Com as suas diversas variedades, as opalas tĂȘm maravilhado os Homens desde a Antiguidade. Esta pedra, com exemplares de uma beleza Ămpar, Ă© tida como a gema nacional da AustrĂĄlia.
A opala ocorre em diversas variedades, entre as quais distingue-se a opala nobre, a opala comum, a opala de fogo e a opala de madeira. Todas sĂŁo usadas em joalharia.
Tal como o quartzo, a opala Ă© uma substĂąncia composta por sĂlica (SiO2) e tambĂ©m por ĂĄgua (atĂ© 10%). Ă uma substĂąncia amorfa, nĂŁo possui uma estrutura cristalina e deste modo nĂŁo pode ser denominada de mineral, no sentido estrito do termo, mas sim de mineralĂłide. Apresenta-se em veios, glĂłbulos e em crostas de vĂĄrias cores. Tem uma dureza ligiramente inferior Ă do quartzo.
As opalas são muitas vezes impregnadas com óleo para disfarçar a presença de microfracturas que se desenvolvem espontaneamente, muito provavelmente devido à perda de moléculas de ågua quando expostas ao ar. Também se usam resinas e silicone. Estes tratamentos não são permanentes.
A opala comum quando surge com cores bonitas Ă©, geralmente, talhada em cabochĂŁo(1) para fazer parte de aneis e colares. As cores passam pelo verde, amarelo, rosa, vermelho e azul.
A variedade mais importante Ă© a que exibe um âjogo de coresâ: a dita OPALA NOBRE. Pode ser descrita como preta ou branca consoante a sua cor: a preta inclui o cinzento, o azul escuro e o verde; a branca inclui os tons claros. A variedade mais valiosa Ă© a opala nobre âpretaâ devido ao facto de ser a que mostra da melhor maneira (com mais contraste), a multiplicidade de cores. Algumas variedades brancas e porosas sĂŁo tratadas de modo a tornĂĄ-las ânegrasâ. Para isso sĂŁo imersas em soluçÔes saturadas de açucar e posteriormente tratadas com ĂĄcido sulfĂșrico concentrado para retirar a ĂĄgua. O efeito traduz-se na retenção dos ĂĄtomos de carbono do açĂșcar nos interstĂcios da pedra.
O âJOGO DE CORESâ ou iridescĂȘncia(2) Ă© causado pela difracção da luz incidente que Ă© devida ao tipo de estrutura que as opalas apresentam.
AtĂ© 1964 esta estrutura nĂŁo era conhecida e consequentemente a sĂntese de opalas nĂŁo era possĂvel. Foi graças ao micoscĂłpio electrĂłnico, que se descobriu que os apreciados efeitos Ăłpticos eram produzidos pelo arranjo tri-dimensional de esfĂ©rulas de sĂlica de igual tamanho (ultramicroscĂłpicas) espaçadas regularmente, que funcionam como uma rede de difracção.
A difracção da luz provoca a sua decomposição em cores do espectro de luz visĂvel. SĂŁo essas cores que se podem observar quando a pedra Ă© olhada de diversos Ăąngulos e que a tornam tĂŁo desejada.
O tamanho das esfĂ©rulas de sĂlica varia consoante os diversos tipos de opala. Desta forma, consoante o maior ou menor tamanho das esfĂ©rulas de sĂlica tambĂ©m o âjogo de coresâ produzido tem mais ou menos cores: as opalas constituĂdas por esfĂ©rulas maiores permitem a passagem, atravĂ©s dos espaços entre elas, de todos os componentes da luz branca; as opalas constituĂdas por esfĂ©rulas menores bloqueiam os comprimentos de onda maiores (responsĂĄveis pelos vermelhos e laranjas). Assim as primeiras produzem uma irisação com muitas cores (do vermelho ao violeta do espectro de luz visĂvel) e as segundas produzem uma irisação com menos cores.
Depois de conhecida a estrutura das opalas, foi possĂvel iniciar experiĂȘncias para a sua sĂntese. Em 1974, as primeiras opalas sintĂ©ticas foram comercializadas por Pierre Gilson.
A opala Ă© depositada em cavidades e fissuras nas rochas, a partir da precipitação quĂmica de ĂĄguas ricas em silĂcio ou pode ter origem na acumulação de restos de esqueletos de organismos marinhos animais (radiolĂĄrios e espĂculas de certas esponjas) e vegetais (diatomĂĄceas). TambĂ©m ocorre em fĂłsseis substituĂndo as estruturas originais (opala de madeira).
A opala de madeira, xilopala ou xilĂłide, forma-se quando no processo de fossilização hĂĄ a substituição da celulose, principal constituinte da madeira, por opala. Na floresta Petrificada de Holbrook, no Arizona, EUA, encontram-se magnĂficos troncos de araucĂĄria petrificados com 65m de comprimento e 3m de largura. Este local Ă© actualmente um Parque Nacional.
A opala de fogo, tambĂ©m muito apreciada, apresenta-se transparente com uma bonita cor castanho-mel avermelhado. Por vezes esta variedade exibe tambĂ©m iridescĂȘncia, tornando-se mais valiosa. Esta variedade provĂ©m essencialmente do MĂ©xico.
A melhor maneira da opala exibir o efeito do âjogo de coresâ Ă© quando Ă© talhada em cabochĂŁo. As opalas de fogo sĂŁo muitas vezes facetadas e no caso de poderem exibir alguma iridescĂȘncia sĂŁo frequente talhadas com a âmesaâ (a faceta maior da coroa), ligeiramente curva.
OpalescĂȘncia Ă© um termo que se refere ao efeito translĂșcido e leitoso que algumas opalas apresentam; no entanto este termo Ă©, muitas vezes, erradamente utilizado para definir o efeito Ăłptico da multiplicidade de cores observadas nas variedades de opala nobre.
O nome opala deriva de upala, que em sĂąnscrito significa pedra ou pedra preciosa. Esta pedra Ă© conhecida e apreciada desde a Antiguidade. Os Romanos consideravam-na a gema mais bela depois da Esmeralda. Contava-se que â(âŠ) no sec. I a.c., o senador Nonnio preferiu partir para o exĂlio a ter de ceder uma opala preciosa a Marco AntĂłnio.â In colecção Minerais e Pedras Preciosas, 1993.
Foi associada ao poder e a vårias capacidades medicinais, mas mais tarde adquiriu fama de trazer azar. Esta fama perdurou durante muito tempo e só nos finais do sec. XIX, com a descoberta das enormes jazidas na Austrålia, é que começou outra vez a ser procurada como pedra de adorno. A rainha Victória, que gostava muito desta gema, contribuiu muito para a sua divulgação.
As jazidas mais antigas localizam-se na ex-Checoslovåquia. Actualmente cerca de 96% da produção de opalas nobre provem da Austrålia. Hå também jazidas no México, no Brasil, nos EUA (Oregon, Nevada e Idaho) e na Ucrùnia.
As bonitas opalas australianas foram descobertas em 1869 em Listowel Downs (em Western Queensland), mas Ă© sĂł em 1889 que a indĂșstria das opalas se estabelece, quando Tullie Wollaston as comercializa com sucesso. Ocorrem numa vasta regiĂŁo denominada de âcintura de opala de Queenslandâ, com 800 Km, entre New South Wales e a fronteira Queensland / Kynuna; sĂŁo zonas muito ĂĄridas aonde as condiçÔes de vida sĂŁo difĂceis.
Actualmente os exemplares de opala nobre preta provĂȘm de Lightning Ridge, New South Wales, mas no passado entre as dĂ©cadas de 30 e 60 magnĂficas opalas pretas provinham da mina Mighty Hayricks.
Situada entre Adelaide e Darwin, Cober Pedy é a mina de opala mais larga do mundo e foi descoberta em 1915 por um rapaz de 14 anos de idade durante uma expedição à procura de ågua. Cober Pedy é responsåvel por cerca de 80% da produção australiana.
(1) CabochĂŁo Ă© um estilo de talhe: a pedra apresenta um topo cĂŽncavo de forma, geralmente, arredondada e uma base mais ou menos plana.
(2) IridescĂȘncia â reflecção das cores do arco-Ăris.
Fonte: G1
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