efeito da poeira produzida ao se cavar o fundo do mar, que pode viajar longas distâncias e afetar organismos vivos pelo caminho.
Para entender as possíveis implicações, a expedição britânica realizou um experimento no qual tentou reproduzir os efeitos da mineração para medir a quantidade de pó produzido.
Os resultados preliminares, disse Murton, mostram que a poeira não é facilmente detectada a um quilômetro de distância além da fonte. Isso indica que o impacto da mineração submarina poderia ser mais localizado do que o inicialmente previsto.
Fonte:BBC