domingo, 18 de junho de 2023

Minas Gerais é pólo de produção e venda de pedras preciosas brasileiras

 

Minas Gerais é pólo de produção e venda de pedras preciosas brasileiras

O estado responde por quase a metade das exportações brasileiras e possui um dos três maiores centros mundiais de comercialização de pedras, na cidade de Teófilo Otoni. Em agosto de 2004, acontece mais uma edição da Feira Internacional de Pedras Preciosas, quando os empresários pretendem incrementar os negócios externos.


Ouro Preto - O estado de Minas Gerais não só concentra quase a metade das exportações brasileiras de gemas preciosas como também possui um dos três maiores centros mundiais de comercialização de pedras, na cidade de Teófilo Otoni. Para completar, a região ainda exibe as únicas minas de alexandrita e topázio imperial exploradas comercialmente no mundo, em Antônio Dias e Ouro Preto, respectivamente.

A procura por metais preciosos começou há mais de dois mil anos, quando os nobres ostentavam rubis, safiras e esmeraldas. Com a descoberta da América, as esmeraldas colombianas passaram a ser algumas das pedras mais cobiçadas do mundo.

No Brasil, foram os índios que encontraram as primeiras gemas preciosas, até a realização das expedições em busca da Serra das Esmeraldas (localizada na Serra do Cruzeiro, próxima à cidade mineira de Governador Valadares).  

Atualmente, as cidades mineiras de Nova Era e Itabira têm o título de maiores produtoras de esmeraldas do país, embora no mercado mundial as pedras colombianas ainda tenham total supremacia. Já a produção de alexandrita, que pode chegar a valer até US$ 30 mil o quilate, fica totalmente concentrada no município mineiro de Antônio Dias. A exploração comercial deste minério começou há 10 anos e sua maior característica é a mudança de cor.

Segundo a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Minas Gerais é líder na produção de gemas preciosas no país, com 27% da produção total brasileira. Informações coletadas pela Associação de Comerciantes e Exportadores de Jóias e Gemas do Brasil (Gems Exporters Association - GEA) também indicam que, das US$ 102,1 milhões de exportações nacionais de pedras e artefatos registradas em 2001, US$ 46,9 milhões, ou seja, 46%, tiveram origem em Minas.

Capital mundial

A sede da GEA fica na cidade de Teófilo Otoni que, por ter um comércio intenso de pedras coradas (com cor), foi eleita uma das capitais mundiais de gemas preciosas, juntamente com Bancoq e a cidade alemã de Idar-Oberestein. Segundo o diretor-executivo da GEA, Guilherme Bamberg, os maiores compradores estrangeiros são os alemães, americanos e japoneses.

O comércio com os países árabes, porém, ainda é pequeno. "Alguns dos nossos associados têm negócios com os Emirados Árabes Unidos, mas o comércio é tímido. E, quando acontece, é feito por duas vias: ou por intermédio da Alemanha ou por descendentes de árabes, principalmente os libaneses, que vivem no Brasil", afirmou Bamberg.

A GEA tem 67 associados que atuam em mineração e comércio de pedras, serviços aduaneiros ou fabricação de produtos para lapidação de peças. Uma das estratégias da associação para incrementar as exportações é a Feira Internacional de Pedras Preciosas (FIPP), que ocorre anualmente em Teófilo Otoni. Em 2004, o evento está marcado para os dias 17, 18, 19 e 20 de agosto.

Teófilo Otoni está em uma região rica em mineração, que vai de Juiz de Fora (MG) até o sul da Bahia, Espírito Santo e Tocantins. "Nós soubemos capitalizar essa proximidade, e hoje a cidade é um grande centro lapidário e de comercialização de gemas", disse Bamberg. 

Topázio imperial

Em Ouro Preto, a corrida do ouro que deu origem ao nome da cidade já passou. Nos garimpos da cidade, a procura agora é por outro metal: o topázio imperial.

A mineração comercial do topázio começou no final da década de 70 e, segundo o proprietário da mineradora Topázio Imperial, Wagner Colombarolli, o mineral existe em todo o município e não em uma única jazida. "Há também jazidas de topázio imperial no Paquistão e na Rússia, mas lá não há exploração comercial", explicou.

De acordo com o executivo, a mineração de topázio imperial tem duas características: é estável e fica concentrada nas mãos de poucas empresas. "A exploração vive um momento de estabilidade, mas o movimento é pequeno, se comparado com o ouro, por exemplo", afirma Colombarolli, que foi pioneiro na exploração da gema preciosa no município.

Na mineradora Topázio Imperial, 56 funcionários trabalham no garimpo, que é totalmente mecanizado. Há ainda outras duas mineradoras industriais na cidade: a Vermelhão, que vende toda sua produção exclusivamente para os Estados Unidos, e a JVC - além de um garimpo artesanal, que funciona no distrito de Antônio Pereira, 16 quilômetros distante de Ouro Preto.

De US$ 10 a US$ 2 mil

Os empresários do setor evitam falar de números e do tamanho das jazidas da gema preciosa. Sabe-se apenas que a maior parte da produção é escoada para as joalherias locais, que contam com ourives próprios. Mas há também vendas para outras cidades mineiras e Rio de Janeiro.

Uma pedra de topázio imperial pode custar entre US$ 10 e US$ 2 mil. A dureza da gema é considerada elevada - 8. Segundo o professor de gemologia da UFOP, Júlio César Mendes, as cores do topázio imperial vão do amarelo claro, passando pelo mel, conhaque, salmão e vermelho. "O chamado topázio azul só adquire esta cor porque há o bombardeamento de elétrons", disse.

Nas lojas da cidade histórica, que é Patrimônio Cultural da Humanidade, o turista pode comprar uma peça de topázio imperial por US$ 500,00, em média. Mas o dono da joalheria Itagemas, Luís Antônio Amaral, afirma que se o produto for vendido em lotes para exportação, pode ficar em torno de US$ 350,00. "Nossa confecção é própria e fazemos um trabalho totalmente artesanal, e que pode ser sob encomenda", afirma.

Nas vitrines, também é comum encontrar pedras brutas que são normalmente apreciadas por colecionadores. Se o comprador for mais sofisticado, a loja da grife Luíza Figueiredo oferece um anel de topázio imperial por US$ 760,00, com design exclusivo.

No varejo de jóias em Ouro Preto, o topázio não é o único produto cobiçado. Também são vendidas jóias de água marinha, turmalina, ametista, esmeralda e até algumas importadas como a opala australiana, a safira e o rubi, dependendo do porte da joalheria. Um ponto em comum entre todas é que o cliente é sempre um: o turista estrangeiro.







Fonte: DNPM/CPRM

QUARTZO COM RUBELITA


 

BERILO VERMELHO ( MORGANITA)


 

OPALA NOBRE BRUTA


 

sábado, 17 de junho de 2023

Garimpo legal na Amazônia: uma balsa rende até R$ 1,16 milhão ao mês


 

Abertura legal de novos pontos de garimpo cresceu consideravelmente nos últimos 10 anos, segundo estudo do Instituto Escolhas

Maria Eduarda Portela

 atualizado 

Chico Batata/Greenpeace

O garimpo na região amazônica tem se intensificado nos últimos 10 anos. Segundo o estudo “Abrindo o livro caixa do garimpo”, divulgado pelo Instituto Escolhas nesta sexta-feira (16/6), a estimativa de receita de apenas uma balsa de garimpo de ouro nos rios da Amazônia é de R$ 1,16 milhão ao mês.

Com o pagamento das pessoas que trabalham no garimpo de balsa, o responsável pela extração de mineral tem um lucro de aproximadamente R$ 632 mil.

O investimento inicial para abrir, de maneira legal, uma unidade de garimpo de balsa na Amazônia é de R$ 3,3 milhões, de acordo com a pesquisa. O montante é necessário para compra de máquinas e equipamentos usados na atividade predatória no maior bioma brasileiro.

O estudo analisou dados do garimpo de balsa, que acontece nos rios, e o garimpo de baixão, realizado em terra, em áreas próximas ao leito dos afluentes.

Para chegar aos valores médios foi considerado uma balsa grande, com 18 garimpeiros e duas cozinheiras. Nas operações de baixão, foram incluídos no cálculo o operador da retroescavadeira e as horas das máquinas.

O levantamento mostrou que o faturamento mensal para o garimpo de baixão é de R$ 930 mil, enquanto o lucro fica em torno dos R$ 343 mil mensais. Entre os gastos contabilizados pelos pesquisadores aparecem despesas com combustível, internet e mercúrio, além da remuneração dos garimpeiros e das cozinheiras.




“Os garimpos são empreendimentos com alto investimento e uma renda considerável, mas beneficiados por uma legislação que faz poucas exigências para autorizar as operações e que não atrela ao garimpo a responsabilidade de recuperar as áreas devastadas e contaminadas pelo mercúrio. Aí, reside o interesse em seguir mantendo a aura artesanal do garimpo, que já não é realidade há muito tempo”, alerta Larissa Rodrigues, gerente de portfólio do Escolhas.

Além disso, o estudo também destaca que desde 2012, o garimpo de baixão ganhou ainda mais força com o uso de retroescavadeiras para extração de minérios. “Antes, eram necessários 30 dias de trabalho para derrubar a floresta e abrir uma área de garimpo. Hoje, as retroescavadeiras fazem isso em uma semana”, afirma Rodrigues.

A expansão do garimpo traz consigo também uma série de impactos sociais e ambientais, como a destruição de florestas nativas, danos à saúde de comunidades que moram nas proximidades dos locais de exploração e a invasão de terras indígenas, como o que aconteceu com o povo Yanomami, em Roraima.

Confira o avanço do garimpo nos últimos anos:

Instituto Escolhas
Avanço do garimpo entre 2005 e 2021

Para tentar conter o avanço do garimpo na Amazônia, o estudo do Instituto Escolhas apresentou algumas medidas que podem ser adotadas para evitar o aumento da destruição da vegetação nativa da região.

Entre elas, está a criação de um teto para uma produção mineral em garimpos e, a partir dele, estabelecer a migração obrigatória para o regime de concessão de lavras. Também destaca a necessidade de trabalhos de pesquisa mineral para aproveitamento econômico.



Fonte: METRÓPOLIS