Projeto Guaporé
Objetivo e Justificativas
Levantar as informações geológicas em escala
compatível com as demandas da sociedade como um todo e mais
especificamente do setor mineral, além de auxiliar no planejamento
estadual e municipal e definir o potencial mineral da região. A
atualização do conhecimento geológico a nível regional da Província
Mineral do Guaporé servirá de suporte para a realização dos
levantamentos de outros temas, como solos, geomorfologia e recursos
hídricos. O detalhamento dos levantamentos geológicos contribuirá
sobremaneira para a elaboração do planejamento territorial, utilização
do subsolo e ocupação do solo, inclusive na zona fronteiriça
Brasil-Bolívia.
A Província Mineral do Guaporé está inserida no
contexto geológico que apresenta substrato rochoso constituído
dominantemente por uma sequência sedimentar terrígeno-química, intrudida
por rochas máficas toleiíticas e ultramáficas, além de granitoides do
tipo A. Esses litotipos foram fortemente deformados durante evento
tectônico de idade aproximadamente 1.3 Ga, o qual imprimiu uma
estruturação gerada por uma tectônica transpressiva, desenvolvida sob
condições metamórficas da fácies anfibolito superior, com fusões
localizadas gerando granitos S.
Vários garimpos de ouro foram ativos em décadas
passadas, além de prospecção e cubagem de depósitos, executados por
empresas de mineração. As principais ocorrências de ouro estão
associadas a veios de quartzo em zonas de cisalhamento, como ouro livre
e/ou associados a sulfetos. Ocorrências de minerais do grupo da platina e
sulfetos de cobre-níquel estão associados às rochas máfico/ultramáficas
de ampla distribuição na referida província, além de gossans
níquelíferos de ocorrência restrita. Esses corpos máfico/ultramáficos
são ainda desconhecidos geologicamente, tanto a nível cartográfico como
geoquímico. Adicionalmente ocorre uma ampla cobertura sedimentar
cenozoica dominada por lateritos e materiais de origem aluvionar
distribuída por toda a planície do Rio Guaporé e que também não se
encontra devidamente cartografada e muito menos se sabe do seu potencial
metalogenético. Além disso, existem ocorrências de diamante em
depósitos aluvionares e corpos de kimberlitos ainda não cadastrados,
sendo atualmente alvo de prospecção de empresas mineradoras como BHP,
RTZ, Santa Elina e outras.
O nível de conhecimento geológico e metalogenético
desta região é insuficiente para atrair investimentos do setor mineral;
portanto, surge a necessidade de se definir modelos
geotectônico-metalogenéticos em bases sólidas, além de observância dos
eixos de desenvolvimento e exportação desta importante região do país.
Localização e Acesso
A Província Mineral do Guaporé estende-se desde a
porção meridional do estado de Rondônia até o sudoeste do estado do Mato
Grosso. As folhas Vilhena (SD-20-X-B) e Pimenteiras (SD-20-X-D) são
limitadas por um polígono regular que abrange os municípios de Vilhena,
Pimenta Bueno, Colorado d’Oeste, Cabixi, Cerejeiras, Corumbiara,
Chupinguaia e Pimenteiras, em Rondônia, e parte do Município de
Comodoro, no Mato Grosso.
O acesso ao bloco oriental é relativamente simples e
pode ser realizado através da rodovia BR-364 e por rodovias estaduais e
municipais, além dos rios principais que cortam transversalmente a área
de estudo. A área pode ser visualizada na Figura 1.
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Geologia Regional
A Suíte Metamórfica Colorado, unidade litotectônica
predominante no extremo sudeste de Rondônia, constitui-se de rochas
polideformadas em condições metamórficas da fácies anfibolito superior
representadas por: 1) metamonzogranitos porfiríticos associados a
anfibolitos (magmatismo bimodal máfico e félsico); 2) intercalações de
rochas metassedimentares clásticas, químicas (sillimanita xistos e
formações ferríferas) com rochas máficas/ultramáficas e 3)
muscovita-granada leucogranitos.
O magmatismo bimodal possui distribuição regional e
está representado por anfibólio-biotita metamonzogranitos porfiríticos,
que se mostram intrusivos nas rochas máficas transformadas em
anfibolitos de granulação média a fina. A feição mais característica
dessa associação é a migmatização que acompanhou o cisalhamento de alto
ângulo, resultando em foliação milonítica sigmoidal e boudins de
anfibolito.
Adicionalmente ocorre uma ampla cobertura sedimentar
cenozoica dominada por lateritos colunares e concrecionários e por
materiais de origem coluvio-aluvionares distribuídos por toda a planície
do Rio Guaporé, os quais não se encontram devidamente cartografados e
muito menos se sabe do seu potencial metalogenético. Além disso, existem
ocorrências de diamante em depósitos aluvionares e corpos de
kimberlitos ainda não cadastrados.
Metodologia
A metodologia a ser adotada compreende as seguintes etapas:
Mapeamento Geológico: o trabalho a ser realizado envolve a execução de perfis geológicos, em seções principalmente transversais à estruturação regional, na escala 1:250.000.Análise de sensores remotos: consistirá na análise de todos os sensores disponíveis - como fotografias aéreas, imagens de radar e imagens de satélite -, que, interpretada conjuntamente com os dados dos mapas geológicos de trabalhos anteriores e em várias escalas, permitirá a elaboração de mapas preliminares de integração que nortearão a programação das atividades de campo.Análises laboratoriais: está prevista a realização de análises petrográficas em número compatível com a amostragem e necessidade técnica, tendo em vista uma melhor caracterização das litologias da área estudada; assim como de análises mineralógicas de concentrados de bateia para definir a extensão das mineralizações de ouro, cassiterita e outros metais pesados. Também serão executadas análises geoquímicas e geocronológicas de rochas, as quais auxiliarão na caracterização e na interpretação geotectônica da área de estudo.Elaboração dos mapas geológico preliminar e final: finalizadas as etapas de campo e de análises laboratoriais, será executada uma reinterpretação com a utilização de todos os sensores já empregados na fase inicial bem como do mapa geológico preliminar, para a compatibilização e uniformização de legendas, levando-se em consideração todas as informações obtidas em campo e laboratório. Logo após analisadas e consistidas, todas essas informações serão utilizadas na elaboração do mapa geológico final.Prospecção geoquímica: concluída a elaboração dos mapas geológicos e de recursos minerais preliminares, será elaborada uma programação de amostragens geoquímicas de sedimentos de corrente e concentrados de bateia nas áreas com maior potencial metalogenético, como forma de melhor definir as assinaturas geoquímicas e avaliar com maior consistência essas áreas potenciais.Elaboração do Relatório Final.
Resultados Esperados
Com a execução do levantamento geológico-geoquímico
das folhas Vilhena (em andamento) e Pimenteiras (já concluído)
pretende-se obter como resultado o relatório geológico com a descrição
das unidades mapeadas, além da evolução tectônica da área,
relacionando-a, regionalmente com as unidades ocorrentes no país vizinho
(Bolívia) e com a evolução paleogeográfica entre o sudoeste do Cráton
Amazônico e a Laurência (similaridades entre as Orogenias Sunsás e
Grenville).
Adicionalmente, os resultados contemplarão a definição do potencial mineral e os mapas geológico e de recursos minerais.
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