terça-feira, 22 de outubro de 2013

Há um rio debaixo do Amazonas

Há um rio debaixo do Amazonas

Publicado no XII Congresso de Internacional da Sociedade Brasileira de Geofísica, no Rio de Janeiro, no mês de agosto desse ano, a existência de sinais de um rio subterrâneo abaixo do Rio Amazonas.

A descoberta faz parte da tese de doutorado de Elizabeth Tavares Pimentel, sob orientação do pesquisador Valiya Hamza. O Rio Ramza, como está sendo chamado por enquanto, foi descoberto através da análise de dados de temperatura de 241 perfurações de poços dos anos 1970 e 1980 feitas pela Petrobras e que abrangem as seguintes bacias sedimentares: Acre, Solimões, Amazonas, Marajó e Barreirinhas. Durante o estudo, notou-se que havia variações na temperatura em certas profundidades.

Características

Ambos os rios fluem no mesmo sentido, porém há diferenças bem distintas na vazão, nas suas velocidades de escoamento e nas larguras das áreas de drenagem. Segundo os resultados obtidos por simulações, o fluxo do Ramza é inteiramente vertical até a profundidade de 2000 metros. Após isso, muda de direção e fica praticamente vertical, nas regiões mais profundas. 

Com relação à vazão, o Rio Amazonas (133.000 m3/s) supera fortemente o Rio Ramza (3090 m3/s), e mesmo assim é ainda mais considerável em relação a outro importante rio brasileiro, o São Francisco. Isso é resultado da resistência dos sedimentos ao fluxo, o que não ocorre tão consideravelmente na superfície.
Esquema de fluxos de águas fluviais, na superfície, e das águas subterrâneas, nas camadas sedimentares profundas

Já a velocidade do Rio Hamza é bem mais lenta do que o Rio Amazonas. O fluxo subterrâneo é de entre 10 a 100 metros por ano, enquanto a água do Amazonas corre entre 0,1 e dois metros por segundo. O fluxo de água subterrânea alcança uma largura entre 200 e 400 quilômetros, enquanto que no Rio Amazonas a largura varia entre 1 e 100 quilômetros.

Contribuições

"Eu acho que o rio Amazonas nunca vai secar, mas se isso acontecer algum dia, as populações da Amazônia podem contar com essa reserva", relata a pesquisadora amazonense Elizabeth Tavares Pimentel, referindo-se ao rio subterrâneo descoberto durante pesquisas desenvolvidas durante seu doutorado, no Observatório Nacional, no Rio de Janeiro.

Como o rio subterrâneo deságua junto à foz do Amazonas, surgiu a hipótese de que isso seja a causa da baixa salinidade do Oceano Atlântico em extensos bolsões. Pesquisas posteriores ainda irão tentar identificar se a nascente também está na Cordilheira dos Andes. Ainda não há certeza se a exploração da água do Rio Ramza será viável.

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