segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A guerra do minério de ferro está começando: quem serão os ganhadores e os perdedores?

A guerra do minério de ferro está começando: quem serão os ganhadores e os perdedores?




Não há como evitar, em breve veremos uma guerra mundial de preços, entre os produtores de minério de ferro que só terminará após a erradicação de muitos mineradores. O objetivo, obviamente, é a conquista e manutenção dos grandes mercados, em especial o chinês. 

No futuro próximo o fato fundamental, que irá mudar drasticamente a estrutura dos preços, será a superprodução de minério. Essa superprodução irá ocorrer por mais atrasadas que as novas minas e as expansões estejam. É só uma questão de tempo e teremos mais oferta de minério de ferro do que procura. Essa será a senha para um processo de depuração que derrubará o preço do minério no mercado spot até que muitos mineradores não mais consigam produzir economicamente, o que vai reequilibrar a relação de oferta e procura estabilizando, novamente, o preço do minério. 

Qual será esse preço?  


Ninguém sabe, mas é possível inferir. A equação matemática dos ganhadores irá considerar apenas aqueles produtores cujos custos operacionais totais (all-in sustaining cash costs per ton) sejam realmente competitivos. Ou seja, sobreviverão somente aqueles mineradores que sejam eficientes e que consigam colocar um minério de ferro, na China, com um preço abaixo da maioria dos competidores.

A China será o divisor de águas.

Para nós mineradores brasileiros isso significa que teremos que colocar os nossos produtos nos portos chineses com preços similares aos dos Australianos, que são mineradores eficientes, com baixo cash cost per ton, e tem um frete bem menor.
Felizmente para o Brasil, existem vários outros produtores de minério de ferro menos eficientes com custos elevados que não irão conseguir vencer essa competição  e, portanto, serão obliterados. Isso inclui um grande número de mineradores chineses que mesmo sem ter que pagar o frete oceânico não conseguirão produzir os seus produtos a preços competitivos.

Na tabela abaixo é possível ver quem são os competitivos e quem são os  perdedores em um cenário de preços entre $100-80/t.


CIF China
A tabela acima mostra qual o preço de  empate que os mineradores conseguem colocar um minério de ferro fino na  China

Esta tabela acima  mostra que os três grandes mineradores de ferro, Vale, BHP e  Rio Tinto, juntamente com outros produtores brasileiros e africanos conseguem  colocar o minério de ferro fino nos portos chineses com um custo em torno de  US$40-50/t. Ou seja, se esses custos forem, de fato  all-in sustaining cash costs per ton mais frete, esses mineradores sobreviverão a  qualquer guerra de preços que possa ocorrer.
A tabela mostra, também, que alguns  produtores chineses, indianos e australianos conseguem colocar seu minério de  ferro a preço abaixo de $80/t e que, possivelmente conseguirão sobreviver a  guerra de preços. 
Já a maioria dos mineradores chineses e alguns indianos com  custos operacionais muito altos, entre US$80-150/t  não sobreviverão e terão que fechar.
É a lei da sobrevivência do mais apto,  aplicada à mineração de ferro.
A próxima tabela mostra algumas minas de minério de ferro e seus custos  operacionais. Infelizmente a maioria das empresas ainda não divulgam os seus  all-in cash costs o que dificulta bastante a interpretação dos dados e tabelas.
Opex iron
 
A tabela deixa perceber que importantes minas da Vale,  Rio Tinto e BHP  juntamente com algumas grandes minas da África como Sishen são as mais  eficientes e, consequentemente,  com os custos de produção mais baixos. Em  cima desses custos, devemos lembrar que devem ser adicionados o custo do frete  para a China. Este frete gira em torno de 20-25 dólar por tonelada para o  minério brasileiro. A Vale, que já é a empresa brasileira mais eficiente ainda  tem um custo de frete mais baixo, principalmente por ter a sua própria frota e,  agora, os gigantescos Valemax de 400.000 toneladas.
Concluindo: é interessante, sempre que possível, saber os all-in  costs per ton da empresa, pois dessa forma saberemos qual será o futuro  dela em uma crise. Um bom exemplo é a australiana Fortescue que tem um custo  operacional de $43,61, aparentemente baixo, mas o seu custo  total por tonelada  ( all-in sustaining cash costs per ton) é de $84.00. Com  um all-in cost acima de $80/t a  Fortescue estará muito fragilizada em uma guerra de preços.
No Brasil existem projetos que terão custos operacionais baixíssimos como os  da O2iron que serão as estrelas das próximas décadas. Ao mesmo tempo projetos  com custos elevados como o Minas-Rio terão que ser revistos ou serão sucateados.
As junior companies que não conseguirem produzir dentro desta estrutura de  custos irão, também, desaparecer.

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