domingo, 31 de maio de 2015

As pedras no caminho

As pedras no caminho

Matioliíta
“Nasceu!”
Daniel Atencio disparou um e-mail com esse título no dia 2 de novembro de 2010 para comunicar, como ele explicou em seguida, “o nascimento de minha décima segunda filha, carlosbarbosaíta, que veio fazer companhia a chernikovita, coutinhoíta, lindbergita, matioliíta, menezesita, ruifrancoíta, footemineíta, guimarãesita, bendadaíta, brumadoíta e manganoeudialita”. Professor do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP), Atencio tinha acabado de receber uma mensagem da Associação Mineralógica Internacional aprovando seu pedido de registro do novo mineral, o 54o encontrado pela primeira vez no Brasil e sem registros em qualquer outro país. Novas espécies de minerais, chamadas minerais-tipo, aparecem agregadas a minerais de valor comercial, as gemas, como topázio e turmalina, comuns em Minas Gerais. Só duas gemas, porém, o crisoberilo e a brazilianita, tiveram o registro inicial feito no país.
Novos minerais exibem composições químicas ou arranjos atômicos inusitados, inicialmente sem aplicações comerciais. São encontrados com frequência em rochas ígneas conhecidas como pegmatitos, formadas nas últimas etapas da cristalização do magma no interior da Terra. Das primeiras fases do resfriamento de um magma, resultam rochas e minerais mais simples e homogêneos. À medida que o magma cristaliza, os elementos químicos mais raros formam uma espécie de sopa residual. Em um segundo momento, esse líquido residual se solidifica e dá origem aos pegmatitos, muitas vezes ricos em fosfatos. No Brasil, uma das áreas mais ricas em pegmatitos – e, portanto, em novas espécies de minerais – é o leste de Minas. Em Divino das Laranjeiras, um dos municípios dessa região, foram encontradas quatro, incluindo a atencioíta, mineral marrom caracterizado pelo russo Nikita Chukanov, e a brazilianita, uma gema de cristais amarelo-esverdeados. Da vizinha Galileia saíram 10 minerais novos.
Desde dezembro de 2006, quando saiu de uma pedreira vizinha a um campo de futebol do município de Jaguaraçu, leste de Minas, a carlosbarbosaíta fez um percurso que mostra como encontrar novas espécies de minerais combina pa­ciência, amizade e muita colaboração entre especialistas não acadêmicos e acadêmicos. Luiz Menezes, engenheiro de minas, colecionador e comerciante de minerais que coletou o que lhe parecia ser um novo material, fez as primeiras análises em um microscópio eletrônico da Universidade Federal de Minas Gerais. Como não pôde ir adiante, mandou sua amostra para a USP. Atencio examinou-a por raios X, confirmou que se tratava de uma espécie nova de mineral, mas também não conseguiu avançar: os cristais de 50 x 10 x 5 milésimos de milímetro eram minúsculos demais, dificultando as análises. Pela mesma razão, durante quatro anos, pesquisadores da USP de São Carlos, do Canadá, da Rússia e dos Estados Unidos que entraram na história avançavam pouco, até que, em abril de 2009, Mark Cooper, da Universidade Manitoba, Canadá, conseguiu um equipamento de raios X que finalmente completou as análises, elucidando a estrutura atômica do mineral, cujos cristais formam longas agulhas ricas em óxido de urânio e nióbio.
A pedido de Menezes, Atencio escolheu o nome para o novo mineral, em homenagem a Carlos do Prado Barbosa, engenheiro químico e colecionador de minerais falecido em 2003 que participou da identificação da bahianita, reconhecida como novo mineral em 1978, e da minasgeraisita, de 1986. Geó­logos vivos também são homenageados, embora, como os biólogos, não possam pôr o nome deles próprios em espécies novas que descobrirem.
A menezesita, mineral rico em bário, zircônio e magnésio, ganhou esse nome em reconhecimento ao trabalho de Menezes, que mora em Belo Horizonte e vive enviando coisas interessantes para geólogos. Reconhecida em 2005 e publicada em 2008, a menezesita apresenta uma estrutura atômica similar à de um composto que havia sido sintetizado em 2002 para combater o vírus causador da Aids.
A luz dos minerais
A coutinhoíta, mineral amarelo como o enxofre, um silicato de urânio e tório, que Atencio e Paulo Anselmo Matioli, geógrafo formado pela Universidade Católica de Santos, trouxeram de Galileia, Minas, é outro exemplo de gratidão aos pioneiros – neste caso, a José Moacyr Vianna Coutinho, professor da USP que, no final dos anos 1950, ao voltar da Universidade de Berkeley, Estados Unidos, disseminou no Brasil o uso da microscopia polarizadora, que indica o desvio da luz e, a partir daí, as estruturas atômicas, facilitando a identificação de minerais no Brasil. Como resultado, ele participou da caracterização de nove dos 16 novos minerais brasileiros identificados nos últimos oito anos, incluindo a carlosbarbosaíta. “Ajudo sempre que posso”, diz Coutinho, aos 86 anos, ainda assíduo em sua sala no Instituto de Geociências da USP.
“Coutinho, além de um olhar fantástico no microscópio, tem uma habilidade imensa para desenhar cristais e orientações ópticas dos minerais”, diz Atencio, mostrando os desenhos de artigo de 1999 em que eles e outros colegas descreveram a hainita, de Poços de Caldas, na divisa de Minas com São Paulo. Em outro canto da estante de metal estão as amostras de sílex que Atencio coletou aos 10 anos de idade de uma obra próximo à sua casa em São Bernardo do Campo, em um episódio que o fez escolher mais tarde ser geólogo.
Duas por ano
Muitos minerais novos são encontrados em apenas um lugar, mas um mineral avermelhado com um dos nomes mais difíceis de pronunciar, tupersuatsiaíta, já tinha sido identificado na Groenlândia e na Namíbia antes de 2005, quando Atencio, Coutinho e Silvio Vlach, também da USP, relataram que o haviam encontrado em Poços de Caldas. Às vezes, a descrição oficial de uma nova espécie de mineral concilia descobertas paralelas. É o caso da bendadaíta, mineral de cristais alongados esverdeados encontrado em Portugal, no Brasil, no Chile, em Marrocos e na Itália, que geólogos de sete países – Áustria, Alemanha, França, Rússia, Austrália, Brasil e Estados Unidos – apresentaram em junho de 2010 na Mineralogical Magazine.








“Às vezes é mais fácil colaborar com pesquisadores da Rússia e da Alemanha do que daqui”, diz Atencio. Segundo ele, a principal razão é a escassez de especialistas na identificação de minerais – menos de uma dezena no Brasil, enquanto a Itália abriga cerca de 200 e a Rússia, bem mais. Mesmo assim, o número de novas espécies de minerais identificadas originalmente no Brasil está crescendo. Até 1959 havia no país apenas 19 espécies de minerais consideradas válidas, a maioria descrita apenas por estrangeiros. De 1959 a 2000, a comissão de novos minerais da Associação Mineralógica Internacional reconheceu 18 espécies novas, com uma média de 0,43 por ano, e nos últimos oito anos, outras 16, subindo a média para duas por ano. Segundo Atencio, o Brasil está entre os países em que atualmente se descobrem mais minerais novos, quase sempre próximo dos Estados Unidos. A Rússia é o país onde mais se descobrem minerais novos.
Não é só por falta de especialistas que as descobertas não proliferam. Nas pedreiras, um procedimento comum é tratar as gemas, de valor comercial, com banho de ácido, para remover as impurezas, que incluem possíveis novidades. Os interessados em novos minerais às vezes conseguem chegar antes do banho de ácido. Outro problema é a transformação do espaço. Atencio conta que em 1991 descreveu com Reiner Neumann, o primeiro estudante que orientou, Antonio Silva e Yvonne Mascarenhas, seus colaboradores do Instituto de Física de São Carlos da USP desde os anos 1980, minerais raros de urânio, encontrados em Perus, no município de São Paulo. “Devia ter muito mais”, diz ele, “mas o Rodoanel cobriu tudo”.
 




Estudo comparativo de microdureza Vickers em opalas preciosas brasileiras e australianas

Estudo comparativo de microdureza Vickers em opalas preciosas brasileiras e australianas

  Pedras preciosas geralmente possuem dureza elevada (acima de 7 na escala Mohs) e boa resistência à quebra (tenacidade), de modo a permitir o seu emprego em joias sem grandes riscos de sofrerem arranhões ou mesmo de se partirem durante o uso. A opala, em função de sua dureza mais baixa e possibilidade de desenvolver fissuras, é considerada uma gema relativamente frágil, requerendo certos cuidados no seu manuseio. Portanto, sendo iguais os demais fatores que determinam o valor da opala, podemos afirmar que, quanto maior a sua dureza, superior será a sua qualidade e consequentemente o seu valor.  Em função disto são muito comuns afirmações na literatura, seja ela a especializada ou não, de que opalas de certas localidades seriam mais duras e resistentes que outras. Em todos os casos que pudemos analisar, entretanto, faltavam provas convincentes desta superioridade na dureza. Como não encontramos trabalhos nos quais a dureza das opalas de diferentes localidades fosse determinada quantitativamente, o Laboratório de Pesquisas Gemológicas do CETEM, no âmbito do projeto APL da Opala, resolveu fazer um breve estudo sobre microdureza de opalas, comparando opalas preciosas brasileiras e australianas. Afinal, a literatura dá conta também, de que as opalas de Pedro II seriam mais duras que as famosas opalas australianas.  Para tal foram analisadas 21 opalas preciosas de Pedro II, no Piauí, e 20 australianas, sendo de três diferentes localidades: Queensland, Coober Pedy e Lightning.

Mineração de pegmatitos se organiza para enfrentar mercado

Mineração de pegmatitos se organiza para enfrentar mercado

 - A exploração mineral da região do Seridó (semi-árido nordestino, localizado entre os estados do Rio Grande do Norte e Paraíba) data, ainda, da 2ª Grande Guerra, quando a região despertou o interesse americano com a exploração do minério scheelita utilizado na indústria bélica. Desde então, a produção mineral da região migrou para a exploração do Pegmatito, rocha ígnea que contém diversos minerais como: quartzo, feldspatos e micas, terras raras e gemas como: água-marinha, turmalina, topázio, fluorita e apatita.
Foi exatamente este gama de minerais exploráveis que despertou o interesse dos estados da Paraíba e Rio Grande do Norte para o fomento de um Arranjo Produtivo Local de base mineral, o: APL Pegmatitos PB/RN.
Após quase 5 anos de esforços, o APL Pegmatito do PB/RN se destaca como sendo o único que engloba atividades em dois estados diferentes, reunindo 28 municípios do Rio Grande do Norte e 26 da Paraíba, numa área estimada de 20 mil quilômetros quadrados. A maioria esmagadora dos nichos produtivos sendo formada por pequenos núcleos familiares de 3 a 4 membros. Estimativas dão conta de um contingente de 5 mil pessoas diretamente envolvidas na exploração mineral na região.
Aos poucos os produtores locais vão sentindo as vantagens de trabalhar de forma cooperativa e deixando de lado a desconfiança natural que vem da mudança de paradigma produtiva. “Já estamos com 64 cooperados aqui na Cooperativa dos Mineradores Potiguares (Unimina)”, informa, Raimundo Bezerra Guimarães, presidente da cooperativa. “Esperamos que este número possa chegar a mais de 260 quando a nossa produção de mica for vendida”, explica.
Raimundo se refere à negociação que a governança do APL conseguiu assegurar com a multinacional do ramo Von Roll. A empresa acaba de instalar uma unidade de beneficiamento inicial da mica na região. O acordo selado com o APL é de compra de toda a produção dos mineradores, algo em torno de 50 toneladas/mês no momento, a preço de R$ 760,00 a tonelada. “Isto é quase 5 vezes o que estávamos ganhando sem o acordo”, ressalta Raimundo. O planejamento realizado estipula uma produção de 150 toneladas para o 2° semestre deste ano. A unidade tem capacidade inicial de 500 toneladas/mês.
Segundo Sheyson Medeiros, gerente do Escritório Regional do Sebrae em Currais Novos-RN, a princípio a Cooperativa está organizando a produção, primeiramente, em 3 núcleos: Núcleo 1 - Currais Novos, Cerro Corá, São Vicente e Acari;
Núcleo 2 - Lages Pintada, Campo Redondo e São Tomé, e Núcleo 3 - Parelhas, Carnaúba dos Dantas, Jardim do Seridó, Santana do Seridó e Equador. O número de mineradores envolvidos é cerca de 70 pessoas, distribuídos em 13 banquetas de 3 municípios, que estão reunindo o minério produzido para obter um volume maior e ter um preço melhor.
“Embora os resultados não aconteçam na velocidade que desejamos, precisamos continuar persistindo, pois fatos como estes nos motivam e demonstram que estamos no caminho certo”, resume Sheyson. O gerente lembra que não só são os mineradores que ganham com a articulação do APL. Segundo Sheyson, a formalização é uma exigência legal para o apoio do APL. “Precisamos estar em consonância com nossas obrigações, como: as ambientais e de saúde e segurança – estabelecidas em Lei”, lembra. O membro da governança do APL ressalta, ainda, que ao se organizarem os mineradores encontram mais facilidades como o acesso mais fácil a treinamentos, novas tecnologias e especialmente a financiamentos e novas oportunidades de negócios.

Gemas e Pegmatitos do Estado do Ceará

Gemas e Pegmatitos do Estado do Ceará

Objetivo e Justificativas

A meta principal da primeira etapa do projeto Gemas e Minerais de Pegmatitos do Ceará é fornecer um diagnóstico atualizado do setor de gemas no estado do Ceará.

O Ceará é portador de um contexto geológico extremamente favorável à ocorrência de corpos pegmatíticos. Os trabalhos de cadastramento mineral anteriormente executados indicam a existência de mais de uma centena de corpos pegmatíticos, muitos deles com viabilidade de explotação econômica. Este setor agrega, em sua maioria, pequenas e médias empresas, responsáveis pelo emprego de considerável contingente de mão de obra desqualificada, notadamente nos períodos de seca.

Sabe-se, também, da existência de centros de artesanato mineral, no município de Quixeramobim, cujo funcionamento depende da regularidade do fornecimento de matéria-prima. A despeito do panorama descrito acima, a região carece de estudos criteriosos e atualizados relacionados à prospecção mineral desses jazimentos, com vistas ao estabelecimento de sua real potencialidade e seleção das áreas mais favoráveis de conter mineralizações de interesse econômico. Com isso, espera-se fornecer subsídios aos órgãos governamentais para um melhor estabelecimento das diretrizes políticas para o setor mineral do estado.


Localização e Acesso

A distribuição dos corpos pegmatíticos no Ceará evidencia uma maior concentração em duas regiões principais, localizadas nas porções nordeste (subprovíncia Pegmatítica de Cristais) e centro-leste (subprovíncia Pegmatítica de Solonópole) do estado. A subprovíncia de Cristais abrange porções dos municípios de Aracoiaba, Cascavel, Morada Nova, Russas e Beberibe. A subprovíncia de Solonópole compreende partes dos municípios de Quixadá, Quixeramobim, Solonópole e Jaguaribe. As atividades propostas neste anteprojeto serão concentradas nas duas regiões citadas acima. Elas possuem boas condições de acessibilidade, partindo de Fortaleza, através de rodovias asfaltadas. Dispõem, também, em seu interior, de densa rede de estradas secundárias, que dão acesso à grande maioria dos corpos mineralizados, transitáveis na maior parte do ano.


 Gemas e Pegmatitos
Gemas e Pegmatitos


Geologia Regional

A maioria dos corpos pegmatíticos presentes na área de atuação do projeto Gemas e Minerais de Pegmatitos do Estado do Ceará acha-se, aparentemente, relacionada a intrusões graníticas de idade brasiliana. Esses corpos intrusivos seccionam litotipos dos complexos Ceará, unidade Canindé, nas porções mais a norte; e Acopiara, nas regiões de Solonópole e Jaguaribe. Essas unidades são constituídas essencialmente por rochas paraderivadas de médio a alto grau metamórfico; e por corpos granitoides, de dimensões variadas, de idades neo e paleoproterozoicas.


Resultados Esperados

  • Relatório técnico com a descrição da potencialidade do Ceará para minerais pegmatíticos e que indiquem e delimitem as áreas mais favoráveis de conter mineralizações de interesse econômico.
  • SIG com todos os documentos cartográficos e informações a serem geradas durante a execução do projeto.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Projeto bilionário de grupo canadense quer extrair ouro no Xingu

Projeto bilionário de grupo canadense quer extrair ouro no Xingu

O rio Xingu vai deixar de ser palco exclusivo de Belo Monte, a polêmica geradora de energia em construção no Pará. Em uma região conhecida como Volta Grande do Xingu, na mesma área onde está sendo erguida a maior hidrelétrica do país, avança discretamente um megaprojeto de exploração de ouro. O plano da mineradora já está em uma etapa adiantada de licenciamento ambiental e será executado pela empresa canadense Belo Sun Mining, companhia sediada em Toronto que pretende transformar o Xingu no "maior programa de exploração de ouro do Brasil".


O projeto é ambicioso. A Belo Sun, que pertence ao grupo canadense Forbes & Manhattan Inc., um banco de capital fechado que desenvolve projetos internacionais de mineração, pretende investir US$ 1,076 bilhão na extração e beneficiamento de ouro. O volume do metal já estimado explica o motivo do aporte bilionário e a disposição dos empresários em levar adiante um projeto que tem tudo para ampliar as polêmicas socioambientais na região. A produção média prevista para a planta de beneficiamento, segundo o relatório de impacto ambiental da Belo Sun, é de 14.684 quilos de ouro por ano. Isso significa um faturamento anual de R$ 1.538,6 bilhões, conforme cotação atual do metal feita pela BM & FBovespa.

A lavra do ouro nas margens do Xingu será feita a céu aberto, porque "se trata de uma jazida próxima à superfície, com condições geológicas favoráveis". Segundo o relatório ambiental da Belo Sun, chegou a ser verificada a alternativa de fazer também uma lavra subterrânea, mas "esta foi descartada devido, principalmente, aos custos associados."

Para tirar ouro do Xingu, a empresa vai revirar 37,80 milhões de toneladas de minério tratado nos 11 primeiros anos de exploração da mina. As previsões, no entanto, são de que a exploração avance por até 20 anos. Pelos cálculos da Belo Sun, haverá aproximadamente 2.100 empregados próprios e terceirizados no pico das obras.

O calendário da exploração já está detalhado. Na semana passada, foi realizada a primeira audiência pública sobre o projeto no município de Senador José Porfírio, onde será explorada a jazida. Uma segunda e última audiência está marcada para o dia 25 de outubro. Todo processo de licenciamento ambiental está sendo conduzido pela Secretaria de Meio Ambiente do Pará. O cronograma da Belo Sun prevê a obtenção da licença prévia do empreendimento até o fim deste ano. A licença de instalação, que permite o avanço inicial da obra, é aguardada para o primeiro semestre do ano que vem, com início do empreendimento a partir de junho de 2013. A exploração efetiva do ouro começaria no primeiro trimestre de 2015, quando sai a licença de operação.

Todas informações foram confirmadas pelo vice-presidente de exploração da Belo Sun no Brasil, Hélio Diniz, que fica baseado em Minas Gerais. Em entrevista ao Valor, Diniz disse que o "Projeto Volta Grande" é o primeiro empreendimento da companhia canadense no Brasil e que a sua execução não tem nenhum tipo de ligação com a construção da hidrelétrica de Belo Monte ou com sócios da usina.

"Somos uma operação independente, sem qualquer tipo de ligação com a hidrelétrica. Nosso negócio é a mineração do ouro e trabalhamos exclusivamente nesse projeto", disse Diniz.

O "plano de aproveitamento econômico" da mina, segundo o executivo, ficará pronto daqui a seis meses. Nos próximos dias, a Belo Sun abrirá escritórios em Belém e em Altamira. Hélio Diniz disse que, atualmente, há cerca de 150 funcionários da empresa espalhados na Volta Grande do Xingu, região que é cortada pelos municípios de Senador José Porfírio, Vitória do Xingu e Altamira.

O local previsto para receber a mina está localizado na margem direita do rio, poucos quilômetros abaixo do ponto onde será erguida a barragem da hidrelétrica de Belo Monte, no sítio Pimental. A exploração da jazida, segundo Diniz, não avançará sobre o leito do rio. "A mina fica próxima do Xingu, mas não há nenhuma ação direta no rio."

Para financiar seu projeto, os canadenses pretendem captar recursos financeiros no Brasil. De acordo com o vice-presidente de exploração da Belo Sun, será analisada a possibilidade de obter financiamento no BNDES. "Podemos ainda analisar a alternativa de abrir o capital da empresa na Bovespa. São ações que serão devidamente estudadas por nós."

Segundo a Belo Sun, o futuro reservado para a região da mina, quando a exploração de ouro for finalmente desativada, será o aproveitamento do projeto focado no "turismo alternativo", apoiado por um "programa de reabilitação e revegetação". Na audiência pública realizada na semana passada, onde compareceram cerca de 300 pessoas, a empresa informou que haverá realocação de pessoas da área afetada pelo empreendimento e que a construção de casas será financiada pela Caixa Econômica Federal. A Belo Sun listou 21 programas socioambientais para mitigar os impactos que serão causados à região e à vida da população.