sábado, 4 de maio de 2019

Cientistas buscam cubos de urânio de programa nuclear nazista

Um dos cubos de urânio que seriam utilizados em reator nuclear alemão (Foto: Divulgação)
Em 2013, dois pesquisadores da universidade norte-americana de Maryland receberam um pequeno cubo que poderia ter mudado os rumos da História: tratava-se de um dos 664 dispositivos de urânio fabricados pela Alemanha nazista durante o desenvolvimento de seu programa nuclear. Como temiam os países Aliados durante a Segunda Guerra Mundial, os cientistas de Adolf Hitler tinham o objetivo de construir uma bomba atômica com potencial similar a dos Estados Unidos (que realizaram ataques nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki).
Em artigo publicado no periódico científico Physics Today, os cientistas relatam suas buscas para encontrar os demais cubos de urânio produzidos pelos nazistas, que têm tamanho similar ao de um cubo mágico. A curiosidade pelo destino desses artefatos tem fins puramente acadêmicos e históricos, já que não há riscos dos cubos serem utilizados para fins militares: os itens apresentavam baixa radioatividade e eram uma aposta dos pesquisadores alemães para que o seu reator nuclear funcionasse. 
Durante a procura, os pesquisadores conseguiram obter informações a respeito do programa nuclear nazista, que foi iniciado durante os anos de guerra e jamais chegou a ser concluído. De acordo com as análises, os alemães não tinham urânio suficiente para  servir como combustível do reator nuclear (seriam necessários quase 1 mil cubos) e estavam com dificuldades em fabricar água pesada (que é utilizada para que as reações nucleares aconteçam no interior do equipamento). Apesar dos problemas técnicos, os nazistas tinham conhecimento avançado da Física Nuclear: os principais teóricos dessa área do conhecimento durante as primeiras décadas do século 20 eram alemães (incluindo Albert Einstein, que migrou para os Estados Unidos com a ascensão so nazismo).
Não por acaso, após a guerra muitos pesquisadores continuaram seus trabalhos em laboratórios norte-americanos e soviéticos. Os Estados Unidos realizaram a Operação Paperclip, um programa secreto para abrigar mais de 1,5 mil cientistas que desenvolviam projetos científicos na Alemanha nazista: é provável que boa parte dos cubos de urânio tenham sido transportados durante essa missão. 
"Não sabemos quantos cubos foram entregues aos Estados Unidos, mas provavelmente há mais cubos escondidos em porões e escritórios em todo o país. E gostaríamos de encontrá-los!", afirmou Miriam Hiebert, co-autor do estudo e doutoranda da Universidade de Maryland. 

Fonte: GALILEU

O mundo está mais triste e cheio de raiva, afirma pesquisa

Estudo mostra que as pessoas estão cada vez mais tristes e com mais raiva (Foto: Pexels)
Caso você esteja se sentindo cada vez mais infeliz e raivoso, não se preocupe. Você não está sozinho. Na verdade, esta é uma tendência mundial, de acordo com a empresa de análise Gallup, que compartilhou os resultados de uma pesquisa destinada a medir a temperatura emocional do mundo .O relatório sugere que as pessoas estão mais tristes, mais irritadas e mais preocupadas do que nunca, e que isso pode ter graves consequências para saúde global.
Apesar de a pesquisa ter sido divulgada agora, os dados foram coletados em 2018, quando a Gallup realizou mais de 151 mil entrevistas com adultos que vivem em mais de 140 países. Eles fizeram perguntas aos entrevistados sobre como se sentiram no dia anterior, se sorriram ou riram muito e se sentiram tristeza ou raiva.
Eles descobriram que o número de pessoas que disseram ter sofrido raiva aumentou em dois pontos percentuais em relação a 2017, enquanto tanto a preocupação quanto a tristeza aumentaram em um ponto percentual — estabelecendo novos recordes para as três emoções negativas.
O Chade foi considerado o país mais negativo do mundo, seguido por Níger, Serra Leoa e Iraque. As nações latino-americanas dominaram o lado positivo (uma tradição no ranking), com o Paraguai ficando em primeiro lugar. O estudo não mostrou nenhum dado específico sobre a colocação do Brasil. 
O resultado mostra que os sentimentos negativos podem ter efeito na saúde física de uma pessoa, já que a raiva está associada a um risco elevado de ataque cardíaco e derrame cerebral, enquanto a preocupação crônica e a tristeza podem ser sinais de ansiedade e depressão. 

Fonte: GALILEU

Gêmeos rivais de Zuckerberg se tornam os primeiros bilionários de bitcoins


Gêmeos rivais de Zuckerberg se tornam os primeiros bilionários de bitcoins







Os irmãos Cameron e Tyler Winklevoss ganharam mais de US$ 1 bilhão com seus investimentos na moeda virtual

Winklevoss (Foto: Getty Images)
Os dois irmãos que processaram Mark Zuckerberg, alegando que ele roubou o conceito do Facebook, são oficialmente os primeiros bilionários do bitcoin, segundo informações do The Telegraph. No último domingo, os investimentos dos gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss superaram o recorde de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 3,5 bilhões). 
A tacada certeira começou em 2013 quando os irmãos Winklevoss compraram 1% da oferta total de bitcoins por US$ 11 milhões, usando parte da indenização de US$ 65 milhões que ganharam do dono da maior rede social do mundo. Desde então, a moeda criptografada valorizou-se quase 10.000%, fazendo dos gêmeos os primeiros bilionários do bitcoin.
Após ganharem notoriedade pela disputa com Zuckerberg, os gêmeos viraram celebridade. Em outubro de 2015, lançaram a Gemini Exchange, corretora de bitcoin descrita pelo Financial Times como uma das "primeiras bolsas de câmbio digital reguladas e licenciadas do mundo desenvolvido". "Nós queremos construir um mercado semelhante à Nasdaq e à NYSE, só que de moeda digital", declarou Tyler Winklevoss na época.  
Os gêmeos descrevem o bitcoin como um ativo melhor do que o ouro. A moeda virtual, que surgiu em 2009, teve uma valorização meteórica neste ano. Em janeiro de 2017, um bitcoin era vendido abaixo de US$ 1 mil. Hoje, ele vale cerca de US$ 11 mil.
O valor de mercado total das várias moedas digitais existentes no mundo — além do bitcoin, a mais conhecida é a Ethereum — já superou os US$ 290 bilhões, segundo o site especializado Coinmarketcap.com.

Fonte:  ÉPOCA NEGÓCIOS

Quem é o homem que jogou fora uma fortuna de R$ 322 milhões em bitcoins




Quem é o homem que jogou fora uma fortuna:  322 milhões em bitcoins





O britânico James Howells foi um dos primeiros garimpeiros da moeda virtual, mas acidentalmente tudo o que juntou foi parar em um aterro

Moeda de Bitcoin aparece próxima a notas de dólar  (Foto: Dado Ruvic/Reuters)
Embaixo de muitas toneladas de lixo de um aterro qualquer do País de Gales repousa um pequeno disco rígido com bitcoins que valem quase US$ 100 milhões (cerca de R$ 322 milhões). A fortuna pertencia ao britânico James Howells, que acidentalmente a jogou fora há alguns anos. 
Segundo o Telegraph, o técnico de T.I. foi um dos pioneiros a mineirar bitcoin, processo complexo que envolve a solução de algoritmos para registrar transações que irão gerar moedas de Bitcoin. Em fevereiro de 2009, ele "extraiu" 7.500 bitcoins e salvou tudo no HD de seu laptop. Mas Howells decidiu, logo depois, parar a operação, num momento em que a moeda virtual pouco valia. 

A quantia ficou esquecida e, alguns anos depois, o técnico desmontou seu computador e destinou parte das peças à sucata, incluindo o HD. Somente no fim de 2013, ele começou a se arrepender de sua decisão precipitada ao fazer um balanço dos mercados de criptografia. Na ocasião, o mercado do bitcoin estava começando a subir e suas 7.500 moedas já valiam alguns milhões. 
Os  bitcoins do britânico estão presentes atualmente na rede da moeda virtual mas, sem uma identificação, não é possível realizar transação com eles. Como o bitcoin não é moeda regida por um controle central, não é possível creditar a quantia a alguém sem as chaves. No HD de Howells, há a identificação de que ele é o dono desses bitcoins. 

Hoje um bitcoin é avaliado em mais de US$ 11.500 (cerca de R$ 32 mil). Se tivesse de posse de suas moedas, o britânico teria uma fortuna de quase US$ 100 milhões. A despeito do arrependimento, ele não se deixou abater. Segundo informaões do Independent, Howells anda por aí munido de uma pá à procura de seu HD pelos aterros do País de Gales. Será que ele vai encontrar? Façam suas apostas. 
PS: Notícia de 2016
Fonte:  ÉPOCA NEGÓCIOS 

O escafandrista e os diamantes

O escafandrista e os diamantes





Já era tarde da noite, porém a aglomeração às margens do Rio Apucaraninha era grande. Mais de cem pessoas, desesperadas, esperavam que os bombeiros tirassem do fundo do rio um jovem que se afogara enquanto brincava com os amigos. Sem visibilidade e com o oxigênio dos cilindros se esgotando, as buscas seriam encerradas e só recomeçariam na manhã seguinte. Choro. Pai e mãe não arredariam o pé da barranca enquanto o corpo do filho não fosse resgatado.
Assustado, Oanio Silva de Souza, 37 anos, o Aninho, abriu a porta de casa para receber alguns homens afoitos que pediam ajuda. Ele era o único em Tamarana – cidade de 10,8 mil habitantes a 60 quilômetros de Londrina – capaz de fazer o que os homens do Corpo de Bombeiros não conseguiram. Sem titubear, ele acordou seu pai e fiel companheiro, Joaquim Silva de Souza, 74, e foi buscar seus equipamentos guardados em um rancho perto do Tibagi, o maior rio da região.
O dia mal havia clareado e a dupla de garimpeiros já estava em ação, mas desta vez para resgatar um corpo. “Na primeira descida, já encontrei o rapaz. Nunca fiquei tão impressionado na minha vida”, relembra Oanio, contando a primeira das várias histórias que relatou para a reportagem deBrasileiros. Essa do resgate se passou em 2005.
Encontramos Aninho e Joaquim na primeira vez que eles foram para o Rio Tibagi neste ano de 2008. As águas de março já se foram, a chuvarada passou. E é tempo de rio baixo e corredeiras mais mansas. Todo ano é a mesma coisa: abril é o mês ideal para voltar a mergulhar em busca de um sonho: o de encontrar um diamante. Em outubro volta a chover e aí o mergulho se complica outra vez.
A dupla de pai e filho, que só achamos depois de muito perguntar, se diferencia de tudo o que se vê pelos garimpos. Chama atenção o fato de eles trabalharem solitários, o que não é comum. Sempre que há notícia de diamante, ouro ou qualquer outro metal precioso em algum lugar, os garimpeiros surgem como formigas atrás de doce. Para explicar tal fato, Aninho é direto: “O nosso ponto está longe de ser o mais produtivo do Tibagi”. “Os melhores diamantes estão rio acima. Nós somos os últimos da fila. Até o final da década de 1980 tinha mais de 50 garimpeiros por aqui, agora somos apenas nós”, completa Joaquim.
Porém, o que mais impressiona é o equipamento que Oanio usa para descer até o fundo do rio, em profundidades que chegam a 12 metros: um escafandro, um dos mais primitivos equipamentos de mergulho inventados pelo homem. Para se ter uma idéia, a invenção do escafandro é creditada ao alemão Augustus Siebe, que fez o primeiro equipamento em 1839. Já faz tempo que os garimpeiros estão utilizando recursos mais modernos. Hoje em dia, há algo que eles chamam de “chupeta”, que faz o ar chegar direto à boca do mergulhador e ser bombeado por compressores mecânicos movidos a combustível ou eletricidade. No mergulho esportivo e comercial usam-se cilindros de oxigênio, que permitem ao mergulhador sentir-se como um peixe. A roupa usada hoje, então, nem se fala, é um conforto só em comparação com o escafandro.
Pesadão e desajeitado, o equipamento de Oanio foi utilizado em larga escala na primeira metade do século XX, mas agora virou peça de museu, literalmente. Na cidade que leva o mesmo nome do rio do garimpo, Tibagi, já na região central do Paraná, os escafandros estão expostos no museu que conta a história dos achados de diamantes no rio que, desde 1754, é chamado de “Eldorado” pelos garimpeiros. Aliás, na região da cidade de Tibagi, que fica rio acima em relação a Tamarana, o garimpo sempre foi intenso e continua sendo até hoje.
Contam-se centenas de garimpeiros. “Aqui tem muita gente mergulhando, mas ninguém se mete a besta com o escafandro. Esse já foi superado, ficou pra trás”, diz um ex-garimpeiro que se identifica como João, 84 anos. João do quê? “Do rio, filho, só isso”, respondeu-nos o matuto, fugindo da foto. “Isso aí não presta”, justificou para o fotógrafo, apontando a câmera. Pelo jeito, Aninho é o último garimpeiro no Paraná e talvez no Brasil que insiste no escafandro. “Pode ser que lá pro ‘nortão’ do país tenha mais alguém fazendo isso. Por aqui eu garanto que não tem”, destaca o pai do escafandrista.
Oanio e Joaquim são bons de conversa e ligeiros no serviço. Quando se fala de escafandro, pode-se falar também em peso. Só o capacete de bronze pesa 15 quilos. As peças de chumbo nele penduradas somam 60 quilos. Ao todo, Oanio submerge com 80 quilos além do peso de seu corpo. Isso sem falar da bomba manual, que fica na margem do rio: quase 100 quilos. Eles vão ajeitando tudo e conversando numa boa. Joaquim nem parece ter 74 anos. Ele vence os 50 metros de picada no mato entre o rancho e o Tibagi, carregando peso, sem nem ficar ofegante.
O resgate
O remendo com cola rápida feito no capacete de bronze denuncia a reforma. A história do escafandro de Oanio é interessante. O equipamento todo, incluindo a bomba, foi comprado na década de 1940 pelo administrador de uma pequena usina hidrelétrica que fica no Rio Apucaraninha, o mesmo onde Oanio resgatou um corpo.
O escafandro serviu para que mergulhadores fizessem reparos em uma rachadura na barragem da usina. Terminado o conserto, o tal administrador presenteou um garimpeiro do lugar com o escafandro e a máquina de bombear. Esse garimpeiro era Américo Silva de Souza, pai de Joaquim e avô de Oanio, um dos muitos e muitos baianos que foram parar nas margens do Tibagi em busca de diamantes. Contudo, Américo nunca usou o escafandro. “Ele era do garimpo de baixio, aquele que é feito em lugares onde não é preciso mergulhar”, recorda Joaquim.
O capacete seu Américo deixou guardado em casa e a bomba foi parar no meio do mato, junto com um monte de ferro-velho. Só em 1998, Oanio, que já andava garimpando nos barrancos do rio, ficou sabendo, por intermédio de um amigo de seu avô, da herança que estava escondida no matagal. Daí para virar mergulhador – e mergulhador de escafandro – foi fácil. Recuperou o capacete que estava aos cuidados de sua avó, consertou as rachaduras com cola rápida, tirou a máquina do ferro-velho e também providenciou reformas, bem à sua maneira, improvisando o necessário – uma lata de tinta, por exemplo, substituiu a camisa de refrigeração que já estava bem danificada. “Se não tem essa lata com água dentro para refrigerar o ar bombeado, o oxigênio chega lá embaixo quente demais, aí fica difícil respirar”, explica Aninho.
As peças de chumbo, usadas para que o mergulhador afunde, tinham sumido. Ele forjou novas e também refez a camisa de lona que é acoplada ao capacete. Só faltava aprender a mergulhar com aquele “trem”. Oanio levou tudo para a beira do rio, pôs o pai na bomba de ar e aprendeu a mergulhar sozinho. Ele também arranjou timburi, uma madeira especial para a confecção de barcos, e fez o bote que é utilizado para ir de um lado para o outro dentro do rio. Estava tudo certo, era só começar a garimpagem.
A vida por um parafuso
O garimpo de diamantes em um rio profundo como o Tibagi é muito interessante, ainda mais quando é feito de escafandro. O mergulhador desce até o fundo munido de sacos, os quais enche com o cascalho. Enquanto isso, quem fica na bomba não pode parar de girar a máquina nem um segundo. A vida de Oanio depende do ar que sai dali e é levado por uma mangueira até o capacete de seu escafandro. Joaquim sabe que não pode dar bobeira.
Antes de descer, Aninho se preocupa com o parafuso da braçadeira que prende a mangueira à máquina. “Isso aqui garante a vida do peão. Se é colocado de mau jeito e solta enquanto estou lá embaixo, tchau…” É a vida por um parafuso. Ter o próprio pai na bomba garante a Oanio um grande sossego para mergulhar.
Lendas ou não, tem muita gente da região de Tibagi que conta sobre mergulhadores de escafandro que morreram sem ar no fundo do rio porque os colegas da superfície simplesmente pararam de bombear. Segundo os causos, as mortes aconteciam por ambição. O mergulhador enche os sacos com cascalho e esses vão sendo içados por cordas até a superfície, onde o material é lavado e separado. Quando acontecia de subir um diamante junto com o cascalho podia acontecer também de o pessoal da superfície resolver deixar o mergulhador sem ar, afinal seria um a menos para rachar a grana da pedra preciosa.
Prestes a começar a garimpar pra valer na temporada 2008, Oanio e Joaquim ainda não escolheram quem vai ser o parceiro que vai ficar responsável por puxar o saco para cima. Em outras temporadas, o terceiro membro da equipe chegou a ser dona Maura, a matriarca da família. “Já fizemos uns garimpos muito doidos aqui: a mãe na bomba, o pai no saco e eu no mergulho”, diverte-se Aninho, cheio de bom humor e fazendo pose com o chapéu sobre o capacete do escafandro.
Enquanto não formam a equipe pra valer, pai e filho cuidam de ajeitar a balsa que levam para o meio do rio, onde fixam todos os equipamentos, facilitando o trabalho. O mergulhador chega a passar até uma hora na profundidade das águas, que às vezes estão bem geladas, com visibilidade quase zero. Só em dias de água muito limpa é possível ver alguma coisa. O serviço é feito praticamente pelo tato. A solidão é total e o medo existe, sim. “O meu maior medo é alguma pedra do barranco do rio se desprender e me esmagar lá no fundo. Também tenho medo de perder a escada que me ajuda a voltar para a superfície”, revela Oanio, sem esconder a tensão.
O que garante que pode haver algum diamante misturado ao cascalho são as “pedras informes”. Os nomes são interessantes: campina azul, amendoim-roxo, lacre, ferragem de bronze, ferragem de jabuticaba, granada… Aos olhos de um leigo não passam de pedras, mas aos olhos dos homens do garimpo são a esperança da fortuna.
Cigarro de 10 mil-réis
Formados pela “faculdade da realidade”, os homens da família Souza sustentam a tradição do garimpo, mas nenhum deles foi apenas garimpeiro na vida. Américo, o baiano precursor, abriu no enxadão as estradas de terra de Tamarana. Joaquim sempre foi da lavoura e do diamante. Oanio faz de tudo um pouco. É eletricista, mecânico, pedreiro, marceneiro, pescador profissional e até se meteu a montar a antena da única rádio da cidade, coisa que ninguém mais tinha conseguido fazer.
No bate-papo na varanda do rancho, foi impossível deixar de perguntar sobre as pedras encontradas. Afinal, esse garimpo de escafandro rende ou não rende algum dinheiro? “Sobre o garimpo se fala, mas sobre o que produz não se fala. No nosso caso, posso dizer que é apenas um esporte”, rebate Oanio, sem esconder que lhe faltam as devidas licenças do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) para pesquisar diamantes. No entanto, ele tem uma permissão do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para tal atividade.
Por sua vez, Joaquim revela que os diamantes o ajudaram a criar os seis filhos, porém nunca achou nada de excepcional. Mas já teve gente que achou. “Lá se vão algumas décadas que um amigo meu achou um veio de diamante que deu pra encher uma garrafa de 1 litro com as pedras, mas ele ficou doido, fazia cigarro com notas de 10 mil-réis. Esbanjou todo o dinheiro”, recorda.
Já voltando para casa, mesmo sem ver diamante algum, o que se pode dizer é que a paisagem que cerca os garimpeiros solitários de Tamarana é um verdadeiro tesouro. Pertinho deles, um salto do Rio Apucaraninha enche os olhos com seus 110 metros de queda-d’água. Ao redor do rio onde garimpam, montanhas e chapadões de pedra encantam quem é acostumado a ver somente concreto. Não é à toa que eles se declaram felizes.

Fonte: PORTAL DO GEÓLOGO