segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Afinal quem está desacelerando?

Afinal quem está desacelerando?
Por Pedro Jacobi  
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Apesar de todos os sinais contrários ainda persiste na mídia especializada um  ranço de fim do mundo. Esse mesmo approach que vem vendendo e assombrando nos  últimos 5 anos e que persiste em invadir os nossos computadores e as nossas  previsões.
Talvez grande parte dos analistas adote uma atitude negativista como uma forma  de proteção contra o erro. Erro que é absolutamente normal quando se trata de  prever o futuro.
No entanto, se focarmos, as nossas previsões, naqueles parâmetros estruturais,  globalizados, que refletem não um, mas vários componentes e segmentos de uma  macroeconomia reduziremos exponencialmente as chances de erro. Na mineração  temos que ter vários pontos focais: um na geologia da mina, outro nos custos e  na produção e o outro no mercado.
Se o mercado acelera e é comprador, as coisas se ajustam mais facilmente e o  momento passa a ser de crescimento.
Portanto, para se ter uma visão mais realista e acurada nada melhor do que ter  um raio X do maior de todos os compradores de bens minerais do mundo: a China.  Virão da China as boas e as más notícias que irão afetar o nosso mundo mineral.
Nesta última década a China passou a ser a maior compradora de quase todos os  bens minerais do mundo. Ela compra tudo. Do petróleo às matérias-primas passando pelas minas, em um processo avassalador e sem trégua que visa alimentar a sua  monstruosa indústria.
A consequência deste consumo exacerbado por commodities fez, de praticamente,  todas as mineradoras do mundo reféns e dependentes da economia chinesa. Todos os  projetos de mineração são desenvolvidos com um olho na China.
Hoje, quando a Vale, Rio Tinto e BHP, assim como quase todas as mineradoras do  planeta, investem dezenas de bilhões de dólares nos seus principais projetos,  minas e expansões eles estão corroborando esse fato. Todos, quase sem exceção,  estão de olho no mercado chinês. E todos, quase sem exceção estão, neste  momento, expandindo e investindo.
Então perguntamos.
Onde está a crise?

Como falar de crise e retração de preços se:

• O crescimento da China foi de 7,8% no trimestre, mostrando que a economia da  segunda maior potência mundial está acelerando e não retraindo.
• A produção industrial da China cresceu 9,6% e o crescimento dos ativos fixos  cresceu 20,2% no ano.
• Está sendo criada uma bolsa de minério de ferro futura com entregas físicas.  Neste comércio serão utilizados os estoques de minério nos portos chineses. Esta  bolsa deverá regular os preços futuros do minério de ferro fugindo dos preços  ditados pela Platts.
• Graças ao crescimento interno e à crescente urbanização a China ultrapassou os  Estados Unidos como a maior importadora de óleo do mundo.
• A China deverá aumentar, mais ainda a sua importação de minério de ferro  segundo o Ministério do Comércio Chinês, já tendo importado um recorde de 74,58  milhões de toneladas somente em setembro.
• Os custos de transporte marítimo em navios tipo capesize aumentou nos últimos  meses.
• As compras e ordens de compra de navios capesize e panamax aumentaram 10.32% e  16.99% respectivamente, indicando as expectativas dos transportadores de  commodities.
• Pilbara, a mina de ferro da Rio Tinto teve uma produção recorde de 64,3  milhões de toneladas no trimestre.
• As minas de Pilbara estão expandindo de 237Mt para 290Mt por ano.
• A Rio está investindo mais do que o previsto de $750M para exploração e  desenvolvimento: um bom sinal de otimismo. O mesmo ocorre com a produção da  empresa de carvão térmico.
• A China importou em agosto 131.4 toneladas de ouro um aumento de 146% em  relação ao ano passado. Com isso a China, que é a maior importadora do metal  deverá ter importado 2.000 toneladas de ouro nos últimos dois anos.
• A Vale está investindo 34 bilhões de dólares em novos projetos de minério de  ferro e logística. Com esses investimentos a mineradora espera produzir, ainda  em 2018, 50% a mais do que a produção atual. Serão 450 milhões de toneladas por  ano.

Esses pontos acima não deixam dúvidas quanto à tendência atual. Por mais que  muitos não queiram a tendência é de crescimento moderado talvez seguido por um  período de estabilidade.

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