Baianos avançam na mineração
A disparada no preço das commodities no mercado internacional durante a década passada levou empresas brasileiras e estrangeiras a se interessar pela exploração mineral no Nordeste, em especial, na Bahia. Em busca de jazidas fartas, mineradoras encontraram no Estado uma geologia, no mínimo, diversificada o suficiente para valer o investimento. Os aportes já anunciados para o setor na Bahia somam nada menos que R$ 21 bilhões nos próximos anos. "Mais de 40 tipos de minério são extraídos no Estado, onde cerca de 350 empresas do setor atuam", afirma Rafael Avena Neto, diretor técnico da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM).
Com tantos recursos disponíveis para explorar inclusive metais preciosos, a expectativa é de que a Bahia ultrapasse São Paulo e Goiás e se consolide como terceiro maior produtor mineral do país até 2015. Hoje, é o quinto, com uma produção comercializada de quase R$ 3 bilhões por ano, de acordo com o Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM).
Não é difícil entender por que a expectativa é tão alta. O investimento em pesquisa mineral na Bahia só perde para o que é feito no Pará e em Minas Gerais. Equivale a 10% de todos os recursos aplicados com esse fim no Brasil, segundo o DNPM. "Minas nordestinas que tinham produzido 50 anos atrás, e depois foram abandonadas, foram redescobertas e voltaram a ser exploradas agora, com o uso de tecnologias mais avançadas", explica Marcelo Ribeiro Tunes, diretor de assuntos minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).
Na Bahia, em especial, interessa o fato de que a maior parte da centena de cidades de onde se extrai minério fica na região do semiárido, onde estão também os municípios mais pobres. Lá, a vida está mudando rapidamente. Itagibá, por exemplo, distante 200 quilômetros de Salvador, viu seu PIB duplicar entre 2009 e 2010, depois que foi inaugurada uma mina de níquel da empresa Mirabela, considerada a terceira maior a céu aberto do mundo. "Esse é o melhor momento da história da mineração do Estado", afirma Avena Neto.
Um dos maiores investimentos em mineração feito recentemente na Bahia foi o da Bahia Mineração, já apelidada de Bamin. A empresa, controlada pela Eurasian Natural Resources Corporation (ENRC), originária do Cazaquistão, está destinando US$ 3 bilhões para desenvolver uma mina de minério de ferro em Caetité. O valor compreende investimentos na mina propriamente, a compra de vagões ferroviários para o transporte e a construção de um terminal privado em Ilhéus, por onde o produto será exportado. Os planos são de extrair 20 milhões de toneladas de minério de ferro por ano quando o projeto estiver com a capacidade plena, a partir de 2016. A título de comparação, a produção brasileira anual ronda os 350 milhões de toneladas. "São 5.000 empregos gerados durante a fase de construção e 2.500 no período de produção", diz José Francisco Viveiros, presidente da Bamin.
Para o governo, o que importa é o fato de que, em média, para cada emprego direto, 13 são criados no restante da cadeia. No Estado, a previsão é de que a geração de postos de trabalho provenientes da mineração alcance mais de 7.000 até o ano que vem.
Estima-se que a mineração corresponda, atualmente, a pouco menos de 3% do PIB baiano. Além de minério de ferro, a exploração compreende ainda cromita, bauxita, cobre e vanádio, além de outros mais nobres como ouro e diamante. Diversas minas de ouro também estão sendo exploradas em Estados como o Maranhão e o Rio Grande do Norte. Do território potiguar está saindo ainda tungstênio e em Sergipe concentram-se diversas reservas de potássio.
"O Nordeste, no passado, não parecia ser um lugar exatamente espetacular para a produção de minério. Não se conheciam grandes jazidas", lembra Tunes. "Mas com o conhecimento que se desenvolveu sobre a geologia da região foi possível perceber que havia ali a possibilidade de produzir uma variedade de minerais, especialmente os industriais."
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