sábado, 16 de novembro de 2013

Temporada de leilões de joias está aquecida

Temporada de leilões de joias está aquecida


AP / AP
O diamante Pink Star, de 59,6 quilates e montado em um anel, foi comprado por Isaac Wolf, um talhador de diamantes de Nova York, por US$ 83,2 milhões
O diamante mais caro da história foi vendido ontem à noite por US$ 83,2 milhões. A pedra cor de rosa de 59,6 quilates fez parte do mais bem sucedido leilão de joias feito pela Sotheby's. Em duas horas e meia, as vendas somaram US$ 199,5 milhões.
O diamante Pink Star (ou estrela rosa), o maior até hoje colocado à venda, com 59,6 quilates e considerado um verdadeiro tesouro, ficou apenas cinco minutos em oferta para ser vendido por um preço recorde. O comprador, acompanhado de um assistente na sala repleta do elegante hotel Beau Rivage, é Isaac Wolf, um famoso talhador de diamante de Nova York. Ele anunciou que vai rebatizar o diamante de "sonho cor de rosa". A penúltima pessoa que apresentou lance foi representado pela presidente da Sotheby's na Ásia e que falava ao telefone em mandarim com o colecionador, ou seja, um chinês perdeu.
O preço da transação foi bem superior à estimativa de US$ 60 milhões e bateu de longe o recorde anterior de US$ 46,2 milhões pela venda do diamante Graff Pink, de 24,78 quilates, ocorrida em 2010 também em Genebra.
O leilão de ontem marcou a semana de "preços loucos" em Genebra. Mulheres elegantes exibiam joias caríssimas nos dedos, sem causar inveja ao que estava em venda. O leilão foi encerrado com a música do filme "A Pantera Cor de Rosa", de Blake Edwards, e aplausos de colecionadores. Muitas ofertas foram feitas pela internet ou por telefone.
Sotheby's anunciou também a maior venda de joias da história, totalizando US$ 199,5 milhões, mostrando que o mercado está quente. Houve recorde para um broche em diamante da Van Cleef & e Arpells for US$ 10,5 milhões. Uma safira de 114,7 quilates foi vendida por US$ 7,1 milhões, três vezes mais que a estimativa.
"O mercado está cada vez mais internacionalizado e os colecionadores sabem o que é realmente bom", disse David Bennett, diretor de Sotheby's, comemorando com champagne rosé.
O Pink Star foi talhado de um diamante bruto de 132,5 quilates descoberto na África em 1999 pela multinacional sul-africana De Beers. Segundo Sotheby's, foram necessários dois anos para talhar e polir essa pedra. Os diamantes de cor são muito mais raros que os diamantes brancos. O preço de venda ontem à noite é maior do que os US$ 60 milhões que uma princesa saudita pagou recentemente por uma mansão na área nobre de Genebra.
Os recordes se sucederam esta semana em Genebra. A cidade atrai compradores do mundo inteiro para leilões de vinhos raros, relógios e joias frequentemente raras. Na terça-feira, a Christie's, a casa de leilão concorrente, vendeu o maior diamante laranja do mundo, de 14,82 quilates, por US$ 35,5 milhões. Foi um recorde mundial por quilate e considerado um preço fenomenal pela empresa.
Para Christie's, há quem compre diamante para investir numa verdadeira paixão. Mas o mercado é cada vez mais amplo. Em uma noite, nesta semana, a Christie's vendeu US$ 125 milhões de pedras preciosas, desde esmeraldas da Colômbia a rubis da Birmânia (Myanmar). Christie's, diz que suas vendas no primeiro semestre totalizaram US$ 3,68 bilhões. Em 2012, no mundo, somou US$ 6,27 bilhoes, o maior volume na história da empresa.
A Suíça não cobra TVA, imposto sobre valor agregado, sobre joias vendidas no país a um estrangeiro, o que permite atrair as grandes vendas nos leilões de diamantes e outras pedras preciosas que ocorrem uma vez por ano em Genebra. Para analistas, são esses leilões que dão substância ao mercado.
Genebra é também local central para comércio de diamantes pela mesma razão: o regime fiscal favorável. A cidade de Calvino tornou-se o segundo centro de diamante da Europa, depois de Anvers (Bélgica). As peças chegam de diferentes regiões, é feita a triagem, mostra-se aos clientes, ofertas sao feitas e logo reexpedidas para outros lugares no mundo. Também a joia pode ser estocada sem pagamento de taxa, até que encontre um comprador no mercado internacional.
Mas a opacidade do mundo do diamante começa a ser contestada, diante da suspeita de exploração ilegal, destruição do meio ambiente. As joias colocadas em leilão têm como origem apenas "África", por exemplo, sem rastreabilidade. Joalheiros retrucam que as peças são certificadas pelo processo de Kimberley, estabelecido em 2003, para impedir movimentos militares de financiar suas guerras com a venda de diamantes.
A pressão sobre a relojoaria de luxo está aumentando.



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