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Um lugar do sertão onde não há
desemprego, onde os moradores respiram prosperidade. A riqueza vem da
terra. Não a de plantar, mas a terra que esconde uma preciosidade. O
povoado de Brejinho é a capital nordestina das ametistas. Para extrair o
minério, o homem desmancha montanhas, rasga rochedos, arrisca a vida.
Em um garimpo a céu aberto, a ametista está sendo encontrada no fim de
uma ribanceira com mais de 70 metros.
Só quando se chega perto do local de extração é que se percebe que essa é
uma aventura um tanto perigosa. O problema não é a profundidade – o
trabalho é a 70, 80 metros da superfície. O risco está na fragilidade da
descida. A impressão que se tem é de que a madeira dos degraus pode
quebrar em uma pisada.
Nem o calor sufocante de 38 graus tira a disposição dos homens. São oito
horas, às vezes dez, trabalhando sem parar, no rastro da pedra lilás. |
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O garimpeiro Fiel Macedo Ribeiro
começou a trabalhar quando era garoto. Hoje, aos 71 anos, ainda tem
força para perseguir a sorte. É o garimpeiro mais experiente da área. "A
cor escura e a pedra lisa indicam boa qualidade. Quando não é de boa
qualidade, ela não dá espelho. A boa pedra brilha mais", explica o
garimpeiro.
Uma caçamba sobre trilhos transporta tudo o que garimpeiros extraem da
rocha. O cascalho é jogado no riacho. É o que eles chamam de rejeito.
Mas o que é lixo para uns é dinheiro para outros. |
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Erlan da Conceição Batista é jogador
profissional de futebol, atacante da Catuense, time que disputa o
Campeonato Baiano. "Quando o campeonato fica parado seis meses, dou um
jeitinho de ganhar o pão de cada dia. São seis meses jogando futebol e
seis meses pegando ametista. O futebol dá mais dinheiro", diz Erlan.
Sem contrato para este ano, Erlan vai se virando na beira do riacho, catando pedra. “Com um saco, faço R$ 80”, conta ele. |
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Aventura arriscada é descer na mina
subterrânea. Os dormentes dos trilhos servem de escada. Uma escorregada
pode ser fatal. Os garimpeiros trabalham a 80 metros de profundidade.
Com picaretas, eles vão descobrindo o minério. As ametistas aparecem nas
camadas de terra entre as rochas.
"Tem pedra de até um metro", revela o garimpeiro Tibério Lima Gondim.
Tibério não pode se queixar da sorte. Ele descobriu o rumo das pedras.
As ametistas saem do garimpo separadas em lotes, prontas para o mercado.
São vendidas na região mesmo, em sacos de 30 a 35 quilos. É um negócio
no escuro, como dizem os garimpeiros. O comprador não pode escolher.
"Porque tem pouca pedra e muito comprador”, explica Tibério. “Tudo o que se produz é vendido." |
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Para vender a produção, os garimpeiros
criaram uma cooperativa. O lucro é dividido entre eles, em partes
iguais. “Um saco é vendido por R$ 3 mil”, conta Tibério.
Para o comprador, o negócio é também vantajoso. Um homem, que não quis
ser identificado, com medo de assalto, comprou um saco lacrado.
"Neste lote tem seis quilos de ametista. Eu vendo por R$ 1 mil o quilo”,
revela o comprador. “A boa pedra é escura e limpa”, avalia ele.
Pelos telhados novos das casas, se percebe que o dinheiro dos garimpos
está sendo investido também em reformas, construções. Quem estava fora
da terra voltou. O povoado dobrou de tamanho nos últimos três anos. Em
Brejinho, a ametista fez a vida melhorar. |
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