sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Diamantes no Brasil

Diamantes no Brasil

O diamante é a matéria natural mais dura que existe. Na escala de Mohs, que varia de 1 a 10 de acordo com a dureza do material, o diamante é 10. Por isto, nada que há no mundo pode riscá-lo, exceto outro diamante. A palavra vem do grego αδάμας (adámas), ou seja, “inquebrável”. Não é difícil perceber que o diamante é nobre, raro e exerce enorme fascínio sobre as pessoas.
Alguns dos mais impressionantes diamantes do mundo compõem o acervo das jóias da Coroa Britânica, como o que adorna o chamado “cetro com a cruz” em exposição na Torre de Londres – que visitei em fev/1997.

Antes de se descobrirem diamantes no Brasil, o lugar onde hoje é a Índia era o local tradicional de produção de diamantes.
No caso do Brasil da primeira metade do séc. XVIII, estava em plena marcha o boom da produção de ouro, especialmente em Minas Gerais. Em busca do metal, no Rio Jequitinhonha e afluentes, próximo a um lugar chamado Arraial do Tejuco (ou Tijuco), alguns mineiros acabaram encontrando umas curiosas pedrinhas translúcidas ou com alguma coloração, que, de início, não pareciam ter maior importância.
Segundo uma versão não comprovada, um padre que havia trabalhado em Goa (colônia portuguesa na Índia), percebeu que o que se estava encontrando no Arraial do Tejuco era o nobre mineral que, por sinal, já não mais se encontrava com facilidade na Índia e, então, dentro do contexto da corrida do ouro no Brasil, iniciou-se a “corrida ao diamante”, de início na região do Tejuco – posteriormente rebatizada de Diamantina –, e depois, em menor escala, também numa região no interior da Bahia – a Chapada Diamantina – e até no Mato Grosso – onde hoje está a cidade de Diamantino. Curioso perceber como a produção do mineral marcou o nome destas localidades. No mapa de Minas Gerais, a localização de Diamantina:
773px-MinasGerais_Municip_Diamantina_svg
A notícia de que diamantes haviam sido encontrados no Brasil excitou a Europa e seus aristocratas sedentos pelo status que a pedra preciosa propiciava e Portugal, com muito mais rapidez do que havia feito quando da descoberta do ouro, tratou de levar as instituições portuguesas para aquele ponto da colônia, adotando uma medida severa: a produção do diamante, ao contrário do que se dava com o ouro, seria monopólio da Coroa Portuguesa.
A fiscalização portuguesa com relação aos diamantes foi mais eficiente do que com relação ao ouro, mas ainda assim ocorria contrabando e burla ao monopólio português. De qualquer forma, além do ouro que inundou Portugal, para lá também foi grande quantidade de diamantes, alguns dos quais serviram para que D. João V, cuja capacidade de esbanjar recursos era ímpar, presenteasse generosamente outras Casas Reais da Europa e o Papado.
O Brasil supriu o mundo por mais de 100 anos com diamantes – a produção da Índia já era bem menos expressiva no séc. XVIII.
Ocorre que, em 1866, os ingleses encontraram jazidas formidáveis de diamantes na África do Sul, com impressionante qualidade. De lá saiu o diamante cuja foto postei acima. Por volta deste período, a produção brasileira já estava em franco declínio e a África ocupa, até hoje, a liderança na produção de diamantes.
Portanto, ficou fácil responder a pergunta que eu mesmo lancei dois posts atrás – por que Diamantina, se a UNESCO já reconheceu Ouro Preto e Congonhas? –, já que a cidade é o principal símbolo de um evento histórico marcante no Brasil e que não coincide com a corrida do ouro embora guarde íntima conexão com ele: a descoberta e a exploração dos diamantes na América Portuguesa e a ocupação de vastas áreas do interior do Brasil em função desta atividade econômica.
Além disto, segundo a UNESCO, o súbito enriquecimento e a lenta mas persistente decadência econômica provocados pelo diamante (e pelo fim dos diamantes), acabaram por preservar o patrimônio arquitetônico do centro histórico da cidade de Diamantina, de forma que o lugar passou a ter interesse universal reconhecido desde 1999.
Vamos desbravar então esta cidade. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário