quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Vale informa sobre resgate de bonds com vencimento em 2019 e oferta de aquisição de bonds com vencimento em 2020

Vale informa sobre resgate de bonds com vencimento em 2019 e oferta de aquisição de bonds com vencimento em 2020


Rio de Janeiro, Brasil – 28 de agosto 2017 – A Vale S.A. (“Vale”) informa que, nesta data, sua subsidiária integral Vale Overseas Limited (“Vale Overseas”) (i) exerceu seu direito de resgatar a totalidade em circulação, no valor total de principal de US$1.000.000.000,00, de seus bonds garantidos pela Vale com cupom de 5,625% ao ano e vencimento em 2019 (CUSIP No. 91911TAJ2) (“Bonds 2019”) e (ii) iniciou uma oferta de aquisição (“Oferta de Aquisição”) no montante principal de até US$750.000.000,00 de seus bonds em circulação garantidos pela Vale com cupom de 4,625% e vencimento em 2020 (CUSIP N. 91911TAL7) (“Bonds 2020”).
A Vale Overseas notificou, na presente data, os detentores dos Bonds 2019 de sua intenção de resgatar a totalidade dos Bonds 2019 em circulação e de realizar o pagamento do montante do prêmio calculado nos termos da escritura de emissão dos Bonds 2019. O resgate dos Bonds 2019 será realizado no dia 28 de setembro de 2017. Este comunicado ao mercado não deverá ser considerado como uma notificação de resgate dos Bonds 2019.
A Oferta de Aquisição dos Bonds 2020 é realizada nos termos e sujeita às condições estabelecidas no memorando da oferta de aquisição datada de 28 de Agosto de 2017 (“Memorando da Oferta de Aquisição”). O Memorando da Oferta de Aquisição não está condicionado à oferta de um valor mínimo de principal dos Bonds 2020, mas a Vale Overseas comprará um valor máximo total de principal de $750.000.000,00 dos Bonds 2020 ofertados (“Valor Máximo da Oferta“).
A Oferta de Aquisição expirará às 23:59, horário de Nova Iorque, do dia 27 de setembro de 2017, exceto se previamente encerrada ou prorrogada pela Vale Overseas (tal horário e data e eventual prorrogação, se for o caso, “Data de Encerramento”). Detentores dos Bonds 2020 que forem validamente ofertados e cuja oferta não tenha sido validamente retirada até às 17:00, horário de Nova Iorque, do dia 13 de setembro de 2017, exceto se prorrogada (tal horário e data e eventual prorrogação, se for o caso, “Data de Encerramento Antecipada”) farão jus ao recebimento do valor total de US$1.067,50 por US$1.000,00 de valor principal dos Bonds 2020 ofertados (“Pagamento Total”), o qual inclui um prêmio por oferta antecipada no montante de US$30,00 por US$1.000,00 de valor principal dos Bonds 2020 validamente ofertados. Detentores dos Bonds 2020 que validamente ofertarem seus títulos após a Data de Encerramento Antecipada, mas previamente à Data de Encerramento, farão jus ao recebimento do valor de US$1.037,50 por US$1.000,00 de valor principal dos Bonds 2020 ofertados (“Pagamento da Oferta”). A oferta dos Bonds 2020 poderá ser retirada a qualquer tempo até às 17:00, horário de Nova Iorque, do dia 13 de setembro de 2017, exceto em caso de prorrogação, mas não após tal prazo. Além do Pagamento Total e do Pagamento da Oferta, conforme aplicável, detentores de Bonds 2020 validamente ofertados e aceitos para aquisição no âmbito da Oferta de Aquisição receberão juros devidos e não pagos desde a data do último pagamento, inclusive, até, mas não incluindo, a data da liquidação da Oferta de Aquisição.
A Vale Overseas tem o direito de, mas não está obrigada a, a qualquer momento após a Data de Encerramento Antecipada e antes da Data de Encerramento, aceitar a aquisição de quaisquer Bonds 2020 validamente ofertados, cuja oferta não tenha sido posteriormente retirada, na ou até a Data de Encerramento Antecipada (“Direito de Liquidação Antecipada”). A data de liquidação dos Bonds 2020 adquiridos mediante exercício do Direito de Liquidação Antecipada será determinada a critério da Vale Overseas e está prevista para ocorrer no dia 18 de setembro de 2017, sujeita a todas as condições do Memorando da Oferta de Aquisição terem sido verificadas ou dispensadas pela Vale Overseas. Todos os Bonds 2020 ofertados e aceitos para aquisição que não tiverem sido liquidados na Data de Liquidação Antecipada, se houver, serão liquidados prontamente após da Data de Encerramento. Em qualquer caso, o montante principal dos Bonds 2020 aceitos para aquisição poderá estar sujeito à divisão pro-rata levando em consideração o Valor Máximo da Oferta, conforme descrito no Memorando da Oferta de Aquisição, não sendo a aceitação da aquisição de títulos validamente ofertados e cuja oferta não tenha sido retirada uma garantia da aquisição.
Este anúncio é para fins informativos somente e não se trata de uma oferta de aquisição nem de uma solicitação de uma oferta para venda de quaisquer títulos. A Oferta Aquisição está sendo realizada somente pelo, e de acordo com os termos do, Memorando da Oferta de Aquisição. A Oferta de Aquisição não está sendo realizada em qualquer jurisdição na qual a realização ou aprovação não seria em conformidade com os títulos, com blue sky ou com outras leis de tal jurisdição. Em qualquer jurisdição onde as leis exigem que a Oferta de Aquisição seja realizada por um corretor ou distribuidor licenciado, a Oferta de Aquisição será realizada por distribuidores representando a Vale Overseas. Nem a Vale, a Vale Overseas, o agente da oferta e de informação, os distribuidores ou o trustee relativos aos Bonds 2020, nem quaisquer afiliados deles, fazem qualquer recomendação se os detentores de títulos deverão oferecer ou se abster de oferecer em parte ou integralmente seus Bonds 2020 em resposta à Oferta de Aquisição. Nem a Vale, Vale Overseas, o agente da oferta e de informação, os distribuidores ou o trustee relativos aos Bonds 2020, nem quaisquer afiliados deles, autorizaram qualquer pessoa para dar qualquer informação ou fazer qualquer representação relativo à Oferta de Aquisição que não sejam as informações ou representações contidas no Memorando da Oferta de Aquisição.
A Vale contratou o Citigroup Global Markets Inc., Credit Agricole Securities (USA) Inc., RBC Capital Markets, LLC e Scotia Capital (USA) Inc., para servirem como dealer managers (distribuidores) e Global Bondholders Services Corporation para servir como agente da Oferta de Aquisição e de informação para a Oferta de Aquisição.
O Memorando da Oferta de aquisição e quaisquer suplementos relacionados estão disponíveis no website da Global Bondholders Services Corporation (http://www.gbsc-usa.com/Vale/). Detalhes a respeito da Oferta de Aquisição, incluindo instruções completas sore como ofertar os Bonds 2020 estão incluídos no Memorando da Oferta de Aquisição. Detentores dos Bonds 2020 são fortemente encorajados a cuidadosamente ler o Memorando da Oferta de Aquisição, incluindo os materiais a que faz referência, uma vez que tais documentos contêm informações relevantes.
Solicitações de cópias do Memorando da Oferta de Aquisição e quaisquer suplementos relacionados deverão ser direcionados à Global Bondholders Services Corporation pelo telefone +1(212) 430-3774 ou +1(866) 470-3900 (ligação gratuita nos EUA) ou por escrito através do e-mail contact@gbsc-usa.com.
Questões sobre a Oferta de Aquisição deverão ser direcionadas diretamente ao Citigroup Global Markets Inc. pelos telefones +1 (212) 723-6106 ou +1 (800) 558-3745 (ligação gratuita nos EUA), Credit Agricole Securities (USA) Inc. pelos telefones +1(212) 261-7802 ou +1(866) 807-6030 (ligação gratuita nos EUA), RBC Capital Markets, LLC pelos telefones +1(212) 618-7822 ou +1(877) 381-2099 (ligação gratuita nos EUA), ou Scotia Capital (USA) Inc. pelos telefones +1(212) 225-5559 ou +1(800) 372-3930 (ligação gratuita nos EUA).
O resgate e a Oferta de Aquisição são consistentes com a nossa estratégia de geração de valor ao acionista, fortalecimento do balanço e redução do endividamento.
Fonte: Vale

Após fim de reserva, grupo amplia lobby por mineração em áreas indígenas

Após fim de reserva, grupo amplia lobby por mineração em áreas indígenas


Encorajado por ações recentes do governo federal que reduziram áreas protegidas na Amazônia, um grupo de deputados estaduais da região intensificou o lobby em Brasília para permitir a mineração em terras indígenas. O movimento – que tem como grande articulador um deputado do PT e é apoiado por um prefeito indígena do Amazonas – é criticado por organizações que representam povos da região e temem os impactos da atividade.
A BBC Brasil acompanhou uma reunião na quinta-feira na sede da Funai (Fundação Nacional do Índio) entre o presidente do órgão, Franklimberg Ribeiro de Freitas, e uma delegação com 11 membros do Parlamento Amazônico, entidade que agrupa legisladores dos nove Estados da Amazônia Legal. Marcado para tratar de questões ligadas a indígenas na Amazônia, o evento não contou com a presença de nenhum indígena e teve como principal tema a defesa da mineração nos territórios desses povos.
O encontro ocorreu um dia após o presidente Michel Temer extinguir por decreto a Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca), na divisa entre o Pará e o Amapá – decisão que abre o caminho para o avanço da mineração numa área de mata fechada e vizinha a duas terras indígenas. Após reações negativas, Temer publicou na segunda-feira um novo decreto. O documento manteve a extinção da Renca, mas deixou mais clara a proibição da mineração nas terras indígenas e unidades de conservação que se sobrepõem à reserva, exceto se a atividade estiver prevista no plano de manejo da unidade.
Principal articulador do movimento pró-mineração em terras indígenas, o deputado estadual Sinésio Campos, do PT do Amazonas, disse à BBC Brasil que o novo decreto não altera os planos do grupo e que seguirá tentando convencer o Congresso a regulamentar o tema. Campos afirma que Temer cometeu uma “trapalhada” ao extinguir a Renca sem explicar o gesto e ao apresentar um novo decreto após as reações negativas. Segundo ele, as críticas teriam sido menores se o governo tivesse dialogado antes de anunciar a decisão.
Também presente à reunião na Funai, o deputado estadual Naldo da Loteria, do PSB de Roraima, disse à BBC Brasil que a extinção da Renca animou o movimento pró-mineração, embora o encontro tenha sido agendado antes do decreto original. Para ele, a decisão sinaliza “que o governo está preocupado em destravar a burocracia que tanto atrapalha o desenvolvimento da Amazônia”.
Segundo o deputado, outras ações do governo Temer – como a redução da Floresta Nacional do Jamanxim (PA) e a edição de uma Medida Provisória que facilita a regularização de terras (apelidada por ambientalistas de “MP da grilagem”) – estimularam o agendamento do encontro com o presidente da Funai. ”Sentimos que o momento é favorável e viemos reforçar nossa posição. Já que o governo não tem popularidade, que entre na história por modernizar o país”, ele diz.
Na reunião, Naldo disse que Roraima – onde áreas indígenas são 46,2% do território – foi “inviabilizada economicamente” por demarcações e que a regulamentação da mineração reduziria os conflitos causados por garimpos ilegais. “Hoje só não existe garimpo em terra indígena que não tem ouro”, afirmou.

Mendigos ricos

Segundo a Constituição de 1988, a mineração em terras indígenas só poderá ocorrer se for regulamentada por lei específica, o que jamais ocorreu. Mesmo assim, vários desses territórios convivem há décadas com o garimpo ilegal – atividade associada a conflitos, à poluição dos rios e à disseminação de doenças.
Hoje só é permitido em terras indígenas o garimpo artesanal, sem uso de máquinas nem produtos poluentes. ”Enquanto não puderem explorar as riquezas de suas terras, os índios serão mendigos ricos”, afirmou na reunião Sinésio Campos, do PT. Na presidência da Funai desde maio, o general Franklimberg Ribeiro de Freitas disse aos deputados que a regulamentação da atividade era do interesse de vários povos indígenas. Ele afirmou que “99,9%” dos indígenas do Alto Rio Negro (AM) e dos povos Suruí e Cinta Larga das Terras Indígenas Sete de Setembro e Aripuanã (ambas na divisa entre Rondônia e Mato Grosso) “querem a regularização pelo Congresso Nacional da exploração dos recursos minerais”.
  • Mas ele disse que o atendimento do pleito não dependia da Funai, e sim do Congresso, e que a mineração não seria uma alternativa para todas as comunidades indígenas do país. “É preciso considerar a vocação econômica de cada território”, disse Franklimberg, destacando grupos que têm explorado atividades como o turismo, a criação de peixes e a coleta de castanha.
Única na reunião a destoar do coro pró-mineração, a deputada Cristina Almeida, do PSB do Amapá, se disse preocupada com o impacto da extinção da Reserva Nacional de Cobre e Associados nas terras indígenas Waiãpi e Rio Paru d’Este. Segundo ela, o decreto de Temer pode provocar uma “explosão no desmatamento e acarretar aumento de conflitos”. Franklimberg respondeu que não haveria exploração de minérios nas duas áreas indígenas, justamente porque a atividade ainda não está regulamentada.

Exemplo canadense

O deputado Sinésio Campos saiu satisfeito do encontro. Ele afirma que, em gestões anteriores, a Funai não aceitava nem discutir o tema, o que impedia o avanço das negociações. Agora, diz esperar que o órgão se empenhe no convencimento dos congressistas. “Hoje demos um grande passo.”
Proposto pelo senador Romero Jucá (PMDB-RR) para regulamentar a mineração em terras indígenas, o Projeto de Lei 1.610 tramita no Congresso desde 1996. Em 2015, o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criou uma comissão especial para discutir a matéria, cuja relatoria foi entregue ao deputado Édio Lopes (PMDB-RR), aliado de Jucá. Mas as discussões avançaram pouco.
Um assessor de Lopes disse à BBC Brasil que o deputado tenta convencer a Presidência da Câmara a recriar a comissão para que os trabalhos continuem, já que alguns membros do grupo deixaram a Casa e precisam ser substituídos. Sinésio Campos diz que o momento é oportuno para retomar as tratativas. Em março, ele foi convidado pelo ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Filho (PSB), para acompanhá-lo em visita a uma das maiores convenções mundiais sobre mineração, no Canadá. Para Campos, a legislação canadense pode ser um modelo para o Brasil.
“Índios canadenses usam o dinheiro da mineração para financiar universidades e outras melhorias para eles mesmos. Não queremos uma mineração predatória, só queremos condições mais dignas para as comunidades”, afirmou. O deputado diz que, se a mineração em terras indígenas for regulamentada no Brasil, comunidades que não queiram a atividade poderão vetá-la.

Prefeito indígena

Entre os apoiadores da regulamentação está um afilhado político de Campos em São Gabriel da Cachoeira, município do Amazonas com 30 mil habitantes e onde 76,6% da população é indígena. Um dos poucos prefeitos indígenas do país e membro do povo tariana, Clóvis Curubão (PT) se elegeu prometendo lutar pela causa. Em maio, ele disse à BBC Brasil que ONGs eram responsáveis por bloquear a regulamentação do tema.
“Elas [ONGs] só pensam em fazer conferência, mas nosso povo não vive só de palavra: queremos educação, saúde, transporte, uma vida melhor. O índio está no século 21: usa motor, usa tudo. Não dá para voltar ao passado.  O prefeito diz que, ao mesmo tempo em que modernizariam as comunidades, os lucros da mineração ajudariam a preservar a cultura local, pois haveria mais recursos para o ensino de línguas indígenas e a organização de festas tradicionais.
Hoje comerciante, Curubão trabalhou como garimpeiro e foi um dos fundadores de uma cooperativa indígena pró-mineração. Ele diz ter decidido concorrer a prefeito após ter seu pleito pró-regulamentação rejeitado por organizações indígenas e políticos de São Gabriel da Cachoeira. “Todo mundo tinha medo de falar em mineração, então fomos a Manaus pedir ajuda aos políticos de lá.” Sinésio Campos abriu as portas do PT amazonense a Curubão e ajudou a coordenar sua candidatura vitoriosa.

‘Equivocado e leviano’

Organizações indígenas brasileiras condenam a movimentação dos deputados pró-mineração. Coordenadora da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Sônia Guajajara diz à BBC Brasil que “o movimento indígena amazônico é absolutamente contra a mineração em territórios indígenas” e que os políticos que promovem a causa “só defendem interesses econômicos de poucos”. ”Desafiamos os deputados a fazer uma consulta aos povos, conforme prevê a Convenção 169 da OIT [Organização Internacional do Trabalho].
“ Em seu artigo sexto, a convenção da OIT sobre Povos Indígenas e Tribais, incorporada à legislação brasileira em 2004, determina consultas aos povos indígenas “cada vez que sejam previstas medidas legislativas ou administrativas suscetíveis de afetá-los diretamente”.  Presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), composta por 89 associações de 23 etnias amazônicas, Marivelton Baré critica a afirmação do presidente da Funai de que 99,9% dos índios do Alto Rio Negro são favoráveis à regulamentação da mineração.
“É uma fala leviana e equivocada”, ele diz. Segundo Baré, grande parte das comunidades do Rio Negro quer discutir o tema, mas não necessariamente aprova a mineração em suas terras. Ele afirma, porém, que as discussões não podem se restringir aos centros urbanos, onde mais pessoas tendem a ser favoráveis à mineração, devendo incorporar também aldeias distantes.
“Não é que somos contra a mineração; somos contra políticos e empresários que vendem a mineração como uma solução para as omissões do Estado e falhas em políticas públicas”, ele diz. Membros dos dois povos citados pelo presidente da Funai como sendo amplamente favoráveis à mineração também contestaram sua declaração. Segundo Almir Suruí, líder na Terra Indígena Sete de Setembro, a comunidade está dividida “meio a meio” quanto à mineração. Suruí é contra a atividade e diz que sua regulamentação causaria danos ambientais ainda maiores que o garimpo ilegal.
Militante do movimento indígena em Rondônia, Diogo Cinta Larga estima que 20% de seu povo seja favorável à atividade. ”Só defende a regulamentação quem está ganhando algum dinheiro com garimpo hoje. A maioria da população nunca viu nenhum benefício e é contra”, afirma.
Fonte: BBC

Extração magnética

Extração magnética


Uma nova tecnologia para processamento de minérios, desenvolvida na Universidade de São Paulo (USP), poderá revolucionar a mineração, principalmente a extração do cobre. Chamada de nanohidrometalurgia magnética (NHM), é 100% brasileira e considerada “verde” porque o impacto ambiental é mínimo se comparado com outras práticas do setor. A técnica é realizada em meio aquoso, com uso de nanopartículas supermagnéticas em vez de solventes orgânicos, como o querosene, por exemplo, utilizado nos processos convencionais. Coordenado pelo químico Henrique Toma, professor do Instituto de Química da USP (IQ-USP), o artigo que reúne os trabalhos do grupo que levaram ao desenvolvimento da tecnologia foi publicado na revista Green Chemistry e rendeu um pedido de patente.
Desenvolvido por Ulisses Condomitti durante a elaboração da tese de doutorado realizada sob orientação de Toma e defendida no IQ-USP, o novo processo emprega a nanotecnologia para renovar e aperfeiçoar um procedimento já aplicado pela indústria mineradora, a hidrometalurgia. “Entre as vantagens da nanohidrometalurgia está a possibilidade de executar todas as etapas em um único procedimento sequencial, no mesmo reator operando em condições ambientais, dispensando o tradicional uso de extração com solventes orgânicos, tratamentos ácidos e etapas de concentração, além de diminuir a produção de rejeitos”, explica Toma. “As nanopartículas captadoras de metais são integralmente regeneradas após o procedimento, sem nenhum tratamento adicional.”
O novo processo desenvolvido na USP é uma alternativa para a hidrometalurgia convencional, que começa com a lixiviação, um procedimento para a separação dos minérios por meio de ácido ou, alternativamente, com bactérias, seguido do tratamento químico com agentes complexantes – que formam compostos – de metais. A diferença é que o agente químico complexante e o solvente usado para extração do metal são substituídos por nanopartículas superparamagnéticas controladas por campo magnético e produzidas com magnetita (óxido de ferro). Elas são misturadas em uma solução aquosa rica em sais de cobre. Após alguns minutos, os íons de cobre (Cu2+) dissolvidos se ligam às nanopartículas por meio do agente complexante presente em sua superfície, e elas são atraídas para a superfície de um eletrodo, também imerso, sob ação  de um ímã posicionado do lado externo. Dessa forma, as nanopartículas com os sais de cobre ficam concentradas sobre a superfície do eletrodo. Em seguida é aplicada energia elétrica sobre o eletrodo que causa a migração e a transferência de elétrons dos íons de cobre para o eletrodo, gerando o cobre metálico (Cu).
Depois de cerca de cinco minutos de aplicação de eletricidade, as nanopartículas liberam praticamente todo o metal que se encontrava ligado a elas. “A eletrodeposição proporciona um cobre com pureza de 99,9%”, diz Toma. “As nanopartículas, por sua vez, são liberadas para uso posterior.” Segundo Toma, o experimento realizado em laboratório mostrou-se vantajoso em relação ao processo tradicional de hidrometalurgia na economia de tempo. Com nanotecnologia, a obtenção de cobre metálico acontece em alguns minutos, enquanto no processo industrial atual leva sete dias.
Outra vantagem é que todo o processamento pode acontecer em um mesmo recipiente (ver infográfico). As partículas são atraídas para as placas metálicas dos eletrodos de cobre, e a eletrodeposição acontece de forma localizada. Não há necessidade de transporte até outro reator como ocorre na hidrometalurgia convencional. Isso significa redução de custo, simplificação de processo e maior racionalidade. “A nanohidrometalurgia magnética também gera menor quantidade de descartes”, diz Toma. “Existe ainda a possibilidade de automatização, usando reatores de menor dimensão.” De acordo com o pesquisador, a nova técnica também é aplicável a vários metais estratégicos, incluindo o processamento das terras-raras, um trabalho em desenvolvimento no IQ-USP. O próximo passo do grupo é transferir a tecnologia para alguma empresa. Ele conta que duas já demonstraram interesse, a 3M e a Caraíbas, a única mineradora no Brasil que produz cobre metálico, embora insuficiente para o mercado interno.
Toma lista outros argumentos para demonstrar a importância da nova nanotecnologia, a começar pela importância do cobre – o principal metal a ser beneficiado –, fundamental em setores como construção civil, indústria elétrica, máquinas, transporte e eletrônica. No caso específico do Brasil, embora o país seja rico em minerais, não o é em cobre. “O dono das maiores reservas mundiais desse elemento é o Chile, com 38% do total”, informa Toma. “O Brasil detém cerca de 1,5% e o país não possui minérios ricos nesse elemento. O que existe é de baixo teor, em torno de 4% a 5%, porém adequado para uso com a nova tecnologia.” No mundo, segundo o químico, a mineração de cobre – e mesmo de outros metais – apresenta alguns problemas atualmente. Entre eles, estão o esgotamento gradual dos minerais de alto teor e o aumento de impactos ambientais, causados tanto pela extração como pelo processamento.
Projeto
Química supramolecular e nanotecnologia (nº 2013/24725-4); Modalidade Projeto Temático; Pesquisador Responsável Henrique Toma (USP); InvestimentoR$ 940.870,28 (FAPESP).
Artigo científico
Fonte: Revista Pesquisa Fapesp

MPF no Amapá move ação contra decreto que extinguiu reserva

MPF no Amapá move ação contra decreto que extinguiu reserva


O Ministério Público Federal no Amapá (MPF-AP) protocolou nesta terça-feira, 29, na Justiça Federal uma ação para revogação do decreto presidencial que extinguiu a Reserva Nacional de Cobre e seus Associados (Renca). Na ação, o MPF-AP argumenta que o decreto “é uma afronta à Constituição e mantém o meio ambiente sob ameaça de ecocídio”. A ação sustenta que o novo texto, divulgado na segunda-feira, 28, após críticas de ambientalistas e artistas, “não apresenta real modificação do conteúdo do decreto revogado”.
Segundo o MPF-AP, embora a Renca não seja caracterizada como uma unidade de conservação ambiental, é possível classificá-la como espaço territorial especialmente protegido – e, assim, poderia ser alterada apenas por meio de lei específica, conforme a legislação. “O MPF-AP desconhece caso de efetivo sucesso que alie a atividade minerária à proteção da natureza, restando inegáveis prejuízos à população do entorno e ao meio ambiente”, disse, em nota.
Um grupo de parlamentares e associações ligadas ao meio ambiente realizará nesta quarta-feira, 30, no Congresso Nacional uma mobilização contra a extinção da Renca e outras iniciativas do governo consideradas nocivas ao meio ambiente. “A Renca é só a ponta do iceberg em meio ao ataque que o governo está promovendo, em vários flancos, ao sistema de proteção ambiental do País”, disse um dos organizadores, Mário Mantovani, da SOS Mata Atlântica.
Em nota, o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) afirmou que “as críticas e os temores infundados” provocados pela notícia da extinção da Renca foram “motivados por mentiras e distorção”. A instituição disse que “autorizar mineração na Renca não é, absolutamente, sinônimo de destruição” e que a presença de atividade empresarial tem alto potencial para melhorar a preservação ambiental, pois há compensações socioambientais.
“A desinformação deu origem a notícias e análises com embasamento falso, ou fake news. Essas, por sua vez, motivaram parte da sociedade a criticar o ato do governo, sem que pudesse, antes, ter acesso a fontes confiáveis e detentoras de conhecimento técnico sobre mineração. A pressa em noticiar confundiu a opinião pública.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Isto É Dinheiro

Futuros do minério de ferro e do aço caem na China apesar de demanda firme

Futuros do minério de ferro e do aço caem na China apesar de demanda firme


Os futuros do minério de ferro na China caíram mais de 1 por cento nesta quarta-feira, acompanhando uma retração no aço, embora a demanda por aço no maior consumidor global seja ainda vista como firme, o que analistas esperam que possa limitar perdas adicionais. A queda em ambas as commodities vem após recentes ganhos no vergalhão de aço, que sustentaram quatro meses de alta, enquanto o minério de ferro subiu nos últimos três meses.
“Os preços subiram um pouco demais, então o sentimento (do mercado) está muito frágil”, disse a analista Helen Lau, da Argonaut Securities, em Hong Kong. O contrato mais ativo do minério de ferro na bolsa de Dalian caiu 1,2 por cento, para 556 iuanes por tonelada, após chegar a tocar 543 iuanes, menor nível desde 17 de agosto. No vergalhão de aço, o contrato mais ativo na bolsa de Xangai fechou em queda de 0,8 por cento, a 3.868 iuanes (587 dólares) por tonelada, acima da mínima do dia de 3.808 iuanes.
Fonte: Reuters