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Barracos de plástico, de papelão. No
meio do nada, pequenos abrigos acolhem famílias inteiras. A vontade de
ficar rico da noite para o dia impõe sacrifícios, improviso. A Vila da
Esperança, construída por exploradores de um minério pouco conhecido,
deve ser a mais nova vila de garimpeiros do Brasil.
Quem já ouviu falar em rutilo ou quartzo rutilado? Segundo os
geólogos, é o minério da moda no mundo das pedras preciosas. Um cristal
amarelado com fios dourados dentro. As minas foram descobertas há pouco
tempo, em Novo Horizonte, sudoeste baiano. São as únicas no Brasil.
A maneira de extrair é o que há mais precário em mineração. Os
aventureiros entram e saem de buracos sem nenhuma segurança, como se
fossem exímios equilibristas. Os menos corajosos dependem de quem
controla o carretel, uma espécie de elevador manual.
Os buracos mais rasos têm 15 metros de profundidade. Embaixo do
chão, o trabalho, além de pesado, é extremamente perigoso. É preciso
muita sorte, não só para encontrar o rutilo, mas para não morrer também,
porque não há nada que sustente o teto. O otimismo e o sonho de ganhar
muito dinheiro fazem com que eles esqueçam o medo.
Os garimpeiros Gilson e Giorlando Moraes começaram a abrir a
galeria, e as pedras foram aparecendo. "A parte mais escura é o rutilo.
Talvez tenha toneladas", comenta Gilson.
Um comprador pagou R$ 70 por 70 quilos de pedra – R$ 1 por quilo.
Os preços do rutilo variam de acordo com a qualidade das pedras. Em
três lotes selecionados, considerados bons, um vale R$ 100 reais o
quilo, outro vale R$ 150 e o outro, R$ 300. O garimpeiro que encontrar
uma peça especial ganha muito mais dinheiro. Os exportadores chegam a
pagar até R$ 2 mil por quilo.
Antes de seguir para o exterior, o minério passa por uma limpeza.
Os chineses compram tudo o que os garimpeiros produzem. Todo mês, a
região exporta cerca de 60 toneladas. Só uma empresa vende quase mil
tonéis de rutilo por ano para indústrias de Hong-Kong.
"O quilo de uma pedra especial custa de US$ 90 a US$ 150, mais de R$ 400", conta a gerente Leila Catarine Fernandes.
Enormes, bonitas e caras. As pedras que saíram do garimpo de Luiz
Antônio dos Santos, só colecionadores ricos conseguem comprar. Chegam a
custar R$ 70 mil.
"As pessoas compram para fazer bolas de pedras", diz o garimpeiro.
Molhado e no reflexo da luz do sol, dá para ver melhor a beleza do rutilo.
"Cinqüenta quilos custam cerca de R$ 30 mil. É fácil achar comprador", afirma Luiz Antônio. |
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