domingo, 4 de setembro de 2022

Garimpo invade áreas de preservação no Pará

 


Os riscos apontados para a bacia do Tapajós deixam claro que a região amazônica, apesar do aumento nos índices de queda no desmatamento, continua a ser tratada como o grande almoxarifado de recursos naturais do planeta.
As ações planejadas para a maior bacia hidrográfica do mundo não se restringem a planos de construção de uma sequência de usinas rios adentro. Bastou o governo informar que parte das terras que pertenciam às unidades de conservação da Amazônia havia sido desvinculada das áreas protegidas para que se tornassem alvo de ações de garimpo e extrativismo ilegal.

A pressão cresceu e o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) tem procurado controlar a situação e deter a entrada de pessoas na região, mas seu poder de atuação ficou reduzido, porque está restrito às áreas legalmente protegidas. "Com a desafetação [redução] das áreas, muita gente está se mexendo para entrar nas terras. Recebemos pedidos de garimpeiros e de pesquisadores para acampar na região, também estamos recebendo ameaças de invasão. A situação está muito delicada", diz Maria Lucia Carvalho, chefe do Parque Nacional da Amazônia, ligada ao ICMBio.

Recentemente, o ICMBio autuou uma balsa que estava pronta para iniciar a garimpagem em área que, até dois meses atrás, pertencia à reserva. "Iam começar a tirar ouro da região. Quando informamos que não poderiam fazer aquilo, nos disseram que não tínhamos nada a ver com isso, que aquela área não pertencia mais ao parque e que iriam adiante", conta Maria Lucia.

A extração de areia é outro alvo. Com o período de seca, que atinge o pico em setembro, diversas praias surgem nas margens do rio, com dunas imensas de areia fina. "Já chegaram dois pedidos para retirada de areia na região do Buburé, dentro do parque nacional."Dentro da floresta, também foram detectados focos de exploração de palmito e madeira. "Avisamos que isso poderia acontecer, mas não fomos ouvidos", diz Maria Lucia. "Não posso me calar sobre o que está acontecendo aqui. Minha crítica é técnica, não é política."

O Ministério de Minas e Energia está à frente de um programa para tentar regularizar a mineração na região, além de dar uma solução ao caos fundiário. A maior preocupação do ICMBio, segundo Roberto Vizentin, presidente do instituto, tem sido garantir a segurança das áreas protegidas. "É permitido fazer mineração em algumas unidades, desde que respeitado o zoneamento de exploração. O plano de manejo indica onde pode ser feita a garimpagem. No entanto, é preciso legalizar esses garimpos. Quase tudo é ilegal", diz Vizentin.

Na Floresta Nacional Crepori, por exemplo, que perdeu parte da área para permitir o licenciamento ambiental das usinas, há cerca de três mil pedidos de pesquisa e lavra minerais. "O garimpo é uma das questões que mais nos preocupa nessa região. As áreas que serão afetadas pelas barragens estão cheias de garimpeiros. Quando os empreendimentos forem construídos e o lago começar a ocupar as áreas, para onde vão esses garimpeiros? Eles vão ocupar o que puderem. Isso tem de ser controlado", alerta o presidente do ICMBio.

Com a proliferação dos garimpos, aumenta ainda mais a ocupação irregular em uma região já marcada por conflitos fundiários. Estima-se que só na região da BR-163 - entre a Serra do Cachimbo e Itaituba, no Pará - existam entre 5 mil e 6 mil famílias que demandam regularização de terras. Há décadas, a região do Tapajós é alvo de milhares de garimpos ilegais em busca de ouro e diamante. Depois de sofrer uma intensa fase de exploração durante os anos 70 e 80, a exploração ficou quase estagnada nas duas décadas seguintes. Nos últimos cinco anos, porém, o garimpo voltou a florescer com força total, mas da pior maneira possível.

Estimativas locais apontam que atualmente há cerca de 60 mil homens trabalhando na extração de ouro e diamante na bacia do Tapajós. É mais da metade dos 110 mil garimpeiros que estão espalhados por toda a Amazônia. "Isso faz do Tapajós o maior garimpo do Brasil", afirma Seme Sefrian, ex-secretário de Mineração e de Meio Ambiente de Itaituba. Quase todo esse batalhão atua de forma irregular, seja utilizando materiais ou máquinas proibidas, seja agindo em unidades protegidas ou sem qualquer tipo de autorização. O mercúrio, matéria-prima usada para separar o ouro da terra, segue direto para os afluentes do Tapajós. A terra, depois de lavada com mangueiras "bico-jato", não é recomposta, deixando para trás imensas crateras de lama.

Para complicar ainda mais a situação, os garimpeiros passaram a utilizar retroescavadeiras para atingir uma profundidade de solo ainda não explorada. Até cinco anos atrás, esse tipo de equipamento, conhecido como "PC", não existia na região. Hoje, segundo Sefrian, há cerca de 150 retroescavadeiras revirando terras todos os dias na bacia do Tapajós. A reportagem flagrou balsas carregando os equipamentos pelo rio. Apesar da ilegalidade total, tudo transcorre normalmente. O maquinário é caro. Uma "PC" nova, com todos os apetrechos, custa cerca de R$ 600 mil, diz o ex-secretário de Itaituba.

Para quem está no ramo, vale a pena o risco. O Tapajós transformou-se no novo eldorado. A região está produzindo meia tonelada de ouro por mês, o que representa US$ 26, 4 milhões, de acordo com o preço atual do metal. Há cinco anos, o volume mensal girava em torno de 200 quilos. "O preço disparou e o negócio voltou a atrair gente", conta Sefrain. Em 2005, o preço da onça do ouro (31,10 gramas) teve média de US$ 445. Em 2009, a cotação dobrou e chegou a US$ 974 e não parou mais de subir. Hoje o preço da onça está em US$ 1.643. "O problema é que a exploração hoje está acontecendo de forma muito aleatória. Não existe muito controle do que é retirado, produzido ou vendido na região."

O negócio é tão bom que até Sefrain, o ex-secretário de Meio Ambiente, virou garimpeiro. Hoje, ele possui uma "PC" e uma pá carregadeira prontas para entrar em ação na unidade de conservação Crepori, entre o sul do Pará e o norte do Mato Grosso. Já contratou 34 homens e diz que tenta legalizar o início da extração. "É uma situação difícil. Hoje, todo mundo trabalha sem autorização para lavra. Mas é preciso mostrar para a população que o garimpo é bom", diz. "Eu não consegui ainda a autorização, mas estamos prontos e vamos começar a trabalhar. Nossa dificuldade é a morosidade do Estado para regularizar a exploração." 






sábado, 3 de setembro de 2022

A gigantesca reserva de diamantes escondida sob nossos pés

 






diamanteDireito de imagemGETTY
Image captionCientistas do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT) usaram ondas sonoras para calcular que, embaixo da Terra, há mil vezes mais a quantidade de diamantes na Terra do que se imaginava
Atualmente, diamantes são símbolo de riqueza e elegância, mas no futuro podem ser simplesmente uma pedra comum que qualquer um pode ter.
Esse não é um cenário totalmente impossível, se considerarmos um recente estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). A pesquisa diz que a 160 km debaixo da superfície da Terra se acumulam 10 quatrilhões de toneladas de diamantes - ou seja, uma unidade seguida de 16 zeros (10.000.000.000.000.000).
"Isso nos mostra que os diamantes talvez não sejam um mineral exótico. Numa escala geológica, ele é relativamente comum", disse Ulrich Faul, um dos autores do estudo, num comunicado do MIT.

Onde estão?

Segundo os investigadores, esse tesouro subterrâneo está disperso entre formações rochosas gigantes chamadas de "cratão".
Esses cratões são uma espécie de montanha invertida no interior da maioria das placas tectônicas continentais. Eles podem se estender por mais de 300 km.
"Em cada cratão, estima-se que haja 1 quatrilhão de toneladas de diamantes", disse Ulrich Faul à BBC News Mundo, o serviço espanhol da BBC News.
"Na Terra, há 10 áreas geológicas reconhecidas como cratões, portanto, a quantidade total de diamantes acumulados nos cratões da Terra é de 10 quatrilhões."
TerraDireito de imagemMIT
Image captionOs diamantes estão em formações rochosas no interior da Terra

'Escutando' os diamantes

Os cientistas, na verdade, não viram os diamantes: eles ouviram.
As ondas sonoras produzidas durante um abalo sísmico ou a erupção de um vulcão viajam em velocidades diferentes, conforme a forma e temperatura das rochas que atravessam.
Ao escutar e medir a velocidade dessas ondas sonoras, os geólogos conseguem deduzir que tipo de material elas atravessaram. Utilizando esse método, os pesquisadores se deram conta de que, quando as ondas sonoras atravessavam os cratões, viajavam muito mais rapidamente que o esperado.
ondas sonorasDireito de imagemGETTY
Image captionOs pesquisadores usaram ondas sonoras para calcular a quantidade de diamante no interior da Terra
Com essa informação, criaram várias rochas em laboratório, formadas pela combinação de minerais diferentes, e observaram em qual delas a velocidade da onda sonora coincidia com as que eles detectaram na natureza.
O resultado: apenas uma rocha que continha entre 1% e 2% de diamantes produzia a mesma velocidade da onda registrada em abalos sísmicos.
Considerando o tamanho dos cratões, os cientistas calcularam que, se cada um possuir de 1% a 2% de diamantes, isso representaria a presença de "pelo menos mil vezes mais diamantes do que se imaginava".

É possível extraí-los?

Atualmente, é considerado impossível escavar esses diamantes, porque os cratões estão a, pelo menos, 160 km de profundidade.
Para se ter uma ideia do que isso significa, a mina mais profunda do mundo, a Mponeng, no sul da África, tem "apenas" 4 km de profundidade.
"Não podemos alcançá-los, mas ainda assim há muito mais diamantes na Terra do que se imaginava", diz Faul.
Uma minaDireito de imagemGETTY
Image captionA mina mais profunda do mundo tem 4 km de profundidade. Os diamantes descobertos pelos geólogos estão a 160km abaixo da Terra






Fonte: BBC

sexta-feira, 2 de setembro de 2022

DEUS SABE O QUE FAZ..🙏🙏


 

PUDIM QUE NÃO VAI NO FORNO🎂🎂


 

50 anos de garimpagem de ouro no Tapajós

 


Cinqüenta anos de garimpagem de ouro no Tapajós
Dono de uma memória privilegiada, José Carneiro da Silva, conhecido como José Come Vivo abre a serie especial que o Jornal do Comércio publica a partir desta edição, a qual se estenderá até a última edição deste ano do cinqüentenário da garimpagem de ouro no Tapajós. Encerrando a série, na última edição de 2008, será publicada uma edição especial do JC, com a compilação das matérias publicadas ao longo dos próximos meses. Através deste projeto, resgata-se e preserva-se um importante pedaço da história de Itaituba e de toda esta região do Tapajós, da qual muita coisa já se perdeu.
José Carneiro da Silva é um dos principais personagens do início da garimpagem de ouro na região do vale do Tapajós. Ele chegou a esta região em novembro de 1958, quando Nilçon Pinheiro já se encontrava explorando alguns grotões e produzindo muito, mas muito ouro.
Nascido no interior do município de Breves, José Come Vivo cresceu trabalhando em seringais, seguindo os passos do pai. Mas, desde cedo ficou fascinado com as notícias do dinheiro fácil que podia ser ganho em garimpos. Seu primeiro contato com a garimpagem aconteceu quando ele foi para Macapá para trabalhar na Icomi, conhecida mineradora americana que explorava uma mina de manganês no Amapá.



Na referida empresa ficou apenas alguns dias, pois muitos trabalhadores foram demitidos, dentre os quais ele. Estabeleceu contato com alguns homens que estavam indo para um garimpo na região do Rio Araguari, sendo esse o começo de sua longa história de ligação com a exploração mineral. Ficou empolgado quando os ouviu dizer que, no garimpo, quem não faturasse 500 cruzeiros por dia não estava fazendo nada. Nessa época um trabalhador recebia dezessete cruzeiros por uma diária na cidade. Essa tentativa deu um resultado razoável; ele ganhou um bom dinheiro, tendo decidido voltar para Belém. É partir daí que José Carneiro começa seu relato, no qual conta toda sua trajetória pelo vale do Tapajós.
“Ao voltar para Belém ouvi notícias sobre a descoberta de garimpos de ouro no Tapajós. Só se falava em Jacareacanga naquela época. No mês de novembro de 1958 eu embarquei no navio Tavares Bastos, determinado a chegar ao garimpo e a encontrar ouro. Fiquei alguns dias em Santarém, de onde segui no mesmo navio para Itaituba, pois como era período de verão ele não chegava a São Luiz do Tapajós, o que só acontecia quando o rio estava cheio. Cheguei por volta do dia 20 de novembro, tendo permanecido aqui por vinte dias.



Os padres tinham um barco de nome “Cor Jesu”, no qual fomos para São Luiz do Tapajós, onde ficamos mais uma temporada, tendo passado Natal e Ano Novo lá. Nessa época o Nilçon Pinheiro, que foi o desbravador dessa região de garimpo, já estava tirando ouro. Ficamos parados em São Luiz por um bom tempo porque não havia transporte para a gente subir. Chegamos dia 5 de dezembro, permanecendo lá até o dia 2 de janeiro de 1959, quando finalmente subimos. Mais de cem homens querendo ir, mas só existiam duas lanchas pequenas que subiam o Tapajós. Uma era a Ida e a outra eu não lembro o nome. Quem ajudou a gente a conseguir embarcar foi o seu Vivaldo Gaspar, com o qual fizemos amizade. Era difícil falar com o velho Roque Pinto e o Zé Bonitinho, que comandavam o movimento comercial na época, os quais poderiam resolver logo o nosso problema.
Eu e mais três companheiros formávamos uma equipe. Pedro Paraíba, Pacheco e seu Manuel eram os outros três. Subimos com destino a São Martins, na Boca das Tropas. Nisso soubemos do início da fofoca no Cuiu-Cuiu e nós resolvemos ficar num lugar chamado Marrafo, em frente à boca do Crepuri. O Nilçon estava começando o trabalho no Cuiu-Cuiu e nós decidimos ir até lá; ele tinha encontrado as primeiras grotas. A gente quis ficar trabalhando com o Nilçon, mas ele disse que não nos queria por lá porque éramos garimpeiros mansos e todo garimpeiro manso era ladrão.



Pegamos um barco de nome Arruda Pinto e fomos para o lugar chamado São Martins, primeiro destino de nossa viagem. Lá encontramos um velho, conhecido por Portuguesinho, que era muito prestativo. Fomos sondar uma grota que havia lá, mas, que já tinha sido explorada pelo Nilçon Pinheiro. Essa foi a primeira exploração na qual ele acertou em cheio; foi onde tudo começou de fato a tirar ouro. Naquele lugar ele tirou ouro, muito ouro, ainda em 1958. De lá, em 1959 ele foi para o Cuiu.
No São Martins eu conversei com um seringueiro, que foi quem encontrou a primeira mina de ouro no Tapajós, o qual me contou como tudo tinha começado e quem começou a exploração do ouro. Segundo ele me contou, o Nilçon começou explorando na cabeceira do Rio Muiuçu, na região do Abacaxi, perto da fronteira do Pará com o Amazonas, conseguindo tirar um pouco de ouro. Mas, era um ourinho pouco, vinte gramas, trinta gramas. Nessa região havia muitos seringueiros, que eram pessoas que andavam muito. Foi através desses seringueiros que o Nilçon fez contato com Jacareacanga, onde passou a buscar seu rancho. A distância para a cidade era de mais ou menos um dia de viagem, de canoa.



Na primeira viagem que fez a Jacareacanga Nilçon conheceu Raimundo Ferreira um seringueiro que trabalhava num seringal, na Boca do Rio das Tropas. Esse seringueiro resolveu acompanha-lo até o garimpo, onde permaneceu por dez dias, observando como tudo acontecia. Ele conseguiu uma cuia e uma bateia e se mandou de volta para o seringal. No caminho ele passava, todos os dias, por dentro de uma grota, que ele cavou, botou a terra dentro da bateia, tendo encontrado pedaços de ouro de vários tamanhos. Aí, ele fez uma caixinha igual a que o Nilçon usava, chamada de lontona e começou a puxar terra e lavar, encontrando ouro com facilidade, que ele colocou dentro de latas de leite ninho. Encheu três latas e meia, somente de pedaços de ouro. Mas, ele não sabia como descarregar a lontona. Então ele foi lá com o Nilçon para que ele o ajudasse.
Quando o Nilçon viu o que o Raimundo Ferreira tinha conseguido, botou para comprar o garimpo. Na ocasião ele deu cem mil cruzeiros, que eu não faço a menor idéia de quanto seria hoje em dia, um motor penta 4,5 e um rádio Philco Transglobe. No Negócio, o Nilçon ficou com todo o ouro que o Raimundo Ferreira tinha conseguido. O Raimundo não fazia a menor idéia do valor do ouro. Achou que tinha feito um bom negócio.
Depois de comprar o garimpo Nilçon foi para Manaus para fazer compras, tendo voltado da capital do Amazonas num barco grande, comprado com o dinheiro apurado com a venda do ouro que tinha entrado no negócio com o Raimundo Ferreira. Como onde estava o ouro nesse garimpo que ele havia terminado de comprar não havia água para lavar a terra, Nilçon colocou mais de cem homens para carregar o material para a beira do Rio das Tropas em latas de querosene, de vinte litros. O ouro começou a aparecer em grandes quantidades. Eu mesmo não cheguei a ver, mas, ouvi muitos garimpeiros dizerem que nesse tempo o Nilçon conseguiu encher de ouro latas e latas de vinte litros.



A partir do momento em que começou a escassear o ouro das Tropas, o Nilçon mandou pesquisar a região do Cuiu-Cuiu. Não demorou para que fosse encontrado o minério no local. Pouco tempo depois que o Nilçon começou a trabalhar lá, eu cheguei, mas não fiquei, como já disse.
Por ocasião de nossa estada na Boca das Tropas eu conheci um seringueiro que trabalhava na região do Pacu. Por meio das informações desse seringueiro a gente seguiu com ele para o são José. Nossa equipe tinha cinco pessoas, à qual se juntaram mais um genro e um filho dele. Começamos a trabalhar e com oito dias já tínhamos mais de 800 gramas de ouro.
Havia muito ouro. A dificuldade era encontrar mercadoria para comprar. Por isso, poucos meses depois que começamos a trabalho pedimos para um dos companheiros, o Araújo, ir a Santarém para fazer uma grande compra, que permitiria que a gente pudesse trabalhar por um bom tempo. Escolhemos o Araújo por ter maior conhecimento de Santarém. Ele levou oito quilos de ouro.
Ao chegar Santarém ele se empolgou. Depois de beber algumas pingas, terminou se envolvendo numa briga, na qual ele atirou na perna de um cara. O Araújo foi preso e para sair gastou quase todo o ouro que tinha levado. Voltou sem quase nada. Isso gerou um atrito muito forte com outro companheiro de trabalho, o Pedro Paraíba. Os dois estiveram perto de se matar. A gente conversou e concordou que a melhor coisa a fazer era dividir a equipe. Assim foi feito. Dividimos a terra, que dava para todos trabalharem.




Depois da divisão, não demorou muito tempo para a gente fazer um bom ouro. Minha turma conseguiu uns dez quilos de ouro em nossa área. A essa altura eu resolvi que era hora de dar um pulo em Belém para visitar a família, que eu não via há mais de um ano. A minha parte nos dez quilos foi de um pouco mais de três quilos de ouro. Deixei um quilo de ouro guardado com o velho Roque, em São Luiz do Tapajós, deixei um quilo com a Dona Ditosa, esposa do seu Duarte, em Santarém e levei um quilo e 50 gramas para Belém, onde vendi o grama por 92 cruzeiros. Era o segundo semestre de 1960”.
Na próxima edição o leitor saberá o que se podia comprar com um grama de ouro nessa época da qual discorre José Carneiro, saberá da expansão das suas frentes de trabalho, de como começou o garimpo do Marupá, começo do trabalho com maquinário etc.




Fonte: A Provícia do Pará