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De pedrinha em pedrinha, os lotes vão
se formando. Comprador nunca falta em Campo Formoso, na Chapada
Diamantina, Bahia. Os garimpeiros dão preferência aos estrangeiros. Os
indianos são os maiores compradores de pedras preciosas da região.
"Todas essas pedras vão ser vendidas para os indianos. Eles compram
tudo”, conta o garimpeiro Joelmo Cardoso.
“Em um lote desse, qualquer um deles dá R$ 700. Mas, se não vier
indiano, eles só valem R$ 200, R$ 300”, diz o garimpeiro Joezir Lopes da
Silva.
Pelo menos uma vez por mês os indianos visitam Campo Formoso. É difícil vê-los nas ruas, vivem fugindo de jornalistas.
Para comprar a maior parte da produção dos garimpeiros, os indianos
montaram até escritórios na cidade. Só em uma rua funcionam quatro
escritórios. O volume de dinheiro que esse mercado movimenta, isso
ninguém sabe, porque quase todos os negócios são fechados longe dos
olhos da fiscalização. É tudo escondido, para não pagar impostos.
A equipe do Globo Repórter tentou conversar com os indianos, conhecer os
escritórios. No primeiro, nossos repórteres foram barrados logo na
entrada. Em outro escritório eles encontraram alguns garimpeiros. A sala
dos negócios fica no primeiro andar, protegida por uma grade de ferro.
Mais uma vez, nossa equipe não foi recebida, nem pelo interprete do
indiano.
Para o geólogo Rafael de Andrade, do Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM), os indianos costumam sonegar um imposto simbólico
cobrado pelo governo federal: apenas 0,2% sobre o valor das pedras.
"A pedra pode valer R$ 1 mil. Se o comprador declara que vale só R$ 100,
paga o imposto sobre esse valor. Mas é difícil avaliar e normalmente o
valor real não é declarado”, diz o geólogo.
É na base da clandestinidade que 80% da produção brasileira de esmeralda
chegam ao exterior, de acordo com os cálculos dos geólogos. Pedras de
boa qualidade, como as que estão saindo do garimpo dos irmãos Claiton e
Claudio Barbosa, raramente deixam no Brasil o imposto correspondente ao
valor de venda.
“Essa mercadoria foi avaliada em R$ 10 mil, mas estou vendendo na faixa
de R$ 12 mil. Uma pedra pode chegar a US$ 200 mil Claiton se melhorar a
cor, cristalizar”, diz Clainton.
Claiton e Claudio, que eram agricultores na região da seca, estão eufóricos. A produção do garimpo deles está apenas no começo.
"Quando vocês voltarem, nós vamos estar morando em uma mansão, com carro novo na porta", garante Claiton.
Toda a família dos jovens garimpeiros mora em uma casa humilde, mas já está sonhando com o futuro.
"Eu quero ficar mais bonita, comprar roupa, andar mais moderna, ficar
mais elegante. É assim que eu vou gastar o dinheiro da esmeralda", diz a
mãe deles, Catarina de Jesus. |
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