Como todos devem imaginar, o nome
Turmalina Paraíba vem pelo fato de que foram encontradas pela primeira
vez na Paraíba, por Heitor Barbosa em 1989. Porém, apesar do nome e da
raridade, esse tipo de turmalina cuprífera, que traz uma cor azul neon
exclusiva também pode ser encontrada no estado do Rio Grande do Norte e
na Nigéria e Moçambique. A atual extração ainda é precária e difícil, o
que torna o seu valor comercial maior ainda. Toda essa raridade e
exclusividade torna a Turmalina Paraíba uma das gemas mais cobiçadas do
mundo.
Turmalina Paraíba bruta de 26,5 cts da Mina da Batalha - PB. Preço: US$ 155.000,00.
Geologicamente falando, as
turmalinas da região foram descobertas inicialmente no município de São
José da Batalha, na variação de Elbaíta (turmalina litinífera que vai de
vermelho rosado a verde e incolor), ocorre na forma de pequenos
"cristais" na maioria das vezes irregulares dentro de corpos
pegmatíticos que na localidade estão encaixados em quartzitos da
Formação Equador (Grupo Seridó). A mineralogia básica da rocha é de
quartzo, feldspato (comumente alterado pela infiltração de água),
lepidolita (mica lilás) e schorlita (também conhecida como afrisita ou
turmalina negra) e óxidos de nióbio e tântalo (sequência
columbita-tantalita). Os índices de cobre podem ser associados à
Província Metalogênica Cuprífera do Rio Grande do Norte
Província Cuprífera do RN-PB.
Análises comprovaram que as
Turmalinas Paraíba contem expressivos teores de cobre, ferro e manganês,
sendo atribuídos a estes elementos, em sua variação, o tom de cor do
mineral. São designadas cores como azul-claro, azul-turquesa, azul-neon,
azul esverdeado, azul safira, azul violáceo, verde azulado e verde
esmeralda, na tentativa de descrever a rara e variável cor.
Turmalina Paraíba lapidada de 50 cts que permaneceu no Brasil para exposição. Avaliada aqui no Brasil em R$ 500.000,00.
Uma característica que chama a
atenção é o de uma turmalina paraíba devidademente tratada e lapidada
poder brilhar em ambientes de pouquíssima luz, o que faz muitos
atribui-la como fluorescente (no caso seria fosforescente).
Em fevereiro de 1990, durante a
tradicional feira de Tucson, nos EUA, teve início a escalada de preços
desta variedade de turmalina, que passaram de umas poucas centenas de
dólares por quilate a mais de US$2.000/ct, em questão de apenas 4 dias. A
mística em torno da turmalina da Paraíba havia começado e cresceu
extraordinariamente ao longo dos anos 90, convertendo-a na mais valiosa
variedade deste grupo de minerais. A máxima produção da Mina da Batalha
ocorreu entre os anos de 1989 e 1991 e, a partir de 1992, passou a ser
esporádica e limitada, agravada pela disputa por sua propriedade legal e
por seus direitos minerários. Hoje em dia a turmalina paraíba no
mercado japonês pode custar cerca de US$ 30.000/ct, porém dependendo de
sua exclusividade pode chegar a custar cerca de US$ 100.000/ct.
Broche
em ouro branco desenhado pelos designers da Chanel com mais de 1000
diamantes e com uma Turmalina Paraíba de 37,5 cts no centro. Peça única,
foi vendida assim que anunciada. Não encontrei o preço.
A elevada demanda por turmalinas
da Paraíba, aliada à escassez de sua produção, estimulou a busca de
material de aspecto similar em outros pegmatitos da região, resultando
na descoberta das minas Mulungu e Alto dos Quintos, situadas próximas à
cidade de Parelhas, no vizinho estado do Rio Grande do Norte.
Broche de papagaio, com gemas de diversas cores e olho feito em Turmalina Paraíba.
Para alcançar tons mais limpos e
mais exclusivos as empresas adotam um tratamento na turmalina para
melhor mais ainda a sua cor.Embora as surpreendentes cores das
turmalinas da Paraíba ocorram naturalmente, estima-se que
aproximadamente 80% das gemas só as adquiram após tratamento térmico, a
temperaturas entre 350°C e 550°C. O procedimento consiste, inicialmente,
em selecionar os espécimes a serem tratados cuidadosamente, para evitar
que a exposição ao calor danifique-os, especialmente aqueles com
inclusões líquidas e fraturas pré-existentes. Em seguida, as gemas são
colocadas sob pó de alumínio ou areia, no interior de uma estufa, em
atmosfera oxidante. A temperatura ideal é alcançada, geralmente, após 2
horas e meia de aquecimento gradativo e, então, mantida por um período
de cerca de 4 horas, sendo as gemas depois resfriadas a uma taxa de
aproximadamente 50 oC por hora. As cores resultantes são a cobiçada
azul-neon, a partir da azul esverdeada ou da azul violeta, e a verde
esmeralda, a partir da púrpura avermelhada. Além do tratamento térmico,
parte das turmalinas da Paraíba é submetida ao preenchimento de fissuras
com óleo para minimizar a visibilidade das que alcancem a superfície.
Lote de turmalinas diversas de baixo valor comercial comumente vendido na internet.
Até 2001, as turmalinas
cupríferas da Paraíba e do Rio Grande do Norte eram facilmente
distinguíveis das turmalinas oriundas de quaisquer outras procedências
mediante detecção da presença de cobre com teores anômalos através de
análise química por fluorescência de raios X de energia dispersiva
(EDXRF), um ensaio analítico não disponível em laboratórios gemológicos
standard. No entanto, as recentes descobertas de turmalinas cupríferas
na Nigéria e em Moçambique acenderam um acalorado debate envolvendo o
mercado e os principais laboratórios gemológicos do mundo em torno da
definição do termo “Turmalina da Paraíba”.
Turmalina paraíba bruta de boa qualidade.
Em fevereiro de 2006, o Comitê
de Harmonização de Procedimentos de Laboratórios, que consiste de
representantes dos principais laboratórios gemológicos do mundo, decidiu
reconsiderar a nomenclatura de turmalina da “Paraíba”, definindo esta
valiosa variedade como uma elbaíta de cores azul-néon, azul-violeta,
azul esverdeada, verde azulada ou verde-esmeralda, que contenha cobre e
manganês e aspecto similar ao material original proveniente da Paraíba,
independentemente de sua origem geográfica. Nos certificados, deve ser
descrita como pertencente à espécie “elbaíta”, variedade “turmalina da
Paraíba”, citando, sob a forma de um comentário, que este último termo
deriva-se da localidade onde foi originalmente lavrada no Brasil. A
determinação de origem torna-se, portanto, opcional.
Mais fotos de turmalinas paraíba:
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