quarta-feira, 24 de agosto de 2022

De onde vem, como surgiu e como é preparada uma Turmalina Paraíba?

 

Como todos devem imaginar, o nome Turmalina Paraíba vem pelo fato de que foram encontradas pela primeira vez na Paraíba, por Heitor Barbosa em 1989. Porém, apesar do nome e da raridade, esse tipo de  turmalina cuprífera, que traz uma cor azul neon exclusiva também pode ser encontrada no estado do Rio Grande do Norte e na Nigéria e Moçambique. A atual extração ainda é precária e difícil, o que torna o seu valor comercial maior ainda. Toda essa raridade e exclusividade torna a Turmalina Paraíba uma das gemas mais cobiçadas do mundo.
Turmalina Paraíba bruta de 26,5 cts da Mina da Batalha - PB. Preço: US$ 155.000,00.
Geologicamente falando, as turmalinas da região foram descobertas inicialmente no município de São José da Batalha, na variação de Elbaíta (turmalina litinífera que vai de vermelho rosado a verde e incolor), ocorre na forma de pequenos "cristais" na maioria das vezes irregulares dentro de corpos pegmatíticos que na localidade estão encaixados em quartzitos da Formação Equador (Grupo Seridó). A mineralogia básica da rocha é de quartzo, feldspato (comumente alterado pela infiltração de água), lepidolita (mica lilás) e schorlita (também conhecida como afrisita ou turmalina negra) e óxidos de nióbio e tântalo (sequência columbita-tantalita). Os índices de cobre podem ser associados à Província Metalogênica Cuprífera do Rio Grande do Norte
Província Cuprífera do RN-PB.
Análises comprovaram que as Turmalinas Paraíba contem expressivos teores de cobre, ferro e manganês, sendo atribuídos a estes elementos, em sua variação, o tom de cor do mineral. São designadas cores como azul-claro, azul-turquesa, azul-neon, azul esverdeado, azul safira, azul violáceo, verde azulado e verde esmeralda, na tentativa de descrever a rara e variável cor. 
Turmalina Paraíba lapidada de 50 cts que permaneceu no Brasil para exposição. Avaliada aqui no Brasil em R$ 500.000,00.
Uma característica que chama a atenção é o de uma turmalina paraíba devidademente tratada e lapidada poder brilhar em ambientes de pouquíssima luz, o que faz muitos atribui-la como fluorescente (no caso seria fosforescente).
Em fevereiro de 1990, durante a tradicional feira de Tucson, nos EUA, teve início a escalada de preços desta variedade de turmalina, que passaram de umas poucas centenas de dólares por quilate a mais de US$2.000/ct, em questão de apenas 4 dias. A mística em torno da turmalina da Paraíba havia começado e cresceu extraordinariamente ao longo dos anos 90, convertendo-a na mais valiosa variedade deste grupo de minerais. A máxima produção da Mina da Batalha ocorreu entre os anos de 1989 e 1991 e, a partir de 1992, passou a ser esporádica e limitada, agravada pela disputa por sua propriedade legal e por seus direitos minerários. Hoje em dia a turmalina paraíba no mercado japonês pode custar cerca de US$ 30.000/ct, porém dependendo de sua exclusividade pode chegar a custar cerca de US$ 100.000/ct.
Broche em ouro branco desenhado pelos designers da Chanel com mais de 1000 diamantes e com uma Turmalina Paraíba de 37,5 cts no centro. Peça única, foi vendida assim que anunciada. Não encontrei o preço.
A elevada demanda por turmalinas da Paraíba, aliada à escassez de sua produção, estimulou a busca de material de aspecto similar em outros pegmatitos da região, resultando na descoberta das minas Mulungu e Alto dos Quintos, situadas próximas à cidade de Parelhas, no vizinho estado do Rio Grande do Norte.
Broche de papagaio, com gemas de diversas cores e olho feito em Turmalina Paraíba.
Para alcançar tons mais limpos e mais exclusivos as empresas adotam um tratamento na turmalina para melhor mais ainda a sua cor.Embora as surpreendentes cores das turmalinas da Paraíba ocorram naturalmente, estima-se que aproximadamente 80% das gemas só as adquiram após tratamento térmico, a temperaturas entre 350°C e 550°C. O procedimento consiste, inicialmente, em selecionar os espécimes a serem tratados cuidadosamente, para evitar que a exposição ao calor danifique-os, especialmente aqueles com inclusões líquidas e fraturas pré-existentes. Em seguida, as gemas são colocadas sob pó de alumínio ou areia, no interior de uma estufa, em atmosfera oxidante. A temperatura ideal é alcançada, geralmente, após 2 horas e meia de aquecimento gradativo e, então, mantida por um período de cerca de 4 horas, sendo as gemas depois resfriadas a uma taxa de aproximadamente 50 oC por hora. As cores resultantes são a cobiçada azul-neon, a partir da azul esverdeada ou da azul violeta, e a verde esmeralda, a partir da púrpura avermelhada. Além do tratamento térmico, parte das turmalinas da Paraíba é submetida ao preenchimento de fissuras com óleo para minimizar a visibilidade das que alcancem a superfície.
Até 2001, as turmalinas cupríferas da Paraíba e do Rio Grande do Norte eram facilmente distinguíveis das turmalinas oriundas de quaisquer outras procedências mediante detecção da presença de cobre com teores anômalos através de análise química por fluorescência de raios X de energia dispersiva (EDXRF), um ensaio analítico não disponível em laboratórios gemológicos standard. No entanto, as recentes descobertas de turmalinas cupríferas na Nigéria e em Moçambique acenderam um acalorado debate envolvendo o mercado e os principais laboratórios gemológicos do mundo em torno da definição do termo “Turmalina da Paraíba”.
Turmalina paraíba bruta de boa qualidade.
Em fevereiro de 2006, o Comitê de Harmonização de Procedimentos de Laboratórios, que consiste de representantes dos principais laboratórios gemológicos do mundo, decidiu reconsiderar a nomenclatura de turmalina da “Paraíba”, definindo esta valiosa variedade como uma elbaíta de cores azul-néon, azul-violeta, azul esverdeada, verde azulada ou verde-esmeralda, que contenha cobre e manganês e aspecto similar ao material original proveniente da Paraíba, independentemente de sua origem geográfica. Nos certificados, deve ser descrita como pertencente à espécie “elbaíta”, variedade “turmalina da Paraíba”, citando, sob a forma de um comentário, que este último termo deriva-se da localidade onde foi originalmente lavrada no Brasil. A determinação de origem torna-se, portanto, opcional.
Mais fotos de turmalinas paraíba:

PF deflagra operação contra exploração de diamantes em Terra Indígena em Rondônia e Paraná

 


Operação Conexão Internacional ocorre em Espigão d’Oeste (RO), Cacoal (RO) e Foz do Iguaçu (PR). Nesta terça-feira (23)

Por RedaçãoDIÁRIO DA AMAZÔNIA

Publicado:  23/08/2022 às  09h41min | Atualizado  23/08/2022 às 10h17min

Imagem ilustrativa de diamante brut

Imagem de ilustração de diamante bruto — Foto: Divulgação

A PF (Polícia Federal) cumpriu mandados de busca e apreensão em operação contra exploração ilegal de pedras preciosas em TI (Terra Indígena). A operação Conexão Internacional ocorreu em Espigão d’Oeste (RO), Cacoal (RO) e Foz do Iguaçu (PR). Nesta terça-feira (23).

De acordo com a PF, os policiais cumpriram mandados de busca e apreensão em duas cidades de Rondônia e Foz do Iguaçu (PR). Além disso, os suspeitos devem fazer o uso de tornozeleira eletrônica.

A Justiça também determinou o sequestro e bloqueio de bens dos suspeitos em R$ 120.000,00 para cada um.

Apreensão de diamantes

Conforme relato da PF, a operação teve início após a prisão em flagrante de três homens, no aeroporto de Cacoal. Com o trio havia muitos diamantes, dólares, guaranis e petrechos para avaliação das pedras.

Além disso, entre os presos há um brasileiro, um paraguaio e um americano. Eles estavam com 25 diamantes brutos, ao todo as pedras preciosas tinham quase 45 quilates.

De acordo com a PF, os diamantes foram extraídos da reserva indígena e eram vendidos de forma ilegal tanto no mercado nacional, quanto no exterior. Também foi identificada a participação de um advogado, que usava a profissão para vender pedras preciosas. Além de manter contato direto com os clientes estrangeiros.

Justiça Federal em Ji-Paraná

TUDO SOBRE A OPALA NOBRE.💎💎💎

Com as suas diversas variedades, as opalas têm maravilhado os Homens desde a Antiguidade. Esta pedra, com exemplares de uma beleza ímpar, é tida como a gema nacional da Austrália.


A opala ocorre em diversas variedades, entre as quais distingue-se a opala nobre, a opala comum, a opala de fogo e a opala de madeira. Todas são usadas em joalharia.
Tal como o quartzo, a opala é uma substância composta por sílica (SiO2) e também por água (até 10%). É uma substância amorfa, não possui uma estrutura cristalina e deste modo não pode ser denominada de mineral, no sentido estrito do termo, mas sim de mineralóide. Apresenta-se em veios, glóbulos e em crostas de várias cores. Tem uma dureza ligiramente inferior à do quartzo.

As opalas são muitas vezes impregnadas com óleo para disfarçar a presença de microfracturas que se desenvolvem espontaneamente, muito provavelmente devido à perda de moléculas de água quando expostas ao ar. Também se usam resinas e silicone. Estes tratamentos não são permanentes.
A opala comum quando surge com cores bonitas é, geralmente, talhada em cabochão(1) para fazer parte de aneis e colares. As cores passam pelo verde, amarelo, rosa, vermelho e azul.
A variedade mais importante é a que exibe um “jogo de cores”: a dita OPALA NOBRE. Pode ser descrita como preta ou branca consoante a sua cor: a preta inclui o cinzento, o azul escuro e o verde; a branca inclui os tons claros. A variedade mais valiosa é a opala nobre “preta” devido ao facto de ser a que mostra da melhor maneira (com mais contraste), a multiplicidade de cores. Algumas variedades brancas e porosas são tratadas de modo a torná-las “negras”. Para isso são imersas em soluções saturadas de açucar e posteriormente tratadas com ácido sulfúrico concentrado para retirar a água. O efeito traduz-se na retenção dos átomos de carbono do açúcar nos interstícios da pedra.
O “JOGO DE CORES” ou iridescência(2) é causado pela difracção da luz incidente que é devida ao tipo de estrutura que as opalas apresentam.
Até 1964 esta estrutura não era conhecida e consequentemente a síntese de opalas não era possível. Foi graças ao micoscópio electrónico, que se descobriu que os apreciados efeitos ópticos eram produzidos pelo arranjo tri-dimensional de esférulas de sílica de igual tamanho (ultramicroscópicas) espaçadas regularmente, que funcionam como uma rede de difracção.

A difracção da luz provoca a sua decomposição em cores do espectro de luz visível. São essas cores que se podem observar quando a pedra é olhada de diversos ângulos e que a tornam tão desejada.
O tamanho das esférulas de sílica varia consoante os diversos tipos de opala. Desta forma, consoante o maior ou menor tamanho das esférulas de sílica também o “jogo de cores” produzido tem mais ou menos cores: as opalas constituídas por esférulas maiores permitem a passagem, através dos espaços entre elas, de todos os componentes da luz branca; as opalas constituídas por esférulas menores bloqueiam os comprimentos de onda maiores (responsáveis pelos vermelhos e laranjas). Assim as primeiras produzem uma irisação com muitas cores (do vermelho ao violeta do espectro de luz visível) e as segundas produzem uma irisação com menos cores.

Depois de conhecida a estrutura das opalas, foi possível iniciar experiências para a sua síntese. Em 1974, as primeiras opalas sintéticas foram comercializadas por Pierre Gilson.
A opala é depositada em cavidades e fissuras nas rochas, a partir da precipitação química de águas ricas em silício ou pode ter origem na acumulação de restos de esqueletos de organismos marinhos animais (radiolários e espículas de certas esponjas) e vegetais (diatomáceas). Também ocorre em fósseis substituíndo as estruturas originais (opala de madeira).
A opala de madeira, xilopala ou xilóide, forma-se quando no processo de fossilização há a substituição da celulose, principal constituinte da madeira, por opala. Na floresta Petrificada de Holbrook, no Arizona, EUA, encontram-se magníficos troncos de araucária petrificados com 65m de comprimento e 3m de largura. Este local é actualmente um Parque Nacional.
A opala de fogo, também muito apreciada, apresenta-se transparente com uma bonita cor castanho-mel avermelhado. Por vezes esta variedade exibe também iridescência, tornando-se mais valiosa. Esta variedade provém essencialmente do México.

A melhor maneira da opala exibir o efeito do “jogo de cores” é quando é talhada em cabochão. As opalas de fogo são muitas vezes facetadas e no caso de poderem exibir alguma iridescência são frequente talhadas com a “mesa” (a faceta maior da coroa), ligeiramente curva.
Opalescência é um termo que se refere ao efeito translúcido e leitoso que algumas opalas apresentam; no entanto este termo é, muitas vezes, erradamente utilizado para definir o efeito óptico da multiplicidade de cores observadas nas variedades de opala nobre.
O nome opala deriva de upala, que em sânscrito significa pedra ou pedra preciosa. Esta pedra é conhecida e apreciada desde a Antiguidade. Os Romanos consideravam-na a gema mais bela depois da Esmeralda. Contava-se que “(…) no sec. I a.c., o senador Nonnio preferiu partir para o exílio a ter de ceder uma opala preciosa a Marco António.” In colecção Minerais e Pedras Preciosas, 1993.
Foi associada ao poder e a várias capacidades medicinais, mas mais tarde adquiriu fama de trazer azar. Esta fama perdurou durante muito tempo e só nos finais do sec. XIX, com a descoberta das enormes jazidas na Austrália, é que começou outra vez a ser procurada como pedra de adorno. A rainha Victória, que gostava muito desta gema, contribuiu muito para a sua divulgação.
As jazidas mais antigas localizam-se na ex-Checoslováquia. Actualmente cerca de 96% da produção de opalas nobre provem da Austrália. Há também jazidas no México, no Brasil, nos EUA (Oregon, Nevada e Idaho) e na Ucrânia.

As bonitas opalas australianas foram descobertas em 1869 em Listowel Downs (em Western Queensland), mas é só em 1889 que a indústria das opalas se estabelece, quando Tullie Wollaston as comercializa com sucesso. Ocorrem numa vasta região denominada de “cintura de opala de Queensland”, com 800 Km, entre New South Wales e a fronteira Queensland / Kynuna; são zonas muito áridas aonde as condições de vida são difíceis.
Actualmente os exemplares de opala nobre preta provêm de Lightning Ridge, New South Wales, mas no passado entre as décadas de 30 e 60 magníficas opalas pretas provinham da mina Mighty Hayricks.
Situada entre Adelaide e Darwin, Cober Pedy é a mina de opala mais larga do mundo e foi descoberta em 1915 por um rapaz de 14 anos de idade durante uma expedição à procura de água. Cober Pedy é responsável por cerca de 80% da produção australiana.
(1) Cabochão é um estilo de talhe: a pedra apresenta um topo côncavo de forma, geralmente, arredondada e uma base mais ou menos plana.
(2) Iridescência – reflecção das cores do arco-íris.





                                       

   



Fonte: G1