|
|
Antigamente, o ouro servia apenas de
adorno, decoração. Depois, virou o metal mais valorizado do planeta. É
uma das nossas grandes riquezas, mas, em muitos garimpos, o homem ainda
trabalha como se estivesse na Idade da Pedra: sem pesquisa, sem
equipamento adequado, sem proteção. Em muitas regiões, a busca pelo ouro
significa risco, trabalho perigoso. Garimpeiros que já desmontaram toda
parte da frente de uma rocha agora avançam para baixo.
É preciso descer em uma corda. Para escorregar, basta um pequeno vacilo.
Incrível é ver que todo o buraco foi aberto só com a força das mãos.
“Estamos mais de dez metros de profundidade. E tudo é na mão. O ouro é
fraco. Tiro o suficiente para a feira, menos de R$ 200 por semana. Às
vezes, nem isso", conta o garimpeiro Natalício da Silva.
Embaixo do chão, a luta para sustentar a família é um labirinto de
incertezas. É difícil até enxergar o ouro. Sem a luz do sol, a vela
substitui a eletricidade.
"O ouro é visto nas fendas", diz Natalício. |
|
|
|
|
O cascalho que sai dos buracos vai
para um triturador. A engenhoca primitiva é a máquina mais sofisticada
dos garimpeiros. O que é barro escorre com a água, e o que é metal fica
em uma chapa de cobre. Alheios ao perigo, eles usam mercúrio para
capturar o ouro. Ouro em pó, recolhido com uma lâmina de barbear.
Em cada meia tonelada de cascalho triturado, uma pequena parte, quase invisível, é aproveitada.
"Por dia, fazemos de cinco a seis gramas", conta o garimpeiro Jorge Pinheiro.
Todo o metal recolhido durante um dia inteiro de trabalho cabe em uma
colher. Em um fogão à lenha, o pó é aquecido para endurecer. Depois, só
falta vender.
"Vendemos fácil. O grama custa R$ 30", revela Jorge.
No sertão da Bahia, sobreviver nessa aventura é resistir ao calor e
acreditar na sorte. André Suzart e Margarida trocaram a roça pelo
garimpo. Há três anos, quando trabalhavam na enxada, ganhavam R$ 40 por
semana. Hoje, o que tiram da terra cabe na palma da mão, mas dá para
encher o bolso e a barriga.
"Dependendo da sorte, faço 100, 200, 300, 400 pepitas. É melhor aqui”, afirma o garimpeiro. |
|
|
|
|
|
Em vez de improviso, técnica
A maior reserva de ouro da América do Sul fica na região de Jacobina,
norte da Bahia. O metal mais cobiçado do mundo se espalha por uma cadeia
de montanhas que tem 150 quilômetros de extensão.
Galerias imensas, largas, por onde circulam carros, tratores, caminhões
gigantes. Um túnel de 30 quilômetros sai rasgando a serra por baixo.
Quanto mais se avança pelas paredes molhadas mais escuro vai ficando o
ambiente. Depois de duas horas rodando dentro do local, chega-se a uma
das frentes de trabalho.
No local, é possível enxergar direito o alvo principal de uma extração
industrial de ouro. Fica em uma faixa mais clara de pedras demarcada
pelos geólogos. É o que se pode chamar de veio de ouro.
“Exatamente. Este é o alvo da operação", confirma o engenheiro de minas Kurt Menchen.
O que mais impressiona é o volume de pedras que sai das galerias: 120 mil toneladas por mês.
"No caso dessa mina, são dois gramas por tonelada de rocha. Isso
significa, por exemplo, que em 1 milhão de grãos de arroz, dois
representam o metal contido. O objeto da nossa extração são dois
grãozinhos no conjunto de 1 milhão", comenta o engenheiro.
Tanto investimento, hoje, compensa. O ouro está em alta. Mas, em 1998, o
preço despencou no mercado internacional, e a mina fechou. Há três
meses voltou a produzir. |
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário