O Pleistoceno
Por Pedro Jacobi | |
A época geológica chamada Pleistoceno, que começou a 2,58 milhões de anos atrás, é repleta de histórias interessantes e de mudanças climáticas radicais.Durante esta época, que terminou a 11.700 anos, o gelo cobriu a maior parte do planeta. Foi no Pleistoceno que o Homem viu a última idade do gelo e foi durante o Pleistoceno que o Homo Sapiens surgiu e evoluiu, espalhando-se inexoravelmente em todos os cantos da Terra mudando a paisagem e até o clima.
O termo Pleistoceno foi cunhado por Charles Lyell, em 1839, para descrever uma camada que aflora na Itália, cujos fósseis são de animais ainda não extintos. É a primeira época do Quaternário e a sexta do Cenozoico.
O estudo do Pleistoceno é fundamental para que possamos entender o clima de hoje e suas possíveis implicações futuras.
Durante o Pleistoceno existiram 11 eventos de aquecimento global seguidos por idades do gelo. Já fazem 11.700 anos que entramos em um período de aquecimento global, que muitos cientistas, erroneamente, querem atribuir ao Homem, que, obviamente, não tinha quase nenhuma influência no clima desta época.
Estudos dos últimos 500.000 anos mostram os ciclos de aquecimento e resfriamento que a Terra atravessou e que são explicados pela teoria de Milankovitch |
As glaciações do Pleistoceno ainda são, para muitos, um mistério. No entanto, para o cientista sérvio Milankovitch essa alternância de climas radicais é fruto dos movimentos e variações no ângulo do eixo terrestre ao longo de grandes ciclos de 41.000 anos ao redor do Sol.
Sabe-se que durante as glaciações a temperatura média da Terra era apenas 5 graus centígrados abaixo da média atual. O clima era seco pois a maioria da humidade estava retida na forma de gelo. Os desertos predominavam e as tempestades de areia assolavam a superfície das áreas mais quentes. Foi nestas condições adversas que a humanidade se forjou e evoluiu.
Uma das melhores formas de estudar o Pleistoceno é através dos fósseis. No entanto, o estudo das sondagens e dos testemunhos de gelo da Antártica, que contém bolhas do ar Pleistocênico retidas na massa gelada, é a nossa melhor evidência do clima e da atmosfera Pleistocênica. É através destes estudos que os geólogos conseguem entender a evolução da temperatura terrestre e a quantidade dos gases tipo CO2, S, metano e outros na atmosfera, ao longo do tempo.
Milhares de metros de testemunhos de gelo são guardados para análises e estudos do clima passado |
Cada anel deste tronco tem uma história a contar |
Outro método utilizado para o entendimento do clima Pleistocênico é a estudo dos anéis dos troncos de árvores. Estes anéis podem informar com precisão as temperaturas e os ciclos climáticos dos últimos milhares de anos. A comparação entre vários estudos feitos em árvores de inúmeros locais e continentes nos dá uma visão bastante precisa do clima dos últimos 1.850 anos. Mesmo assim esse estudo carrega um grande número de controvésias e acalorados debates entre os pesquisadores.
Várias espécies desapareceram no Pleistoceno. Possivelmente muitos foram extintos pelos caçadores humanos. |
Durante o Pleistoceno os mamíferos pequenos demonstraram ser mais capazes de sobreviver em climas gelados não sendo extintos como os mastodontes, tigres dente-de-sabre, preguiças gigantes e vários outros animais de grande porte.
Esta espetacular pintura de cavalo foi feita em uma caverna em Nyaux, na França no final da última glaciação há 14.000 anos |
As extinções ocorreram mais no hemisfério norte onde as glaciações foram mais intensas.
É durante o Pleistoceno que vários hominídeos habitaram a Terra. Muitos foram extintos. Sobreviveram os Homens Modernos que migraram da África para as regiões não cobertas pelo gelo, aos poucos conquistando e vivendo em quase todos os recantos do planeta. Algumas teorias tentam explicar que as espécies de Homo Sapiens foram os responsáveis pelo desaparecimento da megafauna. Hoje sabe-se que algumas espécies de mamutes coexistiram com os Egípcios e que o veado gigante irlandês sobreviveu até 9.600 anos atrás.
Interessante não é?
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