sábado, 16 de novembro de 2013

State Grid busca parceiros para linhas de Belo Monte

State Grid busca parceiros para linhas de Belo Monte


Julio Bittencourt / Julio Bittencourt
"A State Grid veio ao Brasil para ficar", diz Hongxian, presidente no país
O atraso na realização dos leilões de geração e transmissão e a publicação da Medida Provisória 579, que trata da renovação das concessões, não diminuíram o apetite da chinesa State Grid por novos negócios no Brasil. Com planos de investir pelo menos US$ 5 bilhões no país até 2015 (pouco menos da metade dessa quantia já foi aplicada na aquisição de linhas de transmissão e de um prédio no centro do Rio de Janeiro), a estatal asiática tem como meta construir e operar o sistema de transmissão de Belo Monte e grandes hidrelétricas no país.
As primeiras linhas de transmissão de Belo Monte, que ligarão a usina ao Nordeste, devem ser leiloadas em novembro. As duas linhas restantes - as principais - com mais de 2 mil quilômetros de extensão cada, e que farão a conexão da hidrelétrica ao Sudeste, devem ser licitadas em 2013. O sistema todo tem investimentos previstos da ordem de R$ 10 bilhões.
Conta a favor da State Grid o projeto em estudo pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) de utilização de linhas em corrente contínua, em 600 quilovolts (kV), para ligação da megausina com o Sudeste. A companhia detém a tecnologia de linhas de ultra-alta tensão, em 800 kV, em corrente contínua, já em operação na China.
Para o leilão, a State Grid estuda parcerias com o grupo Eletrobras, com quem já tem um acordo de intercâmbio de experiências, e outras estatais estaduais. A empresa também cogita fechar parcerias com elétricas privadas.
"As principais empresas do setor elétrico [brasileiro] têm conversado conosco. Temos convidado para conhecer nossas instalações. Mas como ainda não temos detalhes do projeto [de transmissão de Belo Monte], não temos como definir o parceiro", disse o diretor de investimentos da State Grid Corporation of China (SGCC), Sun Jinping.
A parceria com a Eletrobras, porém, corre o risco de não se concretizar. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estuda impedir que empresas com projetos de transmissão com mais de 180 dias de atraso participem novas licitações. Se aprovada, a medida atingirá Furnas, Chesf e Eletronorte.
Em geração, a State Grid pretende participar do leilão do tipo A-5 (com início de fornecimento de energia em 2017), marcado para 14 de dezembro. O foco da empresa é a usina de Sinop de 400 megawatts (MW), no rio Teles Pires (MT), onde a companhia já desenvolve um projeto de transmissão com a estatal paranaense Copel.
A chinesa também quer disputar a concessão da usina de São Manoel, de 700 MW, também no Teles Pires. A hidrelétrica, porém, ainda possui entraves no processo de licenciamento ambiental e só deve ir a leilão em 2013. Outro alvo do grupo é o complexo hidrelétrico do Rio Tapajós, que deve ser leiloado em 2014. Ao todo são cinco usinas, que somam mais de 10 mil MW de potência instalada e investimentos acima dos R$ 30 bilhões.
"Estamos abertos a futuras parcerias. Se o governo brasileiro disser que precisa e, se o Brasil necessita, nós podemos fazer [hidrelétricas]" diz Sun.
De acordo com o executivo, o volume de investimentos previstos pelo grupo no Brasil pode ser maior que os US$ 5 bilhões iniciais. "O governo brasileiro nos pediu um planejamento e nós elaboramos uma ideia. Mas esse número não é fixo", diz Sun. Tudo dependerá dos projetos que o governo colocará em licitação e em quantos a estatal chinesa sairá vencedora.
A State Grid chegou ao pais em 2010, ao comprar, por US$ 989 milhões, sete linhas da Plena Transmissoras. Em 2011, ela assumiu a construção de duas subestações em parceria com Furnas e de dois trechos do linhão da hidrelétrica de Teles Pires.
Em maio, após concluir a compra de 25% de participação na portuguesa Rede Eléctrica Nacional (REN), a State Grid anunciou a aquisição de mais sete linhas de transmissão no Brasil. Os projetos, num total de 2,8 mil quilômetros, pertenciam ao grupo espanhol Actividades de Construccion y Servicios (ACS).
Segundo Sun, o foco da empresa no Brasil agora são os projetos novos, e sempre em parceria com empresas locais. "Nosso objetivo é buscar cooperação e não competição", afirmou.
"A State Grid veio ao Brasil para ficar. Não é um capital especulativo", explica o presidente da filial brasileira, State Grid Brazil Holding (SGBH) Cai Hongxian. "Esse país [Brasil] precisa de investimentos", completa.
A State Grid também está analisando oportunidades de negócios no setor de distribuição de energia no Brasil. A companhia chegou a analisar os ativos do grupo Rede, mas não se interessou pelo negócio.
Com faturamento global de US$ 260 bilhões, a State Grid é a sétima maior empresa do mundo, em receita. E já ocupa a quinta colocação no ranking das maiores transmissoras de energia do Brasil.
O país é a principal operação da State Grid fora da China. A empresa tem operações nas Filipinas e em Portugal, além de escritórios em outros países, como Estados Unidos, Rússia e África do Sul. "Temos nove escritórios em outros países, mas o Brasil é o principal mercado estratégico a ser desenvolvido pela State Grid", afirmou Sun.
O repórter viajou a convite da State Grid Brazil Holding.



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